quarta-feira, 4 de junho de 2014

Amores WI-FI - Temporada 2 Capítulo 3: Coração no Ritmo da Cúmbia



Temporada 2
Capítulo 3 – Coração no ritmo da cúmbia


Bia estava observando Rodrigo dançar com os amigos, provavelmente amigos gays como ele.
Lembrou que chamava ele de Bebezinho.
Não apenas pelo fato de, na época, ele ser muito novo, mas ele tinha um rostinho de bebê mesmo.
Jeito de homenzinho, mas carinha de bebê.
O Bebezinho.
Nossa, como Bia o desejava. Na época, Bia estava cursando faculdade, e chegou ao absurdo de inventar uma falsa pesquisa mercadológica sobre o hábito de jovens nas redes sociais.
Tudo mentira pra saber se ele tinha Orkut, Facebook, Msn, e o que mais pudesse servir para stalkear – termo nem utilizado na época.
Mas o bebezinho não tinha nenhuma rede social.
Olhou para o lado e Tina beijava um homem de camisa florida e gravata. Gravata com aquelas presilhas. Mais tarde, Tina iria implicar com a presilha.
Enquanto isso, Marcela bebia.
E dançava.
- Ai Marcela, esse menino, eu era louca por ele, louca!!!! Mas é gay!!!
- Bom, se você diz, acredito, afinal, você é treinada.
Instantes depois, um choque.
Bia ficou desnorteada.
Bebezinho estava beijando uma garota.
*TÃÃÃN – som de erro do Windows*
“Estabiliza e vai!”, pensou Bia. Mas o “vai” não significava ir até lá, mas sim ir ao banheiro, cerveja lhe deixava pior do que bexiga caída. E precisava assimilar a informação longe da pista.

***


Marcela estava num canto dançando kuduro sozinha. Na verdade só lembrou que kuduro existia por causa da abertura de Avenida Brasil.
Oi oi oi...
E lembrou que tuitava isso sempre que a abertura começava.
Marcela estava enfeitiçada naquela boate.
Nunca teve abertura de pélvis o suficiente, mas naquela noite se arreganhou toda na pista.
Estava bêbada.
Estava triste.
Enquanto dançava kuduro, chorava por causa de Márcio.
Ninguém entendia por que diabos alguém se requebrava e chorava ao mesmo tempo. Mas foda-se. A decepção era dela, e a pélvis também.
Tina passou por Marcela e tentou impedi-la antes que se rasgasse. Mas foi em vão. E voltou para o homem da camisa florida e presilha na gravata.
Marcela chorava tanto que ficou com a maquiagem borrada, igual ao Alice Cooper.

***

Começou a tocar uma cúmbia.
Era uma cúmbia remix.
Pra piorar, Beyoncé em espanhol.
Bia não sabia dançar aquilo, mas viu Bebezinho se aproximando do lugar onde ela estava, e de repente seu coração se encheu de uma alegria, de um calor, era uma pulsação nova.
Pulsava ao ritmo da cumbia.
Bia ficou nervosa, como se fosse ainda mais nova do que o Bebezinho na época da firma.
“Ai ele está tão lindo, tá mais homenzinho”, pensou.
Bebezinho parou perto de Bia, e se instalou oficialmente a certeza de que ele estava jogando charme pra ela.
Sim, eles estavam flertando.
Bia já estava alterada, e mesmo nervosa começou a dançar, naquele rito animal em que a fêmea está pronta para a cópula. Mas Bia não tava pensando em copular, exatamente.
Ela se aproximou e pegou na mão de Bebezinho. Bia estava ocupando o papel do macho predador.
“Meu deus, meu Deus...”
Foi tudo o que conseguiu pensar.
Passou o seu rosto no rosto de Bebezinho, ainda sem barba considerável, e em segundos estavam entrelaçados em um beijo cheio de animaizinhos da Disney cantarolando ao redor. Mas a trilha era uma cúmbia remixada.
Beyoncé.
E foi um único beijo.
Em seguida Bebezinho se desprendeu e foi ficar entre os amigos.
Enquanto ele se distanciava, a letra da música dizia: “No hay mas que hablar, terminamos.”
Naquela noite, Bia realizou um sonho. Era como uma página virada, um capítulo finalizado no seu livro afetivo. Se estivesse sua agendinha da Pucca em mãos, iria escrever “Bebezinho” e riscá-lo. Com caneta colorida. Um sonho a menos para alcançar. 

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