População não aguenta mais sofrer com o BRT

Abandonada à própria sorte. É assim que a população que precisa trafegar pela avenida Augusto Montenegro, em Belém, se sente. A buraqueira, o lamaçal e a falta de planejamento encabeçam a lista de reclamações de pedestres e motoristas. E a previsão para os próximos 60 dias é de mais mudanças. Por conta das obras do BRT, ontem, o trecho da via, à altura da rodovia Mário Covas, foi interditado, no sentido Entroncamento/Icoaraci.

Próximo ao Banco do Brasil, cerca de 400 metros antes do terminal do Tapanã, há um desvio de veículos para a canaleta de concreto do BRT. Ou seja, o tráfego será pela via central. O acesso a Mário Covas vai ser canalizado por barreiras de concreto. Para evitar acidentes, o consórcio responsável implantará a sinalização temporária no trecho.

Ontem de manhã, antes da interdição, os motoristas ainda estavam confusos com a mudança e revoltados com a situação do trecho, tomado de lama e buracos. Uma cratera, inclusive, debaixo do semáforo principal da rodovia, no cruzamento entre as avenidas. “Isso é um absurdo. Estão brincando com a gente. Essa obra não acaba e complica a vida de todos”, reclama Valeno Hibiriba, 42.

O comerciante afirma que do Entroncamento a Icoaraci, ele gasta 3h, todos os dias. “A prefeitura não tem organização, não dá informações concretas e, tampouco, tem pressa para acabar isso. Não aguentamos mais!”, relata.

Professora aposentada Janilma Campos, 78, também lamenta o caos. “Espero que esse desvio venha melhorar, porque a cada dia isso fica pior”,comenta a moradora do conjunto Maguari.

De visita à capital com a família, o engenheiro Eder Peixoto, 40, não imaginou passar tanto tempo dentro de um carro para conhecer Icoaraci. Ele saiu do centro às 8h30, rumo ao distrito. Às 9h40 ainda estava no caminho. “Se for para o bem da cidade, é bom. Mas, o que parece, é que falta planejamento e organização na obra”, observa.

ESPERA

Em média, os semáforos da região, eram de cerca de três minutos, antes da mudança. Tempo suficiente para o vendedor de produtos importados, Sebastião Freitas, 50, negociar com os motoristas. “É muito tempo que eles ficam no carro. Por um lado é bom, mas sempre estão estressados com o trânsito”, conta.

A prefeitura de Belém informou que esse desvio será necessário para a execução da pavimentação asfáltica, da urbanização, do paisagismo e da drenagem do trecho interditado. A duração, assim como a execução dos serviços, será de 60 dias.

(Roberta Paraense/Diário do Pará)