ReviewsSéries

Arrow | 6×17 – Brothers in Arms

Depois de uma temporada toda trabalhando conflitos internos extremamente questionáveis e levando bons personagens a fazerem algo completamente distinto do que esperaríamos deles, Arrow resolve fazer algo “diferente”: repetir tudo o que foi citado acima, mas desta vez com um resultado não tão ruim. Brothers in Arms retrata a única separação do Team Arrow que de fato foi quase bem trabalhada, mas mesmo assim não tem como gostar muito do resultado final.

Diggle sempre foi, ao lado de Felicity, o mais fiel dos apoiadores do Oliver. A relação de amizade entre eles já gerou vários ótimos diálogos e cenas interessantes, além de sempre oferecer uma base sólida para todas as diferentes formações que esse grupo de vigilantes já teve ao longo dos anos, e mexer com essa base é algo que nunca foi feito antes. Apesar de algumas discussões e problemas ao longo dos anos, eles sempre se mantiveram juntos. Interferir nisso dificilmente trará bons resultados e, mesmo sabendo de tudo isso, os roteiristas resolveram tirar o Spartan do Team Arrow.

Um dos grandes problemas foi como tudo começou, com essa história de que o Diggle estava bravo porque queria ser o Arqueiro Verde. E ainda bem que essa situação completamente ridícula foi explicada. No final, o fato de que John não confia mais na liderança do Oliver é algo que faz muito sentido. Diggle começou como um soldado pronto para seguir ordens e sempre agiu assim, vê-lo desafiar a cadeia de comando é uma evolução interessante para o personagem e faz sentido, levando em conta tudo o que vem acontecendo com a equipe desde a temporada passada.

O clímax dessa diferença de opiniões resultou em uma das melhores cenas da temporada: a briga entre John e Oliver. Em um combate até a morte o Spartan provavelmente não teria muitas chances, mas não foi isso o que aconteceu. Eles não queriam se matar, os personagens estavam descontando todas as frustrações um no outro e cada um daqueles socos aparentemente fortíssimos carregava um peso emocional muito maior do que a simples força do golpe. Desde a troca de ofensas e gritos até a aparição da Felicity para interromper a briga, tudo foi muito intenso. Fazer bem uma cena dessas não é fácil. Por mais que esses atores tenham certas limitações, ambos venderam muito bem o momento para o público.

Mas é aí que as coisas ficam complicadas. Mesmo com as críticas do John sendo válidas e com o confronto entre os dois tendo sido um bom momento, o resultado final disso tudo é péssimo para a série. Existem algumas possibilidades sobre como tudo isso vai se desenrolar: Diggle nunca mais volta para o grupo e eventualmente sai da série; Diggle fica um tempo fora, mas volta depois de algum evento grande que muda sua opinião ou força seu retorno de outra forma; Diggle muda de opinião mesmo sem nenhum evento muito importante (a ideia de o tempo cura tudo) e acaba voltando para a equipe.

No primeiro cenário a série perde não só um ótimo personagem, mas também um dos principais elementos que faziam a dinâmica funcionar. No segundo e no terceiro cenários o problema é mais simples: tudo isso, toda essa gritaria e briga para nada. E nós vemos uma série que não consegue mudar e evoluir, então força atitudes drásticas cujas consequências são temporárias. Isso, a longo prazo, faz com que todas as grandes ameaças e cliffhangers percam o impacto porque daqui a um tempo tudo volta como era antes. A briga entre Oliver e Diggle foi a única separação da equipe que de fato foi bem trabalhada (com exceção do começo), mas ao mesmo tempo ela não leva a lugar nenhum. Não apresenta nenhuma consequência boa a longo prazo.

Mas saindo um pouco dos heróis e indo para os vilões: Ricardo Diaz finalmente está ganhando mais tempo para se mostrar e ele de fato é o vilão certo para uma temporada tão focada nos problemas da equipe. Ele provavelmente nunca será considerado um dos melhores vilões da série, mas também nunca aparecerá na lista dos piores. Já em uma situação diferente temos a Black Siren. A Laurel da Terra-2 está sofrendo com um problema que sua contraparte da Terra-1 enfrentou por muito tempo na série: ela não está sendo bem escrita. Não dá para saber se ela terá alguma redenção ou se será uma vilã definitivamente, e da forma como ela está sendo trabalhada já chegou a um ponto em que ninguém nem liga mais para ela. Não é possível se identificar com uma personagem tão ambígua. Ela em nenhum momento se mostra apta a mudar… E quando parece ter algo positivo, na verdade descobrimos que ela estava só fingindo e em seguida vem uma cena na qual parece ser sincera. A verdade é que não dá para torcer para ela e nesse ponto não importa qual caminho a personagem tome, pois será uma decepção.

Brothers in Arms tentou fazer direito algo que estava sendo mal trabalhado durante toda a temporada, mas o sucesso foi temporário. Tentar prever o futuro da série neste momento é impossível e todos os cenários que parecem mais prováveis são ruins. Arrow parou de ser a série que deixa o público na ponta da cadeira esperando o próximo episódio para se tornar aquela série na qual você esquece que tem coisa nova para assistir, e isso é bem triste para os fãs.