O presidente Michel Temer foi cobrado por ações concretas voltadas para o meio ambiente durante cerimônia nesta segunda-feira no Palácio do Planalto com a presença de representantes da sociedade civil. Temer ratificou o pacto firmado no Acordo de Paris no âmbito da convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança do Clima com a finalidade de tentar frear o aquecimento.
Ao iniciar sua fala, o presidente fez questão de exaltar os discursos que o antecederam em defesa do meio ambiente. “Embora eu tenha aqui um discurso escrito, eu verifico que todos os discursantes já revelaram a importância deste ato, especialmente os eminentes dois representantes oradores das entidades ligadas ao meio ambiente e ao clima”, disse Temer, que ouviu da plateia em dado momento do evento um grito de “não ao pré-sal” e outras manifestações discretas em defesa do meio ambiente.
O secretário do Observatório do Clima, Carlos Rittel, avaliou positivamente a ratificação do acordo e afirmou a importância de o governo efetivar os compromissos firmados para contribuir para a redução do aumento da temperatura global. “O fato de hoje merece sem dúvida ser celebrado, mas isso precisa ser feito com uma certa dose de moderação. O dia de hoje pode ser ponto de partida de um novo momento do país e de nossa economia”, disse. “Que o Brasil se torne uma das primeiras grandes economias e um dos primeiros grandes poluidores a ratificar o Acordo de Paris”, completou.
O diretor-executivo do Centro Brasil no Clima e ex-deputado federal, Alfredo Sirkis, também destacou a “lucidez” de parlamentares que deixaram de lado divergências políticas para dar celeridade à tramitação do acordo no Congresso e se valeu da metáfora de copo metade cheio ou vazio para cobrar os compromissos dos países signatários do acordo. “É necessário fazer mais. O Acordo de Paris prevê ciclos de revisão e temos que, além de ver como vamos cumprir nossas metas já começando a preparar as próximas. E temos que pensar em estratégia de longo prazo”, disse.
Ainda em sua fala, Temer chegou a rememorar em seu discurso o tempo na infância em que, segundo disse, frequentava uma chácara no interior paulista e aproveitava a água potável do rio Tietê para nadar - inviável na situação atual do rio. “Eu pegava uma toalha e ia nadar nas águas cristalinas, límpidas, transparentes do rio Tietê”, disse Temer. “Ora bem, hoje quando volto para lá, lamentavelmente, eu só me lembro do passado, belos dias do passado. Mas não dá para executar o mesmo ato que eu executava há muitos anos”, completou.
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse, por sua vez, que não há espaço no mundo atual para “climas céticos”. “Vão cada vez mais sair de moda”, disse o ministro, afirmando ainda a necessidade de aproveitamento pelos diferentes governos de tecnologias e oportunidades econômicas decorrentes da assinatura do Acordo de Paris. “O alcance de nossas metas (...) que consideramos insuficientes em escala mundial demandará investimentos públicos e privados nos setores florestal, energético e agropecuarista e nas tecnologias utilizadas”, disse.
Já o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, destacou a celeridade com que o Acordo de Paris foi aprovado e ratificado pelo Brasil e disse esperar que a decisão do país seja acompanhada por outros signatários das metas, segundo disse, “em particular aqueles de importante dimensão econômica”. “Estamos unindo nossos melhores esforços para que as metas sejam atingidas e ultrapassadas”, disse. "Sabemos que o preço de nada fazer em relação a mudança climática seria muito alto a todos”, completou.
Em nota, a presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Elizabeth de Carvalhaes, afirmou que o setor terá atuação fundamental no cumprimento das metas brasileiras. “Para uma nova economia de baixo carbono, a solução passa pelas florestas plantadas. O setor teve papel relevante na definição e aprovação das propostas, mas será ainda mais importante para que sejam atingidos estes resultados. Com uma base 100% renovável, estima-se que o potencial de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas é diretamente proporcional à capacidade de criação e aproveitamento de mecanismos de mercado de carbono; e as políticas públicas integradas e coordenadas.