No sábado dia 27 de outubro, membros de um clube de canoagem do Rio de Janeiro remaram em solidariedade aos pescadores da Baía de Guanabara.

A história de Alexandre Anderson e dos membros da Associação Homens e Mulheres do Mar – AHOMAR comoveu o grupo que decidiu se mobilizar em defesa dos pescadores artesanais da Baía de Guanabara.

Alexandre é pescador e presidente da AHOMAR. Ele e sua esposa, Daize Menezes de Souza, têm recebido ameaças constantes devido ao seu trabalho em defesa da pesca artesanal. A mobilização dos pescadores em defesa da Baía de Guanabara e da pesca artesanal resultou em ameaças constantes às lideranças e aos membros da AHOMAR. As ameaças estão relacionadas às denúncias apresentadas pelos pescadores sobre o impacto social e ambiental da instalação de um complexo petroquímico na região.

Já são quatro pescadores mortos. Em 22 de maio de 2009, o tesoureiro da AHOMAR, Paulo César dos Santos, foi espancado e assassinado com um tiro na cabeça diante de sua esposa e filhos. No ano seguinte, Márcio Amaro, membro fundador da associação, também foi morto a tiros em sua casa. Até hoje, nenhum desses dois casos foi solucionado.

Em 2012, mais dois pescadores foram mortos. Em junho, os corpos de Almir Nogueira de Amorim e João Luiz Telles Penetra, pescadores e membros ativos da AHOMAR, foram encontrados na Baía de Guanabara. As investigações preliminares indicam que ambos foram amarrados antes de serem afogados.

Alexandre, Daize e os membros da AHOMAR estão em situação de risco e não estão recebendo a proteção adequada.

Pescadores e remadores compartilham as águas da Baía, fazem parte de uma mesma família. Os pescadores incentivam quem está remando e, muitas vezes, são os primeiros a dar apoio quando uma canoa vira. Remar na Baía de Guanabara é uma atividade de lazer, mas quem rema reconhece o valor e importância da Baía para os pescadores e suas famílias, cujo alimento e fonte de renda vêm da pesca artesanal.

Os membros do clube canoagem remaram como um ato de solidariedade aos pescadores artesanais da Baía de Guanabara. E você, já pensou no que pode fazer para apoiar a luta de Alexandre, Daize e dos membros da AHOMAR?

Renata Neder é Assessora de Direitos Humanos, Anistia Internacional Brasil