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American Gods | 1×07 – A Prayer for Mad Sweeney

A uma semana de seu primeiro season finale, American Gods dá mais um passo para se tornar uma das adaptações literárias mais fiéis e deslumbrantes já produzidas pela TV americana. Mesmo não alcançando o apelo de marcas como Game of Thrones, a nova obra de Bryan Fuller tem força o suficiente para deixar qualquer fã de mitologia e aficionados por histórias lendárias na ponta da cadeira, como o mestre Neil Gaiman também o fez ao lançar o livro original. O episódio desta semana, por exemplo, é mais uma belíssima hora de expansão de universo e viradas curiosas na trama com a apresentação do “Coming to America” favorito dos fãs do livro.

O bom disso tudo é notar que a liberdade dada pelo canal Starz possibilita um espaço todo especial para contar a chegada de Mad Sweeney à América sem nenhuma pressa de movimentar as peças do plano de Wednesday. Nesse momento da temporada outros shows usariam mão de diversos cliffhangers para chacoalhar a trama, mas Fuller continua respeitando a ideia de Neil Gaiman de não atropelar a backstory dos personagens em detrimento da ação desenfreada. É chegada a hora de conhecermos mais sobre o passado do leprechaun desbocado, e nada mais acertado do que deixar a dupla Pablo Schreiber e Emily Browning – as duas maiores surpresas em química e timing deste primeiro ano – brilharem numa hora só deles.

Sim, optar por deixar Browning dar vida à Essie McGowen só provou mais uma vez quão acertado foi todo o casting de American Gods. A atriz vem dando um show na reinterpretação dos showrunners para o papel de Laura na série e prova novamente que pode ir além ao encarnar a jovem irlandesa fiel às lendas que cresceu ouvindo da avó (a veterana Fionnula Flanagan num guest inspiradíssimo), em especial a que traz a figura do leprechaun como um infalível protetor para toda a vida.

Só por essa conexão excelente possibilitar as mais diversas rimas para a relação entre Laura e Sweeney, passei o episódio inteiro com um sorriso no rosto. Felizmente o cuidado com o texto possibilitou muito mais do que somente uma ovação abobalhada de fã. Basta observarmos que em nenhum momento a narração do Mr. Ibis plastifica os raccords entre passado e presente e a gente sabe muito bem que séries que utilizam voice over na narrativa cansam facilmente justo por desnaturalizar essa continuidade. No entanto, esse detalhe dá um tom cartunesco para as entradas do Mr. Ibis em American Gods, que reforça a estética da série sem torná-la afetada demais.

Deixando a emocionante jornada de Essie no passado, continuamos seguindo Laura e Sweeney no presente logo depois que a dead wife dá as coordenadas do encontro dos deuses na House on The Rock para Salim ir atrás do seu Jinn. Achei bonito Laura interpretar a devoção de Salim como algo semelhante à sua busca pela luz de Shadow, mas espero que essa não seja a última vez que veremos o personagem na série. A dinâmica entre os três foi boa de acompanhar, mesmo que brevemente, e não faria mal termos um pouco mais disso no futuro. Os roteiristas já provaram que esses desvios são mais do que bem-vindos.

Só que aqui a virada mais impactante veio logo após o acidente brutal que Laura e o leprechaun protagonizam. Por alguns instantes a moça perde a moeda de ouro e só aí descobrimos através de um flashback mais recente de Sweeney que foi ele o responsável pelo acidente que matou Laura e a mando de ninguém menos do que Wednesday. Eu não estava preparado para esse twist, pois ele não existe no livro e adianto que essa mudança deve tornar a futura relação entre os protagonistas bem mais explosiva!

American Gods ainda não é o hit que se anunciou, mas aos poucos vai construindo uma identidade tão provocativa que é quase impossível não torcer pelo seu sucesso. Bryan Fuller não precisa mais se provar e o exemplar literário máximo de Neil Gaiman está nas mãos definitivas. Só precisamos de mais uma semana para carimbarmos isso sem retorno. Como um fã incondicional fico feliz e grato, de verdade.

P.S.1: Alguns animais representam deuses antigos, como os corvos de Wednesday. Sendo assim, vocês devem ter uma ideia sobre a qual deus os coelhinhos que causaram o novo acidente servem, não é mesmo?

P.S.2: Uma aposta: mais alguém acha que o amigo de Mad Sweeney que é capaz de ressuscitar os mortos pode ser um certo nazareno?

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