Frei David

Entrevista

Frei David

Entrevista realizada no contexto do projeto "História do Movimento Negro no Brasil", desenvolvido pelo CPDOC em convênio com o South-South Exchange Programme for Research on the History of Development (Sephis), sediado na Holanda, a partir de setembro de 2003. A pesquisa tem como objetivo a constituição de um acervo de entrevistas com os principais líderes do movimento negro brasileiro. Em 2004 passou a integrar o projeto "Direitos e cidadania", apoiado pelo Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) do Ministério da Ciência e Tecnologia. As entrevistas subsidiaram a elaboração do livro "Histórias do movimento negro no Brasil - depoimentos ao CPDOC." Verena Alberti e Amilcar Araujo Pereira (orgs.). Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC-FGV, 2007. A escolha do entrevistado se justificou por ser uma das principais referências da pastoral do negro no Brasil, principalmente no que se refere à educação para a pupolução negra.
Forma de Consulta:
Entrevista em texto disponível para download.
Entrevista em áudio disponível na Sala de Consulta do CPDOC.
Entrevista em vídeo disponível na Sala de Consulta do CPDOC.
Entrevista publicada em livro.
Referência completa: Histórias do movimento negro no Brasil - depoimentos ao CPDOC. Verena Alberti e Amilcar Araujo Pereira (orgs.). Rio de Janeiro: Pallas; CPDOC-FGV, 2007.

Tipo de entrevista: História de vida
Entrevistador(es):
Verena Alberti
Amilcar Araujo Pereira
Data: 11/05/2004 a 12/07/2004
Local(ais):
Rio de Janeiro ; RJ ; Brasil

Duração: 3h35min

Dados biográficos do(s) entrevistado(s)

Nome completo: Frei David Raimundo Santos
Nascimento: 17/10/1952; Nanuque; MG; Brasil;

Formação: Formado em Filosofia e Teologia pelo Instituto Teológico e Filosófico Franciscano (1983).Mestrando em Teologia Litúrgica com ênfase em Inculturação pela Pontifícia Universidade Nossa Senhora da Assunção - São Paulo.
Atividade: Há mais de vinte anos dedica-se a trabalhadores populares, sobretudo na área de educação para carente e afro descendentes. Foi um dos fundadores do pré vestibular para negros e carentes (PVNC) na baixada fluminense em fins da década de 1980 e mais tarde, ao romper com as outras lideranças do PVNC, continuou esse trabalho fundando em fins da década de 1990 o EDUCAFRO (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes).

Equipe

Levantamento de dados: Amilcar Araujo Pereira;
Pesquisa e elaboração do roteiro: Verena Alberti;Amilcar Araujo Pereira;

Transcrição: Amilcar Araujo Pereira;

Conferência da transcrição: Verena Alberti;

Técnico Gravação: Clodomir Oliveira Gomes; Marco Dreer Buarque;

Sumário: Luisa Quarti Lamarão;

Temas

Cuba;
Discriminação racial;
Educação;
Ensino fundamental;
Ensino religioso;
Ensino rural;
Eugênio Sales;
Europeização;
Golpe de 1964;
Herbert de Souza;
Igreja;
Igreja Católica;
Movimento negro;
Movimentos sociais;
Negros;
Organizações não governamentais;
Política;
Racismo;
Religião;
Religiões afro-brasileiras;
Universidade Federal do Rio de Janeiro;

Sumário

FITA 1-A
Origens familiares; formação escolar e início da vida profissional como técnico em telecomunicações no Espírito Santo; a opção pela vida religiosa e o despertar para a questão racial no seminário franciscano de Guaratinguetá (SP), em 1976; a opção pela causa negra em suas atividades como religioso franciscano; atividades na diocese de Petrópolis, junto a desempregados e a desabrigados, enquanto cursava as faculdades de teologia e filosofia, no início dos anos 1980; referência à criação, em Petrópolis, do Grupo União e Consciência Negra (Grucon).
FITA 1-B
Relato das estratégias de arrecadação de dinheiro para o movimento dos desabrigados, em Petrópolis; a transferência para a diocese de Duque de Caxias (1982); lembranças de seu despertar para a opção religiosa, aos 12 anos, quando cursava um colégio agrícola no interior do Espírito Santo; estratégias do entrevistado para atrair os negros para a questão racial; elaboração de slides sobre a história do negro no Brasil, com assessoria do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), no início dos anos 1980; relato da organização do I Encontro de Seminaristas, Padres e Religiosos Negros do Brasil, realizado no Rio de Janeiro (1983): a proibição do evento por parte do então arcebispo do Rio de Janeiro, d. Eugênio Sales, e o apoio do sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, para sua realização; comentário sobre decreto presidencial de 1968 que proibia reuniões e manifestações de negros, bem como que se veiculassem notícias a respeito; menção à cartilha Ouvi o clamor deste povo negro, produzida por religiosos negros e publicada pela editora Vozes, na qual se propunha uma revisão dos heróis nacionais; a Marcha contra a farsa da abolição, realizada em maio de 1988 na Candelária, no Rio de Janeiro: razões da mobilização do Exército para impedir que a manifestação passasse diante da estátua de Duque de Caxias e as ameaças sofridas pelo entrevistado nesse contexto; comparação entre os efeitos da marcha de 1988 e a discussão sobre cotas para negros nas universidades públicas, a partir de 2001; a divulgação dos slides sobre a história do negro no Brasil, produzidos pelo Grucon com assessoria do Ibase; estratégias de mobilização em torno da questão racial desenvolvidas dentro da Igreja pelo entrevistado: missas afro-brasileiras e núcleos de pré-vestibulares.
FITA 2-A
O apoio do sociólogo Betinho a iniciativas voltadas para a questão racial; a coleção "Negros em Libertação", da Editora Vozes, publicada a partir de 1985; o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) à realização de assembléias do Grupo União e Consciência Negra (Grucon); caracterização dos integrantes do Grucon, que reunia negros de dentro e de fora da Igreja; discordâncias no interior do Grucon que levaram ao surgimento dos Agentes de Pastoral Negros (APNs), por volta de 1981; diferenças entre os APNs e a Pastoral do Negro; visão do entrevistado sobre o ingresso do negro na universidade como instrumento de libertação e de mobilização social; descrição do processo de formação do Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC), entre 1989 e 1993, na Baixada Fluminense; divergências dentro do PVNC em relação a bolsas de estudo nas universidades particulares e a fundação, pelo entrevistado, da Educafro, em 1997; divergências, no PVNC, sobre a abertura de processo contra as universidades públicas, em 1994, por não isentarem os candidatos pobres de taxa de inscrição nos vestibulares; a introdução do pré-vestibular no projeto Educafro, em 1998.
2a Entrevista: 12.7.2004
FITA 3-A
O funcionamento da Educafro: reuniões de núcleos, aulas de cultura e cidadania, auto-avaliação dos núcleos e dos alunos, limites para expansão fora do eixo Rio-São Paulo; a expansão de pré-vestibulares comunitários em todo o país, a partir do modelo do PVNC criado na Baixada Fluminense, com base na "intuição" e não na "institucionalização" da experiência; critérios de ingresso de alunos na Educafro; o funcionamento do curso: matérias, apostilas, simulados; diferenças entre os núcleos da Educafro do Rio e de São Paulo, em função das diferenças nos vestibulares de ambos os estados; as origens da idéia de pré-vestibular comunitário, no final dos anos 1980, e a experiência da Cooperativa Steve Biko, em Salvador; critérios para a fundação de núcleos de pré-vestibulares comunitários: o uso de locais já existentes e o engajamento de professores voluntários; o risco de os alunos não passarem em exames vestibulares quando têm apenas poucos meses de curso pré-vestibular.
FITA 3-B
Comentário sobre o vestibular da Uerj, realizado no primeiro semestre de 2004; o significado da introdução de missas afro na prática religiosa; o curso de mestrado em teologia litúrgica iniciado em São Paulo em 1997 e a mobilização em torno de pré-vestibulares comunitários em São Paulo, nesse período; o empenho para que as universidades públicas de São Paulo isentassem os candidatos carentes de taxa de vestibular, por volta de 2000; diferenças entre a Educafro no Rio e em São Paulo: o foco nas faculdades públicas e particulares, respectivamente; a institucionalização da Educafro a partir da demanda de faculdades particulares parceiras do projeto e o envolvimento mais efetivo dos franciscanos no projeto; a caracterização da Educafro como entidade franciscana; as fontes financeiras da entidade: os alunos e os franciscanos; experiência de núcleo de pré-vestibular instalado na UFRJ com vinculação à Educafro e ao programa Diversidade na Universidade do governo federal; críticas ao sistema de financiamento das organizações não governamentais (ONGs), que gastam grande parte dos recursos em sua própria estrutura; o convênio da Educafro com universidades em Cuba, onde alunos do projeto cursam medicina e educação física, entre outras faculdades; explicações sobre o conceito de "franquia social" como característica dos procedimentos da Educafro.
FITA 4-A
O funcionamento da franquia social na Educafro; o processo de formação do Grucon, entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1980; divergências entre a Pastoral do Negro e o Grucon, no que diz respeito à participação ou não da Igreja nas iniciativas direcionadas à questão racial no Brasil, e a posição do entrevistado em relação a isso, em Petrópolis, no início dos anos 1980; causas da realização do I Encontro de Seminaristas, Padres e Religiosos Negros do Brasil, no Rio de Janeiro (1983); debate sobre a questão das cotas para negros nas universidades públicas: razões da polêmica gerada em torno das cotas para negros, relação entre cotas e reparação pela escravidão, receios de alguns intelectuais que se colocam contrários às cotas para negros, avaliação da experiência de instituição de cotas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e mudanças na lei de cotas do estado do Rio de Janeiro, elogios ao sistema de cotas da Universidade de Brasília (UnB), necessidade de haver experiências diferentes na instituição de reservas de vagas em universidades, com a possibilidade de avaliação em médio prazo.
[falta rever o sumário daqui até o final, junto com a CF]
FITA 4-B
(continuação) Debate sobre a questão das cotas; discussão sobre a definição de raças no Brasil; opinião sobre a SEPPIR; comentários sobre a Lei 10.639 (obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira); críticas à cartilha "Sonho de Talita"; informações sobre o protesto contra o Banco Itaú; breves considerações sobre as novas estratégias de luta da Educafro; balanço da atuação do movimento negro.
FITA 5-A
(continuação) Balanço da atuação do movimento negro.
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