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Deputada acusa PM de lançar bombas com data raspada em ato na Alesp

Reprodução/Equipe Monica Seixas
Imagem: Reprodução/Equipe Monica Seixas

Alex Tajra e Beatriz Sanz

Do UOL, em São Paulo

03/03/2020 14h32

Bombas com datas de fabricação e de validade riscadas foram arremessadas pela PM (Polícia Militar) de São Paulo contra manifestantes que se opunham à reforma da previdência dos servidores estaduais paulistas hoje, segundo relatos de Monica Seixas (PSOL), codeputada eleita para um mandato coletivo.

Ela afirma que sua equipe recolheu um saco de bombas com as informações raspadas e o entregou ao deputado Cauê Macris (PSDB), presidente da Alesp.

A votação da reforma da previdência estadual paulista, aprovada em segundo turno hoje, foi marcada por tiros de borracha e bombas de efeito moral.

A Tropa de Choque da Polícia Militar de SP reprimiu alguns manifestantes que armaram barricadas na frente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). Uma linha de policiais fechou a entrada principal do parlamento paulista.

Bombas de gás atiradas na Alesp - Reprodução/Bancada Ativista - Reprodução/Bancada Ativista
Bombas de gás atiradas na Alesp estavam com a data de validade raspadas
Imagem: Reprodução/Bancada Ativista

A confusão entre policiais e manifestantes começou mais cedo, após a decisão dos que protestam de permanecer na rampa de acesso da Alesp durante a votação da reforma da Previdência, que acontece hoje. Inicialmente, os parlamentares votariam a medida as 14h. Mas houve antecipação do pleito e, conforme apurou a reportagem, esse teria sido um dos motivos do acirramento dos ânimos.

Em um primeiro momento, os manifestantes entraram normalmente na Alesp para ocupar as galerias e acompanhar a votação. Após a lotação dos espaços, a polícia passou a agir com "truculência", conforme relatos, e tentou afastar os manifestantes com gás de pimenta e balas de borracha.

"Todo mundo sabia que estava lotado lá dentro, nós estávamos nos comunicando com quem tava lá. Isso que ninguém entendeu, foi surpreendente, porque não estávamos fazendo nada. Só queriam permanecer na rampa, ocupar aquele local para a votação", conta o professor de História da rede estadual Jeferson Basilista.

As também professoras Carla Patrícia Juraci de Melos e Rosângela Vasconcellos viajaram mais de 300 quilômetros, de Bauru à capital, para fazer parte do ato contra a reforma da Previdência. Elas se afastaram da manifestação após as bombas da PM.

"Eles começaram a atirar gás de pimenta. Lá dentro, ouvimos que estava tranquilo, mas o gás acabou entrando. Ninguém estava forçando nada, ninguém tentou nenhuma violência", argumenta Clara Patrícia.

Votação antecipada

A codeputada Monica Seixas (PSOL), que faz parte da Bancada Ativista, contou ao UOL que a votação estava programada para às 19h de hoje foi realizada às 9h da manhã.

"Eu acredito que o presidente [Cauê Macris] mudou o horário da votação para a manhã porque tinha muita mobilização prevista para começar a partir das 14h", afirmou Seixas. De acordo com ela, a informação sobre a mudança da votação foi divulgada ontem à tarde de maneira não oficial.

Segundo Seixas, as bombas atiradas contra os manifestantes estavam com as datas de vencimento raspadas. "O que tem aparentemente está escrito setembro de 2015", revelou.

Seixas disse ainda que a votação da PEC da reforma da Previdência continua e que o cheiro do gás chegou ao plenário onde a proposta está sendo debatida.