quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Início da Umbanda - Parte III

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Após explicar nas duas Sementes de Luz anteriores sobre os principais personagens na solidificação da Umbanda no Brasil, sendo eles os médium nascido em Neves, interior do Rio de Janeiro, Zélio Fernandino de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que já foi o Jesuíta Gabriel Malagrifa em Portugal e um Advogado com sangue indígena no Rio de Janeiro.

Prossigo explicando a fusão destes dois personagens e o resultado deste reencontro.

De acordo com as explicações sobre o surgimento do nome Umbanda, Zélio responde que a atual  nomenclatura Umbanda provém da AUM (Deus) Banda (Conosco), ou seja, Deus está conosco, indicando que diante de diversas crenças que envolvem o nome Deus, a escolhida vem do Grego AUM. Assim como poderia ter sido escolhido pelo início Alá, Tupi ou Zambi, que significam também Deus e são citados na gravação que se encontra no site Registros de Umbanda.


Ele também explica sobre o nome Orixá – como eu aprendi, dividimos também a palavra Ori (Cabeça) e Xá (Senhor), ou seja, senhor da cabeça – que são espíritos de muita força, sendo eles quando encarnados, Rajás na Yedamala (alguém sabe onde fica e se escreve assim?) que faziam milagres, sendo eles espíritos de muita força.

Sobre as tendas que foram fundadas por Zélio através do Caboclo das Sete Encruzilhadas, a primeira foi a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, tendo o endereço na Rua Floriano Peixoto nº 30 em Neves, Niterói, na data de 16 de Novembro de 1908.

Nesta Tenda começou a ser realizada diversas curas com os paralíticos que começavam a andar, cegos a enxergar e enfermidades de todas as categorias sendo revertidas em alívio para os seus portadores.

Ministros, Industriais e Militares que recorriam a Tenda para curar parentes enfermos e os viam recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes ou cheques vultosos. Porém pelas ordens do Caboclo, ele não aceitou nenhum e os devolvia. Tendo, Zélio afirmado de cabeça erguida, porém com muita humildade: “Nunca recebi um centavo pelas curas praticadas pelos guias. O Caboclo abominava a retribuição monetária ao trabalho mediúnico. Não há ninguém que possa dizer que retribuiu a uma cura com dinheiro e foram curas aos milhares. Retribuíam isto sim, com sua fé, ajudando ao Trabalho do Caboclo e de Pai Antônio, como cambonos ou assumindo a Direção Material dos Templos fundados, ou participando da corrente mediúnica, quando tinham condições para isto.”

Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade, registrada como o nome de Tenda Espírita, porque não era permitido na época o registro de uma entidade com a especificação de Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que se iniciava a segunda parte de sua missão: a criação de sete Templos, que seriam o núcleo do qual se propagaria a Religião da Umbanda. Os Dirigentes recebiam esclarecimentos nas aulas de quinta-feira e na Tenda da Piedade, preparando assim, grupos que iriam formar os novos Templos.

Assim, sucessivamente as sete Tendas foram fundadas: Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda EspíritaNossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge (ainda existente na Rua Senador Dantas n° 122, no bairro de Vila Isabel, Rio de Janeiro/RJ) e Tenda Espírita São Jerônimo. Dezenas de Tendas foram fundadas sob a orientação do Caboclo das Sete Encruzilhadas no Estado do Rio, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Sempre que possível o médium Zélio participava da instalação das novas Tendas. Quando o trabalho material não o permitia, enviava médiuns capacitados para organizar e dirigir a nova Casa. Em todo território brasileiro existem Templos fundados diretamente pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas ou descendentes deste. Alguns desvirtuaram-se de seus princípios, outros mantém-se fiéis as normas iniciais.

Em 1939, o caboclo determinou que se funda-se uma Federação para congregar os Templos Umbandistas e que deveria ser o Núcleo Central desse culto, em que o simples uniforme branco de algodão dos médiuns estabelecia a igualdade de classes e a simplicidade do ritual permitia dedicar integralmente o tempo das sessões ao atendimento dos necessitados. O ritual preconizado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas excluiu tudo o que de supérfluo. São palavras textuais de Zélio Fernandino de Morais: - "O Caboclo das Sete Encruzilhadas nunca determinou o sacrifício de aves e animais, quer para homenagear entidades, quer para fortificar a minha mediunidade!!!"

Nas sessões apenas os cânticos muitos firmes e ritmados para incorporação dos guias e a manutenção da corrente vibratória. O uniforme é branco, de tecido simples, as guias usadas são apenas as que determinam a entidade que se manisfesta. Os banhos de ervas, os amacis, as concentrações nos ambientes da natureza, a par do ensinamento a base do Evangelho, constituem os principais elementos de preparação de médium. São severos os teste que leva a considerar o médium apto a cumprir sua missão mediúnica.

Em 1971, foi gravada uma mensagem por ocasião aniversário de 63 anos da Tenda Nossa Senhora da Piedade, abaixo temos alguns trechos dela, quem se interessar em fazer o download, o link segue ao lado: [Gravação 63 anos de Umbanda] Zélio de Moraes - Caboclo Sete Encruzilhadas].

A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade, e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda, médiuns que vão se vender e que serão, mas tarde, expulsos como Jesus expulsou os vendilhões do Templo (a casa de Deus). É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas Casas fazem que toque alguma coisa ao coração da mulher que fala ao Pai de Terreiro, como o coração do homem que fala à Mãe de Terreiro. É preciso ter muito cuidado e haver moral para que a para que a Umbanda progrida.

Umbanda é humildade, amor e caridade - essa é a nossa bandeira. Neste momento meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxóssi, de Ogum, de Xangô. Este que vos fala, porém é da falange de Oxóssi, meu pais e não veio por acaso, trouxe uma Ordem, uma missão.

Meus irmãos, sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, pois as vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham baixar entre vós, é preciso que os aparelhos sejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas Casas de Umbanda.

Meus irmãos, este aparelho já está velho com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que pela sua mediunidade eu pudesse implantar a nossa Umbanda.

A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa.

Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao Planeta Terra na humilde manjedoura, não foi por acaso, assim o Pai determinou, podia ter procurado a Casa de um Potentado (soberano de poder absoluto) da época, mas foi escolher aquela que havia ser a sua Mãe, esse Espírita que viria a traçar à Humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.

Que o nascimento de Jesus, a humildade em que Ele baixou à Terra, a Estrela que iluminou aquele estábulo, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento, por práticas e ações, que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares.

Fechai os olhos para a Casa do vizinho, fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja, não julguei para não serdes julgados, acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar, é dos Evangelhos.

Eu, meus irmãos, como o menor Espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que ees sintam a necessidade de cada um de vós e que ao sairdes deste Templo de caridade encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados e a saúde para sempre em vossa matéria.

Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e serei sempre o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas."

Aqueles que me agradecerem por tais informações, não deixem de agradecer primeiramente a Jesus, por me propiciar tal estímulo ao disseminar estas histórias que decorreram de muito preparo. Costurá-las, foi difícil, mas como a sede do aprendizado foi grande, segui em frente, já que diante de tais descobertas, terei como basear melhor meus apontamentos quando o assunto for a querida Umbanda que só veio até nós para que pudéssemos trabalhar a nossa humildade, amor, caridade, fraternidade e fé,  conosco e nosso semelhante.

Que o encontro com a luz do saber, também lhe aguce buscar mais a fundo questões que por hora você as enxerga como dúvidas. E tendo o aprendizado, que tal ofertá-las também ao próximo, para que tais informações sejam mais proveitosas e incentivem outras pessoas.


saiba mais

Hino da Umbanda

O Início da Umbanda - Parte I

O Início da Umbanda - Parte II


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Fontes: Registros de Umbanda, Gravações e Anotações Pessoais.

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