Qual o futuro das universidades?

Qual o futuro das universidades?

Bem-vindo à Série quinzenal "A Revolução da Aprendizagem", uma newsletter no LinkedIn dedicada a discutir EdTech, futuro da educação, tecnologias disruptivas, futuro do trabalho, ensino superior, impacto no RH e muito mais. Clique em Assinar para acompanhar as próximas edições.


Qual o futuro das universidades?

O que você precisa ter para ser um advogado, professor, engenheiro, médico ou piloto? A resposta é: um pedaço de papel chamado diploma. Mas e se você quiser ser um piloto de drone, analista de criptomoedas, influenciador digital, gamer, engenheiro de carro autônomo, técnico de impressora 3D, analista de SEO, UX Designer, gerente de sustentabilidade, YouTuber, desenvolvedor de blockchain, arquiteto de nuvem, desenvolvedor mobile, produtor de podcast ou instrutor de zumba? Não existe diploma para essas profissões. E o mais curioso é que nenhuma delas existiam há 10 anos.

 A Future Job Reports, pesquisa sobre o futuro do mundo do trabalho, prevê que 85% dos empregos de 2030 ainda não foram inventados. Os jovens de hoje estão sendo preparados para empregos que não existem atualmente, para resolverem problemas que ainda não conhecemos e para utilizarem tecnologias que não foram criadas até o momento presente.

 Será que as universidades estão preparadas para isso?

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

 Nos últimos 10 anos vimos inúmeras profissões surgindo e quase nenhuma delas está no currículo universitário. Se essas instituições não mudaram nos últimos 10 anos, podemos esperar que mudem na próxima década? Se 85% dos empregos futuros ainda não existem, será que as universidades vão se restringir a ensinar os outros 15% das profissões? Ou vão focar apenas nas mais tradicionais exemplificadas no começo deste artigo?

 É importante destacar que o ensino está diretamente relacionado à empregabilidade. A cada era da Revolução Industrial houve um impacto diferente na educação e na sociedade. Veja abaixo essa evolução:

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

1a Revolução Industrial (1780)

  • Grandes mudanças: produção mecânica, ferrovias e energia a vapor.
  • Impacto na sociedade: as pessoas migraram do campo para as cidades.
  • Impacto na educação: educação caseira de pai para filho desenvolvendo habilidades manuais. Exemplo: se o pai era carpinteiro, o filho seguia a mesma profissão.

2a Revolução Industrial (1880)

  • Grandes mudanças: produção em massa, energia elétrica, linha de produção.
  • Impacto na sociedade: as pessoas precisavam ser alfabetizadas para trabalharem nas fábricas.
  • Impacto na educação: universalização do ensino público, alfabetização em massa, uso de metodologias repetitivas focadas em memorização (conforme o trabalho na fábrica).

3a Revolução Industrial (1950)

  • Grandes mudanças: produção automatizada, eletrônico, computadores, internet e celulares.
  • Impacto na sociedade: entramos na sociedade do conhecimento, o trabalho manual e repetitivo é desvalorizado e o conhecimento se torna o maior ativo do trabalhador.
  • Impacto na educação: crescimento do ensino superior, o diploma se torna sinônimo de empregabilidade.

4a Revolução Industrial (2020)

  • Grandes mudanças: inteligência artificial, big data, robótica, impressão 3D e muito mais que está por vir.
  • Impacto na sociedade: diploma se torna sinônimo de commodity e memorização irrelevante, já que o computador tem muito mais poder de processamento do que qualquer ser humano.
  • Impacto na educação: resposta no final do artigo. =)

4a Revolução Industrial está apenas começando, então não sabemos exatamente o que vai acontecer no futuro. Porém, as universidades acreditam que ainda estamos na 3a Revolução, a da Sociedade do Conhecimento, na qual o diploma é altamente valorizado.

 Como a mudança não acontece do dia para a noite, é verdade que o público em geral ainda aprecia esse pedaço de papel, mas as empresas o fazem cada vez menos. Se antigamente, nos anos 80 e 90, ter um diploma era um diferencial, sinônimo de empregabilidade e sucesso na carreira, hoje ele é apenas um pré-requisito que te iguala para concorrer por uma vaga de trabalho.

 Quando você conclui a faculdade, recebe o mesmo pedaço de papel que outras milhares de pessoas e elabora um CV, outro papel que contém exatamente as mesmas palavras no item “formação acadêmica”. Isso significa que as empresas recebem centenas de currículos idênticos todos os dias. Por enquanto, o diploma não abre portas, mas impede que elas se fechem. Por isso, esse documento ainda é tão importante – mas continuará a ser em um futuro próximo?

 Uma pesquisa da UCLA (University of California) com 300 mil calouros universitários americanos concluiu que 88% dos alunos buscam uma faculdade para conseguir um emprego. Não tenho dados sobre o Brasil, mas acredito que seja um cenário similar. Ou seja, enquanto as empresas continuarem a pedir um diploma, as universidades estão seguras. Mas já vimos no começo do artigo que 85% das profissões não foram inventadas ainda e as faculdades não estão se mexendo para isso.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem
Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Agora trago a próxima bomba: grandes empresas como Google, Apple, IBM, entre outras, já retiraram o diploma como um pré-requisito para suas vagas. Isso também está acontecendo no Brasil, em empresas como Nubank, Movile, Loggi, Creditas e LEO Learning Brasil.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

 Então, qual será o futuro das universidades?

Como de costume, vou deixar vocês responderem essa pergunta. Como você acha que será o futuro das faculdades? Elas vão se juntar a marcas como Blockbuster, Blackberry e Kodak, que faliram por falta de inovação? Elas vão se reinventar? Ou não precisam mudar porque basta ensinar o fundamento das profissões tradicionais e os jovens depois se especializam?

Quero ouvir a sua opinião.

Na semana que vem, vou abordar o assunto sobre como as universidades podem se reinventar, qual será o foco do futuro das profissões e o consequente impacto na educação. Assine a série A Revolução da Aprendizagem para acompanhar o próximo artigo. Clique no botão Assinar no topo desta página.

Uma vez vi um cientista e pesquisador no YouTube falando claramente: "Faculdade não forma profissional, forma acadêmico". Por formar "acadêmicos", não sinto a faculdade engajada em ensinar nada muito além das fórmulas clássicas. É só jogar o valor da variável que falta na fórmula e pronto! Vejo em reportagens, artigos e diários, as pessoas que estudam fora, trabalhando fortemente em práticas e estudos de caso e discussões em grupo, em que é necessário para estimular o raciocínio e criatividade. A faculdade não parece despertar responsabilidade e interesse nas pessoas, apenas um bando de gado resolvendo problemas clássicos, que antes estavam na esfera do colégio e agora estão na esfera da faculdade. Ano passado conheci uma pessoa da Alemanha e disse que ele não fez "faculdade clássica". Lá eles possuem cursos técnicos menores e ele concluiu um curso de tecnologia bancária (ou algo do tipo). E tinha aulas e estágio em diversos setores bancários. Hoje é um excelente funcionário que conhece muito! Não sei como essas questões se encaixam no MEC, mas eu achei um ótimo exemplo de direcionamento e capacitação profissional.

Like
Reply
Paulo Correa

CEO na Brazilian Day Orlando

5y

Ótimos textos Richard... parabéns!

Like
Reply

Aqui no Brasil,houve uma abertura desenfreada de Universidades.Isto acarretou em má qualidade de ensino.Se elas não adaptarem aos novos tempos acontecerá a mesma coisa q a Kodak

Like
Reply

Muy diferente al actual. Carreras técnicas o con titulacion necesaria para trabajar como ingenieria civil, medicina, etc. Contarán con un futuro más largo que las carreras con titulación indiferente para trabajar. Aquellas universidades con muy buen ranking seguirán siendo atractivas por ahora por el tema de networking. El resto de universidades, creo que su futuro no se ve bien.

Like
Reply

To view or add a comment, sign in

Explore topics