As recorrentes polêmicas envolvendo a Fifa e a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, desgastaram a imagem do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. Em entrevista nesta terça-feira no Marrocos, antes da realização do Mundial de Clubes, o funcionário da entidade máxima do futebol foi sincero ao responder se já se considera um “cidadão brasileiro”.
“Estou certo de que não sou um cidadão brasileiro, mas sul-africano sim”, disse o francês Valcke, em referência à Copa de 2010 realizada na África do Sul. “E não creio que o Brasil também me dará a cidadania depois da Copa do Mundo. Pelo menos não o Romário”, acrescentou.
Valcke entrou em conflito com algumas personalidades brasileiras, especialmente em 2011, quando declarou que as autoridades do País precisariam “receber um chute no traseiro” para que as obras de estádios e infraestrutura fossem aceleradas. A declaração causou uma saia bastante justa com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Após algum tempo, a situação foi contornada.
Quanto a Romário, porém, a situação é diferente. O ex-atacante, hoje deputado federal, não economiza ataques a Valcke, especialmente em postagens em sua conta no Twitter. O próprio político declarou recentemente que não confiaria no secretário-geral da Fifa “nem para ir à padaria da esquina comprar pão e leite”.
Valcke esteve na última semana no Brasil para o sorteio das chaves para a Copa do Mundo. O secretário ficou longe das polêmicas, mas nem assim escapou das machetes. Na última segunda, um vídeo circulou na internet insinuando sorteio dirigido na Costa do Sauípe, no qual Valcke seria o principal ator. O dirigente se irritou com a acusação.
O francês Jérôme Valcke tem um talento para se envolver em polêmicas. Seja por suas declarações ou por gafes em que esteve presente, o nome do secretário-geral da Fifa é citado frequentemente por conta de situações inusitadas. Relembre a seguir algumas controvérsias de Valcke
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Valcke entrou para a Fifa em 2003 no cargo de diretor de marketing e televisão. Não demorou para que se envolvesse em caso controverso. A Mastercard tinha preferência para renovar seu já antigo contrato de patrocínio com a Fifa, mas a entidade acabou por acertar com a Visa. Valcke foi responsabilizado pela negociação, que rendeu multa de US$ 60 milhões para a organização, e destituído em 2006. Um ano depois, entretanto, foi "promovido" e voltou para a Fifa no cargo de secretário-geral
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No Brasil, Valcke é mais lembrado por ter falado em entrevista que o País precisava levar "um chute no traseiro" para que entregasse logo a Copa. O dirigente se explicou e tentou remediar a situação, mas o mal estar com o governo já estava formado
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Valcke e Ricardo Teixeira têm uma relação muito estreita. Quando o então presidente da CBF deixou o Comitê Organizador Local da Copa de 2014, o francês perdeu um amigo no País
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No final de 2010, a Fifa escolheu o pequeno, mas rico Catar para receber a Copa do Mundo de 2022. A surpreendente decisão ainda causa polêmica, e seguem surgindo acusações de que a votação envolveu compra de votos. Valcke se antecipou em relação a isso. O ex-presidente da Concacaf, Jack Warner, revelou que recebeu e-mail do francês em que sugere que os catarianos compraram a Copa de 2022
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Valcke foi o mestre de cerimônias do sorteio da Copa das Confederações de 2013. Ele sorteou as partidas com a ajuda de personalidades brasileiras e, enquanto tirava bolinhas com a ajuda de Alex Atala, viu que o chef escolheu o pote errado. O francês se irritou com a gafe, que acabou por interferir nos confrontos da primeira fase do torneio
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A polêmica mais recente de Valcke tem como motivo uma declaração. O secretário-geral da Fifa disse em entrevista que "menos democracia, às vezes, é melhor para se organizar uma Copa do Mundo", comparando a Alemanha, sede do Mundial de 2006, e a Rússia de Vladimir Putin, que receberá o evento em 2018