Saúde

'Obeso saudável' é um mito, diz estudo

Pesquisa mostra que mesmo sem sinais negativos o peso extra representa um problema
Obesos têm maior risco de desenvolver doenças coronarianas Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Obesos têm maior risco de desenvolver doenças coronarianas Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

RIO-  Um estudo divulgado no Congresso Europeu sobre Obesidade, em Portugal, pretende quebrar o mito do "gordo saudável". A pesquisa da Universidade de Birmingham identificou que mesmo os obesos que não apresentavam sinais de risco à saúde como pressão alta, diabetes, e colesterol, ou seja, eram "metabolicamente saudáveis", não estavam livres de problemas de saúde no fim da vida e eram mais suscetíveis a ter problemas cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.

Os pesquisadores analisaram 3,5 milhões de pessoas, entre 1995 e 2015, antes de concluir que a afirmação de que a existência de "obesos em forma" é um mito. De acordo com o estudo, o peso extra é sim um problema. Entre as pessoas analisadas, 61 mil desenvolveram doença coronariana.

Na pesquisa, os cientistas estudaram os dados de pacientes que eram obesos no início da pesquisa — considerando o índice de massa corporal (IMC) —  e não apresentavam nenhuma doença cardíaca, pressão alta, colesterol ou diabetes. No final do acompanhamento, os pesquisadores verificaram que, ainda que não apresentassem esses sinais, as pessoas com sobrepeso eram mais suscetíveis a desenvolver doenças cardíacas, derrames e insuficiência, na comparação com aqueles com peso normal.

Segundo a pesquisa, os obesos que pareciam saudáveis tinham risco 50% maior de desenvolver doença cardíaca do que as pessoas com peso normal. Além disso, os pacientes que estavam acima do peso tinham um risco 7% maior de ter doenças vasculares cerebrais e o dobro de risco de ter insuficiência cardíaca.

"A prioridade dos profissionais de saúde deve ser promover e facilitar a perda de peso entre pessoas obesas, independentemente da presença ou ausência de anormalidades metabólicas", afirmou o pesquisador que conduziu o estudo, Rishi Caleyachetty.

No Brasil, o índice de obesos cresceu 60% em dez anos, segundo dados da pesquisa Vigitel, divulgados pelo Ministério da Saúde em abril. Em 2006, essas pessoas representavam 11,8% da população das capitais do país, agora já correspondem a um índice de 18,9%. Além disso, mais da metade da população está com peso acima do recomendado.