Hell Divine Edição Janeiro de 2013 Nº13

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Edição digital Nº13 - Janeiro/2013


Editorial

O apocalipse resolveu adiar nosso trágico e esperado fim e, com isso, mais um ciclo se inicia. O ano

passado foi incrível em termos de grandes lançamentos e acontecimentos marcantes, desde a morte de artistas consagrados ao cancelamento do que seria um dos maiores eventos de Metal no Brasil, o MOA. Tivemos o privilégio de ouvir uma quantidade considerável de ótimos discos – principalmente os do underground – e cobrir vários eventos insanos. Tudo isso buscando trazer o melhor conteúdo para o leitor. Completamos dois anos de trabalho incessante, mas sempre muito compensador – somos muito gratos a todos vocês pelo apoio incondicional desde o início. Na mesma velocidade em que surgem bandas novas com álbuns incríveis, o mercado da música morre. Por experiência própria de quem vos escreve, shows estão cada vez mais vazios e as lojas vendendo menos discos, a beira da falência. Em contrapartida, as camisetas e assessórios continuam em alta, mantendo a pequena chama acesa. Fico imaginando se será possível, no futuro, usarmos uma camiseta digital, em avatares nas redes sociais, substituindo a boa e velha vestimenta negra. Voltando à revista, batemos um papo com os alemães do Grave Digger, que acaba de lançar mais um disco matador, assim como o Enslaved, que explica um pouco sobre essa mudança na sonoridade ao longo dos anos. O Metal nacional, como sempre, está bem representado em nossas páginas pelas bandas Pray For Mercy, Jack Devil, Sanctifier e John Wayne, sem nos esquecermos dos emergentes portugueses do Stampkase. Publicamos também a tradicional lista dos melhores do ano, de acordo com nossa equipe. Enfim, muita coisa boa na primeira edição do ano e podem esperar por grandes inovações daqui pra frente! GO TO HELL!

Pedro Humangous.

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Índice editorial

Nota do Editor Chefe.

equipe

Conheça quem faz a Hell Divine.

entrevistas

Grave Digger, Dying Fetus, Enslaved, Jack Devil, Sanctifier, Pray For Mercy, John Wayne e Stampkase.

resenhas

Diversas avaliações da revista pra você acompanhar.

HELL TAGS

O que a galera do metal anda falando nas redes sociais.

divine death match

Veja a análise da revista sobre os útimos laçamentos para PC, PS3 e XBOX360.

covering sickness

Entrevista com Fernando Laruccia, um mostro das artes.

live shit

Resenhas dos últimos shows no Brasil.

melhores de 2012

Veja quem foram os mellhores eleitos pela revista em 2012.

Upcoming Storm

Conheça as bandas que estão surgindo.

MOMENTO WTF

Bizarrices do mundo do rock.

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Equipe Editor Chefe: Pedro Humangous Redatores: Augusto Hunter e Yuri Azaghal Designer: Ricardo Thomaz Publicidade: Maicon Leite Revisão: Fernanda Cunha Web Designer: William Vilela Colaboradores: Christiano K.O.D.A, Marcos Garcia e Júnior Frascá. Envio de Material: Rua Alecrim, Lote 4, Ap. 1301 - Ed. Mirante das Águas Águas Claras - Brasília/DF - CEP: 71.909-360 3


entrevista

o d n a t n o r f n o c

s e s u e d s o

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Photos By Jens Howorka @ Blendfabrik Dsseldorf

Desde seu surgimento, no início dos anos 80, o Grave Digger tem sido uma das bandas mais batalhadoras do Heavy Metal. E mesmo sem ter o prestígio de outras gigantes do estilo (não por falta de merecimento) possui uma legião de fãs, e sempre se mostrou fiel ao estilo que procurou seguir em toda sua carreira, que já passa dos 30 anos. Aproveitando o lançamento de seu novo disco, o excelente “Clash of the Gods” (lançado no Brasil recentemente, via Die Hard Records), batemos um papo com o guitarrista Axel Ritt que, dentre outros assuntos, também nos contou quais os planos da banda para o futuro. Confiram:

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HELL DIVINE: O Grave Digger é uma das bandas pioneiras do metal alemão e mundial, e está ativa até hoje, sem nunca ter mudado sua sonoridade e lançando discos com frequência. Qual a motivação de vocês em continuar, mesmo com mais de 30 anos de carreira? AXEL: É engraçado, mas essa é a questão que mais nos é feita em todas as entrevistas que realizamos. Músicos são profissionais como qualquer outro, é a mesma coisa, por exemplo, que um dentista, e as pessoas não perguntam a um dentista porque ele ainda continua trabalhando depois de 30 anos, perguntam? Se você é um verdadeiro artista, sempre irá encontrar um meio de entreter sua audiência, isso acontece de uma forma natural. HELL DIVINE: Falando do novo disco, o que vocês buscavam quando iniciaram as composições de “Clash of the Gods”? Você acredita que o resultado final do disco foi o que vocês esperavam? AXEL: Com certeza! É exatamente o tipo de álbum que estávamos buscando. O som, as canções e os arranjos caíram como uma luva. Nunca trabalhamos tão pesado em um disco, mas o resultado desse árduo trabalho valeu a pena. HELL DIVINE: Axel, como foi sua participação no processo de composição de “Clash of the Gods”, já que este é seu segundo disco de estúdio com a banda? AXEL: Dessa vez, eu fiz parte do lineup de produção do material junto com Chris Boltendahl e Jörg Umbreit. Eu fui produtor de vários álbuns, para diversos artistas no passado, mas essa foi a minha primeira como produtor no Grave Digger. HELL DIVINE: Uma das faixas que mais me chamou a atenção no novo disco é “Call of the Sirens”, um verdadeiro épico, e bem diferente das demais. Outras, como “God of Terror” e “Hell Dogs” são puro metal e remetem aos primeiros discos do Grave Digger. Vocês procuraram fazer um disco mais variado desta vez, ou foi algo que surgiu naturalmente? AXEL: Não, é algo que vem naturalmente. Nós nunca partimos de um plano diretor acerca da definição das músicas, que sempre dependem da ideia que os compositores trazem para as sessões de composição que realizamos. HELL DIVINE: Aliás, a sonoridade das guitarras neste novo álbum está realmente excelente, uma das melhores da banda em anos. Você está satisfeito com seu desempenho e com a produção do disco? AXEL: Sim, estou. Pela primeira vez nós só usamos amplificadores FAME e KOCH para a produção, sem Marshalls dessa vez. E isso deu à produção aquele grande final baixo (low end) e a suavidade no som. HELL DIVINE: O Brasil é um dos países com mais fãs do Grave Digger em todo o mundo e a banda tem um carinho especial por nosso país, inclusive já tendo gravado um DVD por aqui, e os shows são sempre muito intensos. Vocês pretendem voltar nesta próxima turnê? Já há algo confirmado? AXEL: Sim, há planos prontos para visitarmos o Brasil, em 6

2013. Então, por favor, fiquem atentos e mantenham um olho em nosso website. HELL DIVINE: Vocês iriam tocar no festival Metal Open Air, que acabou sendo cancelado. Você poderia nos contar o que aconteceu naqueles dias, antes do cancelamento, e qual foi o sentimento da banda diante do ocorrido? AXEL: Foi um dia muito triste para todos nós, incluindo toda a banda e, é claro, nossos fãs. Nós fizemos o nosso melhor para que nosso show acontecesse, mas não havia backline, técnicos e, no final, nem mesmo o palco. Então, era completamente impossível fazermos o nosso show. É muito desapontante viajar meio mundo pelos nossos fãs e não ter a chance de tocar! HELL DIVINE: Mudando um pouco de assunto, no começo desse ano o Grave Digger anunciou uma parceria com duas empresas de cosméticos naturais, a Esthertol e a Rutano. Qual o motivo dessa parceria? AXEL: Como vocês podem imaginar, foi por causa de meu passado em abrigo de animais, e fui eu quem trouxe essa ideia para a banda. Ambas as companhias apenas distribuem produtos de alta qualidade e sem testes com animais e, por causa de todo o uso de cosméticos, eu pensei que seria melhor não começar mais um vinho, uma cerveja ou outra bebida qualquer, mas sim de um produto do qual você poderia se sentir orgulhoso de fazer parte. HELL DIVINE: Muito obrigado Axel. Por favor, deixe seu recado final para os fãs brasileiros. AXEL: Obrigado. Espero ver vocês em um de nossos próximos shows! Por Junior Frascá.


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entrevista


O ano passado foi repleto de ótimos lançamentos e, realmente, não foi tarefa fácil apontar os destaques entre tantos. Contudo, “Reign Supreme” da banda americana Dying Fetus conseguiu chamar bastante atenção e figurou nas listas dos melhores do ano (incluindo a minha). Os membros do Dying Fetus parecem não gostar muito de dar entrevistas. Conversamos com eles para a Hell Divine, que nos responderam com poucas e secas palavras. Para quem acompanha a banda, é notória a constante evolução por meio dos lançamentos e ao longo dos anos. O álbum mais recente é uma prova disso. “Nós quisemos evoluir nosso som nesse novo trabalho, mantendo nossos elementos característicos de sempre”, afirma o guitarrista John Gallagher. A sonoridade, apesar de se manter intacta e extrema, está mais polida e mais técnica do que antes, incluindo aí algumas influências do Hardcore. “Minha música favorita é ‘In The Trenches’. Eu amo Hardcore e essa música transborda esse estilo, talvez por isso eu goste tanto dela”. Mesmo com a decadência do mercado fonográfico no mundo todo, a gravadora Relapse Records tem lançado diversas bandas incríveis e com o Dying Fetus não foi diferente. O contrato existia, desde 2002, porém, teve fim após dez anos. “Nossa relação com eles foi bastante positiva, mas agora estamos livres e não assinamos com nenhum selo ainda”. Em conversa com amigos e bandas da America do Norte e Europa, pudemos constatar que shows vazios não é privilégio do underground brasileiro. Eventos com três ou mais bandas consagradas estão tocando para cinquenta, cem pessoas. O baixista Sean Beasley afirma: “Aqui na nossa cidade, Maryland, além do Deathfest, a cena é bem pequena”. Ter uma banda requer profissionalismo e dedicação de todos os membros. Muitas vezes, aparecem os desentendimentos e a experiência pode não ser tão positiva. “Nós, do Dying Fetus, só temos boas recordações e é ótimo estar na banda, principalmente por poder viajar o mundo todo”! Quando perguntados se existe uma chance de passarem por nossas terras, o baterista Trey Williams foi enfático: “Não há planos para uma turnê na América do Sul no momento”. O jeito vai ser nos contentarmos ouvindo o álbum de cabo a rabo, repetidas vezes até que esse momento finalmente chegue. Por Pedro Humangous Colaboração: Yuri Azaghal

a i c a m e r p su

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entrevista

O Enslaved surgiu do Black Metal norueguês, em 1991, e passou por muitas mudanças de conformaçã até o álbum “Isa” que é, com certeza, um diferencial na carreira e de toda a música pesada mundial. Em 2012 com Grutle Kjellson (baixo e vocal) e Ivar Bjornson Peersen (teclado e guitarra) para saber deles como é o proc 10


o d n i u r t s e d a sua volta tudo

ão e já se percebia que o som da banda jamais seria a mesma coisa. Desde então a banda veio se modificando 2, eles lançaram “RIITIIR”, um verdadeiro petardo da mudança que a banda sempre se propôs a ser. Conversamos cesso de composição, a decisão da capa e toda a relação do Enslaved com a música e seus fãs. 11


HELL DIVINE: Quando o Enslaved nasceu, a cena musical na Noruega estava passando por uma verdadeira revolução e vocês fizeram parte dela. Como vocês podem nos explicar tudo o que mudou, depois de mais de 10 anos? Grutle: Isso é verdade, eu acho. Não tínhamos muita música pesada na Noruega além do TNT. Eles eram conhecidos por pessoas de fora da Noruega antes da chamada “segunda onda de Black Metal”, que apareceu no início dos anos 90. É claro que isso não chamou atenção somente pela música, mas tinha muita criatividade ali! Bandas como nós mesmos, o Emperor, Mayhem, Immortal e Darkthrone têm realmente feito um enorme impacto no mundo da música extrema. Todos nós tivemos um impulso criativo para sair de lá e as coisas mudaram muito nos últimos 20 anos, em todas as camadas. Tanto em popularidade, habilidades e foco musical. Foi uma viagem interessante ser parte de um pequeno movimento underground, em 1991, para ser capaz de percorrer todo o mundo! Mas acho que não vai parar por aqui; o Enslaved vai continuar a avançar em novos territórios, como sempre fizemos. HELL DIVINE: Depois de 2004, com o lançamento de “ISA”, vocês entraram em uma evolução musical atípica, na mistura do clássico Black Metal com uma sonoridade mais Progressiva. Vocês sempre procuraram essa “tendência”, ou simplesmente aconteceu naturalmente? Grutle: Eu diria que tudo começou muito antes do lançamento de “ISA”. Já em “Eld”, de 1997, é possível encontrar vestígios de nossa música se inclinando para uma forma mais progressiva da música, pensamento e arranjos. Essas tendências podem não ser tão evidentes, uma vez que ainda era um quintal de imensa fúria e, às vezes, arranjos caóticos! Mas eles estavam lá, sem dúvida. Sempre estamos buscando novas ideias e inspirações, odiamos a ideia de repetir a nós mesmos, tentando lançar o mesmo álbum duas vezes! HELL DIVINE: Outra coisa que é curiosa na música do Enslaved é a aproximação cultural e científica. Que tipo de mensagem vocês tentam passar ao misturar tais temas? Ivar: Não há nenhuma mensagem em particular em nossa música, ou, para ser mais específico: provavelmente há todos os tipos de mensagens, mas elas não deveriam ser ouvidas como um padrão, todos devem ser autorizados a interpretar ou ignorar o que quiserem. Não há contradição entre a cultura e a ciência, eles estão apenas se movendo muito diferentemente no tempo e no espaço. Nem sempre é o caso de que a ciência está “à frente” da cultura... Eles dependem um do outro, é provavelmente o caso que apenas um sem o outro não seja bom... Então, se você percebe Enslaved como a incorporação de ambos, eu sou feliz e sinto que nós tivemos algo do outro lado. HELL DIVINE: Se há uma coisa que realmente chama a atenção dos fãs Enslaved é a obra de arte linda 12

que vocês têm em cada álbum lançado; a capa de “RIITIIR” é uma obra-prima. Vocês sempre tentam trabalhar com o mesmo artista gráfico? Podem nos dizer seu nome e por que o escolheram e explicarnos a mensagem das obras de arte “RIITIIR”? Grutle: Obrigado, estou feliz que você goste de nosso trabalho artístico. Nossas capas desde “Monumension”, em 2001, foram pintadas por Truls Espedal, ele é um artista norueguês. Nós trabalhamos muito perto com ele sobre o conceito, e ele está sempre ciente do conceito lírico dos álbuns quando pinta a imagem. Ele também ouve a mixagem dos álbuns durante o trabalho, de modo que você pode dizer que eles estão intimamente ligados, a música, as letras e a arte. Suas pinturas são uma espécie de projeção das letras, e a música é uma espécie de trilha sonora para sua arte. Você pode encontrar muitos paralelos das letras na pintura, então vá em frente explorar! HELL DIVINE: Na sua carreira, qual foi o álbum mais difícil de ser composto e por quê? Ivar: Provavelmente “Monumension” para mim, porque a atmosfera em torno da banda não foi a melhor – foi um pouco difícil ficar motivado para fazer o melhor com uma banda em que eu não sentia que todos os membros tiveram a melhor das intenções de suas ações e esforços. Como a história vai, o pessoal da banda foi mudando depois deste álbum – ao longo dos anos, aprendi a apreciar o álbum como um álbum de transição, em vez de apenas ser lembrado de um momento conturbado. Agora é realmente um álbum que eu aprecio, e eu realmente curto quando nós tocamos músicas do álbum ao vivo. HELL DIVINE: Eu vi um vídeo do YouTube de vocês fazendo uma versão grandiosa para “Immigrant Song”, composta originalmente pelo Led Zeppelin. Por que vocês escolheram essa música para uma versão? Vocês planejam lançar um álbum de covers algum dia? Grutle: Esse lance aconteceu no início de 2011. Pediram para fazer um show ao ar livre aqui na Noruega, onde tocamos cinco covers, cada canção escolhida por um membro da banda. Nós tocamos músicas de King Crimson, Faith No More, Paradise In Bloom, Rush, Pink Floyd e Led Zeppelin. Acabaram gostando tanto quem resolveram jogar “Immigrant Song” online, que acabamos de adicionar ao nosso set ao vivo! Foi lá, desde então, e o público adora! HELLDIVINE: Em 2011, antes de “RIITIIR”, vocês lançaram dois EP’s, um deles patrocinado pela Scion – “The Sleeping Gods” – e outra chamada “Thorn”. Aqueles EP´s são o quê, algumas músicas gravadas e esquecidas? Poderiam nos explicar? Ivar: (Risos) As canções contidas ali são especificamente escritas para esses lançamentos, e mesmo com algumas das ideias básicas de alguns anos, não é tudo esquecido ou sobras! Com “The


Sleeping Gods” tivemos um convite da Scion para fazer um disco sem custo (eles cobriram tudo) e sem fins lucrativos (o lançamento foi dado para os fãs) e me senti muito bem em fazê-lo. Depois de todas as discussões sobre o download e assim por diante, e os nossos fãs tendo compreensão e mantendo o apoio, vimos que era perfeito para dar algo de volta a eles. Foi inspirador e muito fácil de escrever o material! O single 7 “ foi um acordo de cavalheiros entre o dono do Soulseller Records e eu. Ele é um fã de longa data do Enslaved e eu realmente aprecio as pessoas que trabalham como ele foi; e ainda está fazendo para o cenário musical e na manutenção do”underground”, se tal coisa ainda existe. HELL DIVINE: Quais são os planos para a turnê de promoção do “RIITIIR”? Podem seus fãs brasileiros esperar por uma passagem pelo nosso país e o que vocês sabem sobre o Brasil? Ivar: Neste momento, não há planos concretos para uma passagem pelo Brasil, desculpe. Estivemos muito

perto de finalizar uma turnê brasileira, planejamos duas vezes nos últimos anos, mas isso não funcionou. Estamos lutando para que isso aconteça, espero que já em 2013. Realmente não sei muito sobre o Brasil, me desculpe. Eu sei que é o país do Sepultura, que é um dos países que falam português na América do Sul. A cozinha brasileira é impressionante, e é uma das mais rápidas economias em crescimento. E eu sei que eu quero ir para aí! HELL DIVINE: Muito obrigado pelo seu tempo conosco, por favor, deixe uma mensagem para a tripulação HELL DIVINE e seus fãs brasileiros. Grutle: Continuem pesados! Mantenham-se reais! Continuem o apoio ao Enslaved! Nós esperamos que possamos visitá-los em breve! Valeu para a entrevista. Por Augusto Hunter.

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entrevista

Há algum tempo, um dos nomes que tem crescido bastante dentro da cena do Metal nacional é, sem sombra de dúvidas, o do Jackdevil, quarteto thrasher insano de São Luiz do Maranhão. Fundindo a Velha Escola do Thrash Metal com elementos da NWOBHM, estes sujeitos estão cravando suas garras sonoras firmes no Metal nacional. Aproveitando o sucesso do EP “Under The Satan Command”, bem como o lançamento do novo EP “Faster than Evil”, fomos bater um papo com André Nadler, vocalista e guitarrista da banda, e saber dos planos e ambições deste que é, sem dúvidas, um dos nomes mais promissores do Metal nacional do momento. 14


Jogando as cartas

do Thrash Metal 15


Hell Divine: Oi André. Antes de tudo, que tal nos dar uma breve bio da banda? De onde veio a ideia do nome Jackdevil? Quais bandas mais influenciaram o trabalho de vocês? André Nadler: Bem, a Jackdevil começou com outra formação, já contava comigo nas guitarras e o Renato Speedwolf no contrabaixo, porém, existiam outros dois integrantes, e só no ano de 2011 foi que firmamos a nossa formação com a entrada do Ric Andrade e do Filipe Stress. Quando montamos a banda já pensávamos desde o princípio em algo promissor, queríamos muito que tudo isso ganhasse espaço e repercussão. Nos dedicamos de maneira imensurável neste projeto desde o começo de tudo, nós quatro convivemos bastante para aprender uns com os outros e para aumentarmos o entrosamento da banda. Já o nome da banda veio por acaso, durante uma conversa, quando tivemos a ideia e o principal motivo vem da fácil pronúncia do nome em qualquer língua e pela associação ao nome em português ser “Zeca Diabo”, nome comum em cangaceiros nordestinos, região onde a banda nasceu. Quanto às bandas que nos influenciaram, acho até mais fácil citar álbuns que nos influenciaram bastante. Com certeza, o “Show no Mercy” do Slayer, o “Kill ‘em All” do Metallica e o “Killers” do Iron Maiden foram álbuns que ouvimos bastante para dar o nosso primeiro passo com a Jackdevil.

Hell Divine: Apesar de ser uma banda bem jovem, vocês já estão ganhando um reconhecimento enorme dentro da cena do Metal nacional. Acredita que isso está ligado ao fato do EP “Under the Satan Command” ser disponível para download gratuito, ou existe uma estratégia mais complexa por trás disso? André Nadler: Obviamente, existe um conjunto de fatores que somados aumentam a visibilidade de nossa banda. Tivemos a sorte de várias pessoas simpatizarem com o nosso trabalho e divulgarem principalmente de graça, simplesmente porque curtiram nosso som. A Wargods Press, R&F Divulgações, Whiplash, Cronos Produções, várias páginas do Facebook e usuários também ajudaram e ajudam bastante neste crescimento. A questão do download, a priori, não foi pensada como estratégia, apenas o que nós queríamos era espalhar o material e acabou que hoje possuímos mais de 10.000 downloads feitos por nosso link no site mediafire onde disponibilizamos para download o “Under The Satan Command”. Hell Divine: Um dos pontos mais legais da banda é que essa fusão de elementos do Thrash Metal americano dos anos 80, 16

mais as melodias encorpadas da NWOBHM que, apesar de ser uma ideia utilizada antes, não é apenas uma releitura, pois antes não existia esta pegada pesada e energia que vocês possuem, ou seja, vocês têm uma cara bem própria. A que atribuem este fator? André Nadler:Em minha opinião, este fator só existe devido ao excesso de personalidade que cada um de nós possui, conheço e vejo o estilo único de cada um de nós tocarmos e também percebo que cada um de nós consegue transferir suas influências individuais muito bem para dentro da musicalidade da banda; isso tudo sem desatrelar o som a sua raiz, ao projeto principal. Acredito que a soma dos quatro integrantes e a liberdade de cada um colocar elementos nas músicas na hora da composição ajuda bastante. Outro fator seria a vontade de inovar, de ser influenciado, mas não acabar sendo somente mais um, coisa que pensamos desde o começo da banda. Hell Divine: Voltando ao EP, como foi a recepção a “Under the Satan Command” por parte de público e crítica? Chegaram a ter um feedback da mídia estrangeira? E, por falar nisso, estando em São Luiz, existiram muitas dificuldades em relação à gravação? E me permitam o comentário: mesmo sendo feito em pouquíssimo tempo, a qualidade é de dar inveja em muito trabalho que anda por aí... André Nadler:Conseguimos bastante espaço somente com o “Under The Satan Command”, muita gente que curtiu divulgou para outras pessoas e o material acaba sendo bastante espalhado; tivemos nosso material resenhado e postado em vários blogs e sites especializados nos EUA, Chile, Argentina etc. Quanto à dificuldade em relação a gravação, creio que existiu sim, mas agora, no segundo material que está saindo, já foi tudo bem melhor até porque o primeiro trabalho foi feito em poucas horas e gravado à moda antiga mesmo, até mesmo pela vontade que tínhamos de o material soar como as bandas da velha escolha do Heavy Metal. Agradecemos o elogio sobre a qualidade e fizemos com muito esforço, com certeza, um pedaço de nós acabou ficando ali naquele dia de gravação do “Under The Satan Command”. Hell Divine: Em relação à questão geográfica, estando tão distantes do eixo RJ-MG-SP, isso não chega a ser uma barreira para a banda? Sabemos que o Norte e Nordeste possuem cenas bem fortes, mas tocando nestes estados, a projeção da banda seria maior, concorda? André Nadler: Aqui o público é sempre frenético. No Norte e Nordeste, quando o público gosta da sua banda eles fazem de tudo para que você cresça, curtimos muito tocar tanto na nossa cidade quanto em todas as outras cidades do eixo norte/ nordeste. Realmente, admito que seja complicado viver distante das metrópoles e acabamos tendo que nos esforçar dobrado, mas acho que não importa o lugar que você esteja, se você trabalhar com dedicação e humildade você acaba conseguindo reconhecimento e com a Internet algumas barreiras criadas pela distância são quebradas. Hell Divine: O vídeo de “Under the Metal Command” ficou muito bom. Mas como surgiu a ideia de ser justamente esta a faixa? E como se deram as filmagens e produção como um todo? Tiveram ajuda externa de um produtor, ou vocês mesmos encararam esta barra pesada? E mesmo assim, valeu a pena, pois foram 14 mil acessos! André Nadler: Se nós pudéssemos, com certeza, iríamos agradecer individualmente a cada um desses 14 mil usuários do YouTube que assistiram ao nosso vídeo. É surpreendente ver


como um irmão para a gente, o cara tem feito muito pela banda e já é um membro de nossa família. Até agora, a Wargods Press tem feito um trabalho impecável e chego a dizer que o trabalho dela deve servir de referência, pois é feito sem deslizes e equívocos. Aproveito este espaço para agradecer e parabenizar em nome de nossa banda a WARGODS PRESS.

algo que fizemos sem nenhuma grande pretensão criar tanta expressão. Fazemos o trabalho da Jackdevil sempre com o pé firmado no chão, não sonhamos demais, não nos iludimos neste sonho de “superstar” jamais. Daí, com o vídeo não foi diferente, queríamos algo simples e que mostrasse os becos por onde andamos e tocamos na nossa cidade, as cenas no estúdio em que ensaiamos foram escolhidas devido ao espaço que queríamos dar para que as pessoas olhassem uma de nossas maiores realidades, a de ensaiar incessantemente. Filmamos com a ajuda de dois amigos, o Vinicius Aquino e o Diones Hendrix que deram suporte para que o vídeo fluísse bacana e o resto foi editado pela gente também. Gravar um vídeo é meio complicado, mas também é bem divertido, principalmente, nas horas em que erramos e daí tínhamos que refazer tudo de novo. Hell Divine: Bem, dia 01/01/2013, o novo disco “Faster than Evil” foi lançado, logo, poderiam nos dar alguns detalhes sobre ele? Como foi a produção, a concepção e outros aspectos dos bastidores? Ele também será disponibilizado para download gratuito? André Nadler: Bem, nós gravamos no estúdio BASE 17 e a pré-produção foi toda feita por nós juntamente com a produção excelente realizada pelos nossos grandes amigos Felipe Hyily e Cid Campelo, amigos que nos ajudaram muito e que nós consideramos como membros da banda, pois o “Faster Than Evil” estava todo nas mãos deles, confiamos muito no trabalho destes dois caras. O novo CD será liberado para download e, ainda em janeiro, soltaremos o link para que o download gratuito possa ser feito por todos vocês. Mas fora isso o CD também ganhará bastante material, estamos lançando ainda em janeiro patches, pôsteres e o CD físico do “Faster Than Evil” também.

Hell Divine: Bem, com o lançamento de “Faster than Evil”, é óbvio que a banda deve estar planejando uma invasão em grande escala a outros pontos do país, certo? Já há algo de concreto nesse sentido? Já há planos para shows em SP, MG e RJ? Esperamos muito para ver a banda no palco! André Nadler: É um sonho nosso fazer uma turnê por todo o nosso país, passar por várias cidades, ver como o público de outros eixos reagem ao nosso som e, em 2013, creio que é o ano onde vamos invadir o Sudeste e Sul, sim. Já estamos esquematizando algumas coisas e, a partir de março, este sonho tomará forma para que até o fim do ano a Jackdevil já tenha rodado bastante. Hell Divine: Agradecemos demais pela atenção e deixamos o espaço para sua mensagem aos leitores da HELL DIVINE e seus fãs. André Nadler:Queria também agradecer pelo espaço e pela impecável entrevista feita por vocês. A Hell Divine, desde as primeiras edições, sempre foi lida por mim e pelos outros integrantes da banda e continua sendo assim. A Hell Divine é um referencial no que se diz revista especializada em metal aqui no Brasil, sempre curti muito. Queria agradecer também a todos que estão lendo esta entrevista e a todos que nos apoiam e nos empurram para frente, com certeza, não seriamos nada se não existissem vocês para nos incentivar e não nos deixar desistir, até porque a estrada que temos que percorrer é muito árdua. É isso aí galera, vamos crescendo e lutando pelo metal para que o nosso “comando do metal” esteja cada vez mais forte. Se depender da Jackdevil a chama do Heavy Metal nunca apagará. Por Márcio Garcia.

Hell Divine: E por falar em download gratuito, por que vocês resolveram disponibilizar o seu material dessa forma? E a banda, por um acaso, pretende prensar cópias físicas? André Nadler: Como disse anteriormente, iremos lançar cópias físicas do “Faster Than Evil” ainda em janeiro também e, por onde formos tocar, levaremos para vender. Fora isso, tentaremos espalhar por todo o Brasil este material neste ano de 2013. O download grátis foi aberto devido a uma decisão da banda para facilitar que os produtores, público e, principalmente, as pessoas que moram em outros estados e países pudessem conhecer o trabalho da banda mais facilmente. Hell Divine: A banda ganhou uma visibilidade maior após vocês entrarem no cast da Wargods Press. Então, estão satisfeitos com o trabalho deles? André Nadler:Realmente, o trabalho da Wargods é incrível, esperamos trabalhar por bastante tempo mesmo com esta empresa tão competente e séria. O Maicon Leite, especialmente, é

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entrevista

Lá se vão mais de 25 anos que a Sanctifier começou. Foram mudanças, intervalos e outros obstáculos, mas a vontade de fazer Death Metal foi maior. A banda acaba de soltar o novo álbum “Daemoncraft” e está bem cotada no underground nacional. Seu fundador, o guitarrista Alexandre Emerson, concedeu uma entrevista à Hell Divine para falar do novo trabalho, seu amor pela música e o passado do grupo, assim como a cena nordestina. Com vocês, um apaixonado pela música maldita.

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o t n a s o

r o d a c e p e

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HELL DIVINE: A Sanctifier já tem cerca de vinte anos de estrada, tendo lançado várias demos e splits, e dois full length. Por favor, fale um pouco da trajetória da banda, que já teve mudanças de nome e chegou a fazer um intervalo entre 1995 e 2002. ALEXANDRE EMERSON: Arghhhhh!!!! Ao som do Destroyer 666 – “Sons of Perdition”! Tivemos vários problemas de formação, tocar Death Metal não é tão fácil e todos sabem que o Sanctifier encara isso como algo sério, mas sem esse papo de “sou profissional”. Primeiro, tem que ter essa p***a no coração, caso contrário, você segue o que a moda dita. Não estamos nessa por dinheiro, ou o melhor som para tocar. Somos underground, respiramos isso o dia inteiro, temos nossos trabalhos, vida pessoal, família, mas sempre estamos por dentro do que rola no underground. O lançamento da demo tape “x”, a banda local, o show “y”, e tocamos nosso barco dessa forma. Claro que uma estrutura mínima é requerida e isso é requisito para tocarmos; pagamos ensaio, gravação, clipe, divulgação e esperamos, pelo menos, o retorno disso. Muitos dos ex-membros não entendiam essa máxima e queriam fazer disso um tipo “mainstream way of life”. Tivemos vários músicos transitórios pela banda, o que não atrapalhou em nada o desenvolvimento das músicas, letras, conceitos etc. A molecada, hoje em dia, não sabe o que é ralação, quer chegar numa banda, tocar todos os dias, encher a cara, catar as meninas e quando encher o saco vai embora, enquanto o pessoal das antigas calejou nessa, e não se mete mais em algumas situações. Assim vamos andando, man. O Sanctifier anda conforme o underground anda, nossa preocupação é em fazer um som honesto e que represente anos de história. Problemas de formação todos têm, é isso! HELL DIVINE: Vocês acabam de lançar o novo álbum, “Daemoncraft”. Como foi sua concepção? Estão 100% satisfeitos com os resultados? O que podem falar sobre o disco? ALEXANDRE EMERSON: “Daemoncraft” é um album maldito e foi forjado nas profundezas de Ryleh pelo próprio Cthulhu, gravado por Yog-sototh e amaldiçoado por toda a humanidade. Nasceu da incapacidade humana de relacionar seu meio, na mesquinhez do homem e toda a podridão do Necronomicon. Esse disco foi concebido da forma mais honesta possível, mostrando o que o Sanctifier é. Somos conhecedores do que fazemos e ganhamos respeito por isso. 100% satisfeitos não estamos, tudo foi feito na marra, na garra, vontade de ter o material pronto, não tivemos ajuda financeira, tudo, como sempre, foi custeado por nós. Gravar tudo de forma independente e com pouco dinheiro não é fácil, mas quem liga, cara? Fazemos isso porque gostamos. Se não gostássemos, “Daemoncraft” não teria saído. Mas está aí, um disco honesto e que é uma parcela do underground. Compre-o na www.dyingmusic.com. Everton é um grande apoiador do underground e desconheço, hoje em dia, alguém nesse meio que esteja lançando seus próprios CDs (sem alianças) do bolso. A Dying Music envia pelos correios, você recebe em casa, aceita cartão de crédito. Vale a 20

pena, não só pelo Sanctifier, mas por todos os outros lançamentos que ele já fez: Absu, Rotting Christ, Acheron, Headhunter DC, Mystifier, Kaamos, Zyklon etc. HELL DIVINE: Como você compara “Daemoncraft” com o full anterior, “Awaked by Impurity Rites” e os lançamentos posteriores? ALEXANDRE EMERSON: “Daemoncraft” é um álbum mais maduro de um Sanctifier mais calejado, que já levou cano de show, tocou em cima de caminhão, teve instrumentos roubados, que paga tudo do próprio bolso. Aprendemos algumas lições com isso tudo. É um disco como todos os anteriores, nos quais as letras vieram de estudos e comparações de obras, escritos, depoimentos, situações e comportamentos sobre Lovecraft e tudo que rodeia o misticismo criado por ele. Cada gravação teve sua época, seu momento. “Daemoncraft”, para mim, já é passado. Estamos trabalhando em algo novo tão doentio quanto esse. Tento sempre criar músicas atemporais, que representem a animosidade que passamos em nosso dia a dia e, nesse ponto, cada K7, Split e/ou CD tem sua temporalidade. Temos um vasto material underground atualmente. O “Awaked...” alcançou mais de cinquenta países, com uma versão japonesa lançada pela Weird Thruth Records. O Sanctifier figurou na época em um hall de bandas brasileiras que tiveram uma grande entrada naquele país, e é disso que o underground é feito; uma banda de Natal, no Nordeste, consegue atingir um público do outro lado do mundo. Continuamos com essa mesma ideia de espalhar o Sanctifier em vários lugares do mundo. HELL DIVINE: A faixa “The Enchanter” possui um riff interessante por volta dos 2’20’’. Quais foram as inspirações para essa composição? ALEXANDRE EMERSON: As inspirações para as músicas vêm mesmo do conhecimento de Death Metal. Sabemos o que um fã do estilo precisa: música mórbida, letras que versem sobre religião, sobrenatural, e ocultismo, e penso nisso quando componho. Escuto Death Metal todos os dias e Black Metal. Quando você escuta isso todos os dias, absorve o feeling da coisa. Com “The Enchanter”, assim como com todas as outras, os riffs saem naturalmente, apenas faço a conexão e montamos a música, nada de preparações ou trabalhar escalas antes, nada disso. Apenas toco, imagino e faço as adequações. HELL DIVINE: E o que pode falar sobre a faixa bônus “Demônios de Lava”? ALEXANDRE EMERSON: Vivemos intensamente o período dos anos 80, trocávamos fitas cassete com bandas ainda desconhecidas, como Rotting Christ, Varathron, Dissection, Ancient Rites, Samael e Desultory, e com as bandas que cantavam em português: Azul Limão, Stress, Dorsal Atlântica, Overdose e Harppia. Admiramos os trabalhos também do Hecate, Luxuria de Lilith, Sarcasmo, etc. Essa faixa ecoa como uma homenagem a essas bandas e ao metal nacional. Queríamos fazer isso, e veio a ideia de demônios de lava. A letra fala sobre a ida de Carter a uma


cidade desconhecida que, ao chegar à entrada da cidade, é recebido por dois demônios de lava. É uma música bem direta, lembrando muito os riffs dos anos 80. HELL DIVINE: Fucei o site da banda e vi que contam com uma grande quantidade de selos/distribuidoras, nacionais e internacionais, que comercializam o material de vocês. Com o lançamento do novo disco, até onde vocês querem chegar? ALEXANDRE EMERSON: Nosso material pode ser encontrado no exterior: Merciless Rec (Germany), Ntey Rec (Czech), Dan’s Crypt Rec (Spain), Obliteration Rec (Japan), Intolerant Messiah Rec (USA), Blackseed Rec (Spain), Evil Morgue Rec (USA), Bloody Prod (Spain), Revenge Prod (Germany), Ibex Moon REC (USA), Holy Rec (FR) , Displeased Rec (HOL), Necromance Rec (Spain), CDN Records (Canada), Witches Brew Records (Germany), Apocalyptor Records (France), Alles (Japan), Info-Black/ISO666 (Greece), Pestilence Records (Germany), Iron Pegasus (Germany), Aftermath Music(Norway),Time Before time rec(Poland), Warhymn Rec(Colombia), Asphyxiate Rec. (Australia), Autopsy Stench Rec (Germany), Bloodbath Rec (Japan), Concreto Rec (Mexico), Deathstrike Rec (Germany), Epidemie Rec (Czech), Extermino Prod (Bolivia), Golden LakeRec (UK), Grind Ethic Rec (UK), Hrom Rec (Czech), I Hate Rec (Sweden), Khaosmaster Prod (USA), Northen Silence Rec (Germany), Old Temple Rec (Poland), PWP (Germany), Retribute Rec (UK), Semptiernal Rec (USA), THA dist (Japan), Thrash Corner Rec (USA), Bones Brigade (Italy), Melancholy fable Prod. (USA) e Comatose Music (USA). Os lugares de distribuição só crescem e nossa meta é manter esse crescimento. No Brasil, o foco mudou um pouco, mas a Dying Music está trabalhando para atualizar essa lista sempre que possível. HELL DIVINE: Como dito, vocês têm muitos anos de estrada, mas apenas dois álbuns completos. Por que essa escolha de se concentrar principalmente em demos? Ou não foi uma escolha? ALEXANDRE EMERSON: Seguimos o feeling de bandas como Numslaughter, Throneum, Embalmed Souls, Sodoma, Hecate, Headhunter DC, Mystifier, Poisonous, Malefactor, Cruor, Decomposed, Infested Blood, Expose Your Hate, Rancid Flesh e Krueger, entre outras: uma demo ou um split, para nós, tem o mesmo significado de um CD full. Queremos manter o underground extremo alimentado com material exclusivo, de fã para fã, não importa se é um full, um split ou uma demo. HELL DIVINE: A cena underground nordestina tem se mostrado uma das mais prolíficas do país, não só em quantidade, como em qualidade. A que vocês atribuem isso? ALEXANDRE EMERSON: O nordestino aguenta “perrengues” que outras pessoas não aguentam, man! Sofremos com o preconceito e tiramos isso de letra, aprendemos a tocar com os piores equipamentos do mercado. Não tínhamos acesso aos importados e nem

mesmo grana para isso, vimos a evolução desse sistema com o passar dos anos e, hoje em dia, somos rota para grandes shows. Com as bandas não podia ser diferente, a evolução dessa gurizada atualmente é bem mais fácil do que na nossa época: vídeo aula, afinador, pedais de ponta, amps valvulados e nossa escola está aí, deixada como legado. Somos nordestinos! Orgulhem-se disso: João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Ariano Suassuna e Manuel Bandeira, entre outros, nossas praias. Quer mais? HELL DIVINE: Agradeço a entrevista, Alexandre. Por favor, fique à vontade para um último recado. ALEXANDRE EMERSON: Arghhhh!!! Ao Som do Bathory – “Shores in Flames”. Gostaria de agradecer a você, Christiano, e ao Pedro pelo espaço, e a todos os deathbanguers leitores da mag. Comprem demos! Apoiem as bandas da sua cidade! Parem de falar besteira pela Internet e vão apoiar as bandas da sua área, seus p***s, o Brasil é celeiro de excelentes bandas. Você hoje pode encontrar o Sanctifier pelo Facebook: www.facebook. com/Sanctifier; Brazilou: www.sanctifier.net. Contato para shows: alcidesburn@yahoo.com.br. CD do Sanctifier no site: www.dyingmusic.com (loja virtual). Stay impure or DIE! Por Christiano K.O.D.A.


entrevista O Pray For Mercy é uma incrível banda que vem fazendo o seu Deathcore com maestria dentro da cena. Com um som forte e uma temática baseada no horror pessoal e tormentas da vida, a banda está ganhando o seu espaço, até mesmo pelo seu som completamente em português, letras fortes marcam o primeiro disco da banda, “Olhos Sem Vida”. Vamos conversar com Otávio Augusto (Vocalista) e Hebberty Russel (Guitarrista) e saber como foram seus primeiros passos até o momento deles.


a i d r 贸 c i r e s i sem m


HELL DIVINE: Vamos começar voltando a 2010, quando a banda começou. Como foi o encontro do pessoal, qual foi a principal motivação de vocês se juntarem para tocar? PRAY FOR MERCY: Bom, essa pergunta tem uma pequena história, mas vamos lá. No ano de 2010, quando a Pray For Mercy ainda era outro projeto totalmente diferente da proposta de hoje, éramos apenas três membros: Fabio (Vocalista), nosso primeiro baterista Beto Felix (Ex Leroy, Metal Icarus) e eu, na guitarra. Nossas influências eram coisas como Parkway Drive, Chimaira, All That Remains, entre outras, mas após começar a reparar os detalhes de agressividade e, ao mesmo tempo, as técnicas bem aplicadas ao som extremo das bandas Whitechapel, Suicide Silence, Carnifex e Despised Icon, refletimos um pouco sobre o que realmente queríamos e decidimos mudar para algo mais extremo e chegamos a um acordo: chamamos um baixista e fomos seguindo. Porém, desde então, já passaram aproximadamente 14 membros diferentes, e hoje conseguimos chegar à formação atual que nos deixou extremamente contentes com a capacidade, responsabilidade e força de vontade encontrada em cada músico. Hoje posso dizer que estamos em um nível muito satisfatório musicalmente falando.

HELL DIVINE: Antes de “Olhos Sem Vida”, vocês conseguiram alguma visualização maior ou foi complicado até o álbum sair? PRAY FOR MERCY: A formação antiga lançou um single de “Olhos Sem Vida” em uma versão diferente da que temos hoje, que não fez um baralho tão grande. Porém, mesmo assim, a banda já começou a ter alguns seguidores. Mas neste ano, quando lançamos o single “Falso Testamento”, percebemos que chamou bastante atenção – até mais do que esperávamos, pelo tempo que a banda ficou parada. No primeiro dia, tivemos 800 visualizações, o que considero muito bom para uma banda que lança o seu primeiro single e, claro, devemos isso também aos vários amigos e bandas amigas que nos ajudaram a divulgar. Naquele momento, já sentimos que havia várias pessoas realmente apreciando nosso trabalho, e quando lançamos “Sodomizando Almas” foi ainda maior e melhor. HELL DIVINE: A escolha pela língua portuguesa a ser usada pela banda foi algo que veio desde o começo, ou a preferência foi aparecendo com o tempo? PRAY FOR MERCY: A banda sempre quis tocar em português, principalmente porque queríamos que as pessoas entendessem mais facilmente as nossas letras, e que


aprendessem a cantar nossos sons. Outro ponto que sempre falamos é que a cena nacional está em uma ascensão muito boa, e nada melhor para isso do que bandas cantando em português, valorizando a língua e mostrando que podem, sim, existir bandas boas cantando em nosso idioma. HELL DIVINE: Qual foi a principal fonte de inspiração para compor “Olhos Sem Vida”? PRAY FOR MERCY: O nosso primeiro álbum foi praticamente composto duas vezes, pois quando os novos membros atuais entraram, o CD inteiro já estava gravado prestes a ser lançado, mas em reuniões decidimos refazer MUITA coisa. A composição de “Olhos Sem Vida” tem influências de vários gêneros e bandas, pois a intenção sempre foi extrair o lado mais pesado de tudo que escutamos, mas sempre preocupados em não soar como cópia e sim como algo novo reciclando o Old School. HELL DIVINE: Dentro do cenário atual, o que vocês podem citar como um fator que ajudou muito o Pray For Mercy? E se tem algum fator que incomoda vocês, teria como colocá-los para a gente também? PRAY FOR MERCY: Acho que algo que ajudou muito foi que as bandas nacionais, incluindo nós, estão mais preocupadas em lançar um material completo de boa qualidade. Uma banda precisa ter um som bem gravado, precisa ter uma identidade visual legal, fotos legais e um marketing legal. Hoje notamos que as bandas estão focando muito nisso, o que atrai mais o publico, pois mostra mais profissionalismo. Lembro que, antigamente, até ouvíamos bandas boas, mas que não tinham um material legal, o que fazia o público preferir as bandas gringas. HELL DIVINE: Quais as principais características da banda para chegar até a sonoridade encontrada no disco? PRAY FOR MERCY: Bom, como nós temos praticamente os mesmos gostos musicais fica mais fácil de entrar em acordo com o que queremos tocar, mas nossos principais fatores para chegarmos à sonoridade que chegamos foi sempre criar sem limitações. No entanto, sempre acabamos passando pelas linhas rápidas do Thrash Metal (Slayer, Exodus, Pantera etc.) as levadas mais lentas e cadenciadas com bumbos rápidos (Slipknot, Chimaira...) e riffs com palhetadas extremas lembrando as sonoridades do Black Metal (Dark Funeral, Marduk, Behemoth...) aí acabamos chegando em uma sonoridade que agradou a todos nós.

HELL DIVINE: Em suas letras, qual seria a principal mensagem que a banda procura passar aos seus ouvintes? PRAY FOR MERCY: As mensagens que nossas letras trazem são de algo voltado contra o abuso que o próprio homem faz consigo mesmo, como por exemplo, algo bem evidente que comentamos sobre os atos religiosos, sobre como o homem não respeita a si mesmo usando esses meios para se aproveitar de algo ou alguém. E depois, quando se depara com as problemáticas consequências que isso traz, se perde em confusões mentais, em alguns casos podendo se tornar algo doentio a ponto de tentar se matar ou até mesmo algo mais grave: acaba virando assassino em série. HELL DIVINE: Quais são os planos futuros de vocês, poderemos esperar alguma turnê nacional? PRAY FOR MERCY: Estamos com muitos projetos para realizarmos esse ano, principalmente em conjunto com outras bandas que estão na correria junto com a gente. Estamos planejando algo grande, de cunho nacional e, em breve, falaremos publicamente sobre isso. Por enquanto, só posso dizer que nós e outras bandas grandes da cena metal/ hardcore nacional faremos muito barulho esse ano. HELL DIVINE: Valeu pelo tempo conosco, deixe pra HELL DIVINE e seus leitores um recado. Obrigado e sucesso. PRAY FOR MERCY: Nós que agradecemos o espaço e o apoio que a HELL DIVINE está nos dando e a outras bandas brasileiras. Isso ajuda muito e faz crescer cada dia mais! Parabéns pelo trabalho, e continuem assim! Para os leitores, queremos deixar um recado muito importante: Apoiem a cena nacional, as bandas estão cada vez melhores e mais profissionais e o que mais vai fazer isso crescer diariamente são vocês, o público. Sempre que possível, compareçam aos shows, comprem merch, divulguem as bandas que gostam, tenham o interesse de conhecer novas bandas brasileiras. Para que ficar sonhando em morar na gringa por causa da cena deles, se nós podemos fazer a nossa cena ser tão forte e grande quanto a deles? Só para encerrar, queria agradecer a todos que nos apoiam, mandam mensagens falando do quanto gostam do nosso som etc., isso faz a gente não desistir! Obrigado! Entrevista por Augusto Hunter.


entrevista

Banda de Metalcore vinda da capital paulista formada, em 2010, com apenas um EP lançado vinha recebendo boas criticas e todos ficavam esperando ansiosamente o lançamento do primeiro álbum. Essa espera acabou no ano passado, com “Tempestade”, debut muito bem feito e que, com certeza, levará a banda colher seus frutos em 2013. Em uma breve entrevista, conversamos com o guitarrista Rogério Torres sobre o desenvolvimento do álbum e planos futuros. Confiram!


o d n a r e p u s

barreiras


HELL DIVINE: No show de lançamento do álbum “Tempestade” vocês filmaram para um futuro DVD, certo? Quando será lançado? ROGERIO TORRES: Sim, nós filmamos tudo. Tanto o show, quanto os bastidores do evento. Não poderíamos deixar de registrar esse momento tão histórico para nós e para toda uma cena. Ainda não temos a data correta para o lançamento. Esperamos conseguir lançar no primeiro semestre desse ano. Vamos ver. HELL DIVINE: No ano passado, fomos surpreendidos com a morte do vocalista Mitch Lucker (Suicide Silence) que, sem dúvida alguma, é uma das principais influencias da banda. Como vocês reagiram à notícia? ROGERIO TORRES: Foi muito triste para nós. Com certeza, fomos e somos muito influenciados pelo Suicide Silence. Podemos dizer que jamais existirá um vocalista como Mitch. Ele possuía um timbre único e uma personalidade vocal completamente diferente de tudo. Foi uma das maiores perdas que o metal mundial já teve. Vai fazer muita falta. HELL DIVINE: “Tempestade” foi lançado de forma independente pela Internet e depois distribuído em material físico. Vocês acham que, hoje, com uma facilidade de divulgação por meio da Internet essa acaba sendo a melhor forma para uma banda alcançar seu objetivo? ROGERIO TORRES: A verdade é que, hoje em dia, nenhum grupo ou banda sobrevive da venda de discos. Então a nossa ideia inicial sempre foi colocar o álbum completo para download. O material físico nós fizemos para agradar àquele fã que gosta de comprar o CD, de ter o material físico, que curte ler as letras no encarte. Eu, por exemplo, sou assim. Se eu gosto da banda, eu gosto de comprar o CD ou o DVD, por gosto pessoal e também para prestigiar o artista. HELL DIVINE: O trabalho gráfico do debut também merece grande destaque. Quem é o responsável pela obra e como decidiram escolhe-lo para realizar esse grande trabalho? ROGERIO TORRES: Sim, realmente a arte da capa ficou fantástica. O autor é o artista filipino Uzi Emperado (www. uziemperado.com). Nós estávamos procurando fazer tudo que fosse possível para que o nosso primeiro álbum fosse indiscutivelmente bom em todos os aspectos. Queríamos tudo do nosso gosto, que fosse reconhecido pela musicalidade, mas também por todo o trabalho que gira em torno de um disco. Aí pensamos em fazer a capa do disco com algum artista reconhecido mundialmente para dar um impacto maior ainda. Pesquisamos e vimos que o Uzi é um cara muito renomado lá fora, já trabalhou com o Suicide Silence, Caliban, Born Of Osiris, Winds Of Plague, Miss May I, entre muitas outras. Conversamos com ele, explicamos a proposta e ele topou na hora. Foi um trabalho de muitos meses e ele é um cara muito profissional e gente boa. Com certeza, voltaremos a trabalhar juntos em uma próxima oportunidade.

HELL DIVINE: A cena metalcore tem crescido muito nos últimos anos lá fora, e aqui no Brasil vem aparecendo boas bandas e incluo a John Wayne nesse meio. Para você, o que se deve esse crescimento repentino? ROGERIO TORRES: A cena metal no geral estava meio “capengando” nos últimos anos, esquecida, sem espaço. Aí veio uma molecada nova com uma proposta de som diferente, mais agressivo, moderno. Isso, de uma forma ou de outra, chamou atenção da galera e também no início gerou um preconceito dos metaleiros mais tradicionais. Mas hoje, até quem sempre curtiu a cena Thrash e Death Metal está curtindo o Metalcore e o Deathcore. Creio que por isso a cena está crescendo. Eu, por exemplo, sempre toquei em bandas de Thrash e metal tradicional, mas nunca me indentifiquei tanto tocando e curtindo o estilo de metal mais “moderno” chamado de “metalcore”. Por essas e outras, creio que os “rótulos” um dia vão se unificar e tudo será simplesmente metal. HELL DIVINE: “Tempestade” vem recebendo ótimas criticas da mídia no Brasil e tenho certeza que vocês irão divulgar esse trabalho em outros estados do país. Mas e no exterior, vocês pensam em lançar o álbum lá fora? ROGERIO TORRES: O foco, por enquanto, é o território nacional. O John Wayne já percorreu muitas cidades de São Paulo, mas para fora do estado, fomos poucas vezes. O Intuito é que a “Tempestade Tour 2013” passe por diversos estados e cidades do Brasil. Mas claro que estamos dispostos a viajar para fora caso haja oportunidade, convite. Será uma honra levar o nome Brasil para o mundo, cantando em português, assim como os nossos irmãos do Project46 fizeram no Maquinária Fest no Chile, em 2012. HELL DIVINE: Em relação a algumas letras da John Wayne, temos a sensação de se tratar de uma banda de metal cristão. Vocês são religiosos? ROGERIO TORRES: (Risos) Muitas pessoas perguntam isso. Na verdade, não somos uma banda cristã. Cada um tem suas crenças, sua fé no que acredita, mas não pregamos nenhuma religião. E também não temos nada contra as bandas que são; pelo contrário, nós somos fãs de várias delas. Eu escrevo 100% das letras do John Wayne e posso afirmar que, no fundo, há certa intenção de reflexão das pessoas quanto a sua existência, quanto à realidade que nos cerca, falamos sobre a vida, sobre a morte, sobre atitudes, arrependimento, sobre perseverança, sempre incentivando aos ouvintes a pensar no assunto. Talvez isso remeta a algum pensamento de como as pessoas enxergam alguma pregação. HELL DIVINE: Outro fato curioso no show de lançamento do debut foi a presença do produtor Adair Daufembach dizendo que vocês tiraram dinheiro do próprio bolso para gravar o álbum, alugar o Carioca Club e gravar o DVD. Essa é a realização de um sonho? Que mensagem vocês deixam as bandas que estão começando e também estão atrás desse sonho. ROGERIO TORRES: O Adair não só um produtor para nós,


ele é nosso irmão. Ele planta sementes na cabeça das bandas que produz, ele mostra a realidade, incentiva o grupo a ir atrás das coisas com as próprias pernas, sem esperar um milagre. A resposta é SIM. Para arcar com todas as despesas do evento, nós tiramos dinheiro dos nossos bolsos, dos nossos salários (sim, nós todos temos empregos, acordamos cedo, batemos cartão!). Fizemos tudo por conta própria, por amor ao nosso trabalho, por acreditar que isso ia dar certo. Tivemos alguns parceiros nesse evento, claro, ninguém consegue nada completamente sozinho, precisamos das pessoas, dos amigos. Temos só a agradecer a quem nos apoiou e acreditou no evento. Levamos muitos “Nãos” na cara, de pessoas que não acreditavam, mas no final ficamos satisfeitos e muita gente teve que abaixar a cabeça e admitir que esse foi o maior evento underground independente dessa nova cena metalcore no Brasil, certeza. O DVD sairá em breve para provar isso, está documentado. Isso nos dá muito orgulho, pois assim como o Adair disse, nós fizemos tudo com nosso próprio esforço e dedicação de mais de um ano para que esse show acontecesse, para levar o melhor para o nosso público em todos os aspectos. A outra resposta é SIM. Esse é um grande sonho que conseguimos realizar. Não tem dinheiro que pague mais de 1000 pessoas no seu show independente, só com bandas de som pesado, a galera cantando suas músicas do seu primeiro disco.

Para quem está começando e para as bandas que estão nessa correria, aqui vai a nossa mensagem: Saibam que, se quiserem algo, vocês mesmos devem correr atrás com seus próprios esforços. Não espere nada cair do céu, pois não vai. Trabalhar muito, ainda é muito pouco para conseguir algo no underground, você precisa mais que isso, você precisa acreditar e não medir esforços para conseguir crescer – claro que sem passar por cima de ninguém e com HUMILDADE sempre na frente. Invista pesado em suas bandas, se você acredita. Adquira equipamentos bons, ofereçam um show de qualidade para o seu público, afinal são eles que mantêm tudo isso em pé. Façam uma boa gravação, com uma produção de alguém que entenda do seu estilo de som. O público está cada vez mais exigente. Qualidade é fundamental numa gravação, num clipe, num show, não deixem nada a desejar. Não se vendam, toquem o som que vocês que gostam de tocar. De resto, galera, é só continuar, não desistir, que o crescimento é natural. HELL DIVINE: Muito obrigado por ceder esse tempo e participar das paginas da Hell Divine. ROGERIO TORRES: Nós é que agradecemos pelo espaço cedido pela Hell Divine. Um abraço galera, esperamos vocês nos próximos shows do John Wayne. Até! Por Luiz Ribeiro.


entrevista Portugal tem se tornado um país cuja cena de metal cresceu de forma espantosa nos últimos anos. Bandas das mais variadas vertentes surgem aos montes nas terras lusitanas. Para manter o leitor um pouco mais informado do que se passa por lá, conseguimos uma entrevista exclusiva com os “gajos” do Stampkase, que começam a dar seus primeiros grandes passos.


o d n a r t mos

e d a d i l a t u r sua b


HELL DIVINE: Obrigado novamente por conceder a nós essa entrevista exclusiva. Primeiramente, gostaríamos que vocês nos dessem um breve resumo sobre a criação e a trajetória da banda até o presente momento, salientando fatos importantes como o motivo da escolha do nome Stampkase para a banda, os primeiros dias ativos, etc. STAMPKASE: Creio que houve dois pontos fulcrais que possibilitaram a criação dos Stampkase: eu passar do “air drum” para uma bateria real e o Bruno Moniz deixar os Kaos e ficar livre para abraçar outros projetos. Nos Açores, tudo é muito pacato e as pessoas interessadas em tocar este gênero musical são muito poucas. Logo, lembro-me perfeitamente de passar uns bons anos tocando sozinho e ter a ideia de criar uma banda com o Ruben e o André. É importante salientar que éramos amigos de longa data (e existe mesmo família dentro da banda), logo, havia muito em comum. Quando menos esperávamos, encontramos então um guitarrista e foi a festa total. O Pedro Valério, nosso primeiro baixista, também só apareceu quando a banda já tinha uns três meses, mas a partir daí começou um trajeto que, felizmente, nos tornou populares na nossa região. Participamos em festivais importantes (com Mnemic, Fear My Thoughts, Dagoba ou Exilia) e ganhamos um concurso, cujo prêmio monetário nos fez imediamente pensar em gravar um álbum. A escolha do nome Stampkase partiu do Ruben. De imediato nos soou bem e associamos à minúscula sala de ensaios que construímos dentro de uma garagem, à base de esferovite, para não incomodar os vizinhos [risos]! De qualquer forma, o termo “stamp” nos agradava, pois conferia a ideia de “marca”. Creio que é isso que tentamos fazer. HELL DIVINE: Portugal é um país que apresenta, no exato momento, uma cena muito forte, diversa e abrangente em muitos estilos de metal. Gostaríamos de ouvir de vocês algumas palavras sobre a cena portuguesa aos seus olhos. STAMPKASE: É absolutamente unânime que a qualidade e quantidade das bandas portuguesas aumentou exponecialmente. Será um resultado da própria evolução dos meios de comunicação e do acesso à tecnologia ou até mesmo formação acadêmica, que há uns dez ou vinte anos não existia. Como país pequeno e periférico, aliado ao preconceito depreciativo que sempre existe em relação ao que é nacional, há a dificuldade de sair do país e tocar longe de casa, pois as despesas são muito maiores do que se estivéssemos, como é óbvio, numa grande “metrópole”. Creio que só por isso é que as bandas portuguesas ainda não atingiram maior sucesso. Faltam também infraestruturas adequadas e suporte editorial/promocional, pois se queres algo verdadeiramente profissional e que te dê enorme visibilidade, tens que participar em festivais mainstream ou, então, entrar para uma grande editora. De resto, acho que somos todos humanos e a partir do momento em que temos dois braços, duas pernas e uma cabecinha a funcionar, conseguimos ser tão bons ou melhores do que outros em qualquer lugar do planeta. HELL DIVINE: “Mechanorganism” é o trabalho mais recente da banda. Como você o classificaria em relação aos demais trabalhos? Em sua opinião, ele sofreu

uma alteração muito grande ou segue a linha de seus antecessores? STAMPKASE: “Mechanorganism” é o nosso primeiro e único trabalho. É verdade que gravamos uma demo, em 2004, que até chegamos a enviar para alguns sites e editoras, mas não a vemos como algo suficientemente coeso e estudado para a considerarmos um trabalho. Lembro-me que à época tínhamos grande vontade de ouvir os temas gravados, mas apenas isso, e destinava-se, sobretudo, para consumo interno. Foi tudo gravado em formato caseiro, embora com uma pessoa que agora produz ao mais alto nível em Portugal - André Tavares [Grog, The Firstborn, Seven Stitches] - mas não tínhamos sequer a consciência do que queríamos com a demo. A banda sempre teve no horizonte a meta de estrear com um álbum, aparecer assim um pouco do nada com um disco para o qual as pessoas pudessem olhar e, pelo menos, achar que tinha um ar profissional. Isso penso que conseguimos. Quanto à sonoridade entre estes dois registros, creio que diferem como do dia para a noite. Embora se mantenha o groove e a veia mais moderna, passamos a desenvolver estruturas incomparavelmente mais consistentes e evoluimos também bastante tecnicamente. Posto isto, só me apetece repetir: são dois trabalhos absolutamente distintos. HELL DIVINE: O que vocês gostam de ouvir além das influências já citadas na página da banda no Facebook? Algo fora do metal? STAMPKASE: [risos] Podíamos referir algumas coisas “escandalosas”, mas provavelmente iriam denegrir a imagem clichê do metaleiro de negro e macambúzio. Fora a brincadeira, é natural que tenhamos ouvido coisas muito diferentes na nossa adolescência como as Spice Girls (ops, não era para dizer), mas era tudo numa base descontraída, até porque me lembro, já nessa altura, de ouvir e delirar com coisas tão heréticas, sanguinárias e violentas como “Once Upon The Cross” dos Deicide. Portanto, o metal é a nossa paixão, mas todos acabam por ouvir de tudo um pouco (arrisco dizer que apenas música eletrônica e disco é que temos imensa dificuldade em aceitar... quanto muito com uns valentes copos). Mas dentro do metal ouvimos de tudo um pouco, é uma necessidade quase como de respirar. Temos uma preferência óbvia por sons com groove e matemática, mas também adoramos coisas extremas ou, pelo contrário, muito melódicas. HELL DIVINE: Disserte um pouco mais a respeito de suas inspirações na hora de compor. O que normalmente afeta – de forma criativa, é claro – sua criatividade na hora de, por exemplo, escrever uma letra? STAMPKASE: Creio que é inevitável inspirarmo-nos num tempo e local consoante a nossa realidade pessoal e social. No início, escrevíamos mais sobre episódios pessoais, mas de uns bons tempos para cá, achamos muito melhor e mais exigente tratar de assuntos que pudessem tocar muito mais pessoas e contribuir para uma visão sobre o nosso estado enquanto seres humanos. A prova está em “Mechanorganism” que aborda uma infinidade de temas apesar de no topo estar a relação do homem com a máquina. O disco não é conceitual, mas a inspiração principal foi a frieza que nos rodeia nos


dias de hoje. Atravessamos uma fase em que as pessoas deambulam sem valores e atropelam-se sem misericórdia. É algo que nos faz pensar que estamos cada vez mais a agir como máquinas de destruição massiva. Posto isto, o processo de composição das letras não foi o mais espontâneo, pois precisamos de uma enorme introspeção, organização de ideias e muita pesquisa para evitarmos o óbvio. Quanto à composição musical, foi forçosamente também um processo muito exigente, pois analisamos todas as hipóteses ao alcance até darmos os temas por concluídos. Sobretudo o tema-título exigiu-nos imensa autoanálise. Uns compõem através de jams... nós, por enquanto, gostamos de pensar um pouco a nossa música.

HELL DIVINE: Quem foi o criador da capa de “Mechanorganism”? Como foi trabalhar com esse artista? Vocês pretendem continuar trabalhando com ele para as artes dos futuros álbuns? STAMPKASE: O inglês Colin Marks foi uma benção que nos caiu do céu. Para além do seu invejável currículo (já trabalhou com nomes tão sonantes como Exodus, Nevermore, Strapping Young Lad e Aborted), tem um traço artístico que se coaduna na perfeição com aquilo que apreciamos, para além de que parece ter uma capacidade fantástica de interpretar o que os seus clientes querem. Apesar de lhe termos dado uma descrição muito detalhada do que gostávamos para a capa

a para cada página do booklet, ele superou todas as nossas expetativas. Entrou perfeitamente no nosso mundo e saiu-se com um trabalho fantástico. Basta dizer que fez praticamente todo o trabalho de uma assentada, ou seja, não tivemos que lhe pedir para alterar nada! E como se tudo isso não bastasse, é a pessoa mais acessível que se pode imaginar! Ele podia perfeitamente tratar-nos a pontapé porque tem um currículo como poucos, mas revelou-se a pessoa mais interessada e entusiasmada mesmo a trabalhar com uma banda pequena. Nem sequer hesitaremos em voltar a trabalhar com ele numa próxima oportunidade! HELL DIVINE: O que fazem com o seu tempo quando não estão focados no trabalho musical? Fale a respeito do seu cotidiano. STAMPKASE: Somos todos rapazes normais que trabalham diariamente para pagar a suas contas... melhor dizendo, nem todos, porque a situação econômica nacional tem atirado muita gente para o desemprego e alguns de nós não escaparam. Temos enfermeiros, jornalistas, técnicos de reabilitação e futuros técnicos de eletrônica na banda [risos]! É um pouco disso que vive o nosso cotidiano em termos profissionais. Depois, para além da música, há quem consiga ainda estar ligado a desportos como o jiu-jitsu, bodyboard ou futebol. Contudo, a música consegue estar sempre viciosamente a ocupar as nossas mentes. HELL DIVINE: Por favor, sintam-se à vontade para usar este espaço para informar o público sobre turnês, lançamentos e outros fatos importantes a respeito da banda. STAMPKASE: Poderão achar ridículo, mas quem conhece a realidade açoriana ou até mesmo a portuguesa em geral, sabe que as dificuldades para se tocar ao vivo são grandes, sobretudo depois de a troika nos ter vindo cá roubar (peço desculpa pela deselegância). Portanto, em termos de turnês não há nada que possamos acrescentar neste momento. Nos Açores pode surgir a qualquer momento um concerto, mas gostaríamos de fazer várias datas fora das ilhas. Para isso, precisaremos de um enorme investimento ou então de muita sorte. Nada disso se vislumbra neste momento, mas estamos a pensar em formas de vencer este desafio hercúleo. Do mesmo modo, e até porque o disco está cá fora há muito pouco tempo, ainda não pensamos em voltar a estúdio, embora até já tenhamos material novo. Creio que o mais importante neste momento é as pessoas nos apoiarem com a compra do disco e merchandise que estão disponíveis através do nosso Facebook (www.facebook.com/stampkase). Assim estão certamente a ajudar-nos a prosseguir com o nosso sonho! Um bem-haja a todos! HELL DIVINE: Muito obrigado mesmo pela contribuição de vocês à nossa revista. Sucesso e força! STAMPKASE: Nós é que agradecemos imenso pela oportunidade! Votos de maiores felicidades para o vosso nobre projeto! Por Pedro Humangous.


resenhas Anomally “While The Gods Sleep” Independente Algo extraordinário deve estar acontecendo na região do Açores, em Portugal. Diversas excelentes bandas estão surgindo de lá. “While The Gods Sleep” é o primeiro EP da banda Anomally, que já mostra suas garras por meio de cinco faixas extremamente bem arranjadas, dando vazão ao seu Death Metal repleto de melodia, além de uma camada suave de Gothic Metal. O trabalho já impressiona à primeira vista pela arte da capa, desenvolvida pelo conceituado (e cada vez mais atuante) Marcelo Vasco. O disco já começa como um carro desgovernado em alta velocidade, mostrando o lado mais extremo da banda, com guitarras nervosas, um vocal cavernoso e a inserção inteligente dos teclados criando um clima bem interessante para as composições. Logo me veio à mente seus conterrâneos do Moonspell, com algo de Arch Enemy. “Controlled By Oppression” se mostra uma escolha acertada para abrir o álbum e já nos prepara para o que possa vir pela frente. “Redrum” assume uma postura mais tradicional do Death Metal, mas nunca deixando de lado os sintetizadores e teclados, que funcionam como o diferencial e a marca registrada do grupo. Os riffs dessa música são simples, porém viciantes. Na sequência, temos “Cold”, uma das melhores faixas do EP em minha opinião. Bastante diversificada e versátil, essa música passeia por caminhos inesperados pelo ouvinte e surpreende de forma positiva – os vocais limpos do meio para o final se encaixaram perfeitamente ao som. “Pandora´s Box” chama pra si o lado mais denso, cadenciado e quase Doom da banda que, de alguma forma, me lembrou do Mastodon. “From Lust...”, que é uma introdução e serve como prelúdio, convida “To Screams!” para fechar o belo trabalho do Anomally. Um ótimo registro que só reforça ainda mais o status de Portugal de revelar ótimas bandas de Metal, seja ele qual estilo for. Nota: 8.0 Pedro Humangous Bad Salad “Uncivilized” Independente Alguém viu meu queixo por aí? Caiu em algum lugar. É essa a sensação que fica após ouvir “Uncivilized” da banda brasiliense Bad Salad. Um disco incrível, muito bem estruturado, composto e executado. A gravação está soberba e as músicas assustadoramente maduras e cativantes logo na primeira audição. Sim, é inegável a influência latente de Dream Theater, impossível não se lembrar dos gênios do Prog Metal, porém, em nada isso desmerece o trabalho aqui apresentado. As músicas são complexas, intricadas e quase todas ultrapassam os dez minutos. O ouvinte é convidado a uma viagem musical extremamente prazerosa, cheia de surpresas. Denis Oliveira (vocais), Caco Gonçalves (bateria), Thiago Campos (guitarras) e Felipe Campos (baixo) dão um show em termos de técnica, precisão e bom gosto. Todos os instrumentos estão devidamente afiados, encaixados cada um em seu lugar e funcionando muito bem em conjunto. As composições são grandiosas e transbordam feeling, sem deixar de lado os momentos mais agressivos – puxando um pouco para o estilo do Symphony X, por exemplo. A arte da capa e o encarte estão muito bonitos, deixando o pacote ainda mais completo. Seria injustiça da minha parte apontar qualquer destaque, todas as músicas estão absurdas e merecem ser ouvidas com atenção. Mais uma excelente surpresa que brota de nossas frutíferas terras. Sinta-se obrigado a ouvir esse disco! Nota: 9.5 Pedro Humangous 34


BLACK BLOOD STIGMATA “Demo” Independente Uma boa combinação dos dois estilos mais extremos do metal, que resulta em uma agressividade um tanto soturna. Falando do princípio, todo o arranjo soa com uma técnica muito boa, de forma criativa e apropriada – embora eu ache que, em alguns momentos, a altura das notas poderia soar mais interessante se fossem mais agudas que graves e vice-versa, mas isso é uma preferência minha, e nada influencia na qualidade das características já mencionadas. O gutural de ambos os tipos também está com boa técnica, fazendo da produção do álbum excelente no final. Uma coisa que eu gostaria de ressaltar aqui é que muitas pessoas dizem que as letras de Black Metal são sempre “mais do mesmo”, então provavelmente vão dizer isso de Black Blood Stigmata também. Em todo tipo de música, ou melhor, em todo tipo de leitura, as palavras expandem seu significado de acordo com a capacidade mental que cada leitor (no caso aqui, que cada ouvinte também) tem de interpretar e associar as coisas. Logo, se uma letra que fala, por exemplo, de dimensões qliphóticas parece superficial para você, a culpa não é da letra... Afinal, Black Metal é muito mais que música. Aliás, o problema da maioria dos fãs de metal é achar que metal é somente música, limitando o estilo no que se ouve, mas ignorando completamente o que a música passa como tema e aprendizado. Concluindo, se trata de um trabalho breve (claro, afinal é uma demo), porém cada segundo foi muito bem aproveitado para expor tanto o talento instrumental quanto as mensagens de suas letras. Vale muito a pena conferir essa estreia. Nota: 9.0 Yuri Azaghal Blakk Market “Self-Improvement: Suicide” Independente Vindo de Florianópolis/SC, o Blakk Market é uma das mais interessantes bandas de Death Metal melódico do Brasil. A banda já conta com mais de 10 anos de existência, mas esse é apenas o seu primeiro álbum oficial, e que mostra uma competência muito acima da média. As músicas da banda são muito legais e bem estruturadas, mesclando peso e melodia com muita propriedade e consistência. Aliás, o peso das faixas chama a atenção logo de cara (em especial o timbre das guitarras), até porque a gravação é bem crua e suja, ressaltando o lado mais agressivo da banda. Outro destaque são os vocais, que variam do gutural ao melódico com muita naturalidade. Dentre os destaques do material, cito as faixas “Putrefaction Guaranteed”, que contém riffs fantásticos, e uma levada insana; “Atlas”, com ótimas melodias; “Theater of Lie”, que lembra bastante Dark Tranquillity; e “M.D.K.K.”, uma das mais pesadas do disco. Portanto, amigo leitor, se você aprecia o estilo, não perca mais tempo e corra já atrás deste disco, um dos melhores do estilo produzido em nossas terras em muito tempo. Nota: 8.5 Junior Frascá Ceremonial Oath “The Book of Truth” Century Media Records Caro leitor, se eu dissesse que esta banda tem gente que toca no Hammerfall, In Flames e Tiamat, depois de ouvir o CD, provavelmente não acreditaria, devido à crueza e esporreira sonora que eles faziam na época em que estavam no Ceremonial Oath. É um Death Metal direto, cru e bem porradaria, com um pouco de melodia, mas é tão pouco que quase não se percebe, e “The Book of Truth”, originalmente de 1993, é mais uma obra que a Century Media resgata e, além de tudo, acrescenta algo. Fredrik Nordström, Ingmar Gunnard e o próprio quarteto dividiram a produção do CD na época, e vemos que a proposta da banda não era ser evolucionária ou mudar padrões, mas apenas de ser mais uma banda de Death Metal sueca que fugiu aos padrões daquele país, pois não lembra nem as bandas mais esporrentas e nem as mais melódicas. O trabalho fala por si, bastando uma ouvida em “Chapter II: For I Have Sinned - The Praise”, “Chapter VII: Ceremonial Oath” e “Chapter VIII: The Lost Name Of God” para sentir que a banda tinha potencial, bem como no segundo CD, onde temos material das demos “Wake The Dead”, de 89, e “Black Sermons”, de 90, ambas quando a banda ainda se chamava Desecrator, e do EP “Lost Name of God”, de 92, quando já se chamavam Ceremonial Oath. Olhem a formação e entendam o motivo do susto: Jesper Strömblad no baixo (do In Flames), Markus Nordberg na bateria, Anders Iwers nas guitarras (que toca no Tiamat), e Oscar Dronjak nas guitarras e vocais (o mesmo do Hammerfall). Nota: 8.0 Marcos Garcia

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Chronosphere “Envirusment” Eat Metal Records Os gregos sempre apostaram suas fichas nos deuses mitológicos, repletos de poderes inigualáveis e inimagináveis. Parece que agora resolveram agregar esse poder às bandas de Metal por lá. A tímida cena grega começa a ganhar força e apresentar cada vez mais ótimas bandas dos mais diversos estilos. O Chronosphere levanta a bandeira do Thrash Metal e resolve fincá-la no seu peito, sem dó nem piedade. Estamos falando de um grupo extremamente técnico, com composições velozes, apostando em uma mistura perfeita entre o Thrash americano e o europeu, o que deu uma personalidade muito forte às dez músicas que compõem esse trabalho intitulado de “Envirusment”. Logo nos primeiros segundos você já pode perceber que haverá danos ao pescoço e os caras não estão para brincadeira. Gravação e produção de primeira, evidenciando cada instrumento de forma primorosa – o baixo e o pedal duplo da bateria ficaram matadores na mixagem. Os vocais lembram bastante o estilo de cantar de Chuck Billy (Testament), o que de forma alguma é algo ruim, muito pelo contrário. O disco inteiro é bastante empolgante, com destaque para a faixa “Hypnosis”, um verdadeiro hino do Thrash Metal, sem falar que é uma porrada na orelha. Uma grata surpresa vinda desse emergente país quando o assunto é música pesada. Certamente, o Deus do Metal está contente com seu discípulo na terra. Confira sem medo! Nota: 8.5 Pedro Humangous

Command6 “Black Flag” Voice Music Os primeiros acordes da faixa de abertura, “Crush the World”, podem sugerir que estamos diante de um disco de Metalcore. Só que o (hoje) quarteto Command6 soube de forma sábia mesclar influências diversas e fazer um álbum pesado, visceral e surpreendente. O vocalista Wash emite berros que lembram bandas como Slayer e Korzus, e toda ira do cantor é acompanhada por riffs e solos criativos e insanos, cozinha constante, que dessa mistura fizeram um dos melhores trabalhos deste ano. Isso se explica por não fazerem apenas um tipo de música. Então, temos desde sons rápidos, feitos para “bangear” como a já citada “Crush the World”, “Logic or Nonsense” (com frases em português), “Brand New Day”; as melódicas “Ace In the Hole” (com backings bem encaixados), a faixa título (com passagens a lá Forbidden) e a balada inusitada “Sunshine”, que tem inspiração em bandas como Alice in Chains e Audioslave, fazendo dela o maior destaque da bolachinha. Essa variedade fica mais evidente com a versão que fizeram para “Maior Abandonado” (Barão Vermelho), que contou com a participação de Cadu Pelegrini (Kiara Rocks). Tirando que o som está mais rápido e pesado, não há grandes mudanças em relação ao original. Recomendo esse trabalho aos bangers que pensam que não temos bandas criativas e com potencial. Procure conhecer esse disco, que pode ser baixado gratuitamente no site da banda www.command6.com. Nota: 8.0 João Mesias Decomposing Serenity “Corpses in the Attic, Toys in a Shallow Grave” (7’’ EP) Black Hole Productions

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Witter Cheng é um cara “perturbado”. Ele, a mente por traz da one man band Decomposing Serenity, agracia os fãs de música extrema com um material de qualidade, que já chama a atenção pelo formato: um vinil de 7’’. Pois é, fãs desse tipo de disco só têm a comemorar! Ele inseriu onze composições do melhor Goregrind lá, sendo seis registrados em 2011 (lado A) e outras cinco datadas de 1995 (lado B), ano em que a banda surgiu. Aliás, são exatamente faixas da demo “Rectify the Anal Bombshell”, que precederam o primeiro full-length do conjunto. Velharia das


boas e nunca antes lançadas! É interessante notar a diferença de sonoridades num intervalo de dezesseis anos: as faixas iniciais apresentam músicas brutais, mas com um quê de experimentalismo, saindo do lugar comum do estilo. Do outro lado, faixas cruas, diretas e bem porrada. Nada de frescuras. Inclusive, a gravação é bem mais suja, o que gerou um clima ainda mais pútrido no som. Encaixou-se perfeitamente com a proposta. E merece menção a excelente instrumental que abre esse lado, “Hiding Beneath the Urine Residue”, que curiosamente é bem trabalhada e conta com um riff cativante. Um EP imperdível, que agradará aos fãs saudosos por vinil e aos amantes de Goregrind em geral. Nota: 8.0 Christiano K.O.D.A. Cris DeLyra “Cris DeLyra” Bonus O guitarrista e vocalista Cris DeLyra já um músico conhecido no underground carioca e agora chega a seu primeiro registro oficial, com uma sonoridade calcada no Hard Rock, rock nacional oitentista, e até algo de pop dos anos oitenta, de forma bem coesa e interessante. Acompanhado dos músicos Gustavo Cebrian (baixo) e Alex Curi (bateria), Cris criou 11 boas faixas, todas cantadas em português, e que transbordam atitude. As letras são bem legais e inteligentes, fugindo dos clichês do estilo. Já a parte instrumental não traz grandes inovações, embora os músicos sejam bem competentes no que se propõe a fazer, seja nos momentos mais rápidos, seja nas baladas, com ótimos arranjos e belas harmonias. A belíssima arte gráfica também merece destaque, assim como a produção do material, bem limpa e condizente com o estilo. Vale a audição! Nota: 7.5 Júnior Frascá Evil Emperor “Evil Emperor” Rotten Foetus Com mais de dez anos de estrada, e após diversas mudanças de formação, finalmente os gaúchos do Evil Emperor chegam a seu début. O som da banda é um puro Death Metal tradicional, sujo, cru e agressivo até o osso. Aqui não existe espaço para modernidade ou qualquer tipo de concessão: é porradaria do começo ao fim, transbordando amor pelo estilo. Todas as 12 faixas presentes no material são bem consistentes, e remetem aos primórdios do estilo, com riffs gélidos e cortantes, baixo sujo e pesadão, bateria insana e vocalizações que chegam a fazer os falantes tremerem de tão cavernosa. Dentre os destaques da bolachinha, cito as pedradas “Mutilation Addicted”, “Vobiscum Obscurum”, “Black Death” e “ Maldição” – a única cantada em português e uma das mais brutais do disco. A qualidade de gravação é apenas boa, deixando tudo bem sujo e na cara, mas nada que comprometa a qualidade do som dos caras. Portanto, não se deixe levar pela horrível arte da capa do material, e procure ouvir o som do Evil Emperor, se é música extrema de qualidade o que você procura. Nota: 7.5 Junior frascá Forceps “Humanicide” Ossuary Industries Finalmente, tenho em mãos o tão aguardado EP “Humanicide” da banda carioca Forceps. O grupo surgiu, em 2006, e de lá para cá vem crescendo assustadoramente por meio de seu Death Metal visceral e técnico. Após lançarem alguns singles e demos, finalmente apresentam seu EP, contendo cinco faixas absurdamente brutais, de construções intricadas e muito interessantes. As influências declaradas pelos próprios membros estão completamente visíveis e tornam o som da banda ainda melhor, esbanjando autenticidade e sabedoria na hora de compor seus hinos mortais. Infelizmente, o Brasil carece de mais bandas que pratiquem esse estilo tão apreciado pelos bangers, um Death Metal bastante variado, que agregue diversas influências e de diversos estilos. É possível conferir notas do Grindcore, Brutal Death Metal, além do já mencionado Technical Death. A gravação está perfeita, deixando o som encorpado na medida certa, sem embolar os instrumentos. Os vocais de Doug Murdoch estão sensacionais, mesclando muito bem o gutural mais fechado e cavernoso, com alguns gritos mais altos, quase agonizantes. Guitarras e baixo desfilam riffs inteligentes, cortantes e altamente grudentos, criando uma camada de violência perfeita para as velozes e nervosas linhas de bateria, que os acompanha de perto. As faixas “Havest” e “Transmutation Of Internal Organs” já haviam sido apresentadas ao público antes do lançamento oficial, mas “The Born Ones” se mostra forte candidata a melhor do play. A arte que ilustra a capa, feita pelo próprio baixista Raphael Gabrio, é uma das melhores já vista nos últimos tempos. Se esperar por esse EP já foi tarefa difícil, aguardar pelo full lenght será excruciante. Espero que não demorem tanto. Enquanto isso, o jeito será colocar o “Humanicide” para rodar até fazer furo. Nota: 9.0 Pedro Humangous

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Jack Devil “Under The Metal Command” Independente A banda Jack Devil vem sacudindo o underground com seu Thrash Metal à moda antiga. O EP “Under The Metal Command” foi forjado em apenas um dia e conta com cinco matadoras músicas. O grupo formado por André Nadler (vocal/guitarra), Ricardo Andrade (guitarra), Renato “Speedwolf” (baixo) e Filipe Oliveira (bateria), apresenta um Thrash calcado nos anos ointenta, agregando ainda muita influência da NWOBHM, principalmente nos riffs de guitarra – ouça “Under The Metal Command” e “The Chaos Never Stops” e comprove. As faixas são extremamente empolgantes, velozes e, apesar de simples em sua composição, agradam bastante e funcionam muito bem. Apesar de mostrar suas claras influências, o Jack Devil consegue se destacar e soar original. A gravação, obviamente, não é das mais perfeitas, mas mesmo assim conseguiu chegar a um ótimo resultado. Destaque para as linhas de baixo, bem presentes na mixagem. Aguardo ansioso por mais um registro desses caras, pois se apostarem em uma gravação de primeira, devem chegar muito longe em pouco tempo. Fiquem de olho! Nota: 7.5 Pedro Humangous KHAOTIC “The Beauty Of Death” Independente O arranjo proveniente dos primeiros minutos da introdução consegue impregnar o ambiente com uma amargura notável, apresentando em corpo sonoro com maestria o foco do trabalho cuja capa já adverte perfeitamente do que esperar com as melodias contidas na gravação. “The Beauty Of Death” acumula com profissionalismo negatividade, agressão, melancolia e (adivinhem) caos. Um som perturbador flui desde o primeiro indício de manifestação sonora, e intensifica conforme entram as faixas “Hino à Morte” – que, por sinal, tem uma letra muito bonita e bem escrita – e “In an Empty World”. E o que dizer da composição em si? Nada que os fãs de Ocultan já não saibam. Os vocais, a percussão, os riffs e todo o resto estão simplesmente incríveis. Posso dizer que isso não é nenhuma surpresa, pois os músicos do Ocultan são pessoas sérias e dedicadas ao seu trabalho, portanto não é de se admirar que D. Profaner sozinha produza um trabalho como esse, majestoso, e que sem dúvida mostra toda a força, independência e soberania dos músicos brasileiros de metal extremo – que, infelizmente, são muito pouco valorizados graças a essa população “inteligentíssima” que temos aqui que dá mais valor ao BBB, mas isso vocês já sabem, portanto não vou me estender em um assunto que não se encaixa no propósito dessa palavra. Definitivamente esse é um trabalho solo que está no caminho certo, e contando com a experiência e o talento da cabeça por trás dele, tem tudo para continuar excelente e exemplar. Nota: 9.5 Yuri Azaghal King Of Bones “We Are The Law” Independente É tão bom quando as pessoas falam que o Metal nacional é fraco, pois quando surgem bandas como a King Of Bones, elas queimam a língua – e com o tridente do senhor das trevas. O grupo parece ter surgido absolutamente do nada e já fincaram ambos os pés no cenário nacional como uma das grandes revelações dos últimos tempos. Ao se deparar com a bela arte da capa (feita por Gustavo Sazes) e ouvindo um pouco do som, é possível jurar que se trata de uma banda gringa. Mas não se engane tão facilmente, estamos diante de um álbum com sangue e suor brasileiros, produzido pelos mestres Brendan Duffey e Adriano Daga, no Norcal Studios. O King Of Bones apresenta um som clássico com uma roupagem totalmente atual, um Hard’n’Heavy prazeroso de ouvir. A gravação está cristalina, evidenciando ainda mais as ótimas e cativantes composições, todas de fácil assimilação. Os vocais de Júlio Federici são impressionantes, uma mistura de Tobias Sammet (Edguy, Avantasia) com Jorn. A parte instrumental, formada por Rene Matela (guitarra), Rafael Vitor (baixo) e Renato Nassif (bateria), está afiadíssima, executando cada um sua função com extrema competência e transbordando feeling. Todas as faixas possuem um brilho próprio e merecem destaque, porém é inegável a força de músicas como “We Are The Law” – com seu riff insano a la Zakk Wylde (Black Label Society) – e “Heroes”, que empolga do começo ao fim. Dá para notar que os caras trabalharam duro nesse disco e o resultado não poderia ser outro, um belíssimo registro, merecedor de aplausos e que não sairá do meu player tão cedo! Nota: 9.0 Pedro Humangous

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LUVART “Necromantical Invocation” Hammer Of Damnation Ultimamente tenho andado meio p*** da vida com aqueles álbuns superficiais e estúpidos, onde tudo o que parece importar são bases toscas com distorção. Mas felizmente não é o caso aqui. Definitivamente “Necromantical Invocation” não é apenas mais um álbum sem qualquer propósito, feito para um bando de manés baterem cabeça e fazerem air guitar no meio da sala – A própria imagem usada na capa já mostra isso. Esse novo trabalho do Luvart é profundo, caótico e capaz de criar uma atmosfera que pode ser muito melhor compreendida e completamente assimilada quando se está com a mente calma, relaxada, com seus sentidos voltados totalmente para as melodias e para as letras – Certo, nada contra um pouco de manifestação de agressividade, mas comigo funcionou dessa forma. É uma verdadeira descarga de blasfêmias de 52 minutos, onde trechos como “Sorrow screams break the silence, with agony sounds amid the darkness” deixam claro a respeito do que o ouvinte pode esperar de “Necromantical Invocation”. Fora isso, posso dizer que é um compêndio de “feitiços” feito de forma muito profissional e devota, desde a gravação até a criação do encarte. Recomendo bastante aos fãs do gênero, pois um trabalho como esse merece como retorno em reconhecimento cada minuto que foi depositado em sua criação, fazendo dele no final um trabalho exemplar de uma ótima horda mineira. Uma citação ao grande amigo Marcos Garcia que me deu a oportunidade de conhecer essa grande horda e, claro, também ao guitarrista Brucolaques que, generosamente, me deu a oportunidade de dissecar as entranhas de sua nova criança. Nota: 9.5 Yuri Azaghal Lymphatic Phlegm “Putrescent Stiffs and Pungent Whiffs” (7’’ EP) Black Hole Productions Era uma vez o vinil. Era uma vez uma lenda do Goregrind nacional. Quando eles se juntaram, formaram um produto extremamente empolgante e indispensável para a coleção de fãs de som brutal. Prazer, essa é a Lymphatic Phlegm, em formato de EP 7’’. E não bastasse esse verdadeiro presente para os saudosos headbangers, vem a melhor parte: o material é excelente! Pois sim, a qualidade de cada uma das seis composições (uma é, na verdade, um “outro”) é surpreendente, das mais inspiradas de toda a carreira do duo formado por Rodrigo Alcantara (guitarra, baixo e bateria programada) e André Luiz (vocal), este último também componente da não menos agressiva Offal. O que mais chama atenção são os riffs sensacionais, facilmente notados devido à excelente gravação. Cada palhetada é uma aula. Vale salientar que o EP é composto somente por faixas inéditas, guardadas desde 1996. Entre elas, um cover da banda Mortician, “Blow to Pieces”, também muito bem executado. Legal também é abrir a capa do material e se deparar com um mini-pôster espetacular: a parte gráfica merece muito destaque pela beleza. Isso é um item de colecionador, pode acreditar! O disco, abarrotado de velocidade e extremismo, representa muito bem o que é o underground: “old school” com muito amor. Apenas 500 cópias. Comece a caça. Nota: 8.5 Christiano K.O.D.A.

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Madness “Essence Of Death” Brutal Combat Records A essência da morte está em minhas mãos. A Brutal Combat Records lançou no final do ano passado o disco “Essence Of Death” da banda Madness, de Piracicaba/SP. Formado por Alexandre Guerreiro (vocais), Felipe Coradini (guitarras), Rô Moreira (baixo) e Felipe Wrecker (bateria), o grupo se enveredou pelas maléficas e brutais linhas do Death Metal. O trabalho é nervoso, denso e não deixa seus ouvidos em paz. É porrada sem dó, música após música. Depois de uma breve introdução, abre-se um enorme buraco no chão e o Death Metal infernal surge para atormentar as almas terrestres. A bateria soa literalmente como uma metralhadora, esbanjando uma técnica apurada. As guitarras e baixo cortam como navalha, e o vocal cavernoso é de assustar. A atmosfera criada pelo quarteto é bastante obscura e transborda o mal através das onze faixas que compõem o material. As influências de Vital Remains, Immolation, Deeds Of Flesh e Incantation, citadas pela própria banda, dão uma breve noção do que esperar desse álbum. A insana arte da capa foi feita por Fernando Lima, que também é vocalista da banda mineira Drowned. Achei que faltou mais punch nas guitarras, que ficaram um pouco escondidas na mixagem, deixando os vocais um pouco altos demais. Um ponto que pode ser melhorado é a criação de riffs e andamentos marcantes, deixando o set mais variado e menos cansativo. “Essence Of Death” é um ótimo registro de uma banda que está na luta pelo underground há anos e merece sua atenção, definitivamente Nota: 7.0 Predro Humangous M.D.K. “Into the Pussymorgue” Bizarre Leprous Production É curioso: dentro da caixinha do CD, na parte transparente do fundo, a foto dos integrantes da banda, com semblantes bem amigáveis, não te preparam para o rolo compressor em forma de música que a M.D.K. executa. Pois é preciso mencionar, logo no começo, que o som desse trio, formado por Thales (vocal/guitarra), André (bateria/vocal) e Boca (vocal), é para ouvidos já amaciados pela música ruidosa. Trata-se daqueles Goregrind dos mais extremos e insanos. Tão insano, que eles se dão ao luxo de nem usar baixistas, tamanho é o peso infeliz da guitarra. Pensem numa afinação desgraçadamente baixa, a ponto de quase não se distinguir as notas. Sim, as seis cordas aqui formam uma parede sonora brutal junto com a bateria. E o título da obra é tão “carinhoso” e “sutil” quanto a “simpática” capa. São quinze temas doentios, pesadíssimos, com alternâncias rítmicas intensas, e que chamam a atenção, além da brutalidade, pelo fato de a maioria contar com títulos em português que, como já se espera, são bem “singelos”. Infelizmente, não há letras no encarte, mas isso talvez não faça diferença, visto que os vômitos guturais dos três são ininteligíveis. E o que também impressiona é a qualidade da gravação do material, perfeita, além da bonita (para os padrões do Goregrind) parte gráfica, o que evidencia um lado muito profissional no som da banda, oriunda de Jundiaí/ SP. E pela homogeneidade do disco, é impossível destacar alguma faixa. Como dito no início, o álbum é para os fortes, amantes do mais profundo underground. Para os que curtem a proposta do grupo, é correr atrás e partir para o abraço. Nota: 8.0 Christiano K.O.D.A. MORTUUS CAELUM “Ad Libertatem Per Mortem” War Productions Prendendo-se completamente ao tradicional, o trabalho mais recente da banda grega Mortuus Caelum conserva uma sonoridade crua, direta e agressiva. “Ad Libertatem Per Mortem” é um ótimo álbum para quem está a fim de ouvir Black Metal de acordo com as suas características originais (ou melhor, as características que se tornaram sua marca). A composição do álbum está evidentemente ajustada para um ritmo de pura agressividade sem muitas frescuras, sendo a bateria o maior destaque em termos de técnica. Embora o timbre vocal tenha se encaixado bem, em minha opinião, digo que um gutural mais rasgado e de tonalidade mais alta combinaria melhor com as faixas. O baixo e a guitarra fazem ótimos acompanhamentos, porém, há pouca variação de tom e distorção, o que pode fazer o álbum soar repetitivo em certos momentos. Um ponto alto desse trabalho são as letras bem escritas e criativas, que possuem temáticas que alguns podem considerar clichês, mas são essas temáticas que são a essência do estilo – afinal, uma música com o nome “Bloodshed” deixa claro o que queremos ouvir quando procuramos esse estilo musical. “Ad Libertatem Per Mortem”, além de uma capa bem interessante, tem um bom tamanho (quarenta e oito minutos), agradando e muito os fãs mais “conservadores” do gênero. Faixas como “Preachers Of The Lie” e “Under A Dead Sky” são simplesmente magníficas. A Grécia pode não estar bem do bolso, mas ainda podemos encontrar ótimas bandas como essa por lá. Nota: 8.0 Yuri Azaghal 40 34


Natural Hate “Delivery Service Of Chaos” Independente As terras do sertão baiano fervem sob os pés do Natural Hate, a primeira banda de Thrash Metal a surgir da cidade de Caetité/BA. O power trio é formado por Vinícius Toledo (vocal e guitarra), Felipe Neto (baixo) e Sandino Queiroz (bateria). Contando com o apoio da Cranio Records, a banda lança de forma independente seu primeiro trabalho oficial, o “Delivery Service Of Chaos”. Uma verdadeira aula de força de vontade e perseverança. Os caras estão com sangue nos olhos e sabem aonde querem chegar. O Thrash aqui apresentado é bastante coeso, atual, extremamente veloz e violento. O que deixou a desejar mesmo foi a mixagem, que não soube equalizar muito bem cada instrumento. Por diversas vezes, os pratos da bateria ficam alto demais, bem como os vocais, abafando assim algumas partes de guitarra e principalmente do baixo. A parte gráfica também pode melhorar nos próximos lançamentos, ganhando mais riqueza na arte e dando maior atenção ao acabamento do produto como um todo. Tirando esses detalhes, o álbum ficou bem legal, com músicas empolgantes, excelentes para entrar numa roda e bater cabeça – ao vivo essas músicas devem ser destruidoras! Destaque para as faixas “Hate Birthday” e “Destiny Of Life”, completamente insanas. Fato curioso e interessante é que a banda está lançando esse trabalho em CD e em fita K7, portanto, se você é um colecionador e saudosista, vale a pena adquirir ambos os formatos. Sabendo escolher um bom estúdio e um produtor, a banda tem grandes chances de chegar mais longe e despontar no cenário nacional. Nota: 7.0 Pedro Humangous

Nostoi “RailRoad(s)” Independente Esse primeiro registro oficial dos mineiros do Nostoi, que só foi possível ser lançado em formato físico devido a um projeto de crowdfunding bem sucedido, mostra uma banda com uma sonoridade bem variada, mas pouco consistente. Como definido pela própria banda, eles têm como proposta a união de estilos aparentemente improváveis, como Hard Rock, Metal Gótico, Heavy Metal, música Pop e música mineira, entre outros. A proposta é interessante, mas o problema é que tal variedade de influências acabou criando uma sonoridade de difícil assimilação e com pouca identidade. Enquanto temos momentos pesadíssimos, em que a banda realmente se destaca (como na faixa “R.AW.R!!!”, mais voltados ao Metal), temos outros que remetem ao Hard Rock oitentista (“When I Meet Rock’n’Roll”, por exemplo), ao Pop, ao Gótico, e a outros estilos. E é ai que a coisa desanda, com faixas pouco inspiradas, mesclando tais influências de forma muito heterogênea. A produção também não ajudou muito, deixando os vocais mais baixos em alguns momentos, e mais altos em outros. Mas veja bem, não se trata de uma banda ruim, pois é possível ver talento na parte instrumental (principalmente nas guitarras), assim como na vocalista Gilvane Mello (embora exagere um pouco em algumas vocalizações mais agudas), e temos bons momentos ao longo do disco. Mas o problema é que parece que a banda buscou variar demais sua sonoridade, o que acabou não “dando liga” na forma de estruturação das canções, tornando a audição do material cansativa ao longo do tempo. Talvez se procurarem por caminhos mais simples da próxima vez, o resultado seja melhor, pois, como já diz o ditado, “às vezes, menos é mais”! Nota: 6.0 Júnior Frascá

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Rancid Flesh “Patological Zombie Carnage” Carnificina Records Nem coveiros experientes aguentariam tanta podridão junta, já que o Rancid Flesh, em seu “Patological Zombie Carnage”, consegue a proeza de ser uma banda de alto nível com letras para lá de doentias. E isso, dentro do Splatter/Gore é uma citação extremamente positiva. Produção em cima, arte bem legal (embora as letras estejam presentes, aquelas famosas gravuras de corpos apodrecidos e outras podreiras estão ausentes), e tudo isso ambienta o ouvinte para a pancadaria que ocorre por todas as 25 faixas do CD. Um ponto a se destacar é que esta dupla não foca em uma fórmula musical repetitiva, já que a diversidade é bem grande, logo, o produto musical não cansa os ouvidos, tampouco é simplório. Destaques para “Infectious Hepatitis”, com trabalho ótimo de bateria, “Dr. Zombie”, com vocais se alternando bastante, e “Autopsied Alive”, com andamentos bem alternados, riffs sólidos e vocais abusivamente insanos. Uma banda muito boa e que merece uma ouvida cuidadosa! Nota: 9.0 Marcos Garcia

Reverence “When Darkness Calls” Razar Ice Records É engraçado como as coisas acontecem. Todos sabemos que os estilos dentro do Metal têm seus altos e baixos. Falar do ápice e queda de popularidade do Power Metal é soar redundante. Incrivelmente, eu estou voltando a essa fase e ouvindo bastante coisa do estilo. Eis então que surge na minha caixa de correio o trabalho dessa banda americana chamada Reverence. Até então, eu pouco sabia sobre sua existência e logo fui correndo fazer a devida e merecida pesquisa, sem me esquecer de colocar o disco para rodar. Para minha surpresa, apesar de se tratar de uma banda nova – formada em 2010 – o time é formado por figurinhas carimbadas na cena mundial. Estamos falando do guitarrista Bryan Holland (ex-Tokyo Blade), do vocalista Todd Michael Hall (Harlet, Jack Starr’s Burning Starr), do baterista Steve “Doc” Wacholz (ex- Savatage e Crimson Glory), além de Pete Rossi (guitarra) e Ned Meloni (baixo). O bonito digipack – ilustrado pelo brasileiro Jobert Mello – embala onze poderosas músicas da mais alta qualidade. Temos o Power Metal como base de tudo, sendo ainda temperado com Heavy Metal Tradicional e um pouco de Hard Rock. As músicas são construídas para te conquistar logo na primeira audição e funcionam perfeitamente. Composições cativantes, de fácil assimilação e tocadas com extrema perfeição. As músicas fluem com naturalidade, tanto é que os quase cinquenta minutos passam voando, quase despercebidos. Portanto, se você gosta de bandas como Dio, Primal Fear e Judas Priest, não deixe de ouvir “When Darkness Calls”. É ótimo saber que existem bandas qualificadas e com bom gosto para manter essa chama do Power Metal acesa, e por muito tempo! Nota: 8.5 Pedro Humangous Sanctifier “Daemoncraft” Dying Music Os tentáculos do Cthulhu estão à solta e em busca de novas vítimas. O Metal no nordeste brasileiro sempre se mostrou muito forte e ativo, e parece que agora está com sua força total. Formada nos anos noventa, a banda Sanctifier finalmente nos brinda com mais um grande lançamento de inéditas, o “Daemoncraft” – seu segundo álbum oficial. Após várias mudanças na formação e trabalhando em demos e splits, a horda é finalmente estabilizada com Alexandre Emerson (guitarras), Adriano Sabino (baixo), Marcelo Costa (bateria) e Rogério Mendes (vocais). O som, por 42 36


sua vez, se manteve intacto, um Death Metal fiel às raízes, purulento, viral e certamente mortal se consumido em altas doses. O disco sai das profundezas e explode os tímpanos despreparados para um Death Metal obscuro, denso e repleto de ótimas influências, sem deixar de lado a essencial pitada de Black Metal – que pode ser conferida aqui e ali em alguns riffs e linhas vocais. As músicas variam bem entre as partes cadenciadas e as mais velozes, abusando de técnica e bom gosto ao criar essa desgraceira sonora. O Tsunami de sangue devasta tudo por onde passa e atende pelo nome de faixas como “Tentacles”, “Necronomicon” e “Invocation Of A Shoggoth” – os grandes destaques. Misture Krisiun, Belphegor e Vader, e terá uma breve noção do que esperar desse novo registro do Sanctifier. A arte da capa, desenvolvida em conjunto por Alcides Burn e Theresa Dallas, fecha o trabalho com chave de ouro, recolocando a banda na linha de frente quando o assunto é Metal extremo. Ouça sem piedade e assuma as consequências. Nota: 8.0 Pedro Humangous Sanctus Nosferatu “Samca” Independente De duas, uma: ou Portugal finalmente acordou para o Metal ou a cena já estava fervendo por lá e eu não sabia. Prefiro acreditar na segunda opção, já que a qualidade das bandas vindas de terras lusitanas é algo assustador, sendo muito improvável que tenham começado há pouco tempo. Sanctus Nosferatu está soltando seu primeiro trabalho oficial e já assusta pela maturidade e capacidade de apresentar um trabalho de primeira, digno de banda veterana. Quando peguei o material para ouvir, mal sabia de qual nacionalidade eram, que estilo praticavam e muito menos que os vocais extremos e urrados eram feitos por uma mulher. E sendo sincero, é ótimo ser surpreendido dessa maneira! “Samca” é o primeiro álbum do grupo formado por Camila Morticia (vocais), Hélder Andrade e Nélson Felix (guitarras), Nuno Terceirence (baixo) e Nuno Costa (bateria). O disco contém nove faixas bastante empolgantes que misturam perfeitamente o Black, Death e Thrash Metal, contando ainda com alguns vocais mais líricos. Hoje em dia está cada vez mais comum essa fusão de estilos, porém não são todos que conseguem um resultado satisfatório. Felizmente, aqui acertaram em cheio. A audição flui com naturalidade e, sem perceber, já estava batendo cabeça logo na primeira faixa, “Astarteia” – que também foi escolhida como single. Destaque para as músicas “Cannibalize Corpse” (com uma introdução a la Stratovarius), “Darvulia’s Apprentice (extrema, mas cheia de melodia) e “Impregnated Dark Soul” (exatamente por mostrar com clareza a mescla de estilos). Se eu estivesse no meu leito de morte, meu último suspiro seria: ouça Sanctus Nosferatu! Nota: 8.5 Pedro Humangous The Black Coffins “Dead Sky Sepulchre” Black Hole Productions As raízes do mal finalmente quebraram a barreira terrestre e enlameada, dando vida ao seu fruto venenoso. Após terem lançado o interessante split com a banda Infamous Glory, os paulistas do The Black Coffins fazem seu voo solo e apresentam seu primeiro disco, “Dead Sky Sepulchre”. O grupo formado por Vakka (urros agonizantes), J.Martin (riffs cortantes), A.Beer (baixo encorpado) e M.Rabelo (bateria cadenciada e mortal), apresenta um Death Metal obscuro, maligno e extremamente viciante. A mistura do metal da morte com o Hardcore/Punk deixa o trabalho ainda mais interessante e desgracento. Os vocais são quase sempre dobrados, misturando o rasgado berrado e urrado, criando uma atmosfera assustadora. As guitarras estão absurdamente sujas, pesadíssimas, acompanhadas pelas linhas esmagadoras do baixo, que por sua vez é perseguido por uma bateria competente, encaixada de forma inteligente, ditando o ritmo dessa marcha fúnebre. Após a bizarra e envolvente introdução, o massacre sonoro efetivamente começa com a excelente “Chambers Of Eternal Sleep”, uma mistura entre Asphyx e Obituary. Outra faixa que merece destaque é a “Hate’96” com seu ritmo hipnótico. As doze densas e perturbadoras composições ganharam ainda mais força com a presença dos vocalistas convidados Milosz Gassan (Morne), Marissa Martinez (Cretin) e James (Facada). Felizmente, pude acompanhar a trajetória do The Black Conffins desde o início – inclusive pude conferir a banda ao vivo – e posso afirmar que eles têm um belo futuro pela frente. A evolução é notória e constante. A estranha e enigmática arte da capa deixa o álbum ainda mais interessante e de obrigatória audição. Item essencial em qualquer prateleira que se preze. Nota: 9.0 Pedro Humangous The Moaning “Blood from the Stone” No Fashion Records Este ano, a Century Media Records anda realizando um trabalho ótimo, relançando alguns CDs que andavam escondidos no underground, como este CD do quinteto sueco The Moaning, que tem de bônus sua demo “Promo Okt 94”, e mais uma versão demo para “Blood from the Stone”. A banda faz um Death Metal melódico mais ríspido e cru, longe de alguns exageros modernos, sendo, dessa forma, mais agressivo e bruto, em uma linha mais próxima àquilo que o Dark Tranquility fez em seus 43 37


primeiros discos, mesmo porque a presença de Peter Tagtgren na mixagem já é uma garantia que a coisa é boa. E como é, já que a banda mostra potencial em faixas como a excelente “Of Darkness I Breed”, com ótimas guitarras e vocais; a mais cadenciada “Dying Internal Embers”, com boas melodias e trabalho fantástico por parte da bateria; e a melodiosa e empolgante “Mirror of the Soul”, bem variada e que só de ouvir uma vez, se fica viciado na banda. E é uma pena que a banda está parada, mas esperemos que este relançamento os anime para uma volta à ativa. E que seja logo! Nota: 10 Marcos Garcia Triturador “Trituragrind” Scatologic Prods/Old Grindered Days Records/Insalubrity Distro Definitivamente, tamanho não é documento: você pega esse mini CD-r, que cabe na palma da mão, e não imagina o poderio avassalador dessa bomba chamada Triturador. Portanto, cuidado! E o profissionalismo dessa banda cearense, que teve início em 2007, tem um grau elevado, fato demonstrado pelo cuidado, pela criatividade e pela ousadia em lançar o novo material nesse formato. Ah, entenda-se por “banda” a dupla Charles Falcão (vocal) e Jorge Filho (todos os instrumentos, além de ser responsável pela gravação e mixagem do disquinho). Já quando se fala em “vocal”, é, na verdade, um verdadeiro grunhido cheio de efeitos. Ininteligível, claro. Quem curte esse tipo de “voz”, nos moldes do grupo Last Days of Humanity, vai adorar a proposta dos brasileiros que, é bom ressaltar, está sob medida para o tipo de som do Triturador: Goregrind/Death Metal dos mais vorazes. Velocidade a milhão é a palavra de ordem! Outra coisa interessante é que a banda tem o dom de fazer bons riffs. Eles são bem simples e diretos, é verdade, mas absurdamente cativantes! Um exemplo, entre tantos – praticamente todo o CD – pode ser constatado na faixa “Submerged In Polluted Brain”. Nem é preciso dizer que se encaixam como uma luva nas passagens da bateria programada que, apesar de soar um tanto artificial, não põe nada a perder. E a distorção extrema do baixo também é uma beleza. Parabéns ao conjunto pela boa produção, que deixou tudo perfeitamente audível. O play é curto, mas garante convulsões e ataques de loucura. Nota: 8.5 Christiano K.O.D.A. Zombie Cookbook “Outside The Grave” Independente Em meio a tantos lançamentos, o jeito para se destacar entre os demais é usar a criatividade. E nesse quesito a banda Zombie Cookbook é mestre. A começar pela interessante arte da capa, que quando aberta se transforma em uma bem humorada história em quadrinhos. Eu não duvidaria se esse álbum viesse acompanhado de algum verme de brinde. “Outside The Grave” é purulento, carniceiro e brutal ao extremo. A temática zumbi é um atrativo a mais e cria um clima soturno e mortal para as faixas, sempre acompanhadas de introduções/vinhetas que parecem ter sido retiradas de filmes de terror. A solução encontrada pela banda para representar seu som foi muito bem sacada, uma mistura de Death Metal com Crossover, além de influências do Goregrind. Os vocais realmente soam como um morto-vivo assumindo o microfone. É possível notar certa semelhança com o Obituary e o Asphyx ao ouvir às treze faixas que compõem esse doentio trabalho. Impossível apontar destaques, todas as músicas são igualmente divertidas, empolgantes e viciantes. Uma das bandas mais legais desse estilo que surgiram nos últimos anos em nosso país. Audição e aquisição obrigatórias! 44 38

Nota: 8.5 Pedro Humangous


s g a l l he

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divine death match

THE WALKING DEAD Activision PS3/XBOX 360/PC/MAC/IOS Gráficos cartunizados, jogabilidade point-to-click e alta liberdade são apenas algumas das características desse incrível jogo baseado na famosa HQ e seriado de uma das mais bem sucedidas estórias sobre zumbis. Embora crie birra nos fãs mais conservadores das HQs, esse game de survival horror, similar a famosa saga Clock Tower na jogabilidade garante alta diversão nesse jogo totalmente interativo e não linear desenvolvido em capítulos. Imprevisibilidade e realismo são os pontos altos, fazendo dele uma ótima recomendação até para quem não é fã do seriado. Porém, para os impacientes, é melhor passar longe, já que se trata de um game de interação e escolhas que afetam o enredo – fora os longos diálogos. Gráfico: 9.0 Jogabilidade: 9.0 Som: 9.0 Enredo: 10 Diversão: 10 Por Yuri Azaghal

DISHONORED Bethesda PS3/XBOX 360/PC Embora eu confesse não ser muito fã do Universo Steampunk, Dishonored apresenta uma trama altamente elaborada, com gráficos incríveis, boa jogabilidade e uma gama de opções interativas gigantesca. O jogador terá liberdade para agir de tal modo que irá influenciar todos os aspectos do roteiro de acordo com a forma que escolhe realizar as missões. Embora o jogo seja, no geral, linear, a forma de concluir os objetivos é diversa, e é nesse aspecto que a maior parte da diversão do game se concentra. Embora possa soar enjoativo para alguns, o jogador que entra na pele de “Corvo” com certeza se impressionará com a dedicação dos criadores. Gráfico: 10 Jogabilidade: 9.0 Som: 9.0 Enredo: 10 Diversão: 9.0 Por Yuri Azaghal

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PREVIEW

CASTLEVANIA: LORDS OF SHADOW 2 Konami PS3/XBOX 360 Os fanáticos pela série mal podem esperar pelo lançamento de Lords Of Shadow 2. Neste segundo episódio do reboot da saga e uma continuação direta do primeiro Lords Of Shadow, a Konami permite, pela primeira vez em sua saga de games de maior sucesso, que o jogador controle oficialmente o temido Conde Drácula com seus poderes infernais e sua horda de criaturas malignas, cujo único objetivo é se vingar de Deus pela perda de sua amada destruindo toda a raça humana. Há boatos que outros ilustres personagens da série irão aparecer, como Alucard. Nada oficial ainda, mas pelo pouco que pode ser visto dos trailers, foi o suficiente para arrancar brados furiosos de ansiedade de muitos, fazendo o mês de fevereiro parecer tão distante quanto o ano de 2050. Por Yuri Azaghal

MACETE

Grand theft auto iv Rock Star PS3/XBOX 360/PC Saúde, Colete e Munição a qualquer instante: Durante o game, acesse o celular de Niko apertando para cima no D-pad, depois pressione para cima de novo para ter acesso a um teclado. Disque 4825550100 para recuperar saúde, colete e munição. Faça isso dentro de um veículo e poderá também restaurálo. OBS: Depois que abrir esse cheat, ele ficará disponível nas opções do seu celular, assim não terá que discar novamente, bastando ativar no menu já mencionado. Por Yuri Azaghal

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covering sickness Representado pelas chamas e pela águia de fogo, o trabalho desenvolvido pelo designer gráfico Fernando Laruccia é forte e bastante característico. Segundo Fernando, sua paixão pela música, associada à criatividade, forma o combustível que queima e faz surgir o brilho dos trabalhos da Flama Design, que sempre trazem uma atmosfera de obscuridade e de fantasia. O foco da Flama é desenvolver projetos de design para músicos e bandas, através de criação capa de álbuns e de todo material de comunicação. Em processo e ampliação do seu portfólio, conversamos com ele sobre seu trabalho atual e seus planos para os próximos anos. Confira! HELL DIVINE: Seja bem vindo às nossas páginas Fernando! Contenos um pouco de onde surgiu a vontade de trabalhar com design gráfico. Fernando Laruccia: Muito obrigado pela oportunidade de estar com vocês da Hell Divine e poder falar sobre meu trabalho. Me formei em Design Gráfico, em 2009, e estou fazendo pós-graduação em Design e Tecnologia Digital, mas sempre gostei de atividades relacionadas à criatividade. Desde pequeno, gosto de desenhar e sempre me interessei pelas artes. O Design como profissão foi o caminho que encontrei para trabalhar com criação. HELL DIVINE: Analisando seu site oficial, pude notar que seu trabalho, até o momento, teve mais destaque no desenvolvimento de sites e criação de logotipos, certo? Fernando Laruccia: Sim, os projetos concluídos até agora são, em sua maioria, de criação de logotipos e de desenvolvimento de sites. No entanto, estou trabalhando em dois projetos gráficos de CDs (das bandas Asthon Bridge e Spreading Hate, ambas de SP), que serão divulgados em breve. Além disso, trabalho com outros mercados há mais de cinco anos, desenvolvendo diversos tipos de projetos de design.

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HELL DIVINE: Existem algumas artes para capas de discos disponíveis e, realmente, são trabalhos incríveis. Você tem algum estilo definido na hora de criar ou depende do momento e/ou da característica do projeto? Fernando Laruccia: Muito obrigado, é uma opinião muito importante, visto que vocês da Hell Divine têm uma visão bastante ampla do mercado musical e conhecem os materiais de comunicação que rolam por aí. Quanto ao estilo, procuro sempre me inspirar na arte surrealista, criando uma atmosfera de obscuridade, fantasia e dramaticidade. Claro que cada projeto tem suas especificidades e demandam conceitos e soluções diferentes, porém, é interessante que um artista imprima sua identidade em seus trabalhos. Gosto sempre de utilizar paletas de cores harmônicas, com iluminação de alto contraste, texturas “grunge” e outros recursos.


HELL DIVINE: Você tem alguma preferência de estilo musical para trabalhar ou o que aparecer está valendo? Seu foco será o Rock/Metal? Fernando Laruccia: Tenho minhas preferências pessoais enquanto músico, no entanto, enquanto designer, não faço distinção pelo estilo musical produzido pelo cliente. Claro que, de certa forma, busco promover o gênero Rock/Metal, oferecendo desconto em projetos para bandas do segmento. HELL DIVINE: Falando em Metal, que tipo de som você curte? Quais os destaques na sua lista de melhores do ano passado? Fernando Laruccia: Tenho uma forte ligação com a música, inclusive, sou vocalista de uma banda (Mananth) e estudo canto. Minhas maiores influências são de Rock’n’Roll, Hard Rock e as vertentes de Metal: Heavy, Power, Melodic e algumas coisas de Death também. Bandas clássicas como Metallica, Scorpions, Black Sabbath, Dio e Iron estão sempre presentes. Atualmente, tanto no exterior quanto no Brasil, tem muitos músicos com trabalhos interessantes, mas, em minha opinião, duas bandas/projetos que são expoentes mundiais e que trazem vitalidade para o cenário do Rock/Metal são o Slash ft. Myles Kennedy e o superprojeto do Tobias Sammet, o Avantasia. HELL DIVINE: O Brasil tem revelado grandes nomes nessa área como Gustavo Sazes e Marcelo Vasco. Além disso, o mercado mundial está cada vez mais acirrado. Como se destacar e ser relevante perante essa concorrência? Fernando Laruccia: Além desses citados, o Brasil tem muitos outros talentos, o brasileiro é muito criativo por natureza e isso já é um fator que traz destaque. Acredito que, como em qualquer outro nicho de mercado, a concorrência deve ser vista de maneira saudável, como referências, não como ameaças. Claro que todos devemos buscar relevância e, em minha opinião, ela ocorre quando o trabalho desenvolvido tem como foco a necessidade do usuário/ cliente, oferecendo soluções eficientes e inovadoras. HELL DIVINE: Qual sua bagagem cultural para criar sua arte? Você se inspira em alguma coisa em especial ou admira algum artista específico? Fernando Laruccia: Tudo que vivenciamos, estudamos, pesquisamos e observamos enriquece nosso repertório criativo. Me inspiro sempre no movimento artístico Surrealismo de Salvador Dali; no design pós-moderno; no expressionismo alemão; no universo sombrio e fantástico criado por Tim Burton; nas colagens de Tide Hellmeister; nos filmes épicos e em muitas outras referências. HELL DIVINE: Tem alguma banda ou artista que você gostaria de trabalhar, tipo um objetivo de carreira? Fernando Laruccia: Gostaria de fazer o projeto gráfico de um disco do Avantasia. HELL DIVINE: Quais são os planos para esse ano (2013)? Desde já, agradecemos pela entrevista, o espaço pra considerações finais é seu. Fernando Laruccia: De um modo geral, pretendo ampliar cada vez mais a abrangência dos projetos da Flama, atingindo nível internacional. Eu que agradeço novamente pelo espaço, espero que a parceria Flama Design e Hell Divine possa render muitos outros frutos e que possa fortalecer a cena do Rock/Metal nacional. Por Pedro Humangous. 49 47


live shit

Suicidal Angels, Prophecy e Sodomizer de Janeiro LOCAL: Rio Rock And Blues – Lapa – Rio DATA: 13/01/2013 Texto: Augusto Hunter Foto(s): Marcos Garcia

No segundo domingo de 2013, o Rio de Janeiro recebeu um dos nomes crescentes da cena mundial, os gregos do Suicidal Angels fechariam por aqui sua bem sucedida passagem pelo Brasil. A casa escolhida foi o incrível Rio Rock and Blues, situada no coração da Lapa, acesso

fácil e local de muito bom gosto. Melhor impossível para a apresentação dessas três grandes bandas de Thrash Metal. Infelizmente, pude notar uma coisa ao chegar e isso me deixou triste. O público, em um domingo, com um horário não muito tarde, não se fez presente nesse show. Bem, infelizmente, perderam uma chance de ouvir e conhecer o maravilhoso trabalho das bandas que ali se apresentaram. Sem mais delongas, vamos aos shows, que foram muito bons. Começando pela lenda clássica Sodomizer, banda que já fez várias turnês pelo país destilou toda a fúria e velocidade de seu Speed Metal no público, que respondeu muito bem a todas as músicas do set. Em um dado momento do incrível show de abretura, Leatherface me coloca uma máscara de gás 50 52

e libera ainda mais insanidade, mostrando que a banda carioca está mais entrosada do que nunca e o show deles foi incrível, digno da noite que estava sendo aberta. Depois de pouco tempo de espera, sobem ao palco os também veteranos do Thrash Metal carioca Prophecy. Rogério e banda estavam empolgadíssimos e começaram o show detonando um Thrash nervoso e potente e que aqueceu ainda mais o público presente e explodiu os primeiros mosh pits que viriam ser uma constante, a partir desse momento. Com um som rápido e bem tocado, o Prophecy ia bem, tocando as músicas de sua carreira até um dado momento em que Rogério começou a soltar umas notas mais lerdas e soturnas de sua guitarra e perguntou ao público presente: “Vocês gostam de DOOM?” A resposta veio com o pessoal berrando que sim, então ele continuou tocando as belas notas, que em instantes foram reconhecidas como sendo “Solitude”, clássica música do Candlemass que foi cantada por


boa parte do público presente. Depois, ainda tivemos a participação do filho de Rogério cantando uma música com o pai no palco; momentos de família são bem

pequeno espaço, ele foi incrível; os fãs e amigos presentes no show atenderam ao pedido do simpático vocalista e fizemos o Wall Of Death valer a pena. “Morbid Intentions To Kill”, “The Pestilence Of Saints” entre outras ótimas músicas estavam no repertório. Mas uma hora bem legal – diga-se de passagem – foi quando Nick foi avisado pelo seu baixista, Angel, da presença de um menino bem pequeno. Prontamente, Nick foi até o pequeno banger e o levou para o palco, falando para todos que ali estava o futuro da música pesada, que cuidássemos bem dele. Todos ficaram felizes e a banda detonou mais um sonzaço. O menino ficou no palco a música inteira, agitando e, depois de ser presenteado pela banda com baqueta e palheta, ele deu seu stage dive, amparado por todos e muito aplaudido. Com certeza, esse menino vai se lembrar disso por muito tempo. Depois daí, vínhamos a chegar ao final do concerto dos gregos, que fecharam com o clássico “Apokathilosis”. Um grande evento, shows ótimos que, só não perderam mais o brilho pela presença dos guerreiros e fãs presentes, mesmo sendo poucos, esses assim fizeram o show incrível.

legais de serem vistos, e em palco são melhores ainda. Depois desses incríveis momentos, o Prophecy avisou que o tempo dela em palco estava se esgotando e, para fechar, um clássico da banda, “Violence” caiu como uma pedra no meio do pessoal, onde mais um dos montes de mosh-pits foi aberto e o pessoal se divertiu. Ótimo show feito pelo Prophecy! A banda provou porque está sendo considerada uma das principais do Thrash Carioca e, com certeza, o Brasil também assim a reconhecerá. Em vez de esperarmos muito pela subida da banda, em menos de 20 minutinhos tínhamos os membros do Suicidal Angels de costas para o público, enquanto a intro do show (bem espartana por sinal) era executada. Quando Nick, vocal e guitarra do Suicidal Angels, se virou para o público e anunciou o início do show, o público começou a mostrar que seria insana aquela apresentação dos gregos. O show teve início com “Bloodbath”, faixa título do último lançamento da banda. Som perfeito e bem equalizado, tudo em um nível bom para ser ouvido e reparado, o show do Suicidal Angels foi de uma energia incrível, o set list baseado em seus últimos lançamentos, a banda fez um incrível show, com momentos de empolgação extrema, como em “Mosing Crew”, onde Nick montou o clássico Wall Of Death. Mesmo naquele

Por Augusto Hunter.

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live shit

PARADISE LOST Local: Carioca Club – São Paulo/SP Data: 10/12/2012 Texto: Luiz Ribeiro

Uma das bandas mais aguardada para tocar no Brasil fez, em minha opinião, o melhor show do ano de 2012. O Paradise Lost, banda com uma carreira bem consolidada no metal, veio a São Paulo divulgar seu mais novo álbum intitulado “Tragic Idol”, que vem recebendo boas criticas da mídia especializada. Com um setlist muito bem escolhido, a banda não deixou o publico parado por nenhum minuto. Entrando pontualmente às 19h30 como manda o figurino inglês, iniciaram a apresentação com “Widow” seguida de “Honesty In Death”, música do novo álbum. “Erased”, do álbum “Symbol of Life”, foi uma das que mais emocionou todos os presentes. O set seguiu com “Enchantment”, única do aclamado “Draconian Times”, uma pena, pois é um álbum que os brasileiros têm como um clássico. Com pouca interação com o público, seguiram com uma trinca de arrepiar: “Pit The Sadness”, “As I Die” e “One Second”. Já “Tragic Idol” e “The Enemy” fizeram todos cantarem e levarem a música a outro nível. A grande baixa foi um defeito na acústica da casa que já era perceptível na música “Embers Fire” e que se agravou no final de uma das melhores musica do novo álbum “Fear of Impending Hell” causando certa angústia no publico, mas que logo foi sanada com “Faith Divide Us – Death Unites Us” tocada de forma perfeita. Sem surpresa, o final ficou por conta da clássica “Say Just Words” que deixou um gostinho de quero mais aos presentes e que fez cair até algumas lágrimas de pessoas ao meu lado. Um momento marcante. Para finalizar, agradeço a Dark Dimensions por apoiar a Hell Divine e permitir a cobertura do show. Espero que, em 2013, venham muitos outros.

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Augusto Hunter TOP 10 1 – Enslaved – RIITIIR 2 – Anaal Nathrakh – Vanitas 3 – Jeff Loomis – Plains Of Oblivion 4 – Paradise Lost – Tragic Idol 5 – Meshuggah - Kolloss 6 – Overkill – The Eletric Age 7 – 3 Inches Of Blood – Long Live Heavy Metal 8 – Carach Angren – Where The Corpses Sink Forever 9 – As Dramatic Homage – Crow 10 – Cattle Decaptation – Monolith Of Inhumanity

melhores de 2012

Os melhores de 2012 eleitos pela Hell Divine

Melhor DVD – Paradise Lost – Draconian Times MMXI Revelação Nacional – As Dramatic Homage Revelação Internacional – 7 Horns 7 Eyes Hit de 2012 (uma música) – Enslaved - Veilburner Decepção de 2012 – M.O.A Disco Que Mais Ouviu No Ano – Enslaved - RIITIIR Christiano K.O.D.A. TOP 10 1 – Terrorizer – Hordes of Zombies 2 – Aborted - Global Flatline 3 – Desalmado – Desalmado 4 – RancidFlesh - Pathological Zombie Carnage 5 – Chaos Inception – The Abrogation 6 – Kaapora – Distainer 7 – Sinister - The Carnage Ending 8 – Buffalo Theory MTL – Heavy Ride 9 – Brutal Brain Damage – Brain Soup 10 – Homicide – O que o Cerca Está Morto Melhor DVD – Six Feet Under - Wake the Night! Live in Germany Revelação Nacional – Rancid Flesh Revelação Internacional – Brutal Brain Damage Hit de 2012 – Decepção de 2012 – MOA Disco Que Mais Ouviu No Ano – Inhume – In for the Kill

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JUNIOR FRASCÁ Top 10 Testament – Dark Roots of Earth Maestrick – Unpuzzle! Unisonic - Unisonic Blackberry Smoke – Whippoorwill Fear Factory – The Industrialist Moonspell – Alpha Noir Soulfly – Enslaved Adrenaline Mob – Omertá Candlemass – Psalm for the Dead Night Flight Orchestra – Internal Affairs Melhor DVD: Iced Earth – Festivals of the Wicked Revelação Nacional – Maestric Revelação Internacional – Dust Bolt Hit de 2012 (uma música) – Testament – Rise Up Decepção de 2012 – Metal Opena Air Disco Que Mais Ouviu No Ano – Blackberry Smoke - Whippoorwill MAICON LEITE TOP 10 1 – Testament - Dark Roots of Earth 2 – Carniça - Nations of Few 3 – Scelerata - The Sniper 4 – Kreator - Phantom Antichrist 5 – Distraught - The Human Negligence is Repugnant 6 – Land of Fog - Heathen Tales 7 – Troglodyte – Don’t Go In The Woods 8 – Tankard - A Girl Called Cervezza 9 – Cursed Slaughter - Metal Moshing Thrash Machine 10 – Imminent Attack - Deliver Us From Ourselves Melhor DVD – Stormental - Perception Of The Other Revelação Nacional – JackDevil Revelação Internacional – Attic Hit de 2012 (uma música) – Imminent Attack - Splact Decepção de 2012 – Metal Open Air Disco Que Mais Ouviu No Ano – Ghost - Opus Eponymous MARCOS GARCIA Top 10 1 – Testament – Dark Roots of Earth 2 – Tigers of Pan Tang – Ambush 3 – Master – The New Elite 4 – Scar For Life – 3 Minute Silence 5 – Vulture – Destructive Creation 6 – Incursed – Fimbulwinter 7 – The Rods – Vengeance 8 – Panzer – Brazilian Threat 9 – Ibridoma – Night Club 10 – Kråke – Conquering Death 54


Melhor DVD – DISMEMBER – Under Bloodred Skies e ICED EARTH – Festivals of the Wicked Revelação Nacional – GOATLOVE e COMMAND6 Revelação Internacional – KRÅKE e INCURSED Hit de 2012 – KRÅKE – Victorious, I Decepção de 2012 – MOA e os nomes do IRON MAIDEN e METALLICA no Rock in Rio. Disco que mais ouviu no ano: TESTAMENT – Dark Roots of Earth, INCURSED – Fimbulwinter e KRÅKE – Conquering Death Pedro Humangous TOP 10 1 – The Faceless – Autotheism 2 – The Haarp Machine - Disclosure 3 – Troglodite – Don’t Go In The Woods 4 – Dying Fetus - Reign Supreme 5 – Cattle Decapitation - Monolith Of Inhumanity 6 – Harllequin – Hellakin Riders 7 – Pray For Mercy - Olhos Sem Vida 8 – Testament – Dark Roots Of Evil 9 – Kreator - Phantom Antichrist 10 – Soulspell – Hollow’s Gathering Melhor DVD – Orphaned Land – Road To Or-Shalem Revelação Nacional – John Wayne Revelação Internacional – Allegaeon Hit de 2012 – Dying Fetus – Subjected to a Beating Decepção de 2012 – MOA Disco Que Mais Ouviu No Ano – Revocation - Chaos Of Forms Yuri Azaghal TOP 10 01 – Ulver – Østenfor sol og vestenfor måne 02 – Burzum – Tomhet 03 – Burzum – Channeling The Power of Souls Into a New God 04 – Defuntos – Funeral de Memórias 05 – Everto Signum – Gale Of Hatred 06 – Malfeitor – Typhonian Gods 07 – Opera IX – Mandragora 08 – Marduk – With Satan and Victorious Weapons 09 – Paysage D’Hiver – Gefrorener Atem 10 – Incinerador – Pilhas de Corpos Melhor DVD – Watain – Opus Diaboli Revelação Nacional – Frozen Aeon Revelação Internacional – Everto Signum Hit de 2012 (uma música) – Ulver – Østenfor sol og vestenfor måne Decepção de 2012 – O mundo não ter acabado. Disco Que Mais Ouviu No Ano – Ulver – Kveldssanger

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upcoming storm

FORKILL

Metalcore é a onda do Reckoning Hour e os caras estão sabendo seguir bem essa trilha. Com influências de várias bandas, eles vêm para passar o recado e o fazem com maestria. Prova disso é a música “Darkness Remains”, primeiro web single liberado pela banda. Peso e melodia, agressividade e momentos suaves são encontrados mixelados muito bem nessa banda. Se, como eu, você também curte esse tipo de música, não vai se arrepender de ouvir o Reckoning Hour. Contato: https://www.facebook.com/reckoninghour Por Augusto Hunter SORTILEGIA

A Carioca Forkill tem como principal ponto o Thrash Metal, rápido, ríspido e direto, como as bandas da onda Alemã de Thrash Metal pregam. Com uma influência de Destruciton, a banda está vindo com força total para o lançamento do disco “Breathing Hate”. Sempre tocando em ótimos locais e mostrando ao público que o Thrash Metal ainda tem muita força. Audição recomendada e, caso esteja de bobeira e a banda for tocar, pode ir ao evento que, se você é fã do estilo, será muito bem tratado. Contato: https://www.facebook.com/forkill.thrash TAMUYA THRASH TRIBE

Black Metal cru, nefasto e mau agourento direto do Canadá. Uma ótima opção se você também está de saco cheio das bandas atuais que tentam “enfrescurar” seus arranjos na esperança de serem reconhecidos como o próximo Dimmu Borgir ou o próximo Cradle Of Filth (Cradle Of Filth e Black Metal no mesmo parágrafo já são o suficiente para causar urticária em qualquer um, mas enfim...). “Rehearsal MMXII” é a abominação mais recente dessa banda, porém nada de spoiler aqui (preciso parar de jogar videogame...). Simplesmente ouçam. Vale a pena. Mais informações: http://www.vaultofdriedbones.com/ (Site do selo)

Mais uma grande banda de Thrash Metal Carioca, o Tamuya Thrash Tribe vem arrastando fãs com seu som bem feito e sua temática altamente nacional. Falando sobre Tupy – Guarany, a banda vem com seu tema arrastando pessoas para seus concertos. Com o clipe de “Immortal Kings”, que vocês podem ver no YouTube, a banda cresceu ainda mais e fez mais aparições, tendo, em novembro de 2012, a chance de abrir para o Black Label Society, um passo muito importante na carreira deles, com certeza. Ouçam essa banda do “Guanabara Bay Area” e curtam, pois esses caras ainda vão movimentar muito mais o underground nacional, com certeza!!

OCULTISMO ETERNO Nova horda de Embú das Artes (SP), criada em 2011,

Contato: https://www.facebook.com/TamuyaThrash RECKONING HOUR

e já lançou duas demos independentes, sendo a mais recente delas “ Espírito Abstrato”. O quarteto conserva em suas músicas o bom e velho espírito anti-cristão, misturado com temas ocultos – como o próprio nome da banda sugere. Faixas como “Covarde Fracassado” não deixam nunca de serem uma inspiração para todos que não são imbecis bitolados em um rebanho de ovelhas serviçais do cancro do oriente que definha o mundo ocidental. Boa a sorte a esses novos guerreiros em sua jornada. Contato: ocultismo_eterno@hotmail.com Por Yuri Azaghal.

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Facebook e o Metal: Decadência e Tragédia Antes de tudo, saibam que eu não tenho nada contra o Facebook. Sério, não é nada pessoal, afinal o problema das redes sociais são as pessoas. A única razão da palavra “Facebook” estar presente no título é que o Facebook é atualmente a rede social mais popular, ou melhor, a favelinha virtual do momento, agora que o Orkut está praticamente extinto e o Google Plus não conseguiu chamar a atenção de muita gente. Eu lembro que quando fiz o primeiro Facebook, ele ainda estava “nascendo”. Era até que agradável, mas ai ficou popular, ou seja, estragou. Fora as abominações comuns vistas dia-a-dia no Facebook, também começaram a aparecer alguns podres no meio do metal. E como tudo na Internet, cedo ou tarde, vira um campo de guerra verbal, não poderia ser diferente aqui. Os trolls, os covardes, os intolerantes... Junte todos esses seres medíocres em um local só e, certamente, não dará coisa que presta. Consequentemente, aparecem dezenas de páginas de humor isso, humor aquilo, isso da depressão, aquilo da depressão. O paraíso dos trolls! Sim, porque nunca é um humor sadio e inocente (sem falar do excesso irritante), mas sim aquele humor intolerante, criticando o gosto “metálico” de fulano ou de beltrano. Sim, teoricamente, basta cada um ouvir o que gosta e deixar o outro em paz, mas a necessidade de cuidar da vida alheia é tão grande que na prática a coisa acaba desandando. E aí quando eu me rebelo contra essas merdas o que acontece? Claro, eu sou o tr00zão, o otário, o idiota, etc. No Brasil, tudo é uma piada, é uma brincadeira. Eu sou idiota porque levo as coisas a sério. No Brasil, quando se tenta fazer algo com seriedade, é taxado de muita coisa, principalmente de extremista. Pois é, o certo é rir, fazer piada. Somos tão comediantes como povo que é lógico que o Brasil também seja uma piada como nação. Eu acho que se fossemos um pouco menos brincalhões o Brasil não estaria no penúltimo lugar no ranking global de educação. Claro que inteligência não é bem o forte

de pessoas que compartilham piadas de páginas que ofendem justamente o que elas dizem gostar, mas fazer o quê... E o que dizer então das idiotices sem sentido algum? Pegando-me de exemplo, tem gente que me detesta, mas não me exclui de jeito nenhum do Facebook. Um amigo a menos naqueles mil e tantos que a pessoa nunca falou um “oi” na vida vai afetar tanto assim a “popularidade” dela? Vai entender... E os bangers haters de bangers? Ok, o cara ouve metal, mas não curte andar no visual. Beleza, ele tem toda a liberdade de agir assim. Agora, o cara ficar implicando com quem anda no visual já é outra coisa. Ninguém interferiu na liberdade dele de não ter a estética do metal, mas o cara ficar discriminando quem tem sendo que ele curte ouvir metal já é palhaçada, né? Hipocrisia e estupidez pura. Agora quer dizer que se eu gosto de andar de jaqueta, de coturno e ter o cabelo comprido eu sou poser, vagabundo, “bicho” e outros adjetivos mais? Não me faltava mais nada. Esse povinho com essa atitude “Ouço metal, mas odeio metaleiro” (metaleiro mesmo, porque o instinto brasileiro dele o faz preferir dar um tiro na cabeça a falar headbanger) consegue ser o ápice da estupidez humana. E no fim é isso. Por falta de espaço eu tive que me limitar a poucos, mas dos poucos o leitor que tem um pouco cérebro já entendeu que tudo que cai na mão do ser humano vira instrumento de opressão, intolerância e imposição. O engraçado é que as pessoas que ouvem outros tipos de música, normalmente, não resumem o caráter de um próximo pelo seu gosto musical, tampouco o ama ou o odeia automaticamente pelo logo da sua camiseta. Mas no metal não é assim. E é justamente por isso que eu me afasto cada vez mais desse povo do metal, conversando apenas com seletos velhos amigos, e pouquíssimas pessoas que valham a pena e que não tenham esse comportamento medíocre que tantos outros fazem questão de mostrar. Um ótimo 2013 a todos vocês que são exceção ao que foi dito acima e lembrem-se sempre: Tem gente que é muito mais agradável e simpática de boca fechada... E de dedos quebrados... E de língua arrancada... Chorando sangue e com uma expressão de agonia do tipo “estou tendo o que mereço” também é uma ótima ideia... Yuri Azaghal próximo “Eddie” e idolatrando cegamente o Big Four.

momento wtf

Desde que essa nova “brincadeira” virou febre, as redes sociais se popularizaram com uma rapidez assustadora no mundo – principalmente entre os brasileiros, que são famosos por estragar as pobres coitadas. Consequentemente, as redes sociais se tornaram um livro sem fim das evidências mais vergonhosas, bizarras e revoltantes sobre a mediocridade que as pessoas podem chegar. Infelizmente com o metal não foi diferente...

Por Yuri Azaghal.

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