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doEspíritoSanto
conjunturaconjuntura
o
Boletim N . 35 - Setembro de 2005
CCJE - Departamento de Economia
Gurpo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Apesar da crise política vivida pelo atual ca' no convencimento à população de que
governo, procura-se, a todo custo, preser- o ajuste feito está trazendo a estabilidade,
var a imagem de que a economia vai mui- numa etapa inicial, para o posterior desen-
to bem. É verdade que alguns dos chama- volvimento da economia brasileira. Apesar
dos fundamentos macroeconômicos estão da não renovação do acordo, o FMI conti-
mostrando sinais, pelo menos no curto- nuará fazendo o programa de monitora-
prazo, de relativa imunidade face às turbu- mento de variáveis econômicas-chaves
lências do cenário político. Mas, não se como a inflação, o superávit primário e a
sabe até quando pois tudo dependerá dos relação da Dívida/PIB. Em essência, saímos
desdobramentos da crise. de um 'pacto legalista', representado pelos
Após as denúncias efetuadas por antigos acordos, para um 'pacto de cava-
Roberto Jefferson de que o Partido dos lheiros', mantendo e intensificando o arro-
Trabalhadores operava um caixa dois, atra- cho fiscal.
vés do qual comprava o apoio de deputa- Todos os índices de preços, em junho
dos de diversos partidos, foi instalada uma corrente, mostraram deflação, resultados
Comissão Parlamentar de Inquérito cujos esses decorrentes da combinação de valo-
resultados e conseqüências sobre o rização da moeda nacional e das altas
desempenho da economia ainda são taxas de juros. À margem da esfera financei-
totalmente imprevisíveis. Até o momento, a ra, o setor produtivo continua a apresentar
CPI do “mensalão” relacionou mais de uma sinais de contração ou de pequenas varia-
dezena de deputados como beneficiários ções positivas em função das oscilações
do esquema, e que deverão passar por um conjunturais de curto-prazo.
processo no qual poderão ser cassados. A taxa de desemprego, um dos indica-
Roberto Jefferson já foi cassado, Valdemar dores que captam essa sensibilidade,
Costa Neto e Carlos Rodrigues renunciaram aumentou ao longo do primeiro trimestre e
à presidência de seus partidos e José Dirceu apresentou redução nos demais meses. Ao
encaminha para ser cassado. De qualquer mesmo tempo, o rendimento médio real do
modo, o que o governo sinaliza é que, ape- trabalhador saiu de R$ 963,80, em março,
sar da crise e das denúncias, a política para R$ 932,80 em maio, atingindo o mes-
econômica será mantida a qualquer custo, mo nível do ano passado. O Consumo das
como forma de tentar evitar o “contágio” Famílias diminuiu em 0,6% em relação ao
sobre a economia. último trimestre, acompanhado da redução
Alguns indicadores financeiros como o no Consumo do Governo (-0,1%) e na
risco-país, cotação das bolsas, inflação, Formação Bruta de Capital Fixo (-3%).
dentre outros, são os mais usados pelo A manutenção da taxa Selic pelo
governo e pela mídia para demonstrar Comitê de Política Monetária (Copom) em
controle sobre a situação econômica. O 19,75% no mês de junho, também nos dá
que importa é manter a boa imagem para, claros sinais de que a pressão sobre a ativi-
principalmente, continuar com a confiança dade produtiva continuará a ocorrer. Esse
do mercado financeiro. reflexo pode ser sentido pela variação do PIB
Soma-se a isso, a não renovação do que, no primeiro trimestre do ano aumentou
acordo com o FMI, em março último, que em 0,3%, sendo que sua variação trimestral
também será utilizada como 'moeda políti- continua em redução desde 2004.
APRESENTAÇÃO
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 01
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 02
vel, devido ao vigor da demanda externa,Crise Política e Deflação
alguns setores exportadores já começam aPrevalece o consenso no mercado, no
sentir os efeitos negativos da atual parida-momento, que a economia se encontra
de cambial, como os de manufaturados,blindada contra a crise política que se ins-
notadamente os de calçados e têxteis,talou no País com as denúncias de corrup-
enquanto outros, como o de guseiros, vãoção envolvendo o governo e o Partido dos
paralisando sua produção. Com as expor-Trabalhadores (PT), que estão sendo inves-
tações perdendo forças, os caminhos datigadas na CPI dos Correios, cujos desdo-
recessão tornam-se inevitáveis. Não sembramentos são imprevisíveis. Essa blinda-
razão, o PIB praticamente ficou estagnadogem, resultado de uma suposta solidez
no primeiro trimestre e, segundo sondagemdos fundamentos econômicos do País e
realizada pela FGV junto à indústria, é gran-da confiança do mercado de manuten-
de o pessimismo do setor (o maior nos doisção da atual política econômica, tem
últimos anos) para o segundo semestre.impedido que as incertezas decorrentes
Antes que uma conquista, a deflação refle-deste cenário contaminem a economia e
te o arrefecimento da demanda e da ativi-garantido melhoras em vários indicadores:
dade produtiva, ao mesmo tempo queenquanto o saldo da balança comercial
confirma, pela forma como vem sendojá ultrapassou a casa dos US$ 20 bilhões
colhida, a existência de uma bomba deem julho, o dólar continua recuando, ten-
efeito retardado que poderá ser letal parado atingido R$ 2,34 em meados do mês, e
a economia.o País passou a colher, desde maio, índi-
A experiência recente da economiaces negativos de inflação. Em junho, o
brasileira - e também mundial - ensina queIPCA registrou deflação de 0,02%, acumu-
câmbio apreciado por tempo excessivolando 3,16% nos seis primeiros meses do
representa a ante-sala de uma crise deano e indicando que se encaminha para
balanço de pagamento e de inevitáveisa meta de 5,1% estabelecida pelo Banco
pressões inflacionárias que se seguemCentral.
decorrentes das desvalorizações cambiais.Apontados como conquistas da políti-
Os módicos ganhos obtidos no combate àca econômica, esses indicadores carre-
inflação por meio de valorização da moe-gam, contudo, um forte componente
da nacional e da asfixia da atividade pro-explosivo de efeito retardado. A deflação
dutiva transformam-se, nesses contextos,colhida é resultado da perversa combina-
em elevados prejuízos, os quais, paração de um câmbio represado com a
serem enfrentados, exigem políticas mone-manutenção de taxas de juros reais exa-
tárias ainda mais restritivas (maiores taxasgeradamente elevadas, que continuam
de juros) e menor crescimento do produto,asfixiando a atividade produtiva. Para der-
principalmente onde vigoram, como norubar a inflação e trazê-la para a meta
caso do Brasil, compromissos com a obten-desejada pelo Banco Central, o governo
ção de metas reduzidas de inflação.continua se omitindo em relação à valori-
Mantida a atual política econômica e con-zação da moeda nacional, passando a se
firmada essa tendência, não haverá comoapoiar, portanto, também na âncora cam-
evitar a contaminação da economia pelasbial, ainda que sacrificando as exporta-
atuais intempéries políticas, com o Brasilções, o setor que ainda tem conseguido
correndo o risco de mergulhar numa crisegarantir algum crescimento positivo para
de proporções imprevisíveis.a economia. Contudo, ainda que continu-
em exibindo um comportamento favorá-
1. POLÍTICA ECONÔMICA
outro lado, os produtos voltados paraApós 9 meses de alta constante na
exportação perdem mercado no exterior, etaxa básica de juros, o Comitê de Política
com a sobre produção, voltam-se para oMonetária (Copom), do Banco Central,
mercado interno.decide manter inalterada a taxa Selic em
Os indicadores de inflação mostram19,75%, sem viés, no mês de junho. A taxa
uma tendência à queda nos preços, node juros começou a ser aumentada em
segundo trimestre do ano. Todos diminuíramsetembro de 2004, quando estava em
entre abril e maio e as quedas mais16%, aumentando desde então 3,75
expressivas foram no IGP-M e IGP-DI (Tabelapontos percentuais. Como explicação a
2.1). Em junho, todos os indicadores foramesta medida o Copom diz "Avaliando as
negativos, em um processo de deflaçãoperspectivas para a trajetória da inflação,
que poderá continuar nos meses seguintes.o COPOM decidiu, por unanimidade,
O Índice Nacional de Preços aomanter a taxa SELIC em 19,75% a.a., sem
Consumidor Amplo (IPCA) diminuiu deviés" (Banco Central do Brasil, 15/06/2005),
0,87% para 0,49% e -0,02% entre os meseso que significa, em outras palavras, que
de abril e junho de 2005. Em junho, aapós meses elevando taxa de juros a
relativa estabilidade dos preços foi devidainflação finalmente cessou, e pode ser
principalmente ao resultado do grupomomento de reter a subida da taxa de
alimentos que caiu 0,67%. Os produtos quejuros. Não se pode tirar o mérito de
apresentaram as maiores quedas foram,Meirelles, Presidente do Banco Central, em
segundo o IBGE, a batata-inglesa (-18,74%),tentar conter a inflação pelo aumento da
a cenoura (-16,89%), o tomate (-10,79%),taxa de juros, uma medida que demora,
as hortaliças (-7,79%), o óleo de soja (-mas que é passível de apresentar resulta-
5,21%), o arroz (-4,84%) e o açúcar refinadodos. Porém, é claro que este resultado não
(-4,69%). Outro grupo que contribuiuprovém apenas desta política, a queda na
significativamente para essa estabilidadetaxa de cambio para R$ 2,50 e posterior-
nos preços foi o de combustíveis, principal-mente para R$ 2,40, também tem um
mente a redução de 8,79% no preço doefeito significativo sobre a taxa de inflação.
álcool e de 1,51% no da gasolina. ApesarConsiderando os diferentes indicadores,
dessas quedas, alguns produtos apresen-que mostram a queda na inflação, pode-
tam elevadas taxas de aumento acumula-se ver que o maior responsável é o IPA
do nos preços durante o primeiro semestre,(Índice de preços ao atacado), no qual
como a batata-inglesa (38,22%), a cenouraentram produtos como o combustível e a
(7,05%), o tomate (31,81%), as hortaliçassoja. Com a queda na taxa de cambio,
(14,20%), o açúcar cristal (1,75%), o azeitefica mais barato importar e mais caro
(4,19%) e os biscoitos (2,65%). Outrosexportar, assim o preço do combustível e
produtos como o arroz (-14,32%), o óleo deos demais produtos importados caem. Por
soja (-8,49%), as
Frutas (-7,15%), e
o a ç ú c a r
r e f i n a d o ( -
2,68%), acumu-
laram reduções
significativas em
seus preços.
Os demais
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 03
2. INFLAÇÃO
grupos também apresentaram uma públicas e o vestuário também contribuí-
tendência de queda, os artigos de higiene ram para esse resultado. Os preços
pessoal apresentaram queda de 0,63%, administrados pelo setor público, tiveram
no mês de junho, os artigos de vestuário reajustes menores do que os esperados,
apresentaram uma redução de 1,45%, principalmente a eletricidade, cujo preço
em maio, para 0,38%, em junho e os depende da taxa de câmbio. O inverno
artigos de limpeza, de 0,69% para 0,47%, menos rigoroso, em São Paulo, contribuiu
também entre maio e junho. Enfim, os para que o preço do vestuário se mantives-
preços administrados não sofreram se em queda.
nenhuma variação significativa que O índice do custo de vida, estimado
pudesse reverter a tendência de estabili- pelo DIEESE, para o município de São Paulo,
dade no IPCA. refletiu igualmente a tendência à queda
O Índice Nacional de Preços ao nos preços no segundo trimestre do ano.
Consumidor (INPC) cresceu 0,90%, em Assim, passou de 0,50%, em abril, para -
abril, 0,70% em maio, e diminuiu 0,11% 0,17%, em junho. Os grupos que mais
em junho (Tabela 2.1), aumentando mais contribuíram para essa queda nos preços
do que o IPCA, nos dois primeiros meses, e entre maio e junho foram: Alimentação (-
caindo mais no terceiro. Assim, as famílias 1,58pp), Transportes (-0,75pp), Saúde (-
mais pobres, com renda até oito salários- 0 , 4 5 p p ) , E d u c a ç ã o ( - 0 , 2 0 % ) e
mínimos, sofreram maiores perdas no início Equipamento Doméstico (-0,15pp). Uma
do trimestre, mas não chegaram a parte dessa queda foi compensada pelos
recuperar as perdas com a deflação de grupos Habitação e Vestuário que contribuí-
junho. ram com aumentos de 0,39 e 0,06 pontos
Em junho, os grupos que mais influíram percentuais, respectivamente.
na queda dos preços foram alimentação Considerando as famílias pesquisadas
e bebidas (-0,82%) e transportes (-0,14%), segundo o estrato de renda, as mais
os demais grupos, comunicação beneficiadas com a redução dos preços
(0,85%),vestuário (0,43%), despesas foram as famílias com renda média de R$
pessoais (0,42%), habitação (0,30%), 934,17, para elas a queda dos preços
educação (0,36%) e artigos de residência médios foi de 0,29%, no mês de junho. Os
(0,28%), apresentaram pequenos preços para as famílias com renda média
aumentos, no mês. de R$ 377,49 tiveram queda de 0,22%, e
As regiões metropolitanas de São Paulo, para as famílias com rendas mais elevadas,
Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador, R$ 2.792,90, a redução foi de 0,11%.
que juntas têm um peso de 58,91%, O índice do custo de vida do DIEESE
apresentaram as seguintes variações em apresentou uma taxa acumulada no ano
junho: -0,05%, -0,24%, -0,20% e 0,16%, de 2,80%, ligeiramente superior ao índice
respectivamente. de preços ao consumidor estimado pela
O IPC-Fipe acompanhou a trajetória do Fipe, que foi de 2,72%. Como a área de
INPCA, no trimestre, com exceção do mês abrangência de ambos é a capital de São
de junho em que a queda foi muito mais Paulo, pode-se inferir que o efeito da
acentuada. Segundo a Fipe, o principal inflação, no primeiro semestre do ano, foi
fator para a queda de 0,20% no índice, foi um pouco mais rigoroso nas regiões
o recuo dos preços dos produtos agrope- metropolitanas estudadas pelo IBGE do que
cuários. A gasolina também sofreu um em São Paulo (Tabela 2.1).
efeito semelhante devido à queda no O IGP-M (Índice Geral de Preços do
preço do álcool, que é misturado à Mercado) fechou o mês de abril pratica-
gasolina. Além da agropecuária, as tarifas mente no mesmo patamar do mês de
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 04
março, com acréscimo de 0,86% ante No segundo trimestre, o valor da cesta
0,85% respectivamente. Em maio, o IGP-M básica aumentou de abril para maio e caiu
apresenta uma taxa de -0,22% e de - no mês de junho, na maioria das capitais
0,44%, em junho. brasileiras, com exceção de João Pessoa,
No mês de maio, o IPA-M (Índice Preço Fortaleza, Recife e Aracaju. Nestas capitais,
ao Atacado) foi o principal responsável não ocorreu a queda observada no mês de
pela queda, pois representa 60% do índice, junho. São Paulo, Porto Alegre e Brasília
variando de 0,96%, em abril, para -0,77% (Tabela 2.2) são as capitais com a cesta
em maio. Os itens que apresentaram as básica mais caras do país. Em Salvador,
maiores quedas foram os produtos in Natal e Fortaleza as cestas básicas são as
natura, de 0,28%, em abril para -2,54%, em mais baratas.
maio; os combustíveis que foram de 0,29% Os maiores aumentos acumulados no
para -2,24%; e as matérias primas, de ano, no custo da cesta básica, ocorreram
1,33% para -3,12%. Em junho, o IGP-M em Recife (19,49%), Belo Horizonte (18,45%)
continuou sua queda para -0,44%, e Fortaleza (14,17%). Os menores aumentos
impulsionado novamente pelo IPA. Apesar foram registrados em Goiânia (6,75%), Natal
de uma retomada no crescimento dos (6,78%) e Florianópolis (7,26%). Em Vitória, o
preços dos produtos in natura (2,17%), o aumento no custo da cesta básica foi de
combustível continuou em queda (-2,28%), 12,06%, no ano, sendo que seu maior valor,
os bens intermediários recuaram em - em maio, foi de R$ 170,76 comprometendo
0,89% e as matérias primas variaram em - 61,64% do salário mínimo de um trabalha-
1,97%. O IPC-M por sua vez variou apenas dor. Segundo os cálculos do DIEESE o valor
0,05%, devido à queda dos preços dos do salário necessário que deveria ser pago
produtos de alimentação e habitação, e o ao trabalhador para suprir suas necessida-
INCC apresentou variação de 2,20%, mas des e para a compra da ração essencial, no
como representa 10% do IGP, não influenci- mês de maio, foi de R$ 1.588,80, apresen-
ou em muito. A taxa acumulada no ano foi tando um aumento de R$ 50,16 se compa-
de 1,75% e de 7,12% em 12 meses. rado a abril. O aumento do salário mínimo
O IGP-DI (Índice Geral de Preços - em R$ 40,00 não foi suficiente para com-
Disponibilidade Interna) tem comporta- pensar o aumento referido.
mento semelhante ao IGP-M, pois a única
diferença reside no período
de referência. O primeiro
corresponde ao mês "cheio"
e o segundo, do dia 21 de
cada mês ao dia 20 do mês
seguinte. Esse indicador, no
entanto, apresenta uma
tendência mais forte de
queda nos preços do que o
IGP-M, ele foi de 0,51%, em
abril, -0,25%, em maio, e -
0,45%, em junho. De todos os
indicadores de inflação
(Tabela 2.1), é aquele que
apresenta a menor taxa
acumulada no ano (1,53%),
em contrapartida, é o que
tem a maior taxa acumulada
em 12 meses.
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 05
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 06
trimestre e tal comportamento negativoPIB
também esteve presente no Consumo doAo apresentar o irrisório crescimento de
Governo (-0,1%) e na Formação Bruta de0,3% no primeiro trimestre de 2005 (Tabela
Capital Fixo (-3,0%). Tanto as Exportações3.1), a taxa de variação trimestral do PIB
quanto as Importações mantiveram ocontinua sua trajetória de queda já detecta-
mesmo ritmo de crescimento (3,5% e 2,3%da no decorrer de 2004. Desde o segundo
respectivamente).trimestre de 2003, quando houve expansão
O nível de investimentos e o Consumode 0,1%, o PIB brasileiro não registrava um
das Famílias foram bases essenciais para onível tão baixo da taxa de variação
crescimento da economia em 2004.trimestral.
Contudo, o desempenho negativo deA política econômica de juros altos
ambos agregados econômicos no primeiromantida pelo governo continua a ser a
trimestre de 2005 refletiu de forma acentua-principal responsável pela desaceleração
da a desaceleração da economia.da economia. Contudo, nesse primeiro
Segundo o IBGE, o comportamento dotrimestre, os efeitos dessa política deixaram
investimento (-3,0%) é explicado pelade afetar estritamente a esfera da oferta e
retração do setor de máquinas agrícolas,passaram a afetar a esfera da demanda. O
que ocorreu devido à queda da safra e aoConsumo das Famílias apresentou uma
mau desempenho do setor de construçãoqueda de 0,6% em relação ao último
civil. Já em relação ao
Consumo das Famílias (-
0,6%), nem mesmo a
expansão do crédito e o
desempenho do mercado
de trabalho foram capazes
de superar o efeito
negativo da alta taxa de
juros.
As autoridades do
governo insistem em alegar
que esse comportamento
do Consumo das Famílias é
temporário, entretanto,
percebe-se que mesmo
em comparação em
médio prazo, essa desace-
leração é visível. O
consumo das famílias
registrou alta de 3,1% em
relação ao primeiro
trimestre do ano passado,
enquanto no trimestre
anterior, o resultado para a
mesma base de compara-
ção foi de 5,4%.
Pelo lado da oferta, a
agropecuária foi o setor que mais teve indústria. Vale destacar que a Indústria de
destaque. No acumulado do ano teve uma transformação continua com uma taxa de
variação positiva em 4,2% e de 4,9%, no crescimento positiva, desde o segundo
acumulado dos últimos 12 meses. Esse bom trimestre de 2003.
desempenho da agropecuária pode ser O setor de serviços também registrou
explicado, conforme o IBGE, por alguns um aumento, de 2%, se comparado com
produtos cujas safras são importantes no mesmo período do ano passado e os sub-
primeiro trimestre do ano, como, por setores que mais se destacaram foram
exemplo, o caso da soja e do algodão. comércio (4,2%) e transporte (4,1%). Mas ao
Embora a indústria tenha apresentando confrontar o primeiro trimestre desse ano,
crescimento de 3,1% em relação ao do setor de serviços, com o último trimestre
primeiro trimestre de 2004, impulsionado do ano de 2004, este teve uma variação
pelos setores de extrativa mineral (3,7%) e negativa em 0,2%, sendo impulsionado
de transformação (3,6%), a indústria exibiu pelo sub-setor de comunicação (-3,2%).
uma redução de 1% nas suas atividades no Para o IBGE, essa queda foi puxada pela
que se refere ao último trimestre do ano redução, em volume, da telefonia fixa.
passado. Segundo o Instituto de Pesquisa COMÉRCIO
Econômica Aplicada (IPEA), a indústria de Segundo dados do IBGE, o comércio
transformação apresenta níveis de produ- varejista registrou crescimento 3,4% em
ção estáveis e suas vendas em queda, o relação a abril de 2004. No acumulado do
que está acentuando a acumulação de ano o comércio varejista cresceu 5,0% e no
estoques e reduzindo o otimismo dos acumulado dos últimos 12 meses o
empresários. crescimento foi de 8,2%.
O setor da construção civil, no acumula- O resultado positivo foi influenciado, em
do dos últimos 12 meses, teve um compor- grande medida, pelas atividades de Móveis
tamento positivo de 6,1%, ficando atrás e eletrodomésticos (23,9%) e de Tecidos,
apenas da indústria de transformação vestuário e calçados (14,8%). As atividades
(6,4%). Porém, neste primeiro trimestre, a de Hipermercados, supermercados,
construção civil teve uma variação menos produtos alimentícios, bebidas e fumo, que
expressiva, de apenas 0,6%, o que pode ser decresceu 1,2%, e a de Combustíveis e
justificado, de acordo com o IPEA, pelos lubrificantes, que decresceu 9,9%, foram
estoques preventivos do aço, que desace- responsáveis pelo impacto negativo.
leraram a demanda de insumos dessa De acordo com o IBGE, o resultado do
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 07
setor de Hipermercados, supermercados, de 5,1% e no acumulado dos últimos 12
produtos alimentícios, bebida e fumo foi meses a taxa foi de 4,8%.
influenciado pelo calendário, pois em 2004 INDÚSTRIA
a Páscoa ocorreu em abril e neste ano De acordo com os dados do IBGE, a
ocorreu em março. Esse deslocamento da produção industrial brasileira não apresen-
Páscoa provocou um efeito-base desfavo- tou variação em abril, em relação ao mês
rável ao segmento, que é o de maior peso anterior, apesar de uma expansão de 6,3%
do varejo e muito sensível à data. Ademais, em relação a abril de 2004. A estabilidade
a queda do rendimento dos trabalhadores da atividade industrial observada entre os
(1,8% em relação a março), devido à meses de março e abril refletiu o equilíbrio
inflação mais alta registrada nesses quatro entre os 10 setores que expandiram a
primeiros meses do ano, explica a diminui- produção e os 12 que apresentaram
ção das vendas dos supermercados, que redução. Dos 23 setores pesquisados,
dependem do aumento da massa salarial. apenas o de Vestuário apresentou variação
Em relação ao mesmo mês do ano nula. Dentre as indústrias que aumentaram
passado, o setor registrou queda de 1,2%, a a produção, destacam-se as indústrias
primeira taxa negativa desde novembro de extrativas (7,4%) e equipamentos de
2003, apesar de manter resultados positivos comunicação (4,9%). Esses ramos estão
no acumulado do ano (3,9%) e no
acumulado dos últimos 12 meses (6,9%).
O setor de Combustíveis e lubrificantes
registrou queda de 9,9% e é a quarta
consecutiva. Essa redução é explicada
pelo aumento no preço dos combustíveis
e, consequentemente, retração do
consumo. Além disso, segundo o IBGE,
houve um processo de substituição da
gasolina, que é o produto mais caro, pelo
álcool e pelo gás natural, que são mais
baratos. Nesses primeiros quatro meses do
ano, a queda acumulada já chega a
6,5% em relação ao mesmo período de
2004 e a 0,05% no acumulado dos últimos
12 meses.
O setor de Móveis e eletrodomésticos,
um dos responsáveis pelo impacto
positivo no resultado do comércio, tem
seu crescimento apoiado nas facilidades
de crédito ao consumidor, com aumento
dos prazos de pagamentos concedidos
pelas lojas. Essas condições vêm proporci-
onando ao setor as maiores taxas de
variação no acumulado no ano (19,6%) e
no em 12 meses (24,3%).
Devido às promoções típicas de
mudança de estação, houve um
aumento no volume de vendas no setor
de Tecidos, vestuário e calçados de 14,8%
em abril em relação a abril de 2004. No
acumulado do ano a taxa registrada foi
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 08
bens não-duráveis. Nos segmentos
de bens de consumo semiduráveis
e não-duráveis houve crescimento
de 8,5% no mês de abril, desta-
cando-se o aumento na produção
de álcool (91,7%), influenciado
pelo aumento da frota de veículos
bi-combustíveis e pelas exporta-
ções. Com a melhora do mercado
de trabalho, foi possível esse
crescimento dos bens não-
duráveis, que são mais consumi-
dos no mercado interno.entre os que mais contribuíram para o
ESPÍRITO SANTOcrescimento da indústria em abril, e alguns
O desempenho industrial capixabade seus produtos, como açúcar e celulares,
apresenta um crescimento de 4,76% estesão voltados para exportação. Em contra-
ano, um resultado positivo de 5,56% nospartida, dentre as que reduziram a produ-
últimos doze meses e de 4,96% na compa-ção, ressaltam-se as indústrias de máquinas
ração com o mesmo mês do ano anterior.e equipamentos (-4,0%) e farmacêutica (-
No entanto, se nos atentarmos para a6,2%).
dinâmica destas variáveis, notaremos umaA indústria em geral cresceu 6,3%, no
suave desaceleração da indústria nomês, 4,5%, no ano, e 7,5 % em 12 meses
Estado que se inicia em janeiro deste ano e(Tabela 3.3) indicando acompanhando o
segue a tendência de queda até ocrescimento indicado pelo PIB do primeiro
presente momento. Tal fato é resultado dotrimestre do ando. As indústrias extrativas
aumento contínuo e gradual dos juros noscresceram 13,7% e a de transformação
meses precedentes, bem como a expecta-cresceu 5,9%. As atividades que mais
tiva de alta, que se mantém.cresceram no mês foram as perfumarias e
Entre os setores que elevaram aprodutos químicos (33,3%), equipamentos
produção em comparação ao mesmode comunicações (18%), veículos automo-
mês do ano anterior estão a metalurgiatores (15,o%) e de bebidas (11,0%). As
básica, com 13,07% de expansão (a altaatividades que apresentaram retração no
mais expressiva pode ser explicada pelomês foram as de refino de petróleo e álcool
aumento de lingotes, blocos, tarugos e(-4,8%), fumo (-3,6%) e equipamentos de
placas de aço), minerais não metálicosinformática (-1,6%).
(6,66%), tendo o cimento como responsá-A indústria mostrou, em abril, um ritmo
vel por esta primeira alta no ano. Da mesmade crescimento mais acelerado (6,3%).
forma, apresentaram expansão o setor deEsse movimento é observado nas quatro
categorias de uso (Tabela 3.4),
embora seja mais intenso nos bens
de consumo, tanto nos duráveis e
semiduráveis como nos não-
duráveis. No segmento de bens
duráveis, registrou-se crescimento de
17,8%, destacando-se a produção
de automóveis (23,6%). O crédito fez
com que essa categoria tivesse um
desempenho melhor nesses
primeiros quatro meses que a de
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 09
4. EMPREGOS E SALÁRIOS
celulose e papel (5,23%) e alimentos e podendo ser destacadas por sua maior
bebidas (2,50%), ainda que este tenha influência na taxa global: alimentos e
diminuído muito o rimo de crescimento. A bebidas (16,85%), metalurgia básica
indústria extrativa (-1,71%), única atividade (6,19%) e as indústrias extrativas (3,31%).
com queda na produção, tem o seu Minerais não metálicos foi o único setor que
primeiro resultado negativo neste ano. O pressionou o índice negativamente (-0,4%).
minério de ferro contribuiu com o maior Após o período de boom das exportações,
impacto sobre esta taxa. parece ter havido uma acomodação do
No indicador acumulado para o ano, a setor exportador como reflexo da valoriza-
produção industrial capixaba apresenta ção do câmbio. O mercado interno, por seu
expansão de 4,76%, com todos os lado, continua deprimido por altas taxas de
segmentos exibindo desempenho positivo: juro. Sendo assim, a tendência de queda no
alimentos e bebidas (12,69%); celulose e acumulado dos últimos doze meses deve
papel (6,62%), indústrias extrativas (4,02%) e se espalhar para os demais índices se
metalurgia básica (1,98%). A produção providências não forem tomadas, principal-
acumulada dos últimos doze meses mente no setor monetário da economia.
cresceu 5,56% com três atividades
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 10
combustíveis" com 19,9% dos emprega-A taxa média de desemprego, estima-
dos. A sua participação manteve-seda pelo IBGE para seis regiões metropolita-
constante tanto em relação a marçonas do país, aumentou gradativamente nos
quanto em relação a abril de 2004. Quantotrês primeiros meses do ano, em seguida
às formas de inserção ao mercado demanteve-se constante e caiu levemente
trabalho observou-se que 40,3% daentre os meses de abril e maio de 2005. O
população ocupada possuía carteirarendimento médio real, que havia chega-
assinada no setor privado, enquanto quedo a R$ 963,80, em março, caiu para R$
15,8% da população ocupada trabalhava932,80, voltando ao mesmo nível de maio
sem carteira no setor privado e os trabalha-do ano passado. Os mais prejudicados
dores autônomos representavam 19% daforam os assalariados sem carteira
população ocupada.assinada e os trabalhadores por conta
A distribuição dos trabalhadoresprópria, uma redução de -2,6% e -4,9%,
segundo os principais setores da economiarespectivamente.
mostra uma melhora na “indústria extrativa,Em maio, a taxa de desocupação ficou
de transformação e distribuição deem 10,2%, uma pequena diminuição em
eletricidade, gás e água", com 17,6% darelação ao mês de abril. É a primeira vez
população ocupada, com um aumentoneste ano em que há uma diminuição na
de 3% em relação a abril. No setor detaxa de desemprego, voltando ao patamar
de janeiro. Em abril, a taxa
de desemprego foi de
10,8% o mesmo nível do
mês anterior. As atividades
que mais empregaram no
mês de abril foram as de
"comércio, reparação de
veículos automotores, de
objetos pessoais e domésti-
cos e comércio a varejo de
"educação, saúde, serviços sociais, variação positiva em 0,4% no nível
administração pública, defesa e segurida- ocupacional. O principal responsável foi o
de social" com uma participação em setor de indústria, com uma elevação de
16,0% da população ocupada, apresen- 2,5%, correspondendo em 40.000 novos
tou uma elevação de 2,3% em relação a postos de trabalho, porém a maior parte foi
abril. Em maio, assim como no mês anterior, sem carteira assinada. Em relação a maio
Porto Alegre e Salvador foram as cidades do ano passado, houve um aumento de
que, dentre as regiões metropolitanas 3,9% na taxa de ocupação, sendo que o
pesquisadas pelo IBGE, apresentaram principal destaque foi a indústria (5,5%).
respectivamente a menor e a maior taxa O CAGED (Cadastro Geral de
de desemprego (7,7% e 15,9%). Tanto Empregados e Desempregados) registrou
nestas duas regiões quanto nas demais no ano 770,8 mil novas vagas de emprego
foram registradas taxas de desemprego formal no Brasil. Contribuíram para o bom
menores do que no mês de abril. Porém, o resultado (Tabela 4.2) o setor de Serviços,
rendimento médio real apresentou uma com 304,5 mil novos postos com carteira
queda de 1,5% em relação ao mesmo assinada, o da indústria de Transformação,
mês. com 177,0 mil vagas, o Agropecuário com
O Dieese registrou uma taxa de 107,1 mil e o Comércio com 100,9 mil
desemprego de 17,5% da população vagas. Os resultados menos expressivos
economicamente ativa, ou 1,76 milhão de ficaram por conta da Construção civil,
pessoas, na região metropolitana de São administração pública, Serviços Industriais
Paulo, em maio. Desse total, 11,0% é de de Utilidade Pública e Extrativa Mineral.
desemprego aberto (1,1 milhão) e 6,5% de Apesar do resultado positivo, em compara-
desemprego oculto (654 mil pessoas), um ção com mesmo período de 2004, a
quadro estável em relação aos meses de redução no saldo de postos de trabalho
março e abril. Para o IBGE, a taxa de chega a 7,0%. Nem mesmo o excelente
desemprego foi de 10,5%, sete pontos resultado do setor de serviços e de serviços
percentuais a menos do que o desempre- industriais de utilidade pública (aumento de
go total estimado pelo Dieese. Toda essa 34,0% e 133,0% respectivamente) em
diferença decorre de uma concepção relação ao mesmo período do ano
metodológica que considera os ocupados passado conseguiu contrabalançar o
com trabalho precário como empregados fechamento de vagas em setores como
e exclui da PEA os desempregados por Construção Civil, Agropecuária e
desalento. No mês de maio houve uma Administração Pública. Esta tendência
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 11
porém não se verifica na comparação dos superior a do mesmo mês do ano passado,
resultados de 2004 e 2005, com relação mas inferior ao mês anterior. O saldo do
aos últimos 12 meses findos em maio. A comércio nesse mês manteve-se pratica-
elevação do saldo é substancial, cerca de mente estável em comparação a abril.
40 por cento. No segundo bimestre de 2005 Os dados do CAGED para o Espírito
todos os setores apresentaram saldo Santo registraram uma súbita e significativa
positivo. O resultado líquido de vagas de melhora no nível do trabalho formal, mas
trabalho formal aumentou expressivamen- com tendência fortemente negativa. Após
te (369,1 mil postos) se comparado aos dois o saldo negativo observado em fevereiro
primeiros meses do ano (189,3 mil postos). de 2005 (-62 vagas), em março houve a
Na comparação de abril em relação a abertura de 4.823 postos adicionais,
março, o saldo mais que dobrou. No crescimento este que se sustentou nos
entanto, em maio o resultado total meses seguintes. Em abril foram contabili-
apresenta sinais de desaceleração. Apesar zadas 9.627 novas vagas, quase o dobro
da geração de mais 212,4 mil postos de das oferecidas no mês precedente e esse
trabalho com carteira assinada, o resultado patamar praticamente se manteve
é 20,0% menor do que em abril (266,1 mil inalterado em maio. Se comparados aos
vagas). registros de março, abril e maio de 2004, os
Em maio, os setores que mais se dados obtidos para os mesmos meses de
destacaram foram o da Agropecuária, um 2005 apresentaram variações positivas
saldo (58,7 mil vagas) superior ao de abril substanciais em cada um deles de,
(44,2 mil vagas), e o do setor Serviços, que respectivamente, 139,4%, 31,4% e 14,4%.
registrou variação positiva (57,7 mil postos) Nos cinco primeiros meses de 2005, foi
registrado pelo CAGED a criação de
25.872 novos vínculos empregatícios
formais, um crescimento de 31,2%
em relação a 2004, de modo que
apenas março, abril e maio
contribuíram para a ampliação de
23.626 vagas. A Agropecuária
apresentou o saldo mais expressivo
do período, seguida pelo setor de
Serviços. O pior resultado foi obtido
pelos Serviços Industriais de Utilidade
Pública.
Nos últimos doze meses foi regis-
trada a abertura de 42.158 novas
vagas de trabalho formal, um núme-
ro 79,61% maior do que o alcança-
do no mesmo período de 2004
(23.472 vagas), o que corrobora a
observação inicial de crescimento
da demanda por trabalhadores no
estado. O setor de Serviços se desta-
ca outra vez como grande responsá-
vel para essa ampliação, ofertando
15.657 novas possibilidades de
emprego e relegando ao Comércio
a segunda colocação (9.355
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 12
mentícios (5,34%). Enquanto
que os segmentos que acentu-
aram os saldos negativos
foram: material elétrico e de
comunicações (-9,93%) e
mecânico (-7,36%).
Os dados do IEL-ES indicam
que o nível de emprego na
indústria capixaba registrou
alta de 6,52% nos últimos dozevagas).
meses. Os setores que mais contrataramDe acordo com o Instituto Euvaldo Lodi
foram os de indústrias de material elétrico e(IEL-ES), o nível de emprego na indústria
de comunicações (+40,61%), madeiracapixaba elevou-se 0,89% em março des-
(+25,62%) e bebidas (+17,79%). E no acu-te ano principalmente nos setores: borra-
mulado do ano também registrou umcha (5,17%), material de transporte
incremento no número de trabalhadores(3,07%), químico (3,78%) e metalúrgico
empregados na indústria capixaba(1,44%). No acumulado do ano houve
(+4,07%).acréscimo de 1,33%, com destaque para
Os dados do SINE-ES (Sistema Nacionalconstrução civil (5,58%), químico (5,13%),
do Emprego do Ministério do trabalho etêxtil (4,97%), material de transporte
Emprego) demonstram uma elevação na(4,67%), madeira (3,76%) e minerais não
procura por emprego nos mês de marçometálicos (3,22%). Em comparação com
(6.031 pessoas) em relação aos dois prime-fevereiro, registrou-se em março nas
iros meses do ano, registrando crescimentopequenas empresas um aumento do
de 7,8% e 6,2% respectivamente. Já o mêsnúmero de postos de trabalho de 1,56%,
de abril, registrou decréscimo de 14,4% emporém nas grandes empresas houve uma
relação ao mês anterior. Em relação a abril,redução de 1,23%. Nos últimos doze meses
o mês de maio registrou um crescimentohouve aumento do emprego na indústria
de 6,3%. A oferta potencial também cres-(7,83%), com destaque para a indústria de
ceu, de 1.312 vagas em fevereiro paramaterial elétrico e comunicação (45,16%),
1.738 em março e 2.041 em abril, já noquímica (23,88%), madeira (18,89%) e
mês de maio ocorreu uma queda, paramecânica (18,13%). O nível de emprego
1.818 vagas. No total, foram cadastradasna indústria capixaba apresentou cresci-
27.947 pessoas nos primeiros cinco mesesmento pelo quarto mês consecutivo, regis-
do ano e encaminhados 14.190 candida-trando 1,70% em abril. Os setores que mais
tos para as 8.940 vagas captadas, tendocontribuíram para o crescimento do núme-
sido contratadas 4.368 pessoas. A taxa dero de postos de trabalho foram: químico
alocação também tem crescido sistemati-(11,49%), outros, que se refere aos gêneros
camente entre janeiro e abril, caindo node couros e peles, produtos farmacêuticos
mês de maio. No ano, essa taxa atingiue veterinários, perfumarias, sabões e velas
49,0%.(9,33%), madeiras (7,25%) e produtos ali-
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 13
5. POLÍTICA MONETÁRIA
O objetivo desta seção é discutir os nismo decorre do fato de que essa taxa de
instrumentos de controle de liquidez que o juros, formada no mercado interbancário,
Banco Central utiliza para influenciar, ou servirá de base para toda estrutura de juros
tentar determinar, as taxas de juros de cur- do país.
tíssimo prazo. A importância desse meca- A Tabela 5.1 aponta para uma mudan-
ça na trajetória da base monetária que do público e moedas metálicas) com a
voltou a crescer em maio, ela vinha caindo moeda escritural (depósitos à vista nos
desde dezembro quando atingiu R$ 88,7 bancos). No mês de maio, a média dos
bilhões. A base monetária representa o saldos diários dos meios de pagamento foi
passivo monetário do banco central, sen- de R$ 116,3 bilhões, redução de 1,1% no
do representada pelo papel moeda emiti- mês e 6,5% nos cinco primeiros meses do
do (soma do papel moeda em poder do ano. O saldo do papel moeda em poder
público e papel moeda mantido no caixa público foi de R$ 44,9 bilhões, enquanto os
dos bancos) juntamente com as reservas depósitos à vista somaram R$ 71,5 bilhões.
bancárias (que é uma espécie de conta A oscilação da base monetária pode
corrente que os bancos possuem junto ao ser entendida por meio da análise da
Banco Central, compreendendo os depó- Tabela 5.2. Ela mostra o conjunto de opera-
sitos voluntários e compulsórios dessas ções através das quais o Banco Central
instituições). Em maio, o saldo da base expande e contrai diariamente a base
monetária, estimado no final de período, monetária. A rigor, a única operação que o
atingiu R$ 79,7 bilhões (elevação de 2,5% Banco Central tem maior controle são as
no mês). A componente reserva bancárias operações de mercado aberto, através da
que apresentou expansão de 8,4% no qual ele compra e vende títulos públicos.
mês, enquanto a soma do papel moeda Outra operação importante, que poderia
emitido apresentou leve redução de 0,3% estar sob controle, são as operações do
no mês, mantendo-se na casa dos R$ 53,0 setor externo. Após a crise cambial e a
bilhões. adoção do regime de taxa flutuante, o
O conceito tradicional de moeda (M1), Bacen tem-se recusado sistematicamente
os meios de pagamento, representam a a exercer qualquer controle, seja sobre o
"oferta de moeda", isto é o somatório da movimento de capitais seja sobre a taxa
moeda manual (papel moeda em poder de câmbio. As operações por conta do
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 14
Tesouro Nacional depende da determina- expectativa é que o nível geral de preços
ção do Ministério da Fazenda em obter o assegure a convergência para as metas
maior superávit primário possível e as dema- fixadas para 2005 e 2006, tornando-se
is operações são pouco significativas e desnecessário, por ora, prosseguir com o
praticamente todas dependem de deci- "ajuste" aplicado até então. Porém, levan-
sões externas ao Bacen. do-se em conta o cenário da inflação espe-
As operações do Tesouro Nacional rada para os próximos 12 meses (IPCA de
apresentaram um movimento contracionis- 5,11%, relatório Focus) e a taxa SELIC atual,
ta de R$ 4,9 bilhões, em maio, seguindo a verifica-se que a taxa básica real de juros
tendência observada desde fevereiro. Esse situa-se ao nível alarmante de 14,64%
resultado decorre da decisão de produzir anuais, a mais elevada do mundo. Isto
um superávit primário de pelo menos implica que o sistema de metas inflacioná-
4,25% do PIB. Em contrapartida, para man- rias, a despeito da evolução favorável do
ter a quantidade de moeda disponível no nível geral de preços, faz com que as taxas
sistema econômico, o Bacen comprou de juros praticadas no Brasil sejam absurda-
mais títulos do que vendeu, resultando em mente elevadas. Os efeitos perniciosos
emissão de mais de R$ 15,5 bilhões, em dessa política monetária recessiva tradu-
abril e maio. A política de compra de divi- zem-se na previsão de crescimento do PIB
sas, iniciada em dezembro, foi suspensa deste ano, que foi revista para baixo, de
desde março, por isso, entre abril e maio, 3,5% para 2,8%, segundo o IPEA.
observa-se apenas uma redução da base A taxa média de juros cobrada nas
monetária em R$ 8,0 milhões. Um contraste operações de crédito pré-fixadas com
enorme em relação à emissão de mais de recursos livres do sistema bancário atingiu
R$ 20,0 bilhões nos dois meses anteriores, 65,7% para pessoas físicas e 44,6% para
por conta da compra de divisas no merca- pessoas jurídicas, no mês de maio, ambas
do de câmbio. Os depósitos das instituições com aumento contínuo desde o início do
financeiras apresentaram uma contribui- ano. As taxas de juros cobradas pelos ban-
ção significativa na expansão da base, na cos nas operações de crédito, calculadas
ordem de R$ 1,6 bilhão, o que representa através da capitalização das taxas diárias
uma grande redução dos depósitos das durante o número de dias úteis em um
instituições bancárias junto ao Banco período de 30 dias, continuam bastante
Central. As demais operações são margi- elevadas. As taxas para o cheque especial,
nais em relação ao conjunto e não apre- em operações pré-fixadas, estimadas para
sentaram grande contribuição no movi- o período entre 15/06 e 21/06, apresentam
mento da base monetária. os seguintes patamares, por instituição: as
estatais Caixa Econômica Federal (136,0%
Taxa de juros a.a.), Banco do Brasil (146,0% a.a.) e
BANESTES (169,0% a.a.); os maiores bancosNa última reunião do COPOM, realizada
privados brasileiros Bradesco (158,0% a.a.),entre os dias 14 e 15 de junho, decidiu-se,
Itaú (151,0% a.a.); os estrangeiros ABN-por unanimidade, manter a meta da taxa
AMRO (142,0% a.a.), HSBC (159,0% a.a.); aSELIC no patamar de 19,75% a.a., sem viés,
maior taxa é ainda oferecida pelo Bancofinalizando o ciclo de aumentos ininterrup-
Schahin, que chega a 218,0% a.a., sendotos observados desde setembro de 2004. A
que a menor cabe ao Banco Votorantim,decisão reflete a expectativa positiva dos
apenas 21,3% a.a..diretores do Banco Central em relação ao
No que se refere ao crédito pessoal, nocomportamento esperado dos índices de
mesmo período considerado, a Crefisa e oinflação. De acordo com a mais recente
Banco Ibi cobram as maiores taxas (respec-ata do Comitê de Política Monetária, a
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 15
tivamente 731,0% e 388,0% ao ano). A Brasil, a maior (80,2% a.a. ).
menor é a do Banco Daimlerchrysler, 21,7%
a.a.. Os bancos federais cobram taxas que Operações de Crédito
vão de 48,5% a.a. (Caixa Econômica O volume total de crédito do sistema
Federal), a 60,1% a.a. (Banco do Brasil). No financeiro brasileiro somou R$ 518,3 bilhões,
Estado, o custo financeiro do crédito pessoal em maio de 2005, evoluindo em 0,5% no
ao cliente é de 44,7% a.a. pelo BANESTES. mês e 18,4% em doze meses, apresentou
Para os bancos privados nacionais, as referi- crescimento de 4,0% no trimestre e 6,9 % no
das taxas são as seguintes: Bradesco (86,3% ano, em relação ao PIB manteve-se estável
a.a.), Unibanco (93,4% a.a.) e Itaú (101,2% na comparação com o mês anterior, mas
a.a.). Já os maiores bancos estrangeiros foi superior aos 25,5% registrado em maio
cobram 79,4% a.a. (Banespa) e 192,3% a.a. de 2004.
(ABM-AMRO). As carteiras de crédito com recursos
Para as pessoas jurídicas, as operações livres representaram, 58,3% desse total, com
de crédito mais importantes, que represen- o saldo de R$ 302,4 bilhões, evoluíram em
tam o maior volume de negócios, são os 1,0% no mês, 21,8 % em doze meses, 6,1%
empréstimos para capital de giro, a conta no trimestre e 11,4% no ano. A parcela de
garantida e as antecipações de contratos crédito contratado com recursos direciona-
de câmbio (ACC). As taxas efetivas pré- dos alcançou o montante de R$ 179,7
fixadas, para empréstimos a título de capital bilhões, as operações de leasing R$ 16,7
de giro, estimadas pelo Banco Central, para bilhões e o setor público - administração
o período já mencionado, variaram entre o direta e indireta e atividades empresariais -
mínimo de 15,5% a.a. (BPN Brasil) e o máxi- R$19,5 bilhões. O resultado das operações
mo de 181,6% a.a. (Banco Pactual). Os de crédito do sistema financeiro foi susten-
cinco maiores bancos cobraram respecti- do, nos últimos meses, pelo incremento nos
vamente as seguintes taxas anualizadas: créditos com recursos livres concedidos a
Banco do Brasil (31,0%), Caixa Econômica pessoas físicas, que cresceram 3,5% no
Federal (36,2%), Bradesco (47,8%), Itaú mês, 10,8% no trimestre, 18,7% no ano, e
(43,7%) e Unibanco (31,2%). Para a conta 36,8 % em doze meses, impulsionado pela
garantida, os bancos cobraram de 4,0% cessão de crédito pessoal descontado em
a.a. (Banco Cruzeiro do Sul) até 172,0% a.a. folha de pagamento. As carteiras de
(Banco Sofisa). Dentre os cinco maiores empréstimos a pessoas jurídicas com
bancos, a Caixa Econômica Federal cobra recursos internos (R$ 119,9 bilhões) com
a menor taxa (42,7% a.a.) e o Banco do redução de 0,2% no mês, efetuadas priori-
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 16
tariamente para capital de giro e vendor, e em doze meses. O governo federal com
as referenciadas em moeda estrangeira saldo devedor de R$ 5,0 bilhões, elevou o
(R$ 48,1 bilhões), apresentaram queda de volume de empréstimos em 1,4% no mês,
3,0% no mês, -0,9% no trimestre, 4,0% no 1,3% no trimestre, 0,1% no ano e (-5,4%)
ano e -16,4% em doze meses. em doze meses. O spread bancário com
Por outro lado, os recursos direcionados recursos livres, em maio de 2005, atingiu a
(habitação, rural, BNDES e outros), totaliza- taxa de 46,8% para pessoa física e 13,8%
ram, em maio de 2005, R$ 179,7 bilhões, para pessoa jurídica, superior às taxas de
registrando queda de -0,4%, no mês, 0,3% maio de 2004, que perfizeram 45,2% a.a.
no trimestre e -0,3% no ano. Se compara- e 13,1% a.a. respectivamente. Já os juros
do a maio de 2004 (R$ 161,1 bilhões), do cheque especial para pessoa física
houve aumento de R$ 18,6 bilhões. O total ficaram estáveis em 147,6% a.a., no mês
de empréstimos concedidos pelo BNDES de maio e a taxa de juros para compra de
(direto e repasses) atingiram R$ 94,3 veículos apresentou uma ligeira alta,
bilhões, uma variação negativa de 1,1% passando de 37% em abril para 37,4% em
no mês, -2,3% no trimestre e -7,0% no ano. maio.
De janeiro a maio de 2005, os emprésti- A taxa de inadimplência medida pelos
mos concedidos pelo BNDES somaram R$ níveis de riscos registrados pelas opera-
15,1 bilhões, valor superior em 8,5% ao ções de crédito do sistema financeiro
concedido no mesmo período de 2004. brasileiro (Tabela 5.3), em maio de 2005,
Segundo a distribuição setorial de caiu em relação ao mês anterior, 60,2%
crédito, em maio de 2005, o endividamen- das dívidas foram classificadas nos níveis
to do setor privado se elevou em 0,5% no AA e A, não vencidas ou com até 15 dias
mês, 4,1% no trimestre, 7,1% no ano e de atraso, ante 59,8% registrado em abril
18,8% em doze meses, totalizando saldo de 2005, 36,7% estão com 15 a 180 dias
de R$ 498,8 bilhões (Tabela 5.3), incre- de atraso (B até G), contra 37,1 % atingido
mento impulsionado pelos empréstimos em abril e somente 3% se enquadraram
concedidos a pessoas físicas, que evoluí- na faixa de maior risco (H), com mais de
ram em 3,8% no mês, 10,7% no trimestre, 180 dias de atraso. O setor público ainda é
17,2% no ano e 40,3% em doze meses. A o melhor cliente, com 72,4% das dívidas
carteira de crédito direcionada à indústria não vencidas ou com até 15 dias de
(R$ 128,6 bilhões), apresentou variação atraso. Enquanto, os governos dos estados
negativa 0,2% no mês, ante o incremento e municípios praticamente mantiveram os
de 1,6% no trimestre, 2,9% no ano e 7,1% níveis de risco de abril, apresentando
em doze meses. Bem como, o estoque de ínfima melhora de 64,6% (AA+A) em abril
crédito direcionado a outros serviços (R$ para 64,3% em maio. Os devedores do
82,0 bilhões) que apresentou queda de setor privado quase não mudaram a
3,3% no mês, O Setor Público está endivi- situação das inadimplências. As dívidas
dado em R$ 19,5 bilhões, registrando não vencidas ou com até 15 dias de
queda de 0,4% no mês, ante expansão de atraso passaram de 59,3%, em abril, para
1,6% no trimestre, 1,3% no ano e 8,8% em 59,8%, em maio. Os piores clientes são os
doze meses. Os governos dos estados e do setor habitação, (43,4% na faixa AA+A,
municípios devem R$ 14,4 bilhões, 49,5% na faixa B até G e 6,1% na faixa H),
apesar de reduziram os débitos em 1% no seguido pelas pessoas físicas (59,8% na
mês, apresentaram variação positiva em faixa AA+A, 38,3% na faixa B até G e 6,1%
1,7% no trimestre, 1,7% no ano e 14,8% na faixa H).
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6. POLÍTICA FISCAL
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 18
brasileiro passou a utilizar como principalEm março de 2005, o governo brasileiro
indicador da política fiscal a relaçãodecidiu não renovar o acordo com o
Dívida/PIB, e não mais a Necessidade deFundo Monetário Internacional (FMI). O
Financiamento do Setor Público (NFSP). Issoargumento principal é que ele já havia
significa que, apesar da dívida estar cres-aprendido o modo (do FMI) de fazer políti-
cendo, o governo está conseguindo fazerca econômica e tinha a capacidade de
com que o crescimento econômico sejafechar as contas de uma maneira respon-
um pouco maior.sável, não necessitando mais do Fundo.
A ajuda dos governos estaduais e muni-Essa capacidade não foi obtida por acaso,
cipais e das empresas estatais foi de sumaela vale porque o governo decidiu manter
importância para o crescimento do resulta-as medidas fiscais de quando era assistido
do primário do Setor Público. E, ainda mais,pelo FMI. Entretanto, foi enquadrado no
a expansão da carga tributária foi tantaprograma de monitoramento pós-acordo
que seu aumento, além de permitir que o(PPM - Post-Program Monitoring). Por isso,
governo gastasse mais, permitiu a manu-continua a busca pelo controle da inflação
tenção e até um aumento do resultadoe o aumento do superávit primário visando
primário. Porém, esse aumento da tributa-principalmente o pagamento dos juros e,
ção desestimula a produção e o investi-conseqüentemente, a redução da relação
mento, o que fez o governo buscar novosDívida/PIB. O que contribuiu para a redução
mecanismos para a garantia deste. Umdessa relação foram, além do superávit
deles é a aprovação da lei das PPPs (Parce-primário, outras condições macroeconô-
rias Público-Privadas).micas favoráveis (estabilidade cambial e a
Contudo, há ainda a necessidade detaxa de crescimento do PIB que superou o
garantir os gastos com algumas rubricasaumento da dívida).
(saúde e benefícios previdenciários) queCabe destacar ainda um outro aspecto
continuam crescendo. Mas, estimuladoda política fiscal, já que desde o início dos
pela equipe do Ministério da Fazenda,acordos com o FMI (em 1998), o governo
estão ocor-
rendo discus-
sões sobre o
e v e n t u a l
aumento da
Desvinculaç
ã o d o s
Recursos da
União (DRU),
apontando
p a r a u m a
r e d u ç ã o
ainda maior
das despe-
sas. Percebe-
s e q u e o
g o v e r n o
ainda está
muito preo-
cupado, e vem sendo assim desde o início superior ao mesmo período do ano passa-
desse tipo de política fiscal, em garantir do. Este resultado foi influenciado, princi-
que as expectativas dos investidores estran- palmente, pelo aumento da alíquota da
geiros sejam atendidas e continua assegu- CSLL sobre as prestadoras de serviços,
rando a estabilidade do país para atrair e aumento da Cofins sobre as importações e
mais capital estrangeiro. Resta saber até aumento da arrecadação do IRPJ e da
quando será possível continuar com essas CSLL devido a maior lucratividade das
medidas sem despertar maior insatisfação empresas.
da população. Mesmo com o término do A Tabela 6.2 expõe o resultado consoli-
acordo com o FMI o governo brasileiro dado do setor público segundo o conceito
reitera a continuidade da estratégia de "abaixo da linha", ou seja, pela necessida-
busca de credibilidade do mercado finan- de de financiamento do setor público. O
ceiro em detrimento do sistema produtivo e resultado primário foi superavitário nos três
dos trabalhadores. A Tabela 6.1 que trata meses considerados. Deve-se destacar o
das receitas e gastos não financeiros do resultado primário de R$ 50,3 bilhões acu-
Governo Central, pelo conceito "acima da mulado do ano (janeiro-maio), em que o
linha", aponta para a continuidade do governo central foi responsável por R$ 34,3
ajuste fiscal com a realização de um supe- bilhões ou 68,3% do total.
rávit primário de R$ 33,7 bilhões, 4,4% do Esse montante mostra tamanho do
PIB, nos cinco primeiros meses do ano de esforço fiscal que está sendo feito pelo
2005, um acréscimo de 18% em relação setor público, em especial pelo Governo
ao período anterior. Central. Para que se tenha uma idéia do
Em maio de 2005 verificamos uma impacto desse esforço no orçamento geral
queda de 15,9% nas receitas do Tesouro da União, o Ministério dos Transportes, que é
em relação a abril, devido a recolhimentos o ministério com o maior orçamento do
sazonais, e aumento de despesas em governo, só teria gasto, 1,35% do montan-
custeio e capital referente a antecipação te autorizado no orçamento de 2005, até o
de despesas, culminando em um superávit mês de abril, segundo o Ministério do
de R$ 3,1 bilhões para o governo central, Planejamento. Desta forma, os programas
76,1% menor do que no mês anterior. de conservação da malha rodoviária fede-
No acumulado do ano é que verifica- ral só gastaram R$ 330,0 milhões de um
mos a tendência contracionista da política total de R$ 2,0 bilhões.
fiscal do Tesouro Nacional. Ele obteve uma O aperto fiscal feito pelo setor público
receita bruta de R$ 156,3 bilhões, 15,6% atingiu níveis recordes no mês de abril.
Juntos, União,
estados, municí-
pios e estatais
economizaram
R$ 16,3 bilhões,
o maior valor já
registrado desde
que o Banco
Central passou a
efetuar essa
estatística, em
1991. Por isso, foi
registrado um
resultado nomi-
nal superavitário
no valor de R$
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 19
3,1 bilhões, nesse mês.
Segundo estudos do
Bacen, o governo fede-
ral, os estados e os muni-
cípios ainda precisarão
economizar R$ 83,8
bilhões neste ano para
cumprir a meta de supe-
rávit primário de 4,25%
do PIB. O montante é
3,4% superior ao valor
nominal do ajuste fiscal
realizado em 2004.
positivo de R$ 13,48 bilhões.A dívida líquida do setor público atingiu,
Em abril, o resultado primário de R$em março, o valor de R$ 965,95 bilhões
16,34 bilhões - que pode ser considerado(Tabela 6.3). Desse total, R$ 855,58 bilhões
excepcional, mesmo dados os níveis atuaisreferiam-se à dívida interna e R$ 100,37 à
de comparação - foi responsável, em gran-dívida externa. A dívida total, que em
de medida, pela redução da dívida líquidadezembro de 2004 era de R$ 957,0 bilhões,
de R$ 965,95 bilhões, em março, para R$chegou ao mês de maio de 2005 com
956,98 bilhões. Soma-se ao efeito do supe-estoque de R$ 957,57 bilhões, ou seja, sem
rávit primário o saldo da conta de ajustevariação nominal expressiva no período
cambial de R$ 7,39 bilhões, que tambémdestacado.
contribuiu como fator importante paraEsse movimento explicita a dificuldade
redução da dívida total líquida no período.de controle da dívida líquida do setor públi-
Considerando as diferentes esferas daco pela atual política econômica. Apesar
administração pública, pode-se observardo acréscimo no superávit primário, a dívi-
na Tabela 6.3 que todos os entes, desdeda líquida total atingiu um novo recorde e
que agregados os resultados de estados erecuou, em maio de 2005, apenas ao nível
municípios e com exceção das empresasdo final do ano anterior. A equipe do
estatais, apresentaram aumento no total deMinistério da Fazenda, por sua vez, utiliza
suas dívidas. A dívida líquida do governouma argumentação que enfoca a queda
central sofreu acréscimo de 1,41%, emna relação Dívida/PIB, que, todavia, deve-se
maio, em comparação com o mesmo mêsprincipalmente ao crescimento do denomi-
do ano anterior; a dos estados e municípios,nador nesse quociente, conforme foi indi-
5,34%; e as empresas estatais apresenta-cado no número anterior do boletim de
ram uma redução expressiva (em termosConjuntura.
relativos) de 90,9% no montante total deConsiderando-se o ano de 2005 como
suas dívidas líquidas. Quando tomada emum todo, com exceção de
abril, todos os meses apre-
sentaram superávits primári-
os insuficientes para com-
pensar os altos gastos com
juros. Contudo, os ajustes
cambiais têm evitado
maior acréscimo ao esto-
que total da dívida. Até o
mês de maio deste ano, a
conta de ajustes cambiais
havia "criado" um saldo
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 20
seu conjunto, a dívida líquida total no mês de R$ 19,70 bilhões para R$ 15,98 bilhões.
de maio de 2005 sofreu acréscimo de Finalmente, as empresas estatais passaram
1,15% em comparação com maio de de tomadoras de recursos a credoras: a
2004. dívida externa que alcançava R$ 7,33
Outro aspecto relevante é a diminuição bilhões, em maio de 2004, passou a crédi-
da dívida externa líquida, que pode ser tos oferecidos num total de R$ 8,48 bilhões
creditada a uma série de fatores. Quando em maio deste ano.
comparamos maio deste ano e maio do Observa-se na Tabela 6.4 que de maio
ano passado, o governo federal apresenta de 2004 a maio de 2005 houve um aumen-
redução em sua dívida externa líquida de to de R$ 90,9 milhões no saldo total da dívi-
R$ 224,39 bilhões para R$ 179,74 bilhões da, o principal motivo se deve ao aumento
(queda de 19,89%), ao mesmo tempo em da taxa Selic que corrige mais da metade
que o Banco Central aumentou o montante da dívida pública. Os títulos prefixados que
total que mantém aplicado, referente as representavam 14,7% do total, atingiram
reservas internacionais - de R$ 73,29 bilhões 21,2%, em maio. Os títulos indexados pelo
para R$ 90,44 bilhões, acréscimo de câmbio tiveram sua participação reduzida
23,40%. Por sua vez, os governos estaduais e no total da dívida mesmo considerando as
municipais tomados em conjunto obtive- operações de swap devido à contínua
ram redução de sua dívida externa líquida valorização cambial durante o período.
7. SETOR EXTERNO
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 21
As contas externas do país vão muito pelo setor exportador, as exportações
bem, obrigado! As exportações continuam acumulam quase US$ 43,5 bilhões no ano,
batendo recordes, o saldo acumulado das o que é um resultado 28% maior do que no
transações correntes é de quase o dobro do mesmo período do ano passado.
ano passado, e a conta financeira reverte o Nos 5 meses deste ano, os produtos mais
resultado deficitário do ano anterior. Tudo exportados, segundo a categoria de uso,
isso, frente a um ambiente internacional foram os do grupo matérias-primas e
considerado bem menos favorável que o produtos intermediários, que representam
do ano anterior e a uma desvalorização 52,3% do total das exportações brasileiras.
mundial do dólar. Nesse item, o destaque está na subcatego-
Em sentido contrário à desvalorização ria produtos químicos e farmacêuticos, que
da taxa de câmbio, as exportações líquidas representa 15,4 p.p. dentro da categoria.
do país continuam em níveis elevados. O Os bens de capital, categoria de segundo
saldo da balança comercial, que é maior volume, constituem 20,5% do total
calculado através da diferença entre as exportado.
exportações e as importações do país, A conta de serviços apresentou saída
acumula US$ 15,6 bilhões no ano. Esse líquida de quase US$ 2,0 bilhões entre os
montante é bastante significativo, represen- meses de março e maio deste ano. No ano,
tando quase 40% de aumento quando este déficit acumula US$ 2,5 bilhões, que
comparado ao ano anterior, que teve representa um crescimento de 86,4% em
entradas líquidas de US$ 11,2 bilhões. relação ao ano de 2004. Já a sub-conta
Somente nos últimos três meses apresenta- transportes, apresentou saídas líquidas de
dos na tabela 7.1, o resultado chega a mais US$ 565 milhões no ano. Nos três meses
de US$ 10,6 bilhões. analisados, maio foi o que apresentou
Esse resultado se deve, em grande resultado mais expressivo, US$ 162 milhões.
medida, pelo desempenho positivo obtido Boa parte do déficit na conta de serviços,
nos primeiros cinco meses desse ano, Parte desta elevação é resultado da
decorre do déficit da sub-conta aluguel de valorização da taxa de câmbio, que
equipamentos, que acumula um fluxo promove uma tendência de envio de
negativo de mais de US$ 1,5 bilhão. rendas para o exterior, já que a compra de
Nos três meses a conta de rendas dólares para possibilitar a remessa se torna
acumula um resultado negativo de US$ 6,5 mais atrativa.
bilhões. Só neste ano foram remetidos, em As transferências unilaterais tornam-se
termos líquidos, US$ 10,5 bilhões, um cada vez mais importantes. Nos cinco
aumento de 18,7%. No período analisado, o primeiros meses do ano o resultado chegou
mês de abril foi o mais representativo, tendo a US$ 1,4 bilhão, 8,5% a mais do que no
apresentado saídas líquidas de US$ 2,8 mesmo período do ano anterior, devendo
bilhões. Só em relação às rendas derivadas ultrapassar os US$ 3,0 bilhões no ano. Essas
de investimentos em carteira, o ano já transferências são remessas de trabalhado-
acumula um déficit de US$ 5,5 bilhões, o que res brasileiros no exterior, principalmente
significa um aumento de 10,5% em relação Estados Unidos e Japão, para suas famílias.
ao acumulado janeiro-maio do ano Esse fenômeno constitui uma característica
passado. nova nos países subdesenvolvidos cujas
Na sub-conta juros, são US$ 5,5 bilhões condições de vida são precárias e a taxa de
de déficit acumulado neste ano, uma desemprego é elevada. Isso obriga uma
redução de 2,9% em relação ao ano parcela cada vez mais importante de jovens
anterior. O mês de abril foi o que apresentou a exilarem-se em busca de trabalho e
maior déficit no período, US$ 1,6 bilhão. melhores condições de vida.
Quanto aos lucros e dividendos, ocorre uma O saldo do balanço de pagamentos em
tendência contrária; a de elevação em transações correntes apresentou um
relação ao ano passado. Neste ano, o resultado acumulado de US$ 4,0 bilhões,
acumulado é de US$ -5,0 bilhões, enquanto 74,2% maior do que no mesmo período do
no mesmo período de 2004, o resultado foi ano passado. Esse resultado está sendo
de US$ -3,2 bilhões (aumento de 56,6%). obtido pelo excepcional desempenho das
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 22
exportações que tem crescimento continu- bilhões em depósitos, US$ 8,2 bilhões em
amente nos últimos anos. Apesar dos aplicações de portfólio e o restante em
sucessivos e crescentes déficits nas contas outras aplicações. Esse capital pertence a
de serviços e rendas, os aumentos nos 11.113 declarantes, 85% são pessoas
superávits da balança comercial têm sido jurídicas e 15% pessoas físicas. Pouco mais
suficientes para contrabalançá-los. Em de 1.500 pessoas físicas detêm mais de US$
relação ao PIB, o saldo em conta corrente US$ 18,0 bilhões de dólares em aplicações
chegou a 1,4%, muito mais do que os declaradas no exterior.
0,96% observados no mesmo período de O ingresso de investimentos diretos no
2004. período atingiu o montante de US$ 6,3
Cabe destacar que essa não deveria ser bilhões, dos quais, 27% dos Estados Unidos,
uma característica de um país subdesenvol- 20,3% dos Países Baixos e 10,4% da Bélgica.
vimento e carente de recursos externos. Pois, Em relação ao ano anterior, os Estados
o que esse superávit demonstra é que o Unidos estão aumentando a sua participa-
Brasil está remetendo poupança nacional, ção, que era de 19,6%, os Países Baixos
em volumes cada vez maiores, para estão perdendo a posição relativa, pois
financiar os países capitalistas mais representou 38% do investimento direto, em
desenvolvidos. 2004, e a Bélgica que passou e zero para
A conta capital, onde são registradas as mais de dez porcento. As Ilhas Cayman que
transações unilaterais de capital e as já participaram com quase 15%, em 2003,
aquisições/alienação dos bens não representa apenas 3,3% do investimento
financeiros e não produzidos (cessão de estrangeiro, mas ainda está na frente da
marcas e patentes), fechou com saldo Alemanha (3,1%) e do Japão (2,0%).
positivo de US$ 339 milhões nos cinco Dos investimentos que ingressaram no
primeiros meses ano, aproximadamente o Brasil até maio de 2005, 50,8% foram
mesmo montante que no ano anterior. A destinados para setor industrial, 45,2% para
conta financeira, onde são registradas as o setor de serviços e 4% para a agricultura,
transações mais importantes relativas aos pecuária e extrativa mineral.
movimentos internacionais de capital, Os investimentos em carteira, onde
apresentou superávit de US$ 5,2 bilhões, estão contabilizados as entradas e saídas
apesar do significativo déficit de US$ 1,5 de recursos aplicados no mercado de
bilhão ocorrido no mês de abril. renda variável (ações) e renda fixa (títulos),
Os ingressos líquidos na modalidade de reconhecidamente aplicações de menor
investimento direto estrangeiro apresentou risco, que haviam apresentado saldo
saldo de US$ 5,7 bilhões nos cinco primeiros negativo de US$ 4,8 bilhões em 2004
meses de 2005, um aumento de quase apresenta saldo positivo no ano de 2005
100% em relação a 2004. Esse resultado foi (US$ 2,3 bilhões). Este saldo é o resultado do
decorrente do ingresso de US$ 10,4 bilhões e ingresso líquido de capitais estrangeiros (US$
da saída de US$ 4,7 bilhões, da qual, US$ 1,6 3,3 bilhões) e saída líquida de capitais
bilhão como investimento brasileiro no brasileiros (US$ 964 milhões). O movimento
exterior. As saídas de investimentos diretos de saída ainda é pouco significativo, o
brasileiros no exterior eram pouco significati- volume de negócios dos brasileiros no
vas, mas cresceram continuamente exterior - compras mais vendas - foi de US$
principalmente a partir de 1997, chegando 4,3 bilhões, em 2005, mas está crescendo
a um total líquido de US$ 9,5 bilhões em significativamente, pois foi de US$ 6,3
2004. O estoque de capitais brasileiros no bilhões em todo ano de 2004. Em contra-
exterior, segundo o censo realizado pelo partida, o volume de negócios dos estran-
Banco Central, atingiu US$ 94,7 bilhões, em geiros no país é enorme, foi de US$ 65,2
2004. Desse total, US$ 70,7 bilhões estão na bilhões, em 2004, e atingiu US$ 31,6 bilhões
forma de investimento direto, US$ 10,4 nos cinco primeiros meses do ano, neste
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 23
ritmo, pode crescer até 15%, no ano. O montante de reservas - liquidez
O movimento na conta de derivativos é internacional - brasileiras, atingiu o patamar
pouco significativo. Essa conta fechou com de US$ 60,7 bilhões em maio, dos quais US$
saldo negativo em 2004, e até maio deste 32,9 bilhões são reservas líquida ajustadas, a
ano o saldo é positivo em US$ 214 milhões, diferença refere-se a dívida de US$ 27,8
10,3% maior do que no mesmo período de bilhões com o FMI. Essas reservas encon-
2004. O volume de negócios, em 2005, não tram-se aplicadas em títulos (US$ 31,3
chegou a US$ 500 milhões e foi de pouco bilhões) no mercado financeiro internacio-
mais de US$ 1,6 bilhão, em 2004. nal e em depósitos em bancos com sede
A conta outros investimentos (financia- no exterior (US$ 27,4 bilhões). O restante
mentos concedidos por exportadores estão sob diversas formas como os Direitos
estrangeiros e importadores nacionais e Especiais de Saque (DES), ouro e outros
aqueles provenientes de organismos e ativos.
agências internacionais, como o Fundo O estado do Espírito Santo representa um
Monetário Internacional), foi a única que importante papel no âmbito do comércio
apresentou saldo negativo, US$ 3,0 bilhões. externo brasileiro. Ele ocupa a 6ª posição de
As principais saídas nesta conta foram o maior importador do Brasil e a 7ª posição de
pagamento de US$ 1,1 bilhão ao FMI, em maior exportador do país. Nesta conjuntura,
março, e pagamentos de US$ 1,1 bilhão de nota-se que o desempenho da balança
créditos comerciais, em abril. O resultado comercial do Espírito Santo apresenta um
global do balanço de pagamentos até impacto significativo na conta de transa-
maio de 2005 foi da ordem de US$ 10,0 ções correntes do Brasil.
bilhões, resultado 361% maior do que no De janeiro a maio deste ano, o saldo da
mesmo período de 2004. Balança Comercial do Espírito Santo (US$
A dívida externa brasileira está diminuin- 577,5 milhões) representou 3,7% do saldo
do continuamente nos últimos anos, desde da Balança Comercial brasileira, um
quando atingiu seu ponto mais elevado (US$ resultado menor do que no mesmo período
243,2 bilhões) no final de 1998, chegando a do ano anterior, quando a participação do
US$ 201,9 bilhões em março (Tabela 3). estado foi de 4,2%. Essa redução foi o
Após a crise cambial e o fim do plano real, o resultado da diferença entre o aumento da
maior endividamento foi decorrente do participação das importações capixabas
acordo com o FMI. Durante todo esse (US$ 1,51 bilhões) nas importações brasilei-
tempo tanto o setor público quanto o ras, de 4,6% para 5,5%, e da participação
privado tem-se dedicado ao pagamento nas exportações, de 4,4% para 4,8%. Os
da dívida anterior acumulada. Só recente- produtos básicos e semimanufaturados são
mente algumas empresas e o governo os principais produtos exportados, eles
retornaram ao mercado financeiro representaram no acumulado de janeiro a
internacional captan-
do recursos através da
venda de títulos. O
governo tem tomado
empréstimos para a
rolagem da dívida e
para o reforço das
reservas internacionais
e o setor privado para
a p r o v e i t a r - s e d o
diferencial entre as
taxas internacional e a
taxa interna de juros.
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 24
maio deste ano 84,4% da pauta de apresenta uma redução das exportações
exportações do estado, somente as do estado, registrando uma queda de 1,9%
empresas CST, Aracruz e CVRD, responde- em relação ao mês de abril, embora tenha
ram por cerca de 60% do total das exporta- apresentado um aumento de 18,4% em
ções capixabas no período de janeiro a relação ao mesmo mês do ano anterior. Já
abril. Em contrapartida os produtos manufa- as importações, neste mesmo mês,
turados são os principais produtos registra- apresentam um crescimento bastante
dos na pauta de importações capixaba, significativo, de 21,5% em relação a abril e
correspondendo a 80,2% do total das 67,3% em relação a maio do ano passado.
importações do Estado. O mês de maio Esse é um dos efeitos da desvalorização
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 25
Confirmando a tendência já indicada produtos que mantiveram seus preços altos,
no boletim Conjuntura no 34, as novas contrariando as expectativas de fins de
projeções de diversos observatórios de 2004. O item bebidas aumentou 49,8%,
conjuntura como os Institutos Françeses minerais e metais, 38,1%, e energia, 28,6%.
(INSEE, OFCE), FMI, Banco Mundial, CEPAL, Os grupos de produtos como alimentos,
dentre outros, apontam para uma redução matérias primas agropecuárias e pesquei-
ainda maior no crescimento do PIB mundial ras, azeites e oleaginosas tiveram aumento
em 2005. A taxa de crescimento do PIB no de preços em torno de 22,9%. Por produto, o
corrente ano deverá se situar no intervalo de preço do petróleo cru aumentou 27,9%; o
2,5% a 3,5%. Em 2003, essa taxa foi de 4% e cobre, 42,9%; o café, 53,5%; a banana,
em 2004, 4,9%. 33,9%; e a carne bovina, 11,4%.
Para a ONU, essa desaceleração "(...) Os dados indicados na tabela 8.1
deve acontecer principalmente nos países confirmam que, com exceção da China, as
desenvolvidos, enquanto as nações em previsões de crescimento do PIB, em 2005,
desenvolvimento deverão ter expansão são maiores em países como Venezuela,
mais forte devido à alta dos preços do Argentina, Chile, Brasil e México, todos
petróleo e de outros produtos ou mercadori- subdesenvolvidos. Mesmo com essa
as (commodities)" (FSP, 30/06/05). indicação, a projeção de crescimento para
Informações da CEPAL (04/2005) a América Latina é de 4,4%, em 2005, 1,4
confirmam que, no início do corrente ano, ponto percentual a menos que em 2004. A
os preços do petróleo, cobre, banana e perspectiva de maiores taxas de crescimen-
café aumentaram mas com tendência de to do PIB nos países subdesenvolvidos
redução até o final do ano. Vários são os sugere algumas breves reflexões.
8. INTERNACIONAL
Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 26
Historicamente, o processo de
formação econômica desses países foi
marcado, dentre outros, pela produção
de produtos primários para atender a
metrópole. Depois de séculos observamos
que seu crescimento econômico ainda
continua atrelado à exportação de bens
primários, sugerindo um processo de "(re)
primarização" das economias periféricas,
resgatando as características do velho
modelo agrário-exportador. Certos
produtos, como o petróleo, impulsionam o
crescimento de algumas economias, cuja
exportação ainda é fortemente depen-
dente desse produto. Ao mesmo tempo,
um país como a Venezuela, primeiro país
exportador de petróleo do continente sul-
americano, aparece articulando, ao redor
curto-prazo dos EUA, hoje em 3,25% (FED); a
desse produto, crescimento econômico,
possibilidade de turbulências em decorrên-
missões sociais (saúde, educação,
cia do estoque das dívidas das famílias nos
alimentação...) e integração regional
EUA, em US$ 10,5 trilhões; o déficit em conta
alternativa à Alca.
corrente dos EUA e o contínuo aumento nos
Por outro lado, num sistema mundial
preços do petróleo, que saiu de US$ 44 o
contemporâneo marcado pelo intenso
barril, em 01/2005, e ultrapassou os US$ 61
processo de financeirização, a vulnerabili-
em 07/2005, tendem a afetar de maneira
dade externa das economias subdesenvol-
muito mais intensa as economias dos países
vidas adquiriu proporções gigantescas,
subdesenvolvidos, fortemente endividadas
com alto endividamento interno e externo.
e dependentes de produtos primários.
Como alguns países são mais dependentes
Finalmente, os possíveis efeitos depressivos
do fluxo externo de capitais, principalmente
sobre a atividade econômica européia, a
o capital especulativo, grande parte de sua
começar pela Inglaterra, não estão
dívida, principalmente a interna, possui
excluídos após os atentados de 7 de julho
vencimentos de curto-prazo, caracterizan-
em Londres. Isso, num contexto, já previsível,
do um crescimento econômico frágil no
de crescimento econômico fraco sobre o
médio e longo-prazo.
continente europeu, como pode ser
Qualquer movimentação brusca no
observado pelos dados da tabela 8.1.
cenário externo, principalmente o contínuo
crescimento na taxa básica de juros de
Participaram neste número: Álvaro Ferreira Caiado Netto, Alysson Correia Pedra,
Ana Maria Gomes Amâncio, Camilla dos Santos Nogueira, Celso Bissoli Sessa,
Daniel do Valle Pretti, Daniel Pereira Sampaio, Daniela Guerra, Diogo Franco
Magalhães, Eduardo Reis Araújo, Felipe Cunha Salles, Gabriela Vichi Abel de
Almeida, Guilherme Lucas Barcelos, Ita Maria dos Santos, Joyce Moreira, Julierme
Gomes Tosta, Leandro de Souza Lino, Lorena Zardo Trindade, Luciana Ghidetti de
Oliveira, Marcelo Corrêa de Oliveira, Márcio Gomes da Silva, Mariana Fialho,
Mariana S. Borges, Marinilda Knaak Buss, Martinho de Freitas Salomão, Milena
Araújo, Monique Alves Ribett, Pamela da Silva Manfré, Parley Prando Bussato,
Patrick R. Andrade, Paula Rúbia, Priscila Alves de Freitas, Rodrigo Delpupo, Ronaud
Souza Gomes, Sandra Margareth de Almeida, Silvia Varejão, Tiago Ferrari, Vinícius
Barcelos de Oliveira, Vito Nunes Toscano.
Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
Departamento de Economia
Curso de Ciências Econômicas
Universidade Federal do Espírito Santo
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CEP 29075-910 - Tel/fax: 27-3335-2605/2615
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Professores Pesquisadores: Alexis Saludjian, Luiz Jorge
Vasconcelos Pessoa de Mendonça, Maurício de Souza
Sabadini e Rémy Herrera.
Professores Colaboradores: Angela Maria Morandi e Reinaldo
Antonio Carcanholo
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Conjuntura econômica do Espírito Santo e política monetária no Brasil em 2005

  • 1. doEspíritoSanto conjunturaconjuntura o Boletim N . 35 - Setembro de 2005 CCJE - Departamento de Economia Gurpo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura
  • 2. Apesar da crise política vivida pelo atual ca' no convencimento à população de que governo, procura-se, a todo custo, preser- o ajuste feito está trazendo a estabilidade, var a imagem de que a economia vai mui- numa etapa inicial, para o posterior desen- to bem. É verdade que alguns dos chama- volvimento da economia brasileira. Apesar dos fundamentos macroeconômicos estão da não renovação do acordo, o FMI conti- mostrando sinais, pelo menos no curto- nuará fazendo o programa de monitora- prazo, de relativa imunidade face às turbu- mento de variáveis econômicas-chaves lências do cenário político. Mas, não se como a inflação, o superávit primário e a sabe até quando pois tudo dependerá dos relação da Dívida/PIB. Em essência, saímos desdobramentos da crise. de um 'pacto legalista', representado pelos Após as denúncias efetuadas por antigos acordos, para um 'pacto de cava- Roberto Jefferson de que o Partido dos lheiros', mantendo e intensificando o arro- Trabalhadores operava um caixa dois, atra- cho fiscal. vés do qual comprava o apoio de deputa- Todos os índices de preços, em junho dos de diversos partidos, foi instalada uma corrente, mostraram deflação, resultados Comissão Parlamentar de Inquérito cujos esses decorrentes da combinação de valo- resultados e conseqüências sobre o rização da moeda nacional e das altas desempenho da economia ainda são taxas de juros. À margem da esfera financei- totalmente imprevisíveis. Até o momento, a ra, o setor produtivo continua a apresentar CPI do “mensalão” relacionou mais de uma sinais de contração ou de pequenas varia- dezena de deputados como beneficiários ções positivas em função das oscilações do esquema, e que deverão passar por um conjunturais de curto-prazo. processo no qual poderão ser cassados. A taxa de desemprego, um dos indica- Roberto Jefferson já foi cassado, Valdemar dores que captam essa sensibilidade, Costa Neto e Carlos Rodrigues renunciaram aumentou ao longo do primeiro trimestre e à presidência de seus partidos e José Dirceu apresentou redução nos demais meses. Ao encaminha para ser cassado. De qualquer mesmo tempo, o rendimento médio real do modo, o que o governo sinaliza é que, ape- trabalhador saiu de R$ 963,80, em março, sar da crise e das denúncias, a política para R$ 932,80 em maio, atingindo o mes- econômica será mantida a qualquer custo, mo nível do ano passado. O Consumo das como forma de tentar evitar o “contágio” Famílias diminuiu em 0,6% em relação ao sobre a economia. último trimestre, acompanhado da redução Alguns indicadores financeiros como o no Consumo do Governo (-0,1%) e na risco-país, cotação das bolsas, inflação, Formação Bruta de Capital Fixo (-3%). dentre outros, são os mais usados pelo A manutenção da taxa Selic pelo governo e pela mídia para demonstrar Comitê de Política Monetária (Copom) em controle sobre a situação econômica. O 19,75% no mês de junho, também nos dá que importa é manter a boa imagem para, claros sinais de que a pressão sobre a ativi- principalmente, continuar com a confiança dade produtiva continuará a ocorrer. Esse do mercado financeiro. reflexo pode ser sentido pela variação do PIB Soma-se a isso, a não renovação do que, no primeiro trimestre do ano aumentou acordo com o FMI, em março último, que em 0,3%, sendo que sua variação trimestral também será utilizada como 'moeda políti- continua em redução desde 2004. APRESENTAÇÃO Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 01
  • 3. Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 02 vel, devido ao vigor da demanda externa,Crise Política e Deflação alguns setores exportadores já começam aPrevalece o consenso no mercado, no sentir os efeitos negativos da atual parida-momento, que a economia se encontra de cambial, como os de manufaturados,blindada contra a crise política que se ins- notadamente os de calçados e têxteis,talou no País com as denúncias de corrup- enquanto outros, como o de guseiros, vãoção envolvendo o governo e o Partido dos paralisando sua produção. Com as expor-Trabalhadores (PT), que estão sendo inves- tações perdendo forças, os caminhos datigadas na CPI dos Correios, cujos desdo- recessão tornam-se inevitáveis. Não sembramentos são imprevisíveis. Essa blinda- razão, o PIB praticamente ficou estagnadogem, resultado de uma suposta solidez no primeiro trimestre e, segundo sondagemdos fundamentos econômicos do País e realizada pela FGV junto à indústria, é gran-da confiança do mercado de manuten- de o pessimismo do setor (o maior nos doisção da atual política econômica, tem últimos anos) para o segundo semestre.impedido que as incertezas decorrentes Antes que uma conquista, a deflação refle-deste cenário contaminem a economia e te o arrefecimento da demanda e da ativi-garantido melhoras em vários indicadores: dade produtiva, ao mesmo tempo queenquanto o saldo da balança comercial confirma, pela forma como vem sendojá ultrapassou a casa dos US$ 20 bilhões colhida, a existência de uma bomba deem julho, o dólar continua recuando, ten- efeito retardado que poderá ser letal parado atingido R$ 2,34 em meados do mês, e a economia.o País passou a colher, desde maio, índi- A experiência recente da economiaces negativos de inflação. Em junho, o brasileira - e também mundial - ensina queIPCA registrou deflação de 0,02%, acumu- câmbio apreciado por tempo excessivolando 3,16% nos seis primeiros meses do representa a ante-sala de uma crise deano e indicando que se encaminha para balanço de pagamento e de inevitáveisa meta de 5,1% estabelecida pelo Banco pressões inflacionárias que se seguemCentral. decorrentes das desvalorizações cambiais.Apontados como conquistas da políti- Os módicos ganhos obtidos no combate àca econômica, esses indicadores carre- inflação por meio de valorização da moe-gam, contudo, um forte componente da nacional e da asfixia da atividade pro-explosivo de efeito retardado. A deflação dutiva transformam-se, nesses contextos,colhida é resultado da perversa combina- em elevados prejuízos, os quais, paração de um câmbio represado com a serem enfrentados, exigem políticas mone-manutenção de taxas de juros reais exa- tárias ainda mais restritivas (maiores taxasgeradamente elevadas, que continuam de juros) e menor crescimento do produto,asfixiando a atividade produtiva. Para der- principalmente onde vigoram, como norubar a inflação e trazê-la para a meta caso do Brasil, compromissos com a obten-desejada pelo Banco Central, o governo ção de metas reduzidas de inflação.continua se omitindo em relação à valori- Mantida a atual política econômica e con-zação da moeda nacional, passando a se firmada essa tendência, não haverá comoapoiar, portanto, também na âncora cam- evitar a contaminação da economia pelasbial, ainda que sacrificando as exporta- atuais intempéries políticas, com o Brasilções, o setor que ainda tem conseguido correndo o risco de mergulhar numa crisegarantir algum crescimento positivo para de proporções imprevisíveis.a economia. Contudo, ainda que continu- em exibindo um comportamento favorá- 1. POLÍTICA ECONÔMICA
  • 4. outro lado, os produtos voltados paraApós 9 meses de alta constante na exportação perdem mercado no exterior, etaxa básica de juros, o Comitê de Política com a sobre produção, voltam-se para oMonetária (Copom), do Banco Central, mercado interno.decide manter inalterada a taxa Selic em Os indicadores de inflação mostram19,75%, sem viés, no mês de junho. A taxa uma tendência à queda nos preços, node juros começou a ser aumentada em segundo trimestre do ano. Todos diminuíramsetembro de 2004, quando estava em entre abril e maio e as quedas mais16%, aumentando desde então 3,75 expressivas foram no IGP-M e IGP-DI (Tabelapontos percentuais. Como explicação a 2.1). Em junho, todos os indicadores foramesta medida o Copom diz "Avaliando as negativos, em um processo de deflaçãoperspectivas para a trajetória da inflação, que poderá continuar nos meses seguintes.o COPOM decidiu, por unanimidade, O Índice Nacional de Preços aomanter a taxa SELIC em 19,75% a.a., sem Consumidor Amplo (IPCA) diminuiu deviés" (Banco Central do Brasil, 15/06/2005), 0,87% para 0,49% e -0,02% entre os meseso que significa, em outras palavras, que de abril e junho de 2005. Em junho, aapós meses elevando taxa de juros a relativa estabilidade dos preços foi devidainflação finalmente cessou, e pode ser principalmente ao resultado do grupomomento de reter a subida da taxa de alimentos que caiu 0,67%. Os produtos quejuros. Não se pode tirar o mérito de apresentaram as maiores quedas foram,Meirelles, Presidente do Banco Central, em segundo o IBGE, a batata-inglesa (-18,74%),tentar conter a inflação pelo aumento da a cenoura (-16,89%), o tomate (-10,79%),taxa de juros, uma medida que demora, as hortaliças (-7,79%), o óleo de soja (-mas que é passível de apresentar resulta- 5,21%), o arroz (-4,84%) e o açúcar refinadodos. Porém, é claro que este resultado não (-4,69%). Outro grupo que contribuiuprovém apenas desta política, a queda na significativamente para essa estabilidadetaxa de cambio para R$ 2,50 e posterior- nos preços foi o de combustíveis, principal-mente para R$ 2,40, também tem um mente a redução de 8,79% no preço doefeito significativo sobre a taxa de inflação. álcool e de 1,51% no da gasolina. ApesarConsiderando os diferentes indicadores, dessas quedas, alguns produtos apresen-que mostram a queda na inflação, pode- tam elevadas taxas de aumento acumula-se ver que o maior responsável é o IPA do nos preços durante o primeiro semestre,(Índice de preços ao atacado), no qual como a batata-inglesa (38,22%), a cenouraentram produtos como o combustível e a (7,05%), o tomate (31,81%), as hortaliçassoja. Com a queda na taxa de cambio, (14,20%), o açúcar cristal (1,75%), o azeitefica mais barato importar e mais caro (4,19%) e os biscoitos (2,65%). Outrosexportar, assim o preço do combustível e produtos como o arroz (-14,32%), o óleo deos demais produtos importados caem. Por soja (-8,49%), as Frutas (-7,15%), e o a ç ú c a r r e f i n a d o ( - 2,68%), acumu- laram reduções significativas em seus preços. Os demais Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 03 2. INFLAÇÃO
  • 5. grupos também apresentaram uma públicas e o vestuário também contribuí- tendência de queda, os artigos de higiene ram para esse resultado. Os preços pessoal apresentaram queda de 0,63%, administrados pelo setor público, tiveram no mês de junho, os artigos de vestuário reajustes menores do que os esperados, apresentaram uma redução de 1,45%, principalmente a eletricidade, cujo preço em maio, para 0,38%, em junho e os depende da taxa de câmbio. O inverno artigos de limpeza, de 0,69% para 0,47%, menos rigoroso, em São Paulo, contribuiu também entre maio e junho. Enfim, os para que o preço do vestuário se mantives- preços administrados não sofreram se em queda. nenhuma variação significativa que O índice do custo de vida, estimado pudesse reverter a tendência de estabili- pelo DIEESE, para o município de São Paulo, dade no IPCA. refletiu igualmente a tendência à queda O Índice Nacional de Preços ao nos preços no segundo trimestre do ano. Consumidor (INPC) cresceu 0,90%, em Assim, passou de 0,50%, em abril, para - abril, 0,70% em maio, e diminuiu 0,11% 0,17%, em junho. Os grupos que mais em junho (Tabela 2.1), aumentando mais contribuíram para essa queda nos preços do que o IPCA, nos dois primeiros meses, e entre maio e junho foram: Alimentação (- caindo mais no terceiro. Assim, as famílias 1,58pp), Transportes (-0,75pp), Saúde (- mais pobres, com renda até oito salários- 0 , 4 5 p p ) , E d u c a ç ã o ( - 0 , 2 0 % ) e mínimos, sofreram maiores perdas no início Equipamento Doméstico (-0,15pp). Uma do trimestre, mas não chegaram a parte dessa queda foi compensada pelos recuperar as perdas com a deflação de grupos Habitação e Vestuário que contribuí- junho. ram com aumentos de 0,39 e 0,06 pontos Em junho, os grupos que mais influíram percentuais, respectivamente. na queda dos preços foram alimentação Considerando as famílias pesquisadas e bebidas (-0,82%) e transportes (-0,14%), segundo o estrato de renda, as mais os demais grupos, comunicação beneficiadas com a redução dos preços (0,85%),vestuário (0,43%), despesas foram as famílias com renda média de R$ pessoais (0,42%), habitação (0,30%), 934,17, para elas a queda dos preços educação (0,36%) e artigos de residência médios foi de 0,29%, no mês de junho. Os (0,28%), apresentaram pequenos preços para as famílias com renda média aumentos, no mês. de R$ 377,49 tiveram queda de 0,22%, e As regiões metropolitanas de São Paulo, para as famílias com rendas mais elevadas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador, R$ 2.792,90, a redução foi de 0,11%. que juntas têm um peso de 58,91%, O índice do custo de vida do DIEESE apresentaram as seguintes variações em apresentou uma taxa acumulada no ano junho: -0,05%, -0,24%, -0,20% e 0,16%, de 2,80%, ligeiramente superior ao índice respectivamente. de preços ao consumidor estimado pela O IPC-Fipe acompanhou a trajetória do Fipe, que foi de 2,72%. Como a área de INPCA, no trimestre, com exceção do mês abrangência de ambos é a capital de São de junho em que a queda foi muito mais Paulo, pode-se inferir que o efeito da acentuada. Segundo a Fipe, o principal inflação, no primeiro semestre do ano, foi fator para a queda de 0,20% no índice, foi um pouco mais rigoroso nas regiões o recuo dos preços dos produtos agrope- metropolitanas estudadas pelo IBGE do que cuários. A gasolina também sofreu um em São Paulo (Tabela 2.1). efeito semelhante devido à queda no O IGP-M (Índice Geral de Preços do preço do álcool, que é misturado à Mercado) fechou o mês de abril pratica- gasolina. Além da agropecuária, as tarifas mente no mesmo patamar do mês de Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 04
  • 6. março, com acréscimo de 0,86% ante No segundo trimestre, o valor da cesta 0,85% respectivamente. Em maio, o IGP-M básica aumentou de abril para maio e caiu apresenta uma taxa de -0,22% e de - no mês de junho, na maioria das capitais 0,44%, em junho. brasileiras, com exceção de João Pessoa, No mês de maio, o IPA-M (Índice Preço Fortaleza, Recife e Aracaju. Nestas capitais, ao Atacado) foi o principal responsável não ocorreu a queda observada no mês de pela queda, pois representa 60% do índice, junho. São Paulo, Porto Alegre e Brasília variando de 0,96%, em abril, para -0,77% (Tabela 2.2) são as capitais com a cesta em maio. Os itens que apresentaram as básica mais caras do país. Em Salvador, maiores quedas foram os produtos in Natal e Fortaleza as cestas básicas são as natura, de 0,28%, em abril para -2,54%, em mais baratas. maio; os combustíveis que foram de 0,29% Os maiores aumentos acumulados no para -2,24%; e as matérias primas, de ano, no custo da cesta básica, ocorreram 1,33% para -3,12%. Em junho, o IGP-M em Recife (19,49%), Belo Horizonte (18,45%) continuou sua queda para -0,44%, e Fortaleza (14,17%). Os menores aumentos impulsionado novamente pelo IPA. Apesar foram registrados em Goiânia (6,75%), Natal de uma retomada no crescimento dos (6,78%) e Florianópolis (7,26%). Em Vitória, o preços dos produtos in natura (2,17%), o aumento no custo da cesta básica foi de combustível continuou em queda (-2,28%), 12,06%, no ano, sendo que seu maior valor, os bens intermediários recuaram em - em maio, foi de R$ 170,76 comprometendo 0,89% e as matérias primas variaram em - 61,64% do salário mínimo de um trabalha- 1,97%. O IPC-M por sua vez variou apenas dor. Segundo os cálculos do DIEESE o valor 0,05%, devido à queda dos preços dos do salário necessário que deveria ser pago produtos de alimentação e habitação, e o ao trabalhador para suprir suas necessida- INCC apresentou variação de 2,20%, mas des e para a compra da ração essencial, no como representa 10% do IGP, não influenci- mês de maio, foi de R$ 1.588,80, apresen- ou em muito. A taxa acumulada no ano foi tando um aumento de R$ 50,16 se compa- de 1,75% e de 7,12% em 12 meses. rado a abril. O aumento do salário mínimo O IGP-DI (Índice Geral de Preços - em R$ 40,00 não foi suficiente para com- Disponibilidade Interna) tem comporta- pensar o aumento referido. mento semelhante ao IGP-M, pois a única diferença reside no período de referência. O primeiro corresponde ao mês "cheio" e o segundo, do dia 21 de cada mês ao dia 20 do mês seguinte. Esse indicador, no entanto, apresenta uma tendência mais forte de queda nos preços do que o IGP-M, ele foi de 0,51%, em abril, -0,25%, em maio, e - 0,45%, em junho. De todos os indicadores de inflação (Tabela 2.1), é aquele que apresenta a menor taxa acumulada no ano (1,53%), em contrapartida, é o que tem a maior taxa acumulada em 12 meses. Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 05
  • 7. 3. NÍVEL DE ATIVIDADE Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 06 trimestre e tal comportamento negativoPIB também esteve presente no Consumo doAo apresentar o irrisório crescimento de Governo (-0,1%) e na Formação Bruta de0,3% no primeiro trimestre de 2005 (Tabela Capital Fixo (-3,0%). Tanto as Exportações3.1), a taxa de variação trimestral do PIB quanto as Importações mantiveram ocontinua sua trajetória de queda já detecta- mesmo ritmo de crescimento (3,5% e 2,3%da no decorrer de 2004. Desde o segundo respectivamente).trimestre de 2003, quando houve expansão O nível de investimentos e o Consumode 0,1%, o PIB brasileiro não registrava um das Famílias foram bases essenciais para onível tão baixo da taxa de variação crescimento da economia em 2004.trimestral. Contudo, o desempenho negativo deA política econômica de juros altos ambos agregados econômicos no primeiromantida pelo governo continua a ser a trimestre de 2005 refletiu de forma acentua-principal responsável pela desaceleração da a desaceleração da economia.da economia. Contudo, nesse primeiro Segundo o IBGE, o comportamento dotrimestre, os efeitos dessa política deixaram investimento (-3,0%) é explicado pelade afetar estritamente a esfera da oferta e retração do setor de máquinas agrícolas,passaram a afetar a esfera da demanda. O que ocorreu devido à queda da safra e aoConsumo das Famílias apresentou uma mau desempenho do setor de construçãoqueda de 0,6% em relação ao último civil. Já em relação ao Consumo das Famílias (- 0,6%), nem mesmo a expansão do crédito e o desempenho do mercado de trabalho foram capazes de superar o efeito negativo da alta taxa de juros. As autoridades do governo insistem em alegar que esse comportamento do Consumo das Famílias é temporário, entretanto, percebe-se que mesmo em comparação em médio prazo, essa desace- leração é visível. O consumo das famílias registrou alta de 3,1% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto no trimestre anterior, o resultado para a mesma base de compara- ção foi de 5,4%. Pelo lado da oferta, a
  • 8. agropecuária foi o setor que mais teve indústria. Vale destacar que a Indústria de destaque. No acumulado do ano teve uma transformação continua com uma taxa de variação positiva em 4,2% e de 4,9%, no crescimento positiva, desde o segundo acumulado dos últimos 12 meses. Esse bom trimestre de 2003. desempenho da agropecuária pode ser O setor de serviços também registrou explicado, conforme o IBGE, por alguns um aumento, de 2%, se comparado com produtos cujas safras são importantes no mesmo período do ano passado e os sub- primeiro trimestre do ano, como, por setores que mais se destacaram foram exemplo, o caso da soja e do algodão. comércio (4,2%) e transporte (4,1%). Mas ao Embora a indústria tenha apresentando confrontar o primeiro trimestre desse ano, crescimento de 3,1% em relação ao do setor de serviços, com o último trimestre primeiro trimestre de 2004, impulsionado do ano de 2004, este teve uma variação pelos setores de extrativa mineral (3,7%) e negativa em 0,2%, sendo impulsionado de transformação (3,6%), a indústria exibiu pelo sub-setor de comunicação (-3,2%). uma redução de 1% nas suas atividades no Para o IBGE, essa queda foi puxada pela que se refere ao último trimestre do ano redução, em volume, da telefonia fixa. passado. Segundo o Instituto de Pesquisa COMÉRCIO Econômica Aplicada (IPEA), a indústria de Segundo dados do IBGE, o comércio transformação apresenta níveis de produ- varejista registrou crescimento 3,4% em ção estáveis e suas vendas em queda, o relação a abril de 2004. No acumulado do que está acentuando a acumulação de ano o comércio varejista cresceu 5,0% e no estoques e reduzindo o otimismo dos acumulado dos últimos 12 meses o empresários. crescimento foi de 8,2%. O setor da construção civil, no acumula- O resultado positivo foi influenciado, em do dos últimos 12 meses, teve um compor- grande medida, pelas atividades de Móveis tamento positivo de 6,1%, ficando atrás e eletrodomésticos (23,9%) e de Tecidos, apenas da indústria de transformação vestuário e calçados (14,8%). As atividades (6,4%). Porém, neste primeiro trimestre, a de Hipermercados, supermercados, construção civil teve uma variação menos produtos alimentícios, bebidas e fumo, que expressiva, de apenas 0,6%, o que pode ser decresceu 1,2%, e a de Combustíveis e justificado, de acordo com o IPEA, pelos lubrificantes, que decresceu 9,9%, foram estoques preventivos do aço, que desace- responsáveis pelo impacto negativo. leraram a demanda de insumos dessa De acordo com o IBGE, o resultado do Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 07
  • 9. setor de Hipermercados, supermercados, de 5,1% e no acumulado dos últimos 12 produtos alimentícios, bebida e fumo foi meses a taxa foi de 4,8%. influenciado pelo calendário, pois em 2004 INDÚSTRIA a Páscoa ocorreu em abril e neste ano De acordo com os dados do IBGE, a ocorreu em março. Esse deslocamento da produção industrial brasileira não apresen- Páscoa provocou um efeito-base desfavo- tou variação em abril, em relação ao mês rável ao segmento, que é o de maior peso anterior, apesar de uma expansão de 6,3% do varejo e muito sensível à data. Ademais, em relação a abril de 2004. A estabilidade a queda do rendimento dos trabalhadores da atividade industrial observada entre os (1,8% em relação a março), devido à meses de março e abril refletiu o equilíbrio inflação mais alta registrada nesses quatro entre os 10 setores que expandiram a primeiros meses do ano, explica a diminui- produção e os 12 que apresentaram ção das vendas dos supermercados, que redução. Dos 23 setores pesquisados, dependem do aumento da massa salarial. apenas o de Vestuário apresentou variação Em relação ao mesmo mês do ano nula. Dentre as indústrias que aumentaram passado, o setor registrou queda de 1,2%, a a produção, destacam-se as indústrias primeira taxa negativa desde novembro de extrativas (7,4%) e equipamentos de 2003, apesar de manter resultados positivos comunicação (4,9%). Esses ramos estão no acumulado do ano (3,9%) e no acumulado dos últimos 12 meses (6,9%). O setor de Combustíveis e lubrificantes registrou queda de 9,9% e é a quarta consecutiva. Essa redução é explicada pelo aumento no preço dos combustíveis e, consequentemente, retração do consumo. Além disso, segundo o IBGE, houve um processo de substituição da gasolina, que é o produto mais caro, pelo álcool e pelo gás natural, que são mais baratos. Nesses primeiros quatro meses do ano, a queda acumulada já chega a 6,5% em relação ao mesmo período de 2004 e a 0,05% no acumulado dos últimos 12 meses. O setor de Móveis e eletrodomésticos, um dos responsáveis pelo impacto positivo no resultado do comércio, tem seu crescimento apoiado nas facilidades de crédito ao consumidor, com aumento dos prazos de pagamentos concedidos pelas lojas. Essas condições vêm proporci- onando ao setor as maiores taxas de variação no acumulado no ano (19,6%) e no em 12 meses (24,3%). Devido às promoções típicas de mudança de estação, houve um aumento no volume de vendas no setor de Tecidos, vestuário e calçados de 14,8% em abril em relação a abril de 2004. No acumulado do ano a taxa registrada foi Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 08
  • 10. bens não-duráveis. Nos segmentos de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis houve crescimento de 8,5% no mês de abril, desta- cando-se o aumento na produção de álcool (91,7%), influenciado pelo aumento da frota de veículos bi-combustíveis e pelas exporta- ções. Com a melhora do mercado de trabalho, foi possível esse crescimento dos bens não- duráveis, que são mais consumi- dos no mercado interno.entre os que mais contribuíram para o ESPÍRITO SANTOcrescimento da indústria em abril, e alguns O desempenho industrial capixabade seus produtos, como açúcar e celulares, apresenta um crescimento de 4,76% estesão voltados para exportação. Em contra- ano, um resultado positivo de 5,56% nospartida, dentre as que reduziram a produ- últimos doze meses e de 4,96% na compa-ção, ressaltam-se as indústrias de máquinas ração com o mesmo mês do ano anterior.e equipamentos (-4,0%) e farmacêutica (- No entanto, se nos atentarmos para a6,2%). dinâmica destas variáveis, notaremos umaA indústria em geral cresceu 6,3%, no suave desaceleração da indústria nomês, 4,5%, no ano, e 7,5 % em 12 meses Estado que se inicia em janeiro deste ano e(Tabela 3.3) indicando acompanhando o segue a tendência de queda até ocrescimento indicado pelo PIB do primeiro presente momento. Tal fato é resultado dotrimestre do ando. As indústrias extrativas aumento contínuo e gradual dos juros noscresceram 13,7% e a de transformação meses precedentes, bem como a expecta-cresceu 5,9%. As atividades que mais tiva de alta, que se mantém.cresceram no mês foram as perfumarias e Entre os setores que elevaram aprodutos químicos (33,3%), equipamentos produção em comparação ao mesmode comunicações (18%), veículos automo- mês do ano anterior estão a metalurgiatores (15,o%) e de bebidas (11,0%). As básica, com 13,07% de expansão (a altaatividades que apresentaram retração no mais expressiva pode ser explicada pelomês foram as de refino de petróleo e álcool aumento de lingotes, blocos, tarugos e(-4,8%), fumo (-3,6%) e equipamentos de placas de aço), minerais não metálicosinformática (-1,6%). (6,66%), tendo o cimento como responsá-A indústria mostrou, em abril, um ritmo vel por esta primeira alta no ano. Da mesmade crescimento mais acelerado (6,3%). forma, apresentaram expansão o setor deEsse movimento é observado nas quatro categorias de uso (Tabela 3.4), embora seja mais intenso nos bens de consumo, tanto nos duráveis e semiduráveis como nos não- duráveis. No segmento de bens duráveis, registrou-se crescimento de 17,8%, destacando-se a produção de automóveis (23,6%). O crédito fez com que essa categoria tivesse um desempenho melhor nesses primeiros quatro meses que a de Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 09
  • 11. 4. EMPREGOS E SALÁRIOS celulose e papel (5,23%) e alimentos e podendo ser destacadas por sua maior bebidas (2,50%), ainda que este tenha influência na taxa global: alimentos e diminuído muito o rimo de crescimento. A bebidas (16,85%), metalurgia básica indústria extrativa (-1,71%), única atividade (6,19%) e as indústrias extrativas (3,31%). com queda na produção, tem o seu Minerais não metálicos foi o único setor que primeiro resultado negativo neste ano. O pressionou o índice negativamente (-0,4%). minério de ferro contribuiu com o maior Após o período de boom das exportações, impacto sobre esta taxa. parece ter havido uma acomodação do No indicador acumulado para o ano, a setor exportador como reflexo da valoriza- produção industrial capixaba apresenta ção do câmbio. O mercado interno, por seu expansão de 4,76%, com todos os lado, continua deprimido por altas taxas de segmentos exibindo desempenho positivo: juro. Sendo assim, a tendência de queda no alimentos e bebidas (12,69%); celulose e acumulado dos últimos doze meses deve papel (6,62%), indústrias extrativas (4,02%) e se espalhar para os demais índices se metalurgia básica (1,98%). A produção providências não forem tomadas, principal- acumulada dos últimos doze meses mente no setor monetário da economia. cresceu 5,56% com três atividades Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 10 combustíveis" com 19,9% dos emprega-A taxa média de desemprego, estima- dos. A sua participação manteve-seda pelo IBGE para seis regiões metropolita- constante tanto em relação a marçonas do país, aumentou gradativamente nos quanto em relação a abril de 2004. Quantotrês primeiros meses do ano, em seguida às formas de inserção ao mercado demanteve-se constante e caiu levemente trabalho observou-se que 40,3% daentre os meses de abril e maio de 2005. O população ocupada possuía carteirarendimento médio real, que havia chega- assinada no setor privado, enquanto quedo a R$ 963,80, em março, caiu para R$ 15,8% da população ocupada trabalhava932,80, voltando ao mesmo nível de maio sem carteira no setor privado e os trabalha-do ano passado. Os mais prejudicados dores autônomos representavam 19% daforam os assalariados sem carteira população ocupada.assinada e os trabalhadores por conta A distribuição dos trabalhadoresprópria, uma redução de -2,6% e -4,9%, segundo os principais setores da economiarespectivamente. mostra uma melhora na “indústria extrativa,Em maio, a taxa de desocupação ficou de transformação e distribuição deem 10,2%, uma pequena diminuição em eletricidade, gás e água", com 17,6% darelação ao mês de abril. É a primeira vez população ocupada, com um aumentoneste ano em que há uma diminuição na de 3% em relação a abril. No setor detaxa de desemprego, voltando ao patamar de janeiro. Em abril, a taxa de desemprego foi de 10,8% o mesmo nível do mês anterior. As atividades que mais empregaram no mês de abril foram as de "comércio, reparação de veículos automotores, de objetos pessoais e domésti- cos e comércio a varejo de
  • 12. "educação, saúde, serviços sociais, variação positiva em 0,4% no nível administração pública, defesa e segurida- ocupacional. O principal responsável foi o de social" com uma participação em setor de indústria, com uma elevação de 16,0% da população ocupada, apresen- 2,5%, correspondendo em 40.000 novos tou uma elevação de 2,3% em relação a postos de trabalho, porém a maior parte foi abril. Em maio, assim como no mês anterior, sem carteira assinada. Em relação a maio Porto Alegre e Salvador foram as cidades do ano passado, houve um aumento de que, dentre as regiões metropolitanas 3,9% na taxa de ocupação, sendo que o pesquisadas pelo IBGE, apresentaram principal destaque foi a indústria (5,5%). respectivamente a menor e a maior taxa O CAGED (Cadastro Geral de de desemprego (7,7% e 15,9%). Tanto Empregados e Desempregados) registrou nestas duas regiões quanto nas demais no ano 770,8 mil novas vagas de emprego foram registradas taxas de desemprego formal no Brasil. Contribuíram para o bom menores do que no mês de abril. Porém, o resultado (Tabela 4.2) o setor de Serviços, rendimento médio real apresentou uma com 304,5 mil novos postos com carteira queda de 1,5% em relação ao mesmo assinada, o da indústria de Transformação, mês. com 177,0 mil vagas, o Agropecuário com O Dieese registrou uma taxa de 107,1 mil e o Comércio com 100,9 mil desemprego de 17,5% da população vagas. Os resultados menos expressivos economicamente ativa, ou 1,76 milhão de ficaram por conta da Construção civil, pessoas, na região metropolitana de São administração pública, Serviços Industriais Paulo, em maio. Desse total, 11,0% é de de Utilidade Pública e Extrativa Mineral. desemprego aberto (1,1 milhão) e 6,5% de Apesar do resultado positivo, em compara- desemprego oculto (654 mil pessoas), um ção com mesmo período de 2004, a quadro estável em relação aos meses de redução no saldo de postos de trabalho março e abril. Para o IBGE, a taxa de chega a 7,0%. Nem mesmo o excelente desemprego foi de 10,5%, sete pontos resultado do setor de serviços e de serviços percentuais a menos do que o desempre- industriais de utilidade pública (aumento de go total estimado pelo Dieese. Toda essa 34,0% e 133,0% respectivamente) em diferença decorre de uma concepção relação ao mesmo período do ano metodológica que considera os ocupados passado conseguiu contrabalançar o com trabalho precário como empregados fechamento de vagas em setores como e exclui da PEA os desempregados por Construção Civil, Agropecuária e desalento. No mês de maio houve uma Administração Pública. Esta tendência Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 11
  • 13. porém não se verifica na comparação dos superior a do mesmo mês do ano passado, resultados de 2004 e 2005, com relação mas inferior ao mês anterior. O saldo do aos últimos 12 meses findos em maio. A comércio nesse mês manteve-se pratica- elevação do saldo é substancial, cerca de mente estável em comparação a abril. 40 por cento. No segundo bimestre de 2005 Os dados do CAGED para o Espírito todos os setores apresentaram saldo Santo registraram uma súbita e significativa positivo. O resultado líquido de vagas de melhora no nível do trabalho formal, mas trabalho formal aumentou expressivamen- com tendência fortemente negativa. Após te (369,1 mil postos) se comparado aos dois o saldo negativo observado em fevereiro primeiros meses do ano (189,3 mil postos). de 2005 (-62 vagas), em março houve a Na comparação de abril em relação a abertura de 4.823 postos adicionais, março, o saldo mais que dobrou. No crescimento este que se sustentou nos entanto, em maio o resultado total meses seguintes. Em abril foram contabili- apresenta sinais de desaceleração. Apesar zadas 9.627 novas vagas, quase o dobro da geração de mais 212,4 mil postos de das oferecidas no mês precedente e esse trabalho com carteira assinada, o resultado patamar praticamente se manteve é 20,0% menor do que em abril (266,1 mil inalterado em maio. Se comparados aos vagas). registros de março, abril e maio de 2004, os Em maio, os setores que mais se dados obtidos para os mesmos meses de destacaram foram o da Agropecuária, um 2005 apresentaram variações positivas saldo (58,7 mil vagas) superior ao de abril substanciais em cada um deles de, (44,2 mil vagas), e o do setor Serviços, que respectivamente, 139,4%, 31,4% e 14,4%. registrou variação positiva (57,7 mil postos) Nos cinco primeiros meses de 2005, foi registrado pelo CAGED a criação de 25.872 novos vínculos empregatícios formais, um crescimento de 31,2% em relação a 2004, de modo que apenas março, abril e maio contribuíram para a ampliação de 23.626 vagas. A Agropecuária apresentou o saldo mais expressivo do período, seguida pelo setor de Serviços. O pior resultado foi obtido pelos Serviços Industriais de Utilidade Pública. Nos últimos doze meses foi regis- trada a abertura de 42.158 novas vagas de trabalho formal, um núme- ro 79,61% maior do que o alcança- do no mesmo período de 2004 (23.472 vagas), o que corrobora a observação inicial de crescimento da demanda por trabalhadores no estado. O setor de Serviços se desta- ca outra vez como grande responsá- vel para essa ampliação, ofertando 15.657 novas possibilidades de emprego e relegando ao Comércio a segunda colocação (9.355 Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 12
  • 14. mentícios (5,34%). Enquanto que os segmentos que acentu- aram os saldos negativos foram: material elétrico e de comunicações (-9,93%) e mecânico (-7,36%). Os dados do IEL-ES indicam que o nível de emprego na indústria capixaba registrou alta de 6,52% nos últimos dozevagas). meses. Os setores que mais contrataramDe acordo com o Instituto Euvaldo Lodi foram os de indústrias de material elétrico e(IEL-ES), o nível de emprego na indústria de comunicações (+40,61%), madeiracapixaba elevou-se 0,89% em março des- (+25,62%) e bebidas (+17,79%). E no acu-te ano principalmente nos setores: borra- mulado do ano também registrou umcha (5,17%), material de transporte incremento no número de trabalhadores(3,07%), químico (3,78%) e metalúrgico empregados na indústria capixaba(1,44%). No acumulado do ano houve (+4,07%).acréscimo de 1,33%, com destaque para Os dados do SINE-ES (Sistema Nacionalconstrução civil (5,58%), químico (5,13%), do Emprego do Ministério do trabalho etêxtil (4,97%), material de transporte Emprego) demonstram uma elevação na(4,67%), madeira (3,76%) e minerais não procura por emprego nos mês de marçometálicos (3,22%). Em comparação com (6.031 pessoas) em relação aos dois prime-fevereiro, registrou-se em março nas iros meses do ano, registrando crescimentopequenas empresas um aumento do de 7,8% e 6,2% respectivamente. Já o mêsnúmero de postos de trabalho de 1,56%, de abril, registrou decréscimo de 14,4% emporém nas grandes empresas houve uma relação ao mês anterior. Em relação a abril,redução de 1,23%. Nos últimos doze meses o mês de maio registrou um crescimentohouve aumento do emprego na indústria de 6,3%. A oferta potencial também cres-(7,83%), com destaque para a indústria de ceu, de 1.312 vagas em fevereiro paramaterial elétrico e comunicação (45,16%), 1.738 em março e 2.041 em abril, já noquímica (23,88%), madeira (18,89%) e mês de maio ocorreu uma queda, paramecânica (18,13%). O nível de emprego 1.818 vagas. No total, foram cadastradasna indústria capixaba apresentou cresci- 27.947 pessoas nos primeiros cinco mesesmento pelo quarto mês consecutivo, regis- do ano e encaminhados 14.190 candida-trando 1,70% em abril. Os setores que mais tos para as 8.940 vagas captadas, tendocontribuíram para o crescimento do núme- sido contratadas 4.368 pessoas. A taxa dero de postos de trabalho foram: químico alocação também tem crescido sistemati-(11,49%), outros, que se refere aos gêneros camente entre janeiro e abril, caindo node couros e peles, produtos farmacêuticos mês de maio. No ano, essa taxa atingiue veterinários, perfumarias, sabões e velas 49,0%.(9,33%), madeiras (7,25%) e produtos ali- Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 13 5. POLÍTICA MONETÁRIA O objetivo desta seção é discutir os nismo decorre do fato de que essa taxa de instrumentos de controle de liquidez que o juros, formada no mercado interbancário, Banco Central utiliza para influenciar, ou servirá de base para toda estrutura de juros tentar determinar, as taxas de juros de cur- do país. tíssimo prazo. A importância desse meca- A Tabela 5.1 aponta para uma mudan-
  • 15. ça na trajetória da base monetária que do público e moedas metálicas) com a voltou a crescer em maio, ela vinha caindo moeda escritural (depósitos à vista nos desde dezembro quando atingiu R$ 88,7 bancos). No mês de maio, a média dos bilhões. A base monetária representa o saldos diários dos meios de pagamento foi passivo monetário do banco central, sen- de R$ 116,3 bilhões, redução de 1,1% no do representada pelo papel moeda emiti- mês e 6,5% nos cinco primeiros meses do do (soma do papel moeda em poder do ano. O saldo do papel moeda em poder público e papel moeda mantido no caixa público foi de R$ 44,9 bilhões, enquanto os dos bancos) juntamente com as reservas depósitos à vista somaram R$ 71,5 bilhões. bancárias (que é uma espécie de conta A oscilação da base monetária pode corrente que os bancos possuem junto ao ser entendida por meio da análise da Banco Central, compreendendo os depó- Tabela 5.2. Ela mostra o conjunto de opera- sitos voluntários e compulsórios dessas ções através das quais o Banco Central instituições). Em maio, o saldo da base expande e contrai diariamente a base monetária, estimado no final de período, monetária. A rigor, a única operação que o atingiu R$ 79,7 bilhões (elevação de 2,5% Banco Central tem maior controle são as no mês). A componente reserva bancárias operações de mercado aberto, através da que apresentou expansão de 8,4% no qual ele compra e vende títulos públicos. mês, enquanto a soma do papel moeda Outra operação importante, que poderia emitido apresentou leve redução de 0,3% estar sob controle, são as operações do no mês, mantendo-se na casa dos R$ 53,0 setor externo. Após a crise cambial e a bilhões. adoção do regime de taxa flutuante, o O conceito tradicional de moeda (M1), Bacen tem-se recusado sistematicamente os meios de pagamento, representam a a exercer qualquer controle, seja sobre o "oferta de moeda", isto é o somatório da movimento de capitais seja sobre a taxa moeda manual (papel moeda em poder de câmbio. As operações por conta do Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 14
  • 16. Tesouro Nacional depende da determina- expectativa é que o nível geral de preços ção do Ministério da Fazenda em obter o assegure a convergência para as metas maior superávit primário possível e as dema- fixadas para 2005 e 2006, tornando-se is operações são pouco significativas e desnecessário, por ora, prosseguir com o praticamente todas dependem de deci- "ajuste" aplicado até então. Porém, levan- sões externas ao Bacen. do-se em conta o cenário da inflação espe- As operações do Tesouro Nacional rada para os próximos 12 meses (IPCA de apresentaram um movimento contracionis- 5,11%, relatório Focus) e a taxa SELIC atual, ta de R$ 4,9 bilhões, em maio, seguindo a verifica-se que a taxa básica real de juros tendência observada desde fevereiro. Esse situa-se ao nível alarmante de 14,64% resultado decorre da decisão de produzir anuais, a mais elevada do mundo. Isto um superávit primário de pelo menos implica que o sistema de metas inflacioná- 4,25% do PIB. Em contrapartida, para man- rias, a despeito da evolução favorável do ter a quantidade de moeda disponível no nível geral de preços, faz com que as taxas sistema econômico, o Bacen comprou de juros praticadas no Brasil sejam absurda- mais títulos do que vendeu, resultando em mente elevadas. Os efeitos perniciosos emissão de mais de R$ 15,5 bilhões, em dessa política monetária recessiva tradu- abril e maio. A política de compra de divi- zem-se na previsão de crescimento do PIB sas, iniciada em dezembro, foi suspensa deste ano, que foi revista para baixo, de desde março, por isso, entre abril e maio, 3,5% para 2,8%, segundo o IPEA. observa-se apenas uma redução da base A taxa média de juros cobrada nas monetária em R$ 8,0 milhões. Um contraste operações de crédito pré-fixadas com enorme em relação à emissão de mais de recursos livres do sistema bancário atingiu R$ 20,0 bilhões nos dois meses anteriores, 65,7% para pessoas físicas e 44,6% para por conta da compra de divisas no merca- pessoas jurídicas, no mês de maio, ambas do de câmbio. Os depósitos das instituições com aumento contínuo desde o início do financeiras apresentaram uma contribui- ano. As taxas de juros cobradas pelos ban- ção significativa na expansão da base, na cos nas operações de crédito, calculadas ordem de R$ 1,6 bilhão, o que representa através da capitalização das taxas diárias uma grande redução dos depósitos das durante o número de dias úteis em um instituições bancárias junto ao Banco período de 30 dias, continuam bastante Central. As demais operações são margi- elevadas. As taxas para o cheque especial, nais em relação ao conjunto e não apre- em operações pré-fixadas, estimadas para sentaram grande contribuição no movi- o período entre 15/06 e 21/06, apresentam mento da base monetária. os seguintes patamares, por instituição: as estatais Caixa Econômica Federal (136,0% Taxa de juros a.a.), Banco do Brasil (146,0% a.a.) e BANESTES (169,0% a.a.); os maiores bancosNa última reunião do COPOM, realizada privados brasileiros Bradesco (158,0% a.a.),entre os dias 14 e 15 de junho, decidiu-se, Itaú (151,0% a.a.); os estrangeiros ABN-por unanimidade, manter a meta da taxa AMRO (142,0% a.a.), HSBC (159,0% a.a.); aSELIC no patamar de 19,75% a.a., sem viés, maior taxa é ainda oferecida pelo Bancofinalizando o ciclo de aumentos ininterrup- Schahin, que chega a 218,0% a.a., sendotos observados desde setembro de 2004. A que a menor cabe ao Banco Votorantim,decisão reflete a expectativa positiva dos apenas 21,3% a.a..diretores do Banco Central em relação ao No que se refere ao crédito pessoal, nocomportamento esperado dos índices de mesmo período considerado, a Crefisa e oinflação. De acordo com a mais recente Banco Ibi cobram as maiores taxas (respec-ata do Comitê de Política Monetária, a Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 15
  • 17. tivamente 731,0% e 388,0% ao ano). A Brasil, a maior (80,2% a.a. ). menor é a do Banco Daimlerchrysler, 21,7% a.a.. Os bancos federais cobram taxas que Operações de Crédito vão de 48,5% a.a. (Caixa Econômica O volume total de crédito do sistema Federal), a 60,1% a.a. (Banco do Brasil). No financeiro brasileiro somou R$ 518,3 bilhões, Estado, o custo financeiro do crédito pessoal em maio de 2005, evoluindo em 0,5% no ao cliente é de 44,7% a.a. pelo BANESTES. mês e 18,4% em doze meses, apresentou Para os bancos privados nacionais, as referi- crescimento de 4,0% no trimestre e 6,9 % no das taxas são as seguintes: Bradesco (86,3% ano, em relação ao PIB manteve-se estável a.a.), Unibanco (93,4% a.a.) e Itaú (101,2% na comparação com o mês anterior, mas a.a.). Já os maiores bancos estrangeiros foi superior aos 25,5% registrado em maio cobram 79,4% a.a. (Banespa) e 192,3% a.a. de 2004. (ABM-AMRO). As carteiras de crédito com recursos Para as pessoas jurídicas, as operações livres representaram, 58,3% desse total, com de crédito mais importantes, que represen- o saldo de R$ 302,4 bilhões, evoluíram em tam o maior volume de negócios, são os 1,0% no mês, 21,8 % em doze meses, 6,1% empréstimos para capital de giro, a conta no trimestre e 11,4% no ano. A parcela de garantida e as antecipações de contratos crédito contratado com recursos direciona- de câmbio (ACC). As taxas efetivas pré- dos alcançou o montante de R$ 179,7 fixadas, para empréstimos a título de capital bilhões, as operações de leasing R$ 16,7 de giro, estimadas pelo Banco Central, para bilhões e o setor público - administração o período já mencionado, variaram entre o direta e indireta e atividades empresariais - mínimo de 15,5% a.a. (BPN Brasil) e o máxi- R$19,5 bilhões. O resultado das operações mo de 181,6% a.a. (Banco Pactual). Os de crédito do sistema financeiro foi susten- cinco maiores bancos cobraram respecti- do, nos últimos meses, pelo incremento nos vamente as seguintes taxas anualizadas: créditos com recursos livres concedidos a Banco do Brasil (31,0%), Caixa Econômica pessoas físicas, que cresceram 3,5% no Federal (36,2%), Bradesco (47,8%), Itaú mês, 10,8% no trimestre, 18,7% no ano, e (43,7%) e Unibanco (31,2%). Para a conta 36,8 % em doze meses, impulsionado pela garantida, os bancos cobraram de 4,0% cessão de crédito pessoal descontado em a.a. (Banco Cruzeiro do Sul) até 172,0% a.a. folha de pagamento. As carteiras de (Banco Sofisa). Dentre os cinco maiores empréstimos a pessoas jurídicas com bancos, a Caixa Econômica Federal cobra recursos internos (R$ 119,9 bilhões) com a menor taxa (42,7% a.a.) e o Banco do redução de 0,2% no mês, efetuadas priori- Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 16
  • 18. tariamente para capital de giro e vendor, e em doze meses. O governo federal com as referenciadas em moeda estrangeira saldo devedor de R$ 5,0 bilhões, elevou o (R$ 48,1 bilhões), apresentaram queda de volume de empréstimos em 1,4% no mês, 3,0% no mês, -0,9% no trimestre, 4,0% no 1,3% no trimestre, 0,1% no ano e (-5,4%) ano e -16,4% em doze meses. em doze meses. O spread bancário com Por outro lado, os recursos direcionados recursos livres, em maio de 2005, atingiu a (habitação, rural, BNDES e outros), totaliza- taxa de 46,8% para pessoa física e 13,8% ram, em maio de 2005, R$ 179,7 bilhões, para pessoa jurídica, superior às taxas de registrando queda de -0,4%, no mês, 0,3% maio de 2004, que perfizeram 45,2% a.a. no trimestre e -0,3% no ano. Se compara- e 13,1% a.a. respectivamente. Já os juros do a maio de 2004 (R$ 161,1 bilhões), do cheque especial para pessoa física houve aumento de R$ 18,6 bilhões. O total ficaram estáveis em 147,6% a.a., no mês de empréstimos concedidos pelo BNDES de maio e a taxa de juros para compra de (direto e repasses) atingiram R$ 94,3 veículos apresentou uma ligeira alta, bilhões, uma variação negativa de 1,1% passando de 37% em abril para 37,4% em no mês, -2,3% no trimestre e -7,0% no ano. maio. De janeiro a maio de 2005, os emprésti- A taxa de inadimplência medida pelos mos concedidos pelo BNDES somaram R$ níveis de riscos registrados pelas opera- 15,1 bilhões, valor superior em 8,5% ao ções de crédito do sistema financeiro concedido no mesmo período de 2004. brasileiro (Tabela 5.3), em maio de 2005, Segundo a distribuição setorial de caiu em relação ao mês anterior, 60,2% crédito, em maio de 2005, o endividamen- das dívidas foram classificadas nos níveis to do setor privado se elevou em 0,5% no AA e A, não vencidas ou com até 15 dias mês, 4,1% no trimestre, 7,1% no ano e de atraso, ante 59,8% registrado em abril 18,8% em doze meses, totalizando saldo de 2005, 36,7% estão com 15 a 180 dias de R$ 498,8 bilhões (Tabela 5.3), incre- de atraso (B até G), contra 37,1 % atingido mento impulsionado pelos empréstimos em abril e somente 3% se enquadraram concedidos a pessoas físicas, que evoluí- na faixa de maior risco (H), com mais de ram em 3,8% no mês, 10,7% no trimestre, 180 dias de atraso. O setor público ainda é 17,2% no ano e 40,3% em doze meses. A o melhor cliente, com 72,4% das dívidas carteira de crédito direcionada à indústria não vencidas ou com até 15 dias de (R$ 128,6 bilhões), apresentou variação atraso. Enquanto, os governos dos estados negativa 0,2% no mês, ante o incremento e municípios praticamente mantiveram os de 1,6% no trimestre, 2,9% no ano e 7,1% níveis de risco de abril, apresentando em doze meses. Bem como, o estoque de ínfima melhora de 64,6% (AA+A) em abril crédito direcionado a outros serviços (R$ para 64,3% em maio. Os devedores do 82,0 bilhões) que apresentou queda de setor privado quase não mudaram a 3,3% no mês, O Setor Público está endivi- situação das inadimplências. As dívidas dado em R$ 19,5 bilhões, registrando não vencidas ou com até 15 dias de queda de 0,4% no mês, ante expansão de atraso passaram de 59,3%, em abril, para 1,6% no trimestre, 1,3% no ano e 8,8% em 59,8%, em maio. Os piores clientes são os doze meses. Os governos dos estados e do setor habitação, (43,4% na faixa AA+A, municípios devem R$ 14,4 bilhões, 49,5% na faixa B até G e 6,1% na faixa H), apesar de reduziram os débitos em 1% no seguido pelas pessoas físicas (59,8% na mês, apresentaram variação positiva em faixa AA+A, 38,3% na faixa B até G e 6,1% 1,7% no trimestre, 1,7% no ano e 14,8% na faixa H). Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 17
  • 19. 6. POLÍTICA FISCAL Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 18 brasileiro passou a utilizar como principalEm março de 2005, o governo brasileiro indicador da política fiscal a relaçãodecidiu não renovar o acordo com o Dívida/PIB, e não mais a Necessidade deFundo Monetário Internacional (FMI). O Financiamento do Setor Público (NFSP). Issoargumento principal é que ele já havia significa que, apesar da dívida estar cres-aprendido o modo (do FMI) de fazer políti- cendo, o governo está conseguindo fazerca econômica e tinha a capacidade de com que o crescimento econômico sejafechar as contas de uma maneira respon- um pouco maior.sável, não necessitando mais do Fundo. A ajuda dos governos estaduais e muni-Essa capacidade não foi obtida por acaso, cipais e das empresas estatais foi de sumaela vale porque o governo decidiu manter importância para o crescimento do resulta-as medidas fiscais de quando era assistido do primário do Setor Público. E, ainda mais,pelo FMI. Entretanto, foi enquadrado no a expansão da carga tributária foi tantaprograma de monitoramento pós-acordo que seu aumento, além de permitir que o(PPM - Post-Program Monitoring). Por isso, governo gastasse mais, permitiu a manu-continua a busca pelo controle da inflação tenção e até um aumento do resultadoe o aumento do superávit primário visando primário. Porém, esse aumento da tributa-principalmente o pagamento dos juros e, ção desestimula a produção e o investi-conseqüentemente, a redução da relação mento, o que fez o governo buscar novosDívida/PIB. O que contribuiu para a redução mecanismos para a garantia deste. Umdessa relação foram, além do superávit deles é a aprovação da lei das PPPs (Parce-primário, outras condições macroeconô- rias Público-Privadas).micas favoráveis (estabilidade cambial e a Contudo, há ainda a necessidade detaxa de crescimento do PIB que superou o garantir os gastos com algumas rubricasaumento da dívida). (saúde e benefícios previdenciários) queCabe destacar ainda um outro aspecto continuam crescendo. Mas, estimuladoda política fiscal, já que desde o início dos pela equipe do Ministério da Fazenda,acordos com o FMI (em 1998), o governo estão ocor- rendo discus- sões sobre o e v e n t u a l aumento da Desvinculaç ã o d o s Recursos da União (DRU), apontando p a r a u m a r e d u ç ã o ainda maior das despe- sas. Percebe- s e q u e o g o v e r n o ainda está muito preo-
  • 20. cupado, e vem sendo assim desde o início superior ao mesmo período do ano passa- desse tipo de política fiscal, em garantir do. Este resultado foi influenciado, princi- que as expectativas dos investidores estran- palmente, pelo aumento da alíquota da geiros sejam atendidas e continua assegu- CSLL sobre as prestadoras de serviços, rando a estabilidade do país para atrair e aumento da Cofins sobre as importações e mais capital estrangeiro. Resta saber até aumento da arrecadação do IRPJ e da quando será possível continuar com essas CSLL devido a maior lucratividade das medidas sem despertar maior insatisfação empresas. da população. Mesmo com o término do A Tabela 6.2 expõe o resultado consoli- acordo com o FMI o governo brasileiro dado do setor público segundo o conceito reitera a continuidade da estratégia de "abaixo da linha", ou seja, pela necessida- busca de credibilidade do mercado finan- de de financiamento do setor público. O ceiro em detrimento do sistema produtivo e resultado primário foi superavitário nos três dos trabalhadores. A Tabela 6.1 que trata meses considerados. Deve-se destacar o das receitas e gastos não financeiros do resultado primário de R$ 50,3 bilhões acu- Governo Central, pelo conceito "acima da mulado do ano (janeiro-maio), em que o linha", aponta para a continuidade do governo central foi responsável por R$ 34,3 ajuste fiscal com a realização de um supe- bilhões ou 68,3% do total. rávit primário de R$ 33,7 bilhões, 4,4% do Esse montante mostra tamanho do PIB, nos cinco primeiros meses do ano de esforço fiscal que está sendo feito pelo 2005, um acréscimo de 18% em relação setor público, em especial pelo Governo ao período anterior. Central. Para que se tenha uma idéia do Em maio de 2005 verificamos uma impacto desse esforço no orçamento geral queda de 15,9% nas receitas do Tesouro da União, o Ministério dos Transportes, que é em relação a abril, devido a recolhimentos o ministério com o maior orçamento do sazonais, e aumento de despesas em governo, só teria gasto, 1,35% do montan- custeio e capital referente a antecipação te autorizado no orçamento de 2005, até o de despesas, culminando em um superávit mês de abril, segundo o Ministério do de R$ 3,1 bilhões para o governo central, Planejamento. Desta forma, os programas 76,1% menor do que no mês anterior. de conservação da malha rodoviária fede- No acumulado do ano é que verifica- ral só gastaram R$ 330,0 milhões de um mos a tendência contracionista da política total de R$ 2,0 bilhões. fiscal do Tesouro Nacional. Ele obteve uma O aperto fiscal feito pelo setor público receita bruta de R$ 156,3 bilhões, 15,6% atingiu níveis recordes no mês de abril. Juntos, União, estados, municí- pios e estatais economizaram R$ 16,3 bilhões, o maior valor já registrado desde que o Banco Central passou a efetuar essa estatística, em 1991. Por isso, foi registrado um resultado nomi- nal superavitário no valor de R$ Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 19
  • 21. 3,1 bilhões, nesse mês. Segundo estudos do Bacen, o governo fede- ral, os estados e os muni- cípios ainda precisarão economizar R$ 83,8 bilhões neste ano para cumprir a meta de supe- rávit primário de 4,25% do PIB. O montante é 3,4% superior ao valor nominal do ajuste fiscal realizado em 2004. positivo de R$ 13,48 bilhões.A dívida líquida do setor público atingiu, Em abril, o resultado primário de R$em março, o valor de R$ 965,95 bilhões 16,34 bilhões - que pode ser considerado(Tabela 6.3). Desse total, R$ 855,58 bilhões excepcional, mesmo dados os níveis atuaisreferiam-se à dívida interna e R$ 100,37 à de comparação - foi responsável, em gran-dívida externa. A dívida total, que em de medida, pela redução da dívida líquidadezembro de 2004 era de R$ 957,0 bilhões, de R$ 965,95 bilhões, em março, para R$chegou ao mês de maio de 2005 com 956,98 bilhões. Soma-se ao efeito do supe-estoque de R$ 957,57 bilhões, ou seja, sem rávit primário o saldo da conta de ajustevariação nominal expressiva no período cambial de R$ 7,39 bilhões, que tambémdestacado. contribuiu como fator importante paraEsse movimento explicita a dificuldade redução da dívida total líquida no período.de controle da dívida líquida do setor públi- Considerando as diferentes esferas daco pela atual política econômica. Apesar administração pública, pode-se observardo acréscimo no superávit primário, a dívi- na Tabela 6.3 que todos os entes, desdeda líquida total atingiu um novo recorde e que agregados os resultados de estados erecuou, em maio de 2005, apenas ao nível municípios e com exceção das empresasdo final do ano anterior. A equipe do estatais, apresentaram aumento no total deMinistério da Fazenda, por sua vez, utiliza suas dívidas. A dívida líquida do governouma argumentação que enfoca a queda central sofreu acréscimo de 1,41%, emna relação Dívida/PIB, que, todavia, deve-se maio, em comparação com o mesmo mêsprincipalmente ao crescimento do denomi- do ano anterior; a dos estados e municípios,nador nesse quociente, conforme foi indi- 5,34%; e as empresas estatais apresenta-cado no número anterior do boletim de ram uma redução expressiva (em termosConjuntura. relativos) de 90,9% no montante total deConsiderando-se o ano de 2005 como suas dívidas líquidas. Quando tomada emum todo, com exceção de abril, todos os meses apre- sentaram superávits primári- os insuficientes para com- pensar os altos gastos com juros. Contudo, os ajustes cambiais têm evitado maior acréscimo ao esto- que total da dívida. Até o mês de maio deste ano, a conta de ajustes cambiais havia "criado" um saldo Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 20
  • 22. seu conjunto, a dívida líquida total no mês de R$ 19,70 bilhões para R$ 15,98 bilhões. de maio de 2005 sofreu acréscimo de Finalmente, as empresas estatais passaram 1,15% em comparação com maio de de tomadoras de recursos a credoras: a 2004. dívida externa que alcançava R$ 7,33 Outro aspecto relevante é a diminuição bilhões, em maio de 2004, passou a crédi- da dívida externa líquida, que pode ser tos oferecidos num total de R$ 8,48 bilhões creditada a uma série de fatores. Quando em maio deste ano. comparamos maio deste ano e maio do Observa-se na Tabela 6.4 que de maio ano passado, o governo federal apresenta de 2004 a maio de 2005 houve um aumen- redução em sua dívida externa líquida de to de R$ 90,9 milhões no saldo total da dívi- R$ 224,39 bilhões para R$ 179,74 bilhões da, o principal motivo se deve ao aumento (queda de 19,89%), ao mesmo tempo em da taxa Selic que corrige mais da metade que o Banco Central aumentou o montante da dívida pública. Os títulos prefixados que total que mantém aplicado, referente as representavam 14,7% do total, atingiram reservas internacionais - de R$ 73,29 bilhões 21,2%, em maio. Os títulos indexados pelo para R$ 90,44 bilhões, acréscimo de câmbio tiveram sua participação reduzida 23,40%. Por sua vez, os governos estaduais e no total da dívida mesmo considerando as municipais tomados em conjunto obtive- operações de swap devido à contínua ram redução de sua dívida externa líquida valorização cambial durante o período. 7. SETOR EXTERNO Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 21 As contas externas do país vão muito pelo setor exportador, as exportações bem, obrigado! As exportações continuam acumulam quase US$ 43,5 bilhões no ano, batendo recordes, o saldo acumulado das o que é um resultado 28% maior do que no transações correntes é de quase o dobro do mesmo período do ano passado. ano passado, e a conta financeira reverte o Nos 5 meses deste ano, os produtos mais resultado deficitário do ano anterior. Tudo exportados, segundo a categoria de uso, isso, frente a um ambiente internacional foram os do grupo matérias-primas e considerado bem menos favorável que o produtos intermediários, que representam do ano anterior e a uma desvalorização 52,3% do total das exportações brasileiras. mundial do dólar. Nesse item, o destaque está na subcatego- Em sentido contrário à desvalorização ria produtos químicos e farmacêuticos, que da taxa de câmbio, as exportações líquidas representa 15,4 p.p. dentro da categoria. do país continuam em níveis elevados. O Os bens de capital, categoria de segundo saldo da balança comercial, que é maior volume, constituem 20,5% do total calculado através da diferença entre as exportado. exportações e as importações do país, A conta de serviços apresentou saída acumula US$ 15,6 bilhões no ano. Esse líquida de quase US$ 2,0 bilhões entre os montante é bastante significativo, represen- meses de março e maio deste ano. No ano, tando quase 40% de aumento quando este déficit acumula US$ 2,5 bilhões, que comparado ao ano anterior, que teve representa um crescimento de 86,4% em entradas líquidas de US$ 11,2 bilhões. relação ao ano de 2004. Já a sub-conta Somente nos últimos três meses apresenta- transportes, apresentou saídas líquidas de dos na tabela 7.1, o resultado chega a mais US$ 565 milhões no ano. Nos três meses de US$ 10,6 bilhões. analisados, maio foi o que apresentou Esse resultado se deve, em grande resultado mais expressivo, US$ 162 milhões. medida, pelo desempenho positivo obtido Boa parte do déficit na conta de serviços,
  • 23. nos primeiros cinco meses desse ano, Parte desta elevação é resultado da decorre do déficit da sub-conta aluguel de valorização da taxa de câmbio, que equipamentos, que acumula um fluxo promove uma tendência de envio de negativo de mais de US$ 1,5 bilhão. rendas para o exterior, já que a compra de Nos três meses a conta de rendas dólares para possibilitar a remessa se torna acumula um resultado negativo de US$ 6,5 mais atrativa. bilhões. Só neste ano foram remetidos, em As transferências unilaterais tornam-se termos líquidos, US$ 10,5 bilhões, um cada vez mais importantes. Nos cinco aumento de 18,7%. No período analisado, o primeiros meses do ano o resultado chegou mês de abril foi o mais representativo, tendo a US$ 1,4 bilhão, 8,5% a mais do que no apresentado saídas líquidas de US$ 2,8 mesmo período do ano anterior, devendo bilhões. Só em relação às rendas derivadas ultrapassar os US$ 3,0 bilhões no ano. Essas de investimentos em carteira, o ano já transferências são remessas de trabalhado- acumula um déficit de US$ 5,5 bilhões, o que res brasileiros no exterior, principalmente significa um aumento de 10,5% em relação Estados Unidos e Japão, para suas famílias. ao acumulado janeiro-maio do ano Esse fenômeno constitui uma característica passado. nova nos países subdesenvolvidos cujas Na sub-conta juros, são US$ 5,5 bilhões condições de vida são precárias e a taxa de de déficit acumulado neste ano, uma desemprego é elevada. Isso obriga uma redução de 2,9% em relação ao ano parcela cada vez mais importante de jovens anterior. O mês de abril foi o que apresentou a exilarem-se em busca de trabalho e maior déficit no período, US$ 1,6 bilhão. melhores condições de vida. Quanto aos lucros e dividendos, ocorre uma O saldo do balanço de pagamentos em tendência contrária; a de elevação em transações correntes apresentou um relação ao ano passado. Neste ano, o resultado acumulado de US$ 4,0 bilhões, acumulado é de US$ -5,0 bilhões, enquanto 74,2% maior do que no mesmo período do no mesmo período de 2004, o resultado foi ano passado. Esse resultado está sendo de US$ -3,2 bilhões (aumento de 56,6%). obtido pelo excepcional desempenho das Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 22
  • 24. exportações que tem crescimento continu- bilhões em depósitos, US$ 8,2 bilhões em amente nos últimos anos. Apesar dos aplicações de portfólio e o restante em sucessivos e crescentes déficits nas contas outras aplicações. Esse capital pertence a de serviços e rendas, os aumentos nos 11.113 declarantes, 85% são pessoas superávits da balança comercial têm sido jurídicas e 15% pessoas físicas. Pouco mais suficientes para contrabalançá-los. Em de 1.500 pessoas físicas detêm mais de US$ relação ao PIB, o saldo em conta corrente US$ 18,0 bilhões de dólares em aplicações chegou a 1,4%, muito mais do que os declaradas no exterior. 0,96% observados no mesmo período de O ingresso de investimentos diretos no 2004. período atingiu o montante de US$ 6,3 Cabe destacar que essa não deveria ser bilhões, dos quais, 27% dos Estados Unidos, uma característica de um país subdesenvol- 20,3% dos Países Baixos e 10,4% da Bélgica. vimento e carente de recursos externos. Pois, Em relação ao ano anterior, os Estados o que esse superávit demonstra é que o Unidos estão aumentando a sua participa- Brasil está remetendo poupança nacional, ção, que era de 19,6%, os Países Baixos em volumes cada vez maiores, para estão perdendo a posição relativa, pois financiar os países capitalistas mais representou 38% do investimento direto, em desenvolvidos. 2004, e a Bélgica que passou e zero para A conta capital, onde são registradas as mais de dez porcento. As Ilhas Cayman que transações unilaterais de capital e as já participaram com quase 15%, em 2003, aquisições/alienação dos bens não representa apenas 3,3% do investimento financeiros e não produzidos (cessão de estrangeiro, mas ainda está na frente da marcas e patentes), fechou com saldo Alemanha (3,1%) e do Japão (2,0%). positivo de US$ 339 milhões nos cinco Dos investimentos que ingressaram no primeiros meses ano, aproximadamente o Brasil até maio de 2005, 50,8% foram mesmo montante que no ano anterior. A destinados para setor industrial, 45,2% para conta financeira, onde são registradas as o setor de serviços e 4% para a agricultura, transações mais importantes relativas aos pecuária e extrativa mineral. movimentos internacionais de capital, Os investimentos em carteira, onde apresentou superávit de US$ 5,2 bilhões, estão contabilizados as entradas e saídas apesar do significativo déficit de US$ 1,5 de recursos aplicados no mercado de bilhão ocorrido no mês de abril. renda variável (ações) e renda fixa (títulos), Os ingressos líquidos na modalidade de reconhecidamente aplicações de menor investimento direto estrangeiro apresentou risco, que haviam apresentado saldo saldo de US$ 5,7 bilhões nos cinco primeiros negativo de US$ 4,8 bilhões em 2004 meses de 2005, um aumento de quase apresenta saldo positivo no ano de 2005 100% em relação a 2004. Esse resultado foi (US$ 2,3 bilhões). Este saldo é o resultado do decorrente do ingresso de US$ 10,4 bilhões e ingresso líquido de capitais estrangeiros (US$ da saída de US$ 4,7 bilhões, da qual, US$ 1,6 3,3 bilhões) e saída líquida de capitais bilhão como investimento brasileiro no brasileiros (US$ 964 milhões). O movimento exterior. As saídas de investimentos diretos de saída ainda é pouco significativo, o brasileiros no exterior eram pouco significati- volume de negócios dos brasileiros no vas, mas cresceram continuamente exterior - compras mais vendas - foi de US$ principalmente a partir de 1997, chegando 4,3 bilhões, em 2005, mas está crescendo a um total líquido de US$ 9,5 bilhões em significativamente, pois foi de US$ 6,3 2004. O estoque de capitais brasileiros no bilhões em todo ano de 2004. Em contra- exterior, segundo o censo realizado pelo partida, o volume de negócios dos estran- Banco Central, atingiu US$ 94,7 bilhões, em geiros no país é enorme, foi de US$ 65,2 2004. Desse total, US$ 70,7 bilhões estão na bilhões, em 2004, e atingiu US$ 31,6 bilhões forma de investimento direto, US$ 10,4 nos cinco primeiros meses do ano, neste Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 23
  • 25. ritmo, pode crescer até 15%, no ano. O montante de reservas - liquidez O movimento na conta de derivativos é internacional - brasileiras, atingiu o patamar pouco significativo. Essa conta fechou com de US$ 60,7 bilhões em maio, dos quais US$ saldo negativo em 2004, e até maio deste 32,9 bilhões são reservas líquida ajustadas, a ano o saldo é positivo em US$ 214 milhões, diferença refere-se a dívida de US$ 27,8 10,3% maior do que no mesmo período de bilhões com o FMI. Essas reservas encon- 2004. O volume de negócios, em 2005, não tram-se aplicadas em títulos (US$ 31,3 chegou a US$ 500 milhões e foi de pouco bilhões) no mercado financeiro internacio- mais de US$ 1,6 bilhão, em 2004. nal e em depósitos em bancos com sede A conta outros investimentos (financia- no exterior (US$ 27,4 bilhões). O restante mentos concedidos por exportadores estão sob diversas formas como os Direitos estrangeiros e importadores nacionais e Especiais de Saque (DES), ouro e outros aqueles provenientes de organismos e ativos. agências internacionais, como o Fundo O estado do Espírito Santo representa um Monetário Internacional), foi a única que importante papel no âmbito do comércio apresentou saldo negativo, US$ 3,0 bilhões. externo brasileiro. Ele ocupa a 6ª posição de As principais saídas nesta conta foram o maior importador do Brasil e a 7ª posição de pagamento de US$ 1,1 bilhão ao FMI, em maior exportador do país. Nesta conjuntura, março, e pagamentos de US$ 1,1 bilhão de nota-se que o desempenho da balança créditos comerciais, em abril. O resultado comercial do Espírito Santo apresenta um global do balanço de pagamentos até impacto significativo na conta de transa- maio de 2005 foi da ordem de US$ 10,0 ções correntes do Brasil. bilhões, resultado 361% maior do que no De janeiro a maio deste ano, o saldo da mesmo período de 2004. Balança Comercial do Espírito Santo (US$ A dívida externa brasileira está diminuin- 577,5 milhões) representou 3,7% do saldo do continuamente nos últimos anos, desde da Balança Comercial brasileira, um quando atingiu seu ponto mais elevado (US$ resultado menor do que no mesmo período 243,2 bilhões) no final de 1998, chegando a do ano anterior, quando a participação do US$ 201,9 bilhões em março (Tabela 3). estado foi de 4,2%. Essa redução foi o Após a crise cambial e o fim do plano real, o resultado da diferença entre o aumento da maior endividamento foi decorrente do participação das importações capixabas acordo com o FMI. Durante todo esse (US$ 1,51 bilhões) nas importações brasilei- tempo tanto o setor público quanto o ras, de 4,6% para 5,5%, e da participação privado tem-se dedicado ao pagamento nas exportações, de 4,4% para 4,8%. Os da dívida anterior acumulada. Só recente- produtos básicos e semimanufaturados são mente algumas empresas e o governo os principais produtos exportados, eles retornaram ao mercado financeiro representaram no acumulado de janeiro a internacional captan- do recursos através da venda de títulos. O governo tem tomado empréstimos para a rolagem da dívida e para o reforço das reservas internacionais e o setor privado para a p r o v e i t a r - s e d o diferencial entre as taxas internacional e a taxa interna de juros. Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 24
  • 26. maio deste ano 84,4% da pauta de apresenta uma redução das exportações exportações do estado, somente as do estado, registrando uma queda de 1,9% empresas CST, Aracruz e CVRD, responde- em relação ao mês de abril, embora tenha ram por cerca de 60% do total das exporta- apresentado um aumento de 18,4% em ções capixabas no período de janeiro a relação ao mesmo mês do ano anterior. Já abril. Em contrapartida os produtos manufa- as importações, neste mesmo mês, turados são os principais produtos registra- apresentam um crescimento bastante dos na pauta de importações capixaba, significativo, de 21,5% em relação a abril e correspondendo a 80,2% do total das 67,3% em relação a maio do ano passado. importações do Estado. O mês de maio Esse é um dos efeitos da desvalorização Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 25 Confirmando a tendência já indicada produtos que mantiveram seus preços altos, no boletim Conjuntura no 34, as novas contrariando as expectativas de fins de projeções de diversos observatórios de 2004. O item bebidas aumentou 49,8%, conjuntura como os Institutos Françeses minerais e metais, 38,1%, e energia, 28,6%. (INSEE, OFCE), FMI, Banco Mundial, CEPAL, Os grupos de produtos como alimentos, dentre outros, apontam para uma redução matérias primas agropecuárias e pesquei- ainda maior no crescimento do PIB mundial ras, azeites e oleaginosas tiveram aumento em 2005. A taxa de crescimento do PIB no de preços em torno de 22,9%. Por produto, o corrente ano deverá se situar no intervalo de preço do petróleo cru aumentou 27,9%; o 2,5% a 3,5%. Em 2003, essa taxa foi de 4% e cobre, 42,9%; o café, 53,5%; a banana, em 2004, 4,9%. 33,9%; e a carne bovina, 11,4%. Para a ONU, essa desaceleração "(...) Os dados indicados na tabela 8.1 deve acontecer principalmente nos países confirmam que, com exceção da China, as desenvolvidos, enquanto as nações em previsões de crescimento do PIB, em 2005, desenvolvimento deverão ter expansão são maiores em países como Venezuela, mais forte devido à alta dos preços do Argentina, Chile, Brasil e México, todos petróleo e de outros produtos ou mercadori- subdesenvolvidos. Mesmo com essa as (commodities)" (FSP, 30/06/05). indicação, a projeção de crescimento para Informações da CEPAL (04/2005) a América Latina é de 4,4%, em 2005, 1,4 confirmam que, no início do corrente ano, ponto percentual a menos que em 2004. A os preços do petróleo, cobre, banana e perspectiva de maiores taxas de crescimen- café aumentaram mas com tendência de to do PIB nos países subdesenvolvidos redução até o final do ano. Vários são os sugere algumas breves reflexões. 8. INTERNACIONAL
  • 27. Vitória/ES - Boletim N.º 35 - 26 Historicamente, o processo de formação econômica desses países foi marcado, dentre outros, pela produção de produtos primários para atender a metrópole. Depois de séculos observamos que seu crescimento econômico ainda continua atrelado à exportação de bens primários, sugerindo um processo de "(re) primarização" das economias periféricas, resgatando as características do velho modelo agrário-exportador. Certos produtos, como o petróleo, impulsionam o crescimento de algumas economias, cuja exportação ainda é fortemente depen- dente desse produto. Ao mesmo tempo, um país como a Venezuela, primeiro país exportador de petróleo do continente sul- americano, aparece articulando, ao redor curto-prazo dos EUA, hoje em 3,25% (FED); a desse produto, crescimento econômico, possibilidade de turbulências em decorrên- missões sociais (saúde, educação, cia do estoque das dívidas das famílias nos alimentação...) e integração regional EUA, em US$ 10,5 trilhões; o déficit em conta alternativa à Alca. corrente dos EUA e o contínuo aumento nos Por outro lado, num sistema mundial preços do petróleo, que saiu de US$ 44 o contemporâneo marcado pelo intenso barril, em 01/2005, e ultrapassou os US$ 61 processo de financeirização, a vulnerabili- em 07/2005, tendem a afetar de maneira dade externa das economias subdesenvol- muito mais intensa as economias dos países vidas adquiriu proporções gigantescas, subdesenvolvidos, fortemente endividadas com alto endividamento interno e externo. e dependentes de produtos primários. Como alguns países são mais dependentes Finalmente, os possíveis efeitos depressivos do fluxo externo de capitais, principalmente sobre a atividade econômica européia, a o capital especulativo, grande parte de sua começar pela Inglaterra, não estão dívida, principalmente a interna, possui excluídos após os atentados de 7 de julho vencimentos de curto-prazo, caracterizan- em Londres. Isso, num contexto, já previsível, do um crescimento econômico frágil no de crescimento econômico fraco sobre o médio e longo-prazo. continente europeu, como pode ser Qualquer movimentação brusca no observado pelos dados da tabela 8.1. cenário externo, principalmente o contínuo crescimento na taxa básica de juros de
  • 28. Participaram neste número: Álvaro Ferreira Caiado Netto, Alysson Correia Pedra, Ana Maria Gomes Amâncio, Camilla dos Santos Nogueira, Celso Bissoli Sessa, Daniel do Valle Pretti, Daniel Pereira Sampaio, Daniela Guerra, Diogo Franco Magalhães, Eduardo Reis Araújo, Felipe Cunha Salles, Gabriela Vichi Abel de Almeida, Guilherme Lucas Barcelos, Ita Maria dos Santos, Joyce Moreira, Julierme Gomes Tosta, Leandro de Souza Lino, Lorena Zardo Trindade, Luciana Ghidetti de Oliveira, Marcelo Corrêa de Oliveira, Márcio Gomes da Silva, Mariana Fialho, Mariana S. Borges, Marinilda Knaak Buss, Martinho de Freitas Salomão, Milena Araújo, Monique Alves Ribett, Pamela da Silva Manfré, Parley Prando Bussato, Patrick R. Andrade, Paula Rúbia, Priscila Alves de Freitas, Rodrigo Delpupo, Ronaud Souza Gomes, Sandra Margareth de Almeida, Silvia Varejão, Tiago Ferrari, Vinícius Barcelos de Oliveira, Vito Nunes Toscano. Grupo de Estudos e Pesquisas em Conjuntura Departamento de Economia Curso de Ciências Econômicas Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, 514 - Campus Goiabeiras - Vitória - ES CEP 29075-910 - Tel/fax: 27-3335-2605/2615 www.conjuntura.cjb.net boletim@npd.ufes.br Coordenadores: Paulo Nakatani e Fabrício Augusto de Oliveira Professores Pesquisadores: Alexis Saludjian, Luiz Jorge Vasconcelos Pessoa de Mendonça, Maurício de Souza Sabadini e Rémy Herrera. Professores Colaboradores: Angela Maria Morandi e Reinaldo Antonio Carcanholo
  • 29. Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari, 514 Campus de Goiabeiras 29 075-910 Vitória ES Tel/Fax: (27) 3335 2605 / 2615 boletim@npd.ufes.br - www.conjuntura.cjb.net