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Brasil perde 29 mil matrículas no ensino superior público em um ano, diz censo do MEC

Rafael Targino

Em São Paulo

13/01/2011 11h36

O número de matrículas no ensino superior público brasileiro caiu 1,9% entre 2008 e 2009, de acordo com o Censo da Educação Superior, divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). De acordo com o documento, o país perdeu 29.089 matrículas.

A queda foi puxada pela forte redução nas matrículas das instituições de ensino estaduais e municipais. Em apenas um ano, foram 143.971 vagas a menos nos Estados e 26.196 nas cidades.

O ministro Fernando Haddad credita a queda a uma mudança na metodologia. Segundo ele, o censo de 2009 é o primeiro que segue o Educacenso, o que significa dizer, segundo ele, que as comparações entre os censos se tornam "um pouquinho problemáticas". "As públicas que perderam matricula estavam ajustando [seus dados]", disse.

Segundo Haddad, havia uma "inflação de matrículas". "Tinha instituição que informava aluno que tinha trancado matrícula ou evadido, com esperança que ele voltasse no semestre seguinte", disse. "Trinta e duas instituições consideradas públicas estaduais migraram pro federal privado", afirmou. Ele citou o caso da Unitins (Universidade do Tocantins), que foi descredenciada e, por isso, "entrou" com uma queda de 75 mil alunos no censo.

Em todo o sistema, contando públicas e privadas, há 5.954.021 matrículas. Nas públicas, são 1.523.864. O restante, 4.430.157, é nas particulares.

O índice de toda a educação superior (quando entram na conta todas as públicas e as particulares) só não foi negativo –teve crescimento de 2,5%, com 146 mil matrículas a mais– por conta do aumento nas instituições federais. Elas responderam, sozinhas, por 141 mil das novas matrículas, com um aumento de 20,2% em relação a 2008.

Particulares

As instituições particulares também contribuíram para evitar o vexame no total de matrículas: com 175 mil a mais, cresceram 4,1%. “Pouco”, afirma o presidente da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior), Gabriel Mario Rodrigues –ele mesmo, reitor de uma particular.

Entre as instituições privadas, esse foi o menor crescimento desde 2006.  “O grande público do ensino superior privado é a classe média alta, que paralisou o crescimento”, diz Rodrigues. “O estudante que vem agora é o das classes C e D, D+.” 

Já o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Edward Madureira, credita boa parte do crescimento na rede federal ao Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). “O Reuni foi pactuado em 2007. Começou a receber estudantes em 2008 e 2009. [O crescimento] É basicamente Reuni e alguma coisa de novas universidades”, afirma.

Superconcentração

O censo mostrou que ainda existe uma grande concentração das matrículas nas maiores universidades e faculdades do país. Elas –que são 117 e correspondem a 5,1% do total– têm quase cinco em cada dez matrículas, totalizando 2.505.670 (48,9% do total).

O MEC define como instituição de grande porte aquelas que têm mais de 10 mil matrículas. Uma de médio porte tem entre 1.001 e 10 mil e as menores, menos de mil matrículas.