quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Comentando “Qual seu número?”



Segunda-feira, me submeti a uma prova de fogo: peguei o carro, tirei da garagem, dirigi sozinha até o shopping, estacionei e, depois, voltei para casa. Entre o ir e o voltar fui ao cinema. Não importava muito o que eu fosse assistir, o relevante era conseguir anular mais um pouquinho do meu medo de dirigir, algo que me consome tempo, dinheiro e já abalou meu emocional, especialmente nos últimos dois anos. Enfim, havia duas possibilidades de filmes, Qual o seu Número?, cujo trailer tinha me chamado a atenção, e Os Três Mosqueteiros, cujo trailer me revoltou mas que talvez eu assista por curiosidade mórbida... Já que assisti Qual o seu número? e me propus a comentar todo e qualquer filme que assistisse, lá vou eu para a resenha do filme com Anna Faris e Chris “Capitão América” Evans.

Ally Darling (Anna Faris) é uma mulher beirando os trinta anos, independente, (aparentemente) bem sucedida, e que vive trocando de namorado e de hábitos, já que tende a se guiar pela cartilha do namorado da vez. Quando iniciamos o filme, sua irmã caçula está para casar e Ally é repentinamente despedida. Na volta para casa, ela lê uma matéria em uma revista Marie Claire que diz que a média de parceiros da mulher americana média é de dez e que uma mulher que tenha tido mais de 20 parceiros tem pouquíssimas possibilidades de se casar. Ally começa a contabilizar seus namoros e casos e termina descobrindo que está perto da marca “perigosa”. A partir daí, ela tenta encontrar o “homem certo”, que seria um dos 20 sujeitos que já transaram com ela. Como não tem tino para detetive, ela contrata o vizinho (gostosão) Colin Shea (Chris Evans) para encontrar os 19 sujeitos com os quais transou (o 20º não lhe interessa), que estejam solteiros, pois um deles, segundo o seu raciocínio enviesado, precisa ser o “Mr. Right”.

A partir daí, vocês já imaginam como terminará a história, porque por mais moderninha, carregada de piadas “sujas”, cenas de quase nudez, as comédias romântica sempre terminam da mesma forma. “Qual o seu número?”, que é um filme mediano, não iria inovar nisso. Vejam bem, o filme não é ruim, há piadas divertidas. A Anna Faris é engraçada nas suas caras e bocas, e eu não lembro de tê-la visto em filme nenhum anterior, já que não vi nada da série Pânico, nem O Clube das Coelhinhas, e o Chris Evans aparece pelado tantas vezes que já justificaria o meu meio ingresso em dia de promoção. Mas é um filme banalzinho em que a mocinha acaba sendo conduzida para a ação por causa de uma matéria cretina e a gente finge que acha aquilo aceitável já que algumas piadas são passáveis.

Agora, falando em termos mais feministas, o filme até tem suas nuances interessantes. Ally é uma pessoa sem vontade própria. Parece liberada, o que se reflete em seu número de parceiros, mas, na verdade, é escrava das aparências. Artista talentosa, ela tem um emprego medíocre para agradar a mãe perua e a irmã. Afinal, arte não dá dinheiro mesmo. A cada namorado, ela muda seu estilo de vida. Já ficou obesa por amor, já foi vegetariana, fez campanha para George Bush... E a qualidade dos sujeitos é muito, muito variada... E a primeira vez da moça foi deprimente demais...

Enfim, ao longo do filme, ela se liberta e se encontra. Poderia ser melhor? Poderia, mas há este fiapo de mensagem. Obviamente, ela só muda, porque encontra um homem que a valoriza pelo que é, com todos os seus defeitos e qualidades. Então, a transformação é feita também por causa do amor que nasce entre os dois. E, sim, a conta da Marie Claire se confirma, Ally continua encucada até o final, ainda que Colin não se importe com quantos ela transou, já que ele era um conquistador que já tinha feito sexo com mais de 300 mulheres e não via mal nenhum nas experiências sexuais de sua parceira.

Não considero o Colin utópico, ainda que tudo aquilo e o corpo do Chris Evans seja, mas é algo raro. Aliás, o último dos namorados reencontrados parecia perfeito, mas era no fim das contas um machista. Ele teria motivos para se decepcionar com Ally, e não darei o spoiler, mas o que ele mais despreza é o fato dela ter tido vários parceiros, dele não ter sido o primeiro ou somente o segundo. O chato é que esse excesso de machismo do cara pareceu forçado só para jogá-la nos braços de Chris Evans. Poderiam ter feito isso sem queimar o cara daquela forma. O estilo de vida de Ally seria chocante para muitas pessoas, nem fica muito claro se ele rejeita a moça porque ela é uma mulher “com passado”, ou simplesmente ele acha sexo casual um defeito para homens e mulheres. Fora a mentira que a Elly contou para ele... Mas, enfim, o objetivo era descartá-lo mesmo. Recurso fraco, como eu bem expliquei.

De resto, o filme, como a maioria das comédias românticas (*vide o post de ontem da Lola*), cumpre a Bechdel Rule. E até vai um pouco além ao ressaltar a parceria e o afeto entre as duas irmãs, ao mostrar o grupo de amigas que se conhecem “desde sempre”. Há o bônus do Chris Evans, claro, que está em evidência por causa de Capitão América e é o “muso” do filme. E, para quem é fã da série inglesa Sherlock, ainda temos o Martin Freeman, que faz o ex-namorado inglês da Abby. Achei boa parte das piadas com ele um porre, mas a culpa é do roteiro fraco mesmo... Recomendado para: 1. Quem não é muito exigente com comédias românticas; 2. Quem precisa de uma desculpa como eu para controlar os nervos depois de fazer algo “ousado”; 3. Para um dia de promoção; 4. Para quem é fã da Anna Faris; 5. E para quem quiser apreciar o corpinho do Chris Evans. É isso!

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