27 abril 2024

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Longe ainda do ideal, mas o avanço é expressivo: taxa de pobreza cai 27,5% e atinge o menor índice desde 2012.

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EUA x China

Blinken em Pequim e o “primeiro botão da camisa”

A estabilização das relações China – EUA depende da resolução de uma contradição fundamental.
Wevergton Brito/Vermelho


 

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, esteve em Pequim aonde chegou na quarta-feira (24). Durante sua visita, reuniu-se longamente com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi e nesta sexta-feira (26) encontrou-se com Xi Jinping. A visita faz parte de uma série de movimentos dos EUA e da China no sentido de “estabilizar” a relação bilateral, bastante afetada nos últimos tempos. No início deste mês de abril, mais precisamente no dia 02, o presidente chinês Xi Jinping e seu homólogo estadunidense, Joe Biden, já haviam conversado por telefone, a pedido do americano, e tiveram, segundo a agência chinesa Xinhua, “uma conversa franca e profunda sobre as relações China-EUA e assuntos de interesse mútuo”. Logo após, em declaração à mídia sobre o diálogo, Xi Jinping fez uma metáfora sobre a relação entre os dois países, dizendo que ao vestir uma camisa, se você não abotoar o primeiro botão na casa correta, a camisa necessariamente ficará desalinhada. Depois do encontro de hoje com Blinken, Xi Jinping voltou a fazer alusão à metáfora do “primeiro botão da camisa”. O que quer dizer Xi Jinping com isso? Bom, é preciso em primeiro lugar entender que EUA e China desenvolveram, ao longo dos últimos 45 anos, volumosas e complexas relações econômicas que, se abaladas seriamente, causariam efeitos prejudiciais a ambos os países. Daí que as disputas geopolíticas entre as duas nações são conduzidas, quase sempre, com o máximo cuidado.

Blinken em Pequim e o “primeiro botão da camisa” II

Blinken declara que EUA e China devem abordar suas diferenças com “responsabilidade”, enquanto Xi Jinping é mais enfático. Afirma o líder comunista que a China fica feliz com os êxitos e o desenvolvimento dos EUA e cobra um sentimento recíproco, maneira bastante hábil de se contrapor aos recentes “conselhos econômicos” estadunidenses no sentido de que a China deve conter seu desenvolvimento. Xi voltou a propor que as relações China-EUA sejam baseadas em três princípios: respeito mútuo, convivência pacífica e benefício mútuo (relação de “ganha-ganha”, como gostam de falar os chineses). Afinal, Xi Jinping lembra constantemente que: “o mundo é grande demais e pode perfeitamente ter lugar para que EUA e China convivam de forma harmoniosa”. O problema é o tal “primeiro botão”. Os últimos documentos oficiais sobre a política de segurança nacional dos EUA definem a China como uma “ameaça estratégica”. Durante os debates da campanha eleitoral de 2020, Trump e Biden divergiam sobre quase tudo, menos sobre a China. A China não deixou de registrar que a visão dos EUA sobre o país representa um consenso bipartidário, e o que pode variar, no caso, são os métodos, o tom e a ênfase, mas a essência será a mesma, independentemente de Trump ou Biden. Em 2022, o documento sobre a política de segurança nacional dos EUA mais recente, portanto já sob governo Biden, volta a mencionar a China como uma ameaça à hegemonia americana. O documento diz que a China “é o único competidor com a intenção de mudar a ordem internacional e, ao mesmo tempo e cada vez mais com poder econômico, diplomático, militar e tecnológico para avançar nesse objetivo“.

Blinken em Pequim e o “primeiro botão da camisa” III

Durante a apresentação do texto, Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional de Biden, disse que “a era pós-guerra fria acabou” (uma admissão implícita de que o mundo já não é unipolar) e do que se trata agora é conformar o que “virá depois dessa era”. Este é, afinal, o tal “primeiro botão”. Como cobra repetidamente Xi Jinping e os dirigentes da República Popular da China, os EUA devem decidir se querem ser parceiros ou adversários da China. A China, em conjunto com a Rússia, propõe “novas relações internacionais”, consentâneas com o mundo multipolar, tendo a ONU como centro e a carta das Nações Unidas como norma orientadora. Um mundo onde todos os países terão direito a escolher seu próprio modelo de desenvolvimento e democracia. Ora, objetivamente isso se choca com os interesses dos EUA, que reconhecem que o mundo mudou, mas lutam tenazmente para que, em essência, nada mude, pois não cogitam a hipótese de abrir mão de seu papel de “nação líder do planeta”. Nesta última quarta-feira, poucas horas antes de Blinken desembarcar na China, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um projeto de lei destinando bilhões de dólares para “combater o poder militar da China” e outros tantos bilhões para a “defesa de Taiwan”. Essa contradição não irá se resolver tão cedo, pois os dois países sabem muito bem o que está em jogo, contudo levam em conta os impactos imediatos de uma conflagração aberta, que não é do interesse de nenhum dos lados. Porém, a contradição seguirá latente e irá, cedo ou tarde, encontrar uma resolução, esperemos que de forma pacífica. O fato é que a camisa continuará desalinhada por um bom tempo, até que um dos dois contendores resolva mudar o figurino. No caso, aposto minhas fichas em que os EUA serão constrangidos a fazê-lo pois seu visual hegemônico, cada vez mais contestado, pertence a temporadas passadas. Claramente saiu de moda.

Conselho de Stálin a Enver Hoxha: “Seja como for, o problema religioso deve ser encarado com muita atenção, é preciso atuar com cuidado neste campo porque não podemos ignorar os sentimentos religiosos do povo. Há séculos que os homens cultivam esses sentimentos e por isso é preciso proceder com muita ponderação, pois a atitude adotada em relação a este problema influirá na coesão e unidade do povo“. [Livro de Enver Hoxha: “Com Stálin, Recordações”.]

Leia: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/04/china-x-eua.html

Humor de resistência: Enio

 

Enio

Quem vê aprende https://bit.ly/3Ye45TD

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A colunista Bela Megale (O Globo) informa que o tenente-coronel Mauro Cid está ajudando os policiais a identificarem as lojas nos EUA envolvidas na comercialização irregular das joias e presentes de que Bolsonaro se apropriou ilegalmente. Caso sério.

Leia: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/04/minha-opiniaopolitica_23.html 

Democracia, ditadura e transição.

Após três décadas do fim da ditadura militar, a democracia brasileira sofreu reveses que nos coloca a revisitar a construção do processo democrático, suas características e potencialidades. Destaca-se as características do Estado brasileiro como instrumento historicamente determinado e o elemento “transição” como materialidade das mudanças qualitativas do processo político brasileiro, seus agentes e as limitações impostas pelo jogo de forças políticas dadas em diferentes momentos. Para analisar o fim da ditadura e o processo de democratização como determinantes da situação política brasileira atual, a Live do João deste 23 de abril de 2024 conta com a exposição do Professor Diorge Konrad, Doutor em História Social do Trabalho pela UNICAMP. Professor Titular do Programa de Pós-Graduação, dos Cursos de História - Licenciatura e Bacharelado e do Departamento de História da UFSM.

Trabalho na era digital

Psicóloga dá dicas para jornalistas gerenciarem tempo de tela

Estabelecer e respeitar limites para atividade profissional ajudam na socialização e descompressão do estresse
Folha de S. Paulo

 

Priorizar interações presenciais, reservar um tempo longe de dispositivos e fazer tudo com moderação são algumas das dicas elencadas pela psicóloga Charlotte Armitage para ajudar jornalistas a gerenciarem seu tempo em frente a telas.

Em entrevista ao site britânico Journalism.co.uk, ela deu as dicas abaixo. 

DEFINA HORÁRIOS PARA SE MANTER OFFLINE

Armitage sugere a criação de períodos diários em que os dispositivos permaneçam desligados. Na rotina matinal, por exemplo, um bom começo é levantar-se, tomar café da manhã e sair de casa antes mesmo de verificar o telefone pela primeira vez no dia.

Outra opção possível é estabelecer cômodos livres de telas, como a sala de jantar ou o quarto, para ganhar mais tempo interagindo verdadeiramente com as pessoas ao redor.

RESERVE TEMPO DE QUALIDADE PARA RELAÇÕES IMPORTANTES

Valorizar o tempo com as pessoas próximas, como pais, filhos e outros familiares, é importante para se proteger do estresse induzido pelo trabalho. Mas tempo de qualidade significa estar presente e, portanto, sem as distrações trazidas por dispositivos.

PRIORIZE INTERAÇÕES PRESENCIAIS

Estar fisicamente com as pessoas é uma forma de melhorar a saúde mental. Conversar cara a cara em vez de ligar ou até encontrar-se com amigos mesmo que para jogar videogame também ajuda no gerenciamento do tempo de tela.

LEMBRE-SE DA MODERAÇÃO

Estabelecer limites ou reservar períodos específicos para usar telas são uma boa maneira de não se isolar sem se perder no tempo. Dessa forma, também é mais fácil ter a consciência do impacto dos dispositivos sobre si mesmo.

SEJA FIRME COM OS LIMITES

Responder a um e-mail no dia de folga ou almoçar com o celular sobre a mesa são pequenas ações às quais é difícil se desprender uma vez incorporadas à rotina. Reservar um tempo para se desligar do celular ajuda na descompressão e socialização.

Roda vida, roda pião https://bit.ly/3Ye45TD

Palavra de poeta: Vladimir Maiakovski

Impossível 

Vladimir Maiakovski


Sozinho não posso
carregar um piano
e menos ainda um cofre forte.
Como poderia então
retomar de ti meu coração
e carregá-lo de volta?

Os banqueiros dizem com razão:
“Quando nos faltam bolsos,
nós que somos muitíssimo ricos,
guardamos o dinheiro no banco”.

Em ti
depositei meu amor,
tesouro encerrado em caixa de ferro,
e ando por aí
como um Creso contente.

É natural, pois,
quando me dá vontade,
que eu retire um sorriso,
a metade de um sorriso
ou menos até
e indo com as donas
eu gaste depois da meia-noite
uns quantos rublos de lirismo à toa

[Ilustração: Egon Schiele]

Poema de Paulo Freire com ilustração de Pablo Picasso https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/04/palavra-de-poeta-paulo-freire.html