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Pessoal, o EM publicou hoje o especial Pioneiras F.C., que revisita histórias e personagens de 80 anos de futebol feminino em MG:

Mulheres presas por jogar em 1940
Pioneirismo em Araguari
América e Atlético em 1959
Sonho sufocado pela lei em Vespasiano em 1968.

Segue o fio:
Não há registros ainda precisos, mesmo academicamente, do início do futebol feminino em BH. Por isso, dois fatos que encontramos, de 1940, podem ser um marco: criação de um time no Carlos Prates; e o primeiro jogo entre dois times cariocas. Escrevi aqui: bit.ly/2FjE5P2
Em 1940, a CND ainda não havia baixado o decreto que proibia as mulheres de jogar futebol de forma competitiva. Mesmo assim, um guarda decidiu prender meninas que jogavam bola próximo ao ponto final do bonde de Lourdes, por "não ser adequado". Aqui: mg.superesportes.com.br/app/noticias/f…
(Parece absurdo mulher ser presa por jogar futebol, em 1940, né? Pois é, mas o decreto-lei do Conselho Nacional dos Desportos (CND), publicado em 1941 vigorou até 1983 e, neste período, muitas mulheres que sonhavam ser jogadoras de forma competitiva foram proibidas de jogar).
Uma dessas iniciativas que foram interrompidas ocorreu em Araguari, em 1958/1959. Dois times da cidade fizeram sucesso e excursionaram por Uberlândia, BH, Salvador e até receberam convite para jogar no México. Conversei com algumas delas aqui: bit.ly/2uqr0hC
Aí que entra outra história fascinante: Sessenta anos antes de América e Atlético se enfrentarem, amanhã, no Mineirão, os dois times fizeram um clássico no Independência. PARA 20 MIL TORCEDORES. EM 1959. bit.ly/2uqr0hC
Para promover a partida, o Diário da Tarde decidiu vestir os times de Araguari com o uniforme de América x Atlético, para o primeiro "clássico das multidões" entre mulheres. O alvinegro venceu por 2 a 1. Conversei com a Zalfa que foi a capitã do Atlético: bit.ly/2uqr0hC
Mas o sonho das meninas de Araguari durou pouco. O sucesso e do destaque da imprensa – a revista O Cruzeiro chegou a destacá-las em duas edições –, chamaram a atenção e os times foram encerrados ainda em 1959 por causa da proibição. bit.ly/2uqr0hC
(Deu quase tudo certo no clássico América x Atlético, no Independência, em 1959. Exceto por alguns torcedores que resolveram fazer graça com as meninas, mas foram logo obrigados a ficar de costas para o campo).
Uma década depois, outra iniciativa foi interrompida: professoras juntaram algumas meninas para jogo beneficente. O objetivo era reconstruir o muro da escola. Tomaram gosto, a rivalidade Vespasiano x Oficina cresceu e chegaram a jogar em outras cidades. bit.ly/2Ye8BSW
Buião, vendido pelo Atlético ao Corinthians naquele ano, era irmão de duas jogadoras, Dora e Clarice, e deu o pontapé inicial no campo do Independente. A história completa: bit.ly/2Ye8BSW
Mas craque mesmo era a Dininha, de apenas 12 anos. Foi dela o gol da vitória na segunda partida 1968. Dininha sofreu um AVC em 2004 e ainda se emociona muito por ter sido proibida de jogar bola, que era seu sonho. A história completa: bit.ly/2Ye8BSW
Aqui está Pioneiras F.C., que gravamos com Dininha, Iolanda (professora que teve a ideia de criar os times) e Buião. Agradeço @mariomarra e @marianaspinelIi por intermediar a liberação desse discurso maravilhoso da Marta, na ESPN, que fecha o vídeo).
Aqui a história do futebold e Vespasiano contada e recontada, no Estado de Minas de 28/6/1968 e 22/3/2019:
A proibição do CND durou de 1941 a 1983. Muita mulher que sonhava jogar tiveram que seguir a vida longe dos gramados. A partir deste ano, clube que não tiver equipe feminina não poderá disputar a Libertadores. É um avanço, mas a realidade ainda está longe do ideal.
Amanhã, às 10h, 60 anos depois do jogo no Independência, @AmericaMG e @GaloFFeminino farão o primeiro clássico no Mineirão. Aqui, a Maria Irenilda fez uma matéria com Ágata e Brenda, que dividem o gramado com outras profissões. mg.superesportes.com.br/app/noticias/f…
Agradeço a divulgação das histórias acima e, principalmente, recomendo a vocês seguirem quem trabalha muito duro para dar voz e espaço ao futebol feminino: @arreguyju, @dribladoras, @OlgaBagatini, @ninadeabreuc, @isabellymoraiis.

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