(Atualizada às 9h46) A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira a Operação Métis para apurar supostas atividades de contrainteligência dentro da Polícia Legislativa do Congresso Nacional. O objetivo da ação é desarticular associação criminosa armada responsável por embaraçar a Operação Lava-Jato, entre outras investigações, informou a PF em nota.
Segundo as investigações, integrantes da Polícia Legislativa estariam obstruindo as investigações da Lava-Jato por meio de ações como varreduras em residências de senadores para saber se eram alvo de escuta autorizada judicialmente.
"Foram obtidas provas de que o grupo, liderado pelo Diretor da Polícia do Senado, tinha a finalidade de criar embaraços às ações investigativas da Polícia Federal em face de senadores e ex-senadores, utilizando-se de equipamentos de inteligência", disse a PF. "Em um dos eventos, o Diretor da Polícia do Senado ordenou a prática de atos de intimidação à Polícia Federal, no cumprimento de mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal em apartamento funcional de Senador."
Autor — Foto: Wilipedia/CC/EBC
A PF cumpre nove mandados judiciais em Brasília, sendo quatro de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, um deles nas dependências da Polícia do Senado. Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal do Distrito Federal. A Justiça Federal determinou a suspensão do exercício da função pública dos policiais do Senado envolvidos.
Os mandados se restringem a integrantes da Polícia Legislativa, ou seja, não envolvem parlamentares. A PF informou ainda que não está cumprindo mandados em residências ou gabinetes de parlamentares.
Os investigados são acusados de associação criminosa armada, corrupção privilegiada e embaraço à investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
O nome da operação - Métis - faz referência à deusa da proteção, com a capacidade de antever acontecimentos.
Sobre a operação
A operação da PF no Senado decorreu da delação premiada de um policial, fechada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em meio a investigações de senadores envolvidos na Lava-Jato. O policial relatou aos procuradores supostas ações de contrainteligência da Polícia Legislativa em favor de parlamentares, que estariam obstruindo as apurações da Lava-Jato.
Como a PGR só apura fatos envolvendo pessoas com foro privilegiado, os pedidos de investigação contra integrantes da Polícia Legislativa foram remetidos à Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF), instância competente para isso. As investigações envolvendo senadores suspeitos de obstruir os trabalhos do MP e da PF, porém, permanecem na PGR e podem resultar em novas operações.