Empresários querem plano mínimo de ação
Grupo sugeriu ao governo medidas para melhorar o ambiente econômico e evitar perda do grau de investimento
Para executivos, futuro de Joaquim Levy depende de conjunto de medidas que permitam corte de despesas
Na quarta-feira (2), um grupo de influentes empresários se reuniu reservadamente com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para fazer o que classificaram de um "chamamento à realidade" do governo e do Congresso.
No encontro, ocorrido em São Paulo no mesmo dia em que Luiz Carlos Trabuco (Bradesco) desembarcou em Brasília para conversar com a presidente Dilma Rousseff sobre saídas para a crise, os empresários reivindicaram que o governo apresente, em três ou quatro semanas, um pacote de medidas para melhorar o ambiente na economia.
Ao final da reunião, que terminou na madrugada de quinta (3) e contou com uma conversa por telefone com a própria Dilma, a mensagem era a de que o Executivo precisa encontrar formas de aplacar o deficit de R$ 30,5 bilhões no Orçamento de 2016.
Dois empresários presentes ao encontro resumiram à Folha a linha geral das conversas daquela noite: o governo precisa evitar a perda do grau de investimento; para isso, tem de trabalhar para cumprir a meta de superavit primário de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano; deve perseguir esta meta por meio de cortes de despesas obrigatórias e evitar, ao máximo, aumento de impostos.
Durante a reunião, todos manifestaram apoio a Levy, que foi contra o envio de uma proposta de Orçamento com previsão de deficit de R$ 30,5 bilhões para 2016.
Um empresário disse à Folha que o governo e o Congresso precisam passar a mensagem de que uma perda do selo de bom pagador pelo país trará prejuízos para a população, em especial para os trabalhadores.
Segundo ele, o rebaixamento do Brasil terá como consequência uma subida dos juros, alta da inflação e aumento do desemprego.
Tanto os empresários que vararam a madrugada de quarta para quinta quanto o próprio ministro da Fazenda esperam para ver se a retórica de Dilma, que afirmou ter compromisso com o superavit primário de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), se transformará em realidade.
Eles defendem a edição das medidas, mas preferem que o governo não opte principalmente pelo aumento de tributos, o que pode contribuir ainda mais, segundo eles, para desacelerar a economia.
A Folha apurou que os empresários deram um voto de confiança à presidente a partir da conversa de um dos presentes com ela por telefone, na frente de Levy.
Alguns dos executivos avaliam, porém, que o futuro do ministro da Fazenda depende do conjunto de medidas de corte de despesas e aumento de receitas que deve ser fechado em breve.
Ali, disse um deles, ficará claro se o governo Dilma vai optar por um caminho mais ao estilo de Levy ou à moda dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Planejamento).
Estavam presentes na conversa de quarta, entre outros, os empresários Beto Sicupira, Carlos Jereissati, João Moreira Salles, Pedro Passos, Edson Bueno e Josué Gomes da Silva, além do especialista em gestão pública Vicente Falconi e do dirigente da Falconi Consultores de Resultados, Mateus Bandeira, e de Antônio Machado, presidente do Instituto Talento Brasil.