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Fractais - Aplicações em Engenharia
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Fractais - Aplicações em Engenharia
TIAGO ROBERTO FERREIRA BAPTISTA
Setembro de 2013

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FRACTAIS – APLICAÇÕES EM
ENGENHARIA
Tiago Roberto Ferreira Baptista
Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Automação
Área de Especialização de Automação e Sistemas
Departamento de Engenharia Electrotécnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto
2013

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Este relatório satisfaz, parcialmente, os requisitos que constam da Ficha de Disciplina de
Tese/Dissertação, do 2º ano, do Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de
Computadores
Candidato: Tiago Roberto Ferreira Baptista, Nº 1010665, 1010665@isep.ipp.pt
Orientação científica: Carla Pinto, cap@isep.ipp.pt
Co-orientação Científica: J. A. Tenreiro Machado, jtm@isep.ipp.pt
Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Área de Especialização de Automação e Sistemas
Departamento de Engenharia Electrotécnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto
7 de Setembro de 2013

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Agradecimentos
Esta jornada começou como um desafio, mas com o passar do tempo tornou-se um
objetivo e uma meta a cumprir.
Agradeço a todas as pessoas que me apoiaram especialmente a Natália pela paciência e
pelo apoio demonstrado que em momentos mais difíceis sempre me ajudou a ultrapassar.
No meio académico, quero expressar o meu agradecimento à professora Carla Pinto, pelo
apoio incondicional demonstrado, desde o início até ao final deste trabalho, e pelo
professor Tenreiro Machado agradeço também toda a disponibilidade demonstrada.
A todos um muito Obrigado…
Tiago Baptista.
...E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Com tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Fernando Pessoa - Poesias de Álvaro de Campos

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Resumo
Num universo despovoado de formas geométricas perfeitas, onde proliferam superfícies
irregulares, difíceis de representar e de medir, a geometria fractal revelou-se um
instrumento poderoso no tratamento de fenómenos naturais, até agora considerados
erráticos, imprevisíveis e aleatórios. Contudo, nem tudo na natureza é fractal, o que
significa que a geometria euclidiana continua a ser útil e necessária, o que torna estas
geometrias complementares.
Este trabalho centra-se no estudo da geometria fractal e na sua aplicação a diversas áreas
científicas, nomeadamente, à engenharia.
São abordadas noções de auto-similaridade (exata, aproximada), formas, dimensão, área,
perímetro, volume, números complexos, semelhança de figuras, sucessão e iterações
relacionadas com as figuras fractais. Apresentam-se exemplos de aplicação da geometria
fractal em diversas áreas do saber, tais como física, biologia, geologia, medicina,
arquitetura, pintura, engenharia eletrotécnica, mercados financeiros, entre outras.
Conclui-se que os fractais são uma ferramenta importante para a compreensão de
fenómenos nas mais diversas áreas da ciência. A importância do estudo desta nova
geometria, é avassaladora graças à sua profunda relação com a natureza e ao avançado
desenvolvimento tecnológico dos computadores.
Palavras-Chave
Fractal, caos, não-linearidade, similaridade, dimensão, leis de potência, geometria,
Natureza.

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Abstract
In a universe of imperfect geometric shapes, where irregular surfaces abound, hard to
represent and to measure, the fractal geometry proved to be a powerful tool in the
treatment of natural phenomena, so far considered erratic, unpredictable and random.
However, not everything in nature is fractal, meaning that Euclidean geometry continues to
be useful and necessary, which makes these complementary geometries.
This work focuses on fractal geometry and its application to several scientific areas, such
as engineering.
Are addressed notions of self-similarity (accurate, statistics), shapes, size, area, perimeter,
volume, complex numbers, series and iterations of functions related to the fractal figures.
Examples of the application of fractal geometry in various areas of knowledge, such as
physics, biology, geology, medicine, architecture, painting, computer engineering,
electrical engineering, financial markets, among others, are presented.
It is concluded that the fractals are an important tool for the understanding of phenomena
in the most diverse areas of science. The importance of the study of this new geometry is
overwhelming, due to its deep relationship to nature and to advanced technological
development of computers.
Keywords
Fractal, chaos, non-linearity, similarity, dimension, power laws, geometry, nature.

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Índice
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................................... I
RESUMO ....................................................................................................................................................... III
ABSTRACT ..................................................................................................................................................... V
ÍNDICE ........................................................................................................................................................ VII
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................................................. IX
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................................ XI
ACRÓNIMOS ............................................................................................................................................. XIII
1.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1
1.1.
CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................................... 3
1.2.
OBJETIVOS........................................................................................................................................ 6
1.3.
CALENDARIZAÇÃO ........................................................................................................................... 6
1.4.
ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO ......................................................................................................... 7
2.
FRACTAIS .............................................................................................................................................. 9
2.1.
FRACTAIS GEOMÉTRICOS CLÁSSICOS .............................................................................................. 16
2.2.
FRACTAIS EM SISTEMAS DINÂMICOS.............................................................................................. 34
3.
APLICAÇÕES DA GEOMETRIA FRACTAL ................................................................................. 43
3.1.
NA NATUREZA................................................................................................................................. 44
3.2.
FRACTAIS CRIADOS PELO HOMEM................................................................................................... 61
3.3.
NOS MERCADOS FINANCEIROS....................................................................................................... 68
4.
CONCLUSÕES ..................................................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS ............................................................................................................. 73

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Índice de Figuras
Figura 1
Comparação entre dimensão euclidiana (à esquerda) e fractal (à direita). ...................... 11
Figura 2
Exemplo de tamanhos de grelhas usados no box–counting. ............................................ 13
Figura 3
Couve-flor (brócolis, à esquerda) e carvalho (à direita) [20]. ......................................... 13
Figura 4
Curva de Peano (à esquerda) e conjunto de Cantor (à direita) [30]. ............................... 14
Figura 5
Curva de Koch (à esquerda) e esponja de Menger (à direita) [25]. ................................. 14
Figura 6
Triângulo de Sierpinski, algumas iterações [27]. ............................................................ 15
Figura 7
Conjunto de Mandelbrot (à esquerda) e conjunto de Julia (à direita). ............................ 15
16
Figura 8
Borboleta de Lorenz (à esquerda) e teoria do caos (à direita) [21]. ................................ 16
Figura 9
Sistema circulatório [59]. ................................................................................................ 17
Figura 10 Rugosidades dos intestinos e do cérebro [59]. ................................................................ 18
Figura 11 Segmento de reta inicial do processo iterativo da curva de Koch. .................................. 18
Figura 12 1ª Iteração do processo iterativo da curva de Koch [25]. ................................................ 18
Figura 13 2ª Iteração do processo iterativo da curva de Koch [25]. ................................................ 19
Figura 14 n-ésima iteração do processo iterativo da curva de Koch [28]. ....................................... 19
Figura 15 Ampliação de uma parte da curva de Koch [28]. ............................................................ 20
Figura 16 Figura inicial da ilha de Koch e os primeiros 5 passos iterativo [25]. ............................ 20
Figura 17 Divisão de um triângulo equilátero em nove triângulos equiláteros iguais [48]. ............ 23
Figura 18 Exemplos de dimensões de objetos superfícies e sólidos [10]. ....................................... 24
Figura 19
Apresentação de 3 iterações e respetivos intervalos que constituem o conjunto de
Cantor [15]. ................................................................................................................................. 26
Figura 20 Zoom de algumas iterações do conjunto de Cantor [15]. ................................................ 27
Figura 21 Processo iterativo do triângulo de Sierpinski (primeiras 4 iterações)[27]....................... 28
Figura 22 Tapete de Menger (à esquerda) e esponja de Menger (à direita)[3]. ............................... 29
Figura 23 Processo recursivo da construção da curva de Peano [28]. ............................................. 30
Figura 24 Figura inicial (à esquerda) e geradora da curva de Hilbert (à direita) [22]. .................... 32
Figura 25 Processo recursivo da construção da curva de Hilbert [22]. ........................................... 32
Figura 26 Curva de Hilbert a 3 dimensões. À direita, as cores representam o número de iterações
[22]. 33
Figura 27 Exemplos de alguns conjuntos de Julia [26]. .................................................................. 36
Figura 28 Coloração dos pontos em relação à sua distância a origem. ............................................ 38
Figura 29 Conjunto de Mandelbrot como catálogo de conjuntos de Julia. ...................................... 39
Figura 30 Algumas ampliações do conjunto de Mandelbrot [28]. ................................................... 39
Figura 31 Jogo do Caos (as 5 primeiras iterações) [48]................................................................... 41

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Figura 32 50000 Iterações do jogo do caos [48]. ............................................................................ 41
Figura 33 Árvore que pode ser abrigo para diferentes animais (à esquerda visão superficial) e (à
direita ampliação de um tronco de árvore) [18]. ......................................................................... 46
Figura 34
Auto-similaridade aproximada na couve romanesca (fractal natural). ....................... 47
Figura 35 Auto-similaridade aproximada na estrutura das folhas. .................................................. 47
Figura 36 Auto-semelhança aproximada na estrutura das folhas [23]. ........................................... 47
Figura 37 Imagem de um corte transversal de um Nautilus Shell Pompilius [23]. ......................... 48
Figura 38 Foto de um satélite: Manaus, na confluência dos rios Solimões e Negro [15]. .............. 51
Figura 39 Vista aérea rio Sabinoso do novo México [15]. .............................................................. 51
Figura 40 Vista aérea de lagoas no Norte do Alasca [20]. .............................................................. 52
Figura 41 Escalas de diferentes dimensões [19]. ............................................................................. 53
Figura 42 Dimensões de algumas linhas costeiras [19]. .................................................................. 53
Figura 43 Método da contagem de caixas para o cálculo da dimensão de linhas costeiras. ............ 54
Figura 44 Imagens pretas e brancas usadas para o cálculo da dimensão fractal [49]. ..................... 55
Figura 45 Ramificação no sistema respiratório e circulatório no pulmão e ampliação (à direita)
[46]. 55
Figura 46 Imagem de ramificações em neurónios [17]. .................................................................. 56
Figura 47 Capacidade de rugosidade numa célula de ADN. ........................................................... 56
Figura 48 Batimento cardíaco caótico [51]. .................................................................................... 57
Figura 49 Análise de padrões fractais na retina humana [4] ........................................................... 58
Figura 50 Fractais presentes em relâmpagos [23]. .......................................................................... 60
Figura 51 Cristais de flocos de neve [23]. ....................................................................................... 60
Figura 52 Auto semelhança na arte [15]. ......................................................................................... 62
Figura 53 Evolução da dimensão fractais nos quadros de Pollock [15]. ......................................... 62
Figura 54 Regras para construção fractal de uma árvore (à esquerda) e um exemplo de imagem de
um fractal obtido no Netlog. ....................................................................................................... 63
Figura 55 Auto similaridade nos pormenores das treliças [15]. ...................................................... 64
Figura 56 Auto similaridade na arquitetura [16]. ............................................................................ 65
Figura 57 Comparação entre o método de Poisson e fractal [15]. ................................................... 66
Figura 58 Modelo Sierpinski (à esquerda) e curva de Koch (à direita) [66]. .................................. 67
Figura 59 Exemplo de uma curva dos mercados de ações com variações bruscas [34]. ................. 69

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Índice de Tabelas
Tabela 1
Calendarização do projeto. ............................................................................................. 6
Tabela 2
Iterações, comprimento do segmento, número de segmentos e perímetro. .................. 21
Tabela 3
Comportamento da curva de Koch. .............................................................................. 21
Tabela 4
Área e perímetro do triângulo de Sierpinski até 3ª iteração. ........................................ 28
Tabela 5
Iterações, número de segmentos, comprimento de segmentos, comprimentos da linha
da curva de Peano até a 4 iteração. ........................................................................................... 31
Tabela 6
Número de quadrados e comprimento de cada lado do quadrado. ............................... 33
Tabela 7
Comportamento do conjunto em torno de Z0. .............................................................. 35
Tabela 8
Comportamento do conjunto em torno do ponto C. ..................................................... 37
Tabela 9
Tabela de dimensões fractais de alguns elementos existentes na natureza [13]. .......... 49
Tabela 10 Os principais métodos fractais aplicados em análises de imagens médicas [13]. ........ 58

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Acrónimos
SFI – Sistemas de Funções Iteradas
LP – Lei de Potência
ADN – Ácido desoxirribonucleico
GPS – Sistema de posicionamento global

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1. INTRODUÇÃO
Muitos objetos conhecidos e que vemos no dia-a-dia, por possuírem geometria muito
simples, podem ser descritos através de formas ‘ideais’, como retângulos, cilindros, cones
ou esferas. A maioria dos objetos desenvolvidos pelo homem pode ser facilmente descrita
por um conjunto de formas euclidianas básicas, mas o que dizer dos objetos encontrados na
natureza? Quem é capaz de descrever a forma de uma árvore, de uma montanha ou de um
floco de neve?
Desde que Euclides, famoso matemático da Grécia antiga, desenvolveu a hoje designada
geometria euclidiana, prevaleceu um certo comodismo, baseado na ideia de que todos os
objetos podem ser descritos através de composições de formas regulares simples. Euclides
definiu a natureza como um conjunto de formas regulares básicas, como linhas, retângulos,
cones e triângulos. Todavia é visível que as formas ideais de Euclides são apenas uma
aproximação, na maioria dos casos grosseira da realidade dos objetos naturais [2]. Na
época de Euclides, por volta de 300 A.C., e até há poucos anos atrás, isto era aceitável.
Porém, os recentes avanços da tecnologia dos computadores e da matemática levaram ao
surgimento de novas técnicas capazes de descrever com maior exatidão e realismo os
padrões encontrados na natureza. E assim surgiu a geometria fractal. Anteriormente,
matemáticos como Galileu (1564-1642), recorreram a triângulos e outras figuras
euclidianas para ler a natureza, Mandelbrot, contudo utilizou outra linguagem para este

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mesmo propósito: a dos fractais. Mandelbrot introduziu o termo fractal em 1977, baseado
no nome latino “fractus”, derivado do verbo “frengere” que significa partir, quebrar [10]. A
principal caraterística de um fractal é a propriedade do nível de detalhe do
“rendilhado/rugosidade” gráfico que apresenta não desvanecer com a escala, sendo que,
em muitos casos, uma ampliação sobre quaisquer partes do fractal revela pequenas cópias
da imagem original, e isto acontece independentemente da ampliação utilizada num
determinado intervalo.
Na natureza não se pode esperar encontrar um triângulo perfeito todavia, as formas fractais
são muito mais verosímeis, como se fossem fruto de uma geometria mais ligada à natureza.
O impacto científico da geometria fractal alastrou a outras áreas, tornando a palavra
“fractal” vulgar em trabalhos de ciência ou mesmo de humanidades. As actuais aplicações
dos fractais são inúmeras. Por exemplo, na realização de imagens para cenários de filme,
medição das zonas costeiras (Mandelbrot (1967) [43]), descrição de árvores [42], e de
culturas bacterianas [13][44], vasos sanguíneos [40], nos pulmões [46], na música onde a
repetição são caraterísticas gerais [9], em áreas financeiras [32], entre outras.
A facilidade com que se pode hoje criar fractais novos, usando computadores, dá ilusão de
proximidade com teorias científicas elaboradas, como nunca antes sucedera. Por outro
lado, as imagens, sendo absolutamente novas, não representam nenhuma realidade em
particular, mas diferentes possibilidades mais ou menos plausíveis.
Neste trabalho serão descritas as várias propriedades de um fractal, far-se-á o cálculo de
dimensões fractais e estudar-se-ão aplicações dos fractais em diversos campos das ciências,
como a engenharia, a biologia, medicina e outras mais.

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1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
O tema dos fractais é bastante recente, pois apenas lhe foi dada importância a partir da
segunda metade do século XIX. Contudo os fractais já demonstraram ter correlação com
quase todos os domínios do conhecimento e surgem constantemente novas aplicações dos
mesmos. Os fractais “puros" estão patentes apenas na matemática, mas podem servir para
modelar fenómenos e objetos da física, da astronomia, da sismologia, da meteorologia, da
biologia, da medicina, das ciências humanas, da economia, de diversas formas de arte, da
informática, da indústria e outros mais.
Fractais como os conjuntos de Cantor e de Sierpinski são gerados através de um processo
de remoção de alguma parte da figura inicial enquanto os conjuntos de Koch, Peano e de
Hilbert são gerados através de um processo de alteração da figura inicial.
Os seguintes fractais clássicos foram apresentados na segunda metade do século XIX,
pelos matemáticos: Cantor (Geog Cantor (1945-1918) matemático russo cujos seus
trabalhos ligados com a teoria dos conjuntos estão na base do aparecimento do famoso
fractal conjunto de Cantor), Koch (Helge Von Koch (1870-1924) matemático sueco que
introduziu em 1904 o fractal conhecido como a curva de Koch), Sierpinski (Waclaw
Sierpinski (1882-1969) matemático polaco que criou em 1916 o fractal que recebeu o seu
nome triângulo de Sierpinski), Peano (Giuseppe Peano (1858-1932) matemático italiano,
descreveu a primeira curva em 1890. Desde então, foram descobertas, por outros
matemáticos, curvas que por possuírem caraterísticas comuns à primeira, foram
denominadas curvas de Peano) e Hilbert (David Hilbert (1862-1943), matemático alemão
que criou o fractal a curva de Hilbert) investigavam objetos que punham em causa algumas
das bases matemáticas da época relacionadas com a análise, álgebra e geometria.
Em meados do século XIX, não havia quase nenhuma representação gráfica dos fractais e
despendia-se muito tempo em cálculos devido a inexistência de computadores na época.
Por vezes, conjuntos deste tipo, com propriedades “estranhas” - curvas que não eram
diferenciáveis em nenhum ponto, auto-similares, com comprimento indefinido ou que não
podia ser medido, às quais o conceito de dimensão topológica parecia não se adequar -
eram vulgarmente apelidados de “monstros e de casos patológicos”, sem interesse

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matemático e eram apresentados sem qualquer suporte de imagem ou apenas
acompanhados por esboços de pouca qualidade gráfica [2].
Em 1970, Benoit Mandelbrot, retomou o interesse pelas questões relacionadas com a
publicação de Gaston Julia e, com a ajuda dos meios computacionais que tinha ao seu
dispor na IBM, onde trabalhava, iniciou a partir de 1957, no centro de investigação
Thomas J. Watson [59], o seu estudo. Contudo começou primeiramente por estudar séries
temporais relacionadas com preços e posteriormente com um problema que, naquela
época, preocupava os técnicos da multinacional, e que estava relacionado com o ruído das
linhas telefónicas utilizadas para interligar computadores. Mandelbrot para o problema
propôs um modelo baseado no conjunto de Cantor e demonstrou que não era possível
eliminar os ruídos, mas poder-se-ia estabelecer um controlo dos mesmos mediante
oportunas estratégias de redundância. Em 1962, Mandelbrot publicou a memória, uma das
suas primeiras referências sobre séries temporais em finanças. Em 1967 publicou, sobre
um tema que encontrou numa publicação do cientista britânico Lewis F. Richardson.
A sucessão de todos os seus trabalhos de investigação viria dar origem ao trabalho de 1975
intitulado. E nesse trabalho que é introduzido o termo fractal para identificar as classes de
objetos rugosos, quebrados e aparentemente sem forma que reinam absolutamente no
mundo em que vivemos. “A geometria fractal é a geometria das formas irregulares que
encontramos na natureza” [3][8]. A definição de fractal ainda não está totalmente definida
e precisa. Até mesmo a matemática, a mais concisa de todas as línguas, tem dificuldade em
descrever um fractal [52]. A geometria fractal consiste numa extensão da geometria
euclidiana tradicional. Ela não a substitui, enriquece-a, trazendo a possibilidade de
descrever com precisão objetos diretamente relevantes para a compreensão do mundo real.
A geometria fractal pode ser vista como um novo idioma ou uma nova linguagem, assim
torna-se possível descrever a forma de uma nuvem com a mesma precisão da arquitetura de
uma casa.
Mandelbrot em 1980 apresenta, o primeiro traçado detalhado do gráfico do sistema
dinâmico no campo complexo denominado conjunto de Mandelbrot (
= + , onde
é um número complexo e o parâmetro em questão) é provavelmente o fractal mais
popular e, possivelmente, um dos objetos matemáticos contemporâneos visualmente mais
conhecidos neste meio.

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Mandelbrot juntamente com Richard F. Voss (colegas de trabalho na IBM) criaram, um
sistema gráfico computacional inovador que permitiu criar imagens de fractais a cores até
então nunca vistas e que foram publicadas no livro na edição de 1982. Neste mesmo livro
Mandelbrot coloca os fractais num sem número de contextos científicos. Um pouco mais
tarde aplicaram-se estes métodos, e outros mais avançados na criação de imagens de
paisagens, montanhas, nuvens e de galáxias para filmes como os da saga Star Wars e em
outros mais [59].
Mandelbrot, ao escrever variadíssimos artigos que lidam com a geometria de fenómenos
observados em vários campos da ciência e de forma criativa, gerou um interesse sobre este
assunto.
A interdisciplinaridade na geometria fractal, esta vincada nos próprios livros de
Mandelbrot que discutem árvores, rios, montanhas, nuvens, pulmões, linhas de água,
turbulência, economia, frequência de palavras num texto, e muitos outros tópicos
interligados por conceitos geométricos.

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1.2. OBJETIVOS
Objetivos desta dissertação são apresentar os fractais, mostrando as várias propriedades,
comparar as aplicações da geometria fractal relativamente à geometria euclidiana e mostrar
as várias aplicações que estes podem ter nos mais diversos campos da ciência.
1.3. CALENDARIZAÇÃO
A calendarização das várias fases de desenvolvimento do trabalho é na seguinte tabela
(Tabela 1). As tarefas desenvolvidas consistiram no estudo de bibliografia, que teve como
base artigos científicos e livros na área; na obtenção e análise de informação existente e,
por fim, na elaboração do relatório final. O estudo da bibliografia foi a tarefa que se
prolongou mais no tempo, dada a falta de conhecimento do mestrando sobre este assunto.
Tabela 1 Calendarização do projeto.

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1.4. ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO
O relatório foi estruturado em 4 capítulos, nomeadamente:
1. Introdução: é realizada uma contextualização sobre os fractais e sobre a
importância desta nova forma de geometria;
2. Fractais: apresentam-se os vários tipos de fractais, propriedades, caraterísticas,
cálculos de dimensão fractal;
3. Aplicações da geometria fractal: nos campos da geologia, biologia, física,
medicina, música, engenharias, área financeira;
4. Conclusões.

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2. FRACTAIS
Hoje em dia, com o desenvolvimento dos computadores, a aplicação prática dos fractais é
cada vez maior, constituindo uma nova perspetiva de encarar a realidade e também uma
ferramenta científica de enorme potencialidade e que se encontra ainda a dar os primeiros
passos. No entanto, aquilo que mais contribui para a sua divulgação é certamente a
espetacularidade das suas imagens que, no mínimo, se podem considerar intrigantes e
bizarras.
Um fractal tem como caraterísticas a escala, complexidade, auto-similaridade (exata e
aproximada) e dimensão. A sua definição não se enquadra nas definições clássicas da
geometria euclidiana [11].
Um objeto ou figura geométrica é um fractal se apresentar uma ou mais das seguintes
propriedades:
▪ Ter uma “estrutura fina/ rugosa”, que contém detalhe numa escala arbitrariamente
pequena e quanto mais se amplia a sua imagem, mais detalhes é possível observar.
Isto não ocorre com figuras geométricas convencionais, como exemplo: a
circunferência, se ampliarmos suficientemente um pequeno arco da mesma e dele
retirarmos um pequeno arco que também ampliaremos e repetindo sucessivamente
o processo, obteremos um arco virtualmente retilíneo.

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▪ Ser demasiado irregular para se poder descrever facilmente em termos clássicos,
quer em termos globais quer ao nível da sua geometria local. Não se trata do lugar
de pontos que satisfaz uma determinada condição, num dos pontos que representam
o conjunto solução de uma equação simples, sendo também complicado descrever o
que se passa à volta de cada um dos seus pontos.
▪ Possuir algum tipo de auto-similaridade (exata, aproximada) também designada,
por Mandelbrot, de homotetia (propriedade das figuras geométricas que, sendo
semelhantes, têm posição relativa tal, que qualquer ponto de uma delas é colinear
com o ponto correspondente da outra e com um ponto fixo que se diz centro de
homotetia (ou homotesia)).
o Auto-similaridade exata: este tipo de fractal designa-se como “puro”
contém cópias de si próprio a escalas tão pequenas quanto se queira.
Fractais gerados por sistemas de funções iterativas geralmente apresentam
auto-similaridade exata, sendo este processo muito simples e direto. O
procedimento recursivo gera, em cada iteração, uma cópia ampliada dos
elementos que o constitui.
o Auto-similaridade aproximada: o fractal possui medidas numéricas ou
estatísticas que são preservadas em diferentes escalas. As definições de
fractais geralmente implicam alguma forma de auto-similaridade
aproximada. Os fractais aleatórios são exemplos de fractais que possuem
auto-similaridade aproximada, uma vez que, partes destes têm uma estrutura
ou uma distribuição estatística idêntica mas não são réplicas exactas.
Exemplos destes são os designados: fractais na natureza.
▪ A dimensão fractal representa o nível de irregularidade de um objeto geométrico. A
dimensão fractal de um conjunto pode ser diferente da sua dimensão topológica. O
conceito de dimensão fractal está relacionado com a forma que um conjunto tem de
ocupar o espaço e, inclusivamente pode não ser um número inteiro.
O conceito matemático de dimensão topológica de um conjunto versus dimensão fractal,
está exemplificado na Figura 1. Dizemos, por exemplo, que um plano é bidimensional
porque um ponto de um plano é descrito por duas coordenadas cartesianas [11].

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Figura 1 Comparação entre dimensão euclidiana (à esquerda) e fractal (à direita).
Por exemplo, a Curva de Hilbert, embora seja uma linha a uma dimensão (de dimensão
topológica 1), comporta-se quase como um espaço a 2 dimensões, para um número infinito
de iterações, preenche totalmente uma área.
A dimensão de Hausdorff - Besicovitch é uma dimensão que pode tomar valores não
inteiros e é igual à dimensão topológica para os espaços Euclidianos [48][58].
Fractais são formas complexas que não podem ser medidas apenas por dimensão
topológica. A dimensão fractal surge então como uma alternativa de medição já que pode
assumir valores fracionários, obtendo assim o grau de complexidade de uma forma [63].
Pode-se afirmar que a dimensão fractal de um conjunto é um valor que diz o quanto
densamente um conjunto ocupa o espaço métrico em que ele existe.
Para definir dimensão é necessário saber qual o método de cálculo que se utilizou. Esta
pode ser calculada pelo método da auto-similaridade, tomando o limite do quociente das
mudanças logarítmicas em tamanho e em escala de medida, à medida que a escala de
medida se aproxima de zero (ver fórmula (1)). Se uma curva pode ser subdividida em
partes, sendo o todo
vezes maior do que cada uma delas, a dimensão de Hausdorff
Besicovitch será:
=
ln
(1)

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Dimensão de Hausdorff Besicovitch fórmula (2):
=
(2)
Um outro método de determinar a dimensão fractal de um fractal (de conjunto no espaço
euclidiano) é a determinação da chamada dimensão de contagem de células de uma grelha
ou de empacotamento (box-counting dimension or packing dimension), que é uma
dimensão que coincide em muitos casos com a dimensão de Hausdorff - Besicovitch.
O box-counting ou box-dimension é um dos métodos mais utilizados. A sua grande
popularidade deve-se a sua facilidade de uso em cálculos matemáticos e em estimativas
experimentais. O algoritmo para o cálculo dessa dimensão considera uma figura qualquer
coberta por um conjunto de quadrados, e calcula o número de quadrados necessários para
cobrir toda a figura que é representado por , sendo a escala, ou seja, número de
vezes que a imagem será dividida. Essa divisão pode ser observada na Figura 2. Imagina-se
esse fractal desenhado sobre uma grelha uniformemente espaçada e conta-se o número de
células de uma grelha necessários para cobrir o conjunto. A dimensão de empacotamento é
calculada vendo como esse número muda à medida que fazemos uma grelha mais fina.
Na curva de Koch obtemos o seguinte resultado; medida analítica de 1.2619 e de medida
experimental de 1.2268.

Page 32
13
Figura 2 Exemplo de tamanhos de grelhas usados no box–counting.
Os fractais podem ser divididos em várias categorias segundo o modo como são formados
ou gerados tais como:
A. Fractais aleatórios, gerados por processos estocásticos ao invés de determinísticos
como é o caso da Figura 3 que ilustra os fractais naturais com auto-similaridade
aproximada ou outro exemplo o voo de Lévy [59];
Figura 3 Couve-flor (brócolis, à esquerda) e carvalho (à direita) [20].

Page 33
14
B. Ponto fixo de um sistema de funções iterativas. Um conjunto de funções é aplicado
sucessivamente a um subconjunto compacto de um espaço métrico um número
infinito de vezes. Estes fractais também se designam de fractais determinísticos ou
geométricos, são subconjuntos gerados por transformações geométricas simples do
próprio objeto nele mesmo, possuem uma regra fixa de substituição geométrica,
aplicada a cada iteração como por exemplo a curva de Peano e conjunto de Cantor,
(Figura 4), curva e “Floco de Neve” de Koch, esponja de Menger (Figura 5) e
triângulo de Sierpinsky (Figura 6).
Figura 4 Curva de Peano (à esquerda) e conjunto de Cantor (à direita) [30].
Figura 5 Curva de Koch (à esquerda) e esponja de Menger (à direita) [25].

Page 34
15
Figura 6 Triângulo de Sierpinski, algumas iterações [27].
C. Fractais definidos por uma relação de recorrência, em cada ponto do espaço, estes
fractais são gerados por computadores e também são chamados de fractais de fuga
do tempo ou fractais em sistemas dinâmicos, como os conjuntos de Mandelbrot e
Julia, (Figura 7), com a borboleta de Lorenz e o jogo do caos (Figura 8). O
conjunto de Mandelbrot é um dos fractais mais conhecidos, uma figura tão
complexa que seria impossível conhecê-la ao longo de uma vida inteira sem a
evolução dos computadores. Matematicamente, o conjunto de Mandelbrot é
caraterizado pela seguinte fórmula: → + sendo um número complexo, e é o
parâmetro em questão [48].
Figura 7 Conjunto de Mandelbrot (à esquerda) e conjunto de Julia (à direita).

Page 35
16
Figura 8 Borboleta de Lorenz (à esquerda) e teoria do caos (à direita) [21].
2.1. FRACTAIS GEOMÉTRICOS CLÁSSICOS
Nesta secção será feita uma abordagem a alguns exemplos de fractais clássicos que
utilizam no seu processo de construção, o processo iterativo, o sistema de funções iteradas
(SFI). Fractais como os conjuntos de Cantor e de Sierpinski são gerados através de um
processo de remoção de alguma parte da figura inicial e conjuntos de Koch, Peano são
gerados através de um processo de alteração da figura inicial.

Page 36
17
2.1.1.
A CURVA DE KOCH
A curva de Kock ou a “ilha de Koch” baseiam-se num processo de construção, o processo
recursivo, tendo a curva de Koch uma figura inicial um segmento de reta, e a ilha de Koch,
um triângulo equilátero, que é composto por três desses segmentos de reta.
A curva de Koch tem várias vantagens. Por exemplo, no corpo humano, bem como na
maioria dos seres vivos, superfícies enrugadas sobre si mesmo, servem para maximizar a
superfície total e assim aumentar o seu desempenho funcional. O facto de mais superfície
estar compactada num mesmo volume, trás a estes objetos uma dimensão não inteira. A
curva de Koch parece estar entre uma linha e um polígono, devido a ser uma linha fechada
de comprimento infinito. As ferramentas que permitem o cálculo da dimensão dão à curva
de Koch uma dimensão aproximada de 1,26 (calculada mais abaixo), o que quer dizer a sua
dimensão “foge" às dimensões euclidianas da linha, de dimensão 1.
O exemplo que se segue mostra um modelo fractal para descrever o sistema circulatório
(Figura 9). A vantagem dos corpos dos animais possuírem órgãos com caraterísticas
fractais é para obterem estruturas mais eficientes em termos energéticos, dado ser possível
fazer com mais superfície o que, em alternativa teria de ser realizado com mais volume
(Figura 10). Encontra-se assim uma solução mais económica, resultando que o ser vivo em
questão precisa de menos alimento [59].
Figura 9 Sistema circulatório [59].

Page 37
18
Figura 10 Rugosidades dos intestinos e do cérebro [59].
O processo iterativo da curva de Koch pode ser descrito da forma que se segue:
1) Começar com um segmento de reta ver (Figura 11):
Figura 11 Segmento de reta inicial do processo iterativo da curva de Koch.
2) O procedimento a efetuar na primeira iteração, sendo a regra recursiva, consiste em
dividir o segmento de reta em 3 partes iguais (Figura 12), manter as duas pontas e
substituir a do meio de um triângulo equilátero ao qual se removeu a base e cujos
lados têm comprimento igual à terça parte do segmento inicial.
Figura 12 1ª Iteração do processo iterativo da curva de Koch [25].

Page 38
19
3) Aplicar o procedimento descrito em 2) a cada um dos 4 segmentos obtidos da reta
na iteração anterior (Figura 13).
Figura 13 2ª Iteração do processo iterativo da curva de Koch [25].
4) Repetir o processo indefinidamente, aplicando o procedimento descrito em 2) a
cada segmento de reta produzida na etapa anterior para obter o que designamos de
curva de Koch (Figura 14).
Figura 14 n-ésima iteração do processo iterativo da curva de Koch [28].
A construção da curva de Koch apresenta uma notória auto-similaridade em todas as
escalas. Por exemplo, se fizermos ampliação sobre a curva no pequeno retângulo
assinalado na imagem da Figura 15 (em cima), obtemos a imagem da mesma figura (em
baixo) que é exatamente igual à curva de Koch original, podendo efetivamente ser vista
como o resultado de um reescalonamento da imagem original pela razão .

Page 39
20
Figura 15 Ampliação de uma parte da curva de Koch [28].
De seguida, descreve-se o processo iterativo da ilha de Koch Figura 16 explicando o seu
processo iterativo, salientando-se as várias propriedades deste fractal e que poderá ser
adaptado a outros que sejam obtidos pelo mesmo processo (SFI). Segue a seguinte
demostração:
Figura 16 Figura inicial da ilha de Koch e os primeiros 5 passos iterativo [25].
A ilha de Koch é uma figura geométrica regular fechada cuja fronteira é composta por
infinitos lados cada vez mais pequenos, sendo estes três vezes mais pequenos em cada
iteração. Na Tabela 2 seguinte estão representados: o comprimento de cada segmento, o
número dos segmentos e o perímetro da curva de Koch. Considera-se o lado do triângulo
inicial gerador igual a 1 unidade.

Page 40
21
Nº iterações
Comprimento do
segmento
Número de segmentos
Perímetro
0
1=3
3 × 4 = 3
1
1
1
3 =3
3 × 4 = 12
1.33
2
1
9 =3
3 × 4 = 48
1.77
3
1
27
= 3
3 × 4 = 192
2.37
4
1
81
= 3
3 × 4 = 768
3.16
Tabela 2 Iterações, comprimento do segmento, número de segmentos e perímetro.
Na tabela abaixo é feito um resumo do comportamento da curva de Koch, relativamente a:
(nº de segmentos), Comp
(comprimento dos segmentos),
P
(perímetro da curva) e por fim A
(área da curva).
Designação
Expressão
Comportamento da curva
3× 4
Sucessão monótona crescente, → ∞
Comp
3
Sucessão monótona decrescente, quando
→∞,
n→ 0
P
(3× 4 ) × (3 )
P
→ ∞, pois →∞. É uma progressão
geométrica cujo primeiro termo é positivo de razão
>1. (ver fórmula (3))
A
√3
4
+
3√3
20
=
2√3
5
≈ 0.7
A
é finita ≈ 0.7. (ver a partir fórmula (7))
Tabela 3 Comportamento da curva de Koch.

Page 41
22
Quanto ao perímetro da curva de Koch é representada pela seguinte expressão:
= Nº
×
(3)
= 3 × 4 × 3
(3.1)
=3×
4
3
(3.2)
O resultado da expressão acima indica que,
→ ∞ quando n→∞,
é
uma progressão geométrica, cujo primeiro termo é positivo, e a razão é superior a 1, sendo
assim o perímetro da curva de Koch Infinito.
Seguindo a mesma linha de pensamento, o cálculo da
tendo como condições
iniciais, o comprimento do lado do triângulo igual a 1 unidade, o comprimento de cada
lado de cada nova figura triangular reduzida do factor de razão e assim, a área de cada
triangulo formado das sucessivas iterações, sofre redução de [48] (ver Figura 17). Desta
forma a
é traduzida pela seguinte expressão:
=
√3
2
2
=
√3
4
(4)
Para exemplo realizando a 1ª iteração temos 3 novos triângulos cuja área é × , logo o
valor da seguinte expressão é:
=
√3
4
+ 3 ×
√3
4
×
1
9
=
√3
4
+
√3
12
(5)

Page 42
23
Logo na n-ésima iteração temos 3 4
novos triângulos
logo o valor da área
da figura seguinte é:
√3
4
√3
12
√3
12
4
9
√3
12
4
9
√3
12
4
9
√3
12
4
9
(6)
Figura 17 Divisão de um triângulo equilátero em nove triângulos equiláteros iguais [48].
Resultando a expressão como a soma entre
e os termos de progressão geométrica de
, de razão com o primeiro termo igual a
e cuja soma dos primeiros termos é:
√3
12
1
4
9
1
4
9
(7)
Logo quando → ∞,
e portanto a área da curva de Koch é:
√3
4
3√3
20
2√3
5
0.7
(8)
Desta forma conclui-se que a área da curva de Koch é finita.

Page 43
24
Antes de definir a dimensão da curva de Koch segue mais umas breves explicações sobre o
conceito dimensão, classificamos as linhas como objetos de dimensão 1, superfícies com
dimensão 2 e sólidos com dimensão 3 (ver Figura 18). Em superfícies podemos calcular
áreas que, nos casos mais simples, se obtêm multiplicando o comprimento pela largura.
Nos sólidos podemos determinar volumes que, nos casos mais simples, se obtêm
multiplicando comprimento, largura e altura [10].
Figura 18 Exemplos de dimensões de objetos superfícies e sólidos [10].

Page 44
25
A fórmula (9) indica o cálculo da dimensão de objetos com auto-similaridade e segue
abaixo o respectivo desenvolvimento da mesma:
= lim
log
log
(9)
Onde:
: é a dimensão do objeto;
: número de partes iguais da iteração, =4;
: é o comprimento da linha, igual a 1 unidade;
: comprimento de cada segmento, onde = ;
Substituindo os valores, a dimensão da curva de Koch tem o valor abaixo:
=
log
1
4
log
1
3
= =
log 4
log 3
≈ 1.2619.
(10)

Page 45
26
2.1.2.
O CONJUNTO DE CANTOR
O conjunto Cantor é obra do matemático George Cantor que viveu no século XIX, é
considerado o precursor dos fractais e este conjunto é resultante da remoção sucessiva do
terço central de um segmento de reta. Na Figura 19 pode-se visualizar as primeiras três
iterações da sua construção.
Este conjunto tem algumas propriedades como:
Tem comprimento zero, pois a cada iteração o comprimento do conjunto é do
comprimento da iteração anterior. Por exemplo se o comprimento inicial for 1, ao
fim da primeira iteração é , na segunda iteração é
, na terceira é
,
pelo que o comprimento quando
çã
0.
O seu limite é ∞, pois os extremos dos segmentos de reta nunca são removidos e
em cada passo o número de extremos é multiplicado por 2.
É auto-similar, isto é cada parte é uma cópia de si própria, como pode ser
observado nas seguintes Figura 19 e Figura 20:
Figura 19 Apresentação de 3 iterações e respetivos intervalos que constituem o conjunto de
Cantor [15].

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27
Figura 20 Zoom de algumas iterações do conjunto de Cantor [15].
Intuitivamente observa-se que estamos diante de uma infinidade de pontos, assim a
dimensão fractal não será nula. Por outro lado vemos claramente que não temos uma reta
devido aos “espaços” referentes aos terços centrais retirados, logo a dimensão fractal
também não é 1.
Portanto a dimensão do conjunto de Cantor está compreendida entre 0 e 1. Aplicando a
fórmula (11) obtemos o seguinte valor da dimensão:
=
log
1
2
log
1
3
log 2
log 3
0.6309.
(11)
2.1.3.
TRIÂNGULO DE SIERPINSKI
Este fractal é aproximadamente 40 anos mais jovem que o conjunto de Cantor e foi
apresentado pelo matemático polonês Waclaw Sierpinski.
O triângulo de Sierpinski pode ser construído por diferentes formas, desde alguns
processos geradores completamente distintos até mesmo pelo jogo do caos (fractal de
sistema dinâmico ponto 2.2.3). A Figura 21 é o conjunto resultante da remoção sucessiva
do triângulo equilátero do centro, quando se divide um triângulo equilátero em quatro
triângulos iguais. Na figura seguinte pode-se visualizar as primeiras quatro iterações da sua
construção [48].

Page 47
28
Figura 21 Processo iterativo do triângulo de Sierpinski (primeiras 4 iterações)[27].
Analisando a Tabela 4, retiramos algumas propriedades como:
Tem área zero, pois a cada passo a área reduz-se para resultando a progressão
geométrica de razão < 1 que quando →∞ a área do triângulo tende para zero.
Tem perímetro infinito sendo o resultado da progressão geométrica de razão> 1 que
quando → ∞ o seu resultado tende para infinito.
É auto-similar, pois cada parte é uma cópia de si própria.
Nº iterações
Área
Tendência do valor
da Área
Perímetro
Tendência do valor
do Perímetro
0
=
=
1
= ×
3
4
3
2
2
3
4
3
2
3
3
4
3
2
3
4
Razão:
1, tende
para valor 0
.
Razão:
1,
tende para valor ∞
Tabela 4 Área e perímetro do triângulo de Sierpinski até 3ª iteração.

Page 48
29
Desta forma a dimensão do triângulo de Sierpinski é dada pela seguinte expressão:
=
log
1
2
log
1
3
log 3
log 2
1.5850
(12)
Figuras como o “tapete de Sierpinski” e a “esponja de Menger” Figura 22 a sua construção
assemelha-se ao triângulo de Sierpinski.
Figura 22 Tapete de Menger (à esquerda) e esponja de Menger (à direita)[3].
2.1.4.
CURVA DE PEANO
A curva de Peano, apresentada em 1890, é um exemplo de um fractal que preenche o
plano. Uma curva que preenche o plano passa por todos os pontos de uma determinada
área, acabando por, gradualmente a ocupar na totalidade.
O ponto de partida para a construção da curva de Peano é um segmento com uma unidade
de comprimento. Na 1ª iteração, o segmento é substituído por 9 segmentos de
comprimento igual a um terço do comprimento do segmento inicial, e colocados como
indica a primeira imagem da Figura 23. Esses 9 segmentos constituem a 1ª iteração da
construção recursiva da curva de Peano. Depois, o processo recursivo aplica-se a cada um
dos 9 segmentos, até ao infinito.

Page 49
30
Figura 23 Processo recursivo da construção da curva de Peano [28].
Observe-se que as curvas obtidas nas diferentes iterações da recursão, a partir da primeira,
intersectam-se a si próprias nos vértices dos pequenos quadrados que se vão formando em
cada iteração. Pode-se demonstrar que no limite, isto é, na curva de Peano, se passa o
mesmo, dando-se o preenchimento do plano. Agora, cada segmento de reta é substituído
por vários segmentos de reta com tamanho inferior e proporcional por um factor de escala
3. Repetindo-se este processo de construção da curva, observa-se no final da sua
construção um quadrado completamente preenchido (Figura 23).
Observando-se a Tabela 5 verifica-se as várias propriedades da curva de Peano, a área está
limitada à área do quadrado.
A dimensão da curva de Peano pode ser calculada da seguinte forma:
=
log
1
9
log
1
3
log 9
log 3
2
(13)

Page 50
31
Nº iterações
Número de segmentos
Comprimento de cada
segmento
Perímetro
0
1
1
1
1
9
1
3
9
1
3
= 3
2
9 9= 9
1
3
×
1
3
=
1
3
9 ×
1
3
= 3
3
9×9×9= 9
1
3
×
1
3
×
1
3
=
1
3
9 ×
1
3
= 3
4
9×9×9×9= 9
1
3
×
1
3
×
1
3
×
1
3
=
1
3
9 ×
1
3
= 3
9
1
3
3
Tende para
Tende para
Tende para
Tabela 5 Iterações, número de segmentos, comprimento de segmentos, comprimentos da linha
da curva de Peano até a 4 iteração.
2.1.5.
CURVA DE HILBERT
A curva de Hilbert preenche completamente um plano. Faz um mapa de um intervalo
unidimensional para uma área bidimensional. Julgava-se impossível existir uma função
deste tipo até que, em 1891, David Hilbert descobriu a sua curva. Esta curva tal como a de
Peano é construída através de um processo recursivo.
A figura inicial é um quadrado unitário, ver a Figura 24 e a figura geradora consiste em
dividi-lo em quatro quadrados iguais, unindo os pontos centrais de cada um desses
quadrados. A curva é formada, não pelos quadrados mas sim pelos segmentos de reta
formados pela ligação desses pontos centrais. Os sucessivos passos, são construídos

Page 51
32
utilizando o processo anterior, como está descrito na Figura 25. A Figura 26 representa o
modelo a 3 dimensões, à direita a cor dos segmentos significa o nível de iterações.
Observa-se na Tabela 6, as várias propriedades da curva de Hilbert.
Figura 24 Figura inicial (à esquerda) e geradora da curva de Hilbert (à direita) [22].
Figura 25 Processo recursivo da construção da curva de Hilbert [22].
A curva de Hilbert, tal como a de Peano, tem comprimento infinito limitado à área de um
quadrado.
A sua dimensão é calculada da seguinte forma:
=
log
1
4
log
1
2
log 4
log 2
2
(14)

Page 52
33
Nº iterações
Nº de quadrados
Comprimento do lado
do quadrado
0
1
1
1
4
1
2
2
16 4
1
2
3
64 4
1
2
4
256 4
1
2
4
1
2
Tende para
Tende para
Tabela 6 Número de quadrados e comprimento de cada lado do quadrado.
Figura 26 Curva de Hilbert a 3 dimensões. À direita, as cores representam o número de
iterações [22].

Page 53
34
2.2. FRACTAIS EM SISTEMAS DINÂMICOS
Um sistema dinâmico não-linear, é um sistema não pré-determinista, onde as implicações
dos seus integrantes individualmente são aleatórias e não previsíveis. Estes sistemas
evoluem no domínio do tempo com um comportamento desequilibrado e aperiódico, onde
o seu estado futuro é extremamente dependente de seu estado atual, e pode alterar
radicalmente a partir de pequenas mudanças no presente.
Estes sistemas podem surgir em campos da ciência como na biologia, geologia, medicina,
física, pintura, engenharias, mercados financeiros e em muitos mais a teoria dos sistemas
dinâmicos que se baseia em teorias matemáticas, trabalha os processos com o objetivo de
prever a evolução dos mesmos. Esta teoria procura, no aparente acaso, uma ordem inerente
determinada por leis bem definidas [14]. Aparentemente, sistemas dinâmicos que
envolvem processos complicados com um grande número de variáveis são imprevisíveis e
sistemas dinâmicos com poucas variáveis são previsíveis. No entanto, existem processos
simples e determinísticos que resultam em comportamentos aparentemente imprevisíveis e
aleatórios. O estudo pode ser realizado com a ajuda de computadores devido à sua grande
capacidade de cálculo e de representação gráfica.
2.2.1.
CONJUNTOS DE JULIA
No contexto de dinâmica complexa, um tópico da matemática, o conjunto de Julia que
também se poderia designar por Fatou-Julia pois foram os dois matemáticos franceses
Pierre Fatou e Gaston Julia que em meados de 1918 que introduziram os métodos iterativos
no estudo de sistemas dinâmicos para a implementação da geometria fractal, mesmo sem o
recurso do computador que nos dias de hoje é de grande utilidade para reproduzir
detalhadamente o comportamento de funções iteradas [56]. O conjunto de Fatou-Julia são
dois conjuntos complementares definidos por uma função. Informalmente, o conjunto de
Fatou de uma função consiste nos valores com a propriedade de que todos os valores
próximos comportam-se de forma similar por iterações repetidas, e o conjunto de Julia

Page 54
35
consiste dos valores tais que uma perturbação arbitrariamente pequena pode causar
mudanças drásticas na sequência de valores iterados da função, ou seja tem dependência
sensível nas condições iniciais. Assim, o comportamento da função do conjunto de Fatou é
dito 'regular', enquanto no conjunto de Julia ele é 'caótico'. O conjunto de Julia de uma
função é usualmente denotado ( ), e o conjunto de Fatou denotado ( ).
Considerando a função
=
em que sendo número complexo e um ponto
fixo do plano complexo, para cada ponto temos o seguinte comportamento (ver Tabela
7):
Ponto
Tendência
Comportamento
Tende para ∞
é um ponto de escape e não pertence a
nenhum conjunto Julia
Tende para um círculo
em torno da origem
é um ponto prisioneiro
Tabela 7 Comportamento do conjunto em torno de .
Resumindo mesmo que para a situação de ser um ponto de escape e não pertencer a
nenhum conjunto de Julia, o conjunto desses pontos designam-se conjunto de escape de .
Contrariamente quando é um ponto prisioneiro, pertence a algum conjunto de Julia e o
conjunto que esses pontos formam designa-se conjunto de prisioneiro de . Desta forma os
conjuntos completam-se e preenchem alguma parte do plano complexo. Sendo assim a
fronteira do conjunto escape é simultaneamente a fronteira do conjunto prisioneiro e nesta
fronteira temos o conjunto de Julia associado ao parâmetro . O valor do ponto
determina a formação dos conjuntos de Julia, sendo associado com um conjunto de Julia
em particular. Podemos ver alguns exemplos na Figura 27, em que por exemplo, para
=0 obtemos o círculo unitário. Se pertencer ao interior do conjunto de Mandelbrot, o
conjunto de Julia obtido será conexo caso contrário o conjunto de será desconexo [48].
Os conjuntos de Julia "interessantes" correspondem aos pontos próximos à fronteira do
conjunto de Mandelbrot, pontos mais internos ao conjunto de Mandelbrot correspondem a

Page 55
36
formas geométricas relativamente simples, enquanto os pontos mais externos lembram
poeira rodeada por manchas de cores.
Figura 27 Exemplos de alguns conjuntos de Julia [26].
Os conjuntos de Julia têm como propriedades: repetem-se em diferentes escalas de
ampliação, tendo auto-similaridade.
2.2.2.
CONJUNTOS DE MANDELBROT
O conjunto de Mandelbrot é um conjunto matemático dos pontos cuja fronteira é uma
forma fractal bidimensional distinto e facilmente reconhecível. O conjunto está
intimamente relacionado com Julia pois que incluem formas igualmente complexas, e é
nomeado em 1979 por Benoit Mandelbrot, após o seu estudo que o popularizou [56][59].
O modelo de Mandelbrot por ser um modelo mais simples que o de Julia e devido ao facto
na época já existir recursos computacionais, Mandelbrot conseguiu fazer de seu trabalho o
berço da teoria dos fractais e também foi possível encontrar relação entre o trabalho de
outros pesquisadores como Koch, Julia, Cantor e entre outros, com o seu.

Page 56
37
A construção do conjunto de Mandelbrot baseia-se na função
=
onde
∈ e são números complexos e = 0. O conjunto de Mandelbrot é então
definido como um conjunto de todos os números complexos
tais que após um
determinado número de iterações não tende para infinito.
Iterando a função para cada ponto do plano complexo, obtemos a seguinte sequência de
iterações (ver fórmula (15)):
→ + → ( + ) + → ( + ) + ) + →⋯
(15)
Podemos visualizar os valores de assim como o comportamento da função na tabela
abaixo:
Ponto
(substituído em
fórmula(16))
Tendência
Comportamento
=0
0 → 0 → 0 → ⋯
=0 é um ponto de
convergência.
= −1
0 → −1 → 0 → −1 → 0 → ⋯
= −1, função com sequência
periódica limitada.
=
0 → → − 1 → − → − 1 → − → − 1 → ⋯
=, função com sequência
periódica limitada.
= −3
0 → −3 → 6 → 33 → 1086 → ⋯
= −3, função com sequência
periódica ilimitada.
=1
0 → 1 → 2 → 5 → 26 → 677 → 458330 → ⋯
=1, função com sequência
periódica ilimitada.
Tabela 8 Comportamento do conjunto em torno do ponto .

Page 57
38
Na tabela acima, temos valores de
em que a função tem sequências periódicas e são
limitadas pois permanecem dentro de um círculo em que a distância à origem mantém-se
finita. E outros valores que a função tem, a tornam ilimitada afastando-se cada vez mais da
origem.
Os conjuntos formados pelas sequências limitadas e ilimitadas preenchem o plano
complexo e delimitam o conjunto de Mandelbrot por cores. Por exemplo, escolhe-se o
preto para sequências limitadas e outras cores, consoante o número de iterações dos
pontos, para as sequências ilimitadas [48]. Os valores fora das proximidades da origem,
onde 2, aplica-se uma cor e essa cor quanto mais rápido a série convergir para infinito,
sendo a sua velocidade de escape, mais quente será a cor a ser aplicada a este ponto.
Tomando a mesma linha de pensamento, para pontos mais próximos da origem é-lhes
aplicado cores frias (Figura 28).
Figura 28 Coloração dos pontos em relação à sua distância a origem.

Page 58
39
No conjunto de Mandelbrot pode-se encontrar, os conjuntos de Julia, fazendo variar os
valores do número complexo (Figura 29).
Figura 29 Conjunto de Mandelbrot como catálogo de conjuntos de Julia.
O conjunto de Mandelbrot tornou-se popular fora da matemática, tanto para seu apelo
estético e como um exemplo de uma estrutura complexa, decorrente da aplicação de regras
simples, sendo desta forma um dos exemplos mais conhecidos de visualização matemática.
Este conjunto tem como propriedades a auto-similaridade, ver na imagem abaixo após
várias ampliações mantém a forma inicial e a dimensão do seu bordo é 2.
Figura 30 Algumas ampliações do conjunto de Mandelbrot [28].

Page 59
40
2.2.3.
TEORIA DO CAOS
A teoria do caos estuda o comportamento aleatório e imprevisível dos sistemas e tem como
premissa, os comportamentos casuais embora aleatórios também são governados por leis.
O comportamento deste tipo de sistemas, depende da dependência sensível às condições
iniciais. Isso significa que pequenas variações nos estados iniciais de um sistema caótico,
podem provocar enormes variações nos estados seguintes.
O processo conhecido como jogo do caos foi criado por Michael Barnsley um matemático
Britânico [13][14] e é descrito através de um processo aleatório em que cada função iterada
do sistema é aplicada aleatoriamente. A técnica é utilizada para criar modelos de formas
naturais tais como plantas, cartografia de falhas sísmicas, nuvens, galáxias, o fenómeno
atrito, a turbulência de uma massa de ar, escoamento de fluidos, as reações químicas, o
crescimento de uma população, cartografia de falhas sísmicas, nuvens, galáxias, as
variações do mercado financeiro são exemplos de sistemas dinâmicos não lineares sobre os
quais esta 'Ciência do Caos', através do uso de formas fractais, se debruça. Esta ciência
encontra-se indissociavelmente ligada aos computadores com a sua elevada velocidade de
processamento e capacidades gráficas, se consegue formar imagens espetaculares
intrigantes bizarras de beleza notável.
Os conjuntos invariantes de muitos sistemas dinâmicos não lineares, em particular os
chamados “atractores estranhos”, têm estruturas detalhadas em todas as escalas de
magnificação. É esta a ligação dos fractais à teoria do caos. Há uma ordem fractal por
detrás de fenómenos aparentemente caóticos. Assim a teoria do caos não é uma teoria de
desordem mas busca, no aparente acaso, uma ordem intrínseca determinada por leis
precisas. Nas últimas décadas, depois de um árduo trabalho, matemáticos e físicos
elaboram teorias para explicar o caos. Hoje sabe-se muito a respeito de fenómenos
imprevisíveis que, ao serem compreendidos passam a ser um pouco mais previsíveis.
Para exemplificar o que acima foi escrito que a teoria do caos procura, no aparente acaso,
uma ordem inerente determinada por leis bem definidas, segue o seguinte exemplo, do
jogo do caos [48] que consiste em utilizar um dado cujas faces estão numeradas de 1 a 6 e
um triângulo [ABC], inserido num tabuleiro. O dado funciona como gerador aleatório,
fazendo corresponder as faces 1, 2 do dado ao vértice A do triângulo, 3, 4 a B e 5, 6 a C.

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Iniciamos o jogo escolhendo aleatóriamente um ponto no tabuleiro (Figura 31). De
seguida, lança-se o dado. Assumindo que o valor gerado é 2 verifica-se pela
correspondência descrita, que corresponde ao vértice A. Define-se então como o ponto
médio entre e A. Lança-se novamente o dado e suponhamos que é gerado o número 5
que corresponde ao vértice C. Define-se então como o ponto médio entre e C. Este
processo repete-se indefinidamente e forma a Figura 32.
Figura 31 Jogo do Caos (as 5 primeiras iterações) [48].
Este é um exemplo de um fractal obtido a partir de um conjunto determinístico de regras.
Figura 32 50000 Iterações do jogo do caos [48].

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3. APLICAÇÕES DA
GEOMETRIA FRACTAL
Neste capítulo vão ser expostas resumidamente algumas das aplicações da geometria
fractal. Este é um assunto em constante evolução e mais aplicações irão continuar a surgir.
Durante séculos, a geometria euclidiana, serviu de base para modelação e para a
compreensão da geometria da Natureza. Com o aparecimento da geometria fractal nos anos
70 do século XX por Mandelbrot, o conceito fractal foi bem recebido pela comunidade
científica dos mais variados campos.
As formas encontradas nos animais e plantas chamam a atenção dos matemáticos, por
exemplo, muitas conchas formam espirais, as estrelas-do-mar possuem um conjunto
simétrico de braços, alguns vírus adotam formas geométricas regulares. Mas além dos
padrões de forma, existem os padrões de movimento, como o andar humano onde os pés
tocam o solo num ritmo regular, uma cobra do deserto que se move como uma espiral de
uma mola helicoidal, jogando seu corpo para frente em forma de curvas tentando
minimizar seu contato com a areia quente [2]. Mas a simetria da natureza é também muitas
vezes imperfeita, existindo outra categoria de padrões naturais, padrões que existem onde
pensávamos que tudo era aleatório e sem forma, estes padrões são chamados de Fractais.

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Os fractais naturais estão à nossa volta, basta observarmos as nuvens, as montanhas, os rios
e seus afluentes, os sistemas de vasos sanguíneos e entre outros. O conceito de geometria
fractal pode ser usado para modelar objetos naturais desde escala atómica até à escala do
universo. Mas este conceito só se aplica tendo-se em conta que em cada caso a aplicação
dos fractais está sempre limitada a um intervalo de escalas, fora deste a propriedade da
auto-similaridade, seja ela exata ou aproximada já não se verifica.
A modelação de objetos ou fenómenos naturais com a geometria fractal assenta na noção
de que é necessário aplicar aproximações que dependerão do grau de correção que se
pretende nos resultados finais. Estes métodos já eram utilizados na geometria euclidiana,
por exemplo o globo terrestre é em muitos casos estudado como se tratasse de uma esfera e
não o é. Porém temos de ter noção que nem tudo na natureza é fractal, o que significa que a
geometria euclidiana continua a ser útil e necessária, o que torna estas geometrias
complementares.
Este capítulo está dividido em três grupos de aplicações: o primeiro sendo aquelas que se
aplicam a objetos ou fenómenos da natureza, segundo aquelas que se aplicam a invenções
Humanas, terceiro aquelas que se destinam a modelar ocorrências da ciência económico-
sociais.
3.1.
NA NATUREZA
A ideia de descrever os fenómenos naturais através do estudo estatístico leis de escala não
é recente. No entanto, tem existido um interesse mais intenso recentemente por várias áreas
científicas. Um grande número de sistemas físicos tendem, a apresentar comportamentos
semelhantes em diferentes escalas de observação. A principal atração da geometria fractal
deriva da sua capacidade de descrever a forma irregular ou fragmentada de recursos
naturais bem como de outros objetos complexos que a geometria euclidiana tradicional não
consegue analisar. Este fenómeno é muitas vezes expresso por leis e dimensionamento
estatísticos no domínio do tempo e caraterizado principalmente pelo comportamento de lei
de potência de sistemas físicos do mundo real. Este conceito permite uma interpretação

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simples, geométrico e é frequentemente encontrado numa variedade de campos, tais como
geofísica, biologia ou mecânica dos fluidos. Relações que dependem da escala têm
profundas implicações na fisiologia humana, na ecologia e em muitas outras subdisciplinas
da biologia.
3.1.1.
NO CAMPO DA BIOLOGIA
Na última década, percebeu-se que alguns sistemas biológicos não têm comprimento
característico ou escala de tempo, ou seja, têm propriedades de um fractal. No entanto, as
propriedades fractais em diferentes sistemas biológicos têm natureza muito diferente,
origem e aparência. Em alguns casos, é a forma geométrica do objeto biológico que exibe
caraterísticas óbvias de um fractal, enquanto noutros casos, estas propriedades encontram-
se mais subentendidas e têm de ser estudadas em função do tempo ou mapeado num
gráfico. Depois de um mapeamento adequado, como um gráfico pode se assemelhar a uma
paisagem montanhosa, com dentado de cumes de todas as escalas de comprimento desde
muito pequenas saliências para enormes picos. Matematicamente, essas paisagens podem
ser quantificadas em termos de conceitos fractais como a auto-similaridade [40][41][44].
Uma aplicação interessante dos fractais que mistura biologia e geometria é medir o
contorno de habitats, para assim tentar saber como é que a irregularidade influencia, na
escolha do local para viver, oferecendo abrigo e proteção contra predadores, na influência
na superfície irregular das proteínas nas iterações moleculares de determinadas espécies e
em estudos de variações climáticas.
A geometria fractal propõe-se a medir superfícies complexas e irregulares como a copa de
uma árvore. Cada vez que aumentamos a precisão das medições aparecem mais detalhes e
curvas que têm uma importância muito grande para os animais. No entanto, cada uma delas
pode ser considerada como um refúgio para os animais que vivem nela e precisam se
proteger do vento e dos predadores. Acontece que nem todos os refúgios servem para todos
os animais e, sim, são compatíveis com o tamanho de cada um deles ver Figura 33.

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Figura 33 Árvore que pode ser abrigo para diferentes animais (à esquerda visão superficial) e (à
direita ampliação de um tronco de árvore) [18].
Esta geometria é designada de geometria de diferentes escalas, por exemplo: aos olhos de
uma formiga, uma fresta é o local ideal para se proteger. Numa mesma árvore existem
várias frestas como aquelas, que não são observadas por um gavião que pousa no mesmo
galho que se encontra a formiga [2]. Quanto mais irregular e recortado forem os galhos
menores os animais que nela vivem e tendem a aparecer em maior quantidade. Mas para os
animais maiores que necessitam de utilizar os galhos maiores a árvore parece ser lisa,
portanto, tudo depende da escala que se observa [6].
Na estrutura de plantas e de fungos, começou-se por medir a dimensão fractal do contorno
de folhas de várias espécies e pensa-se que, apesar de esse valor variar bastante dentro da
mesma espécie, ele pode ser a referência taxonómica. À semelhança destes, também se
mediram as dimensões de sistemas de raízes e conclui-se que a dimensão fractal de um
sistema de raízes vai aumentando ao longo do tempo e varia conforme a espécie, na
forragem de fungos a dimensão fractal varia entre as espécies e tende a ser maior quando
há mais nutrientes, o tronco subdivide-se em vários ramos que por sua vez se dividem em
ramos mais estreitos e assim por diante, o que podemos observar é a similaridade
aproximada entre uma pequena fração e pela totalidade da árvore (Figura 34 e Figura 35).

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Figura 34 Auto-similaridade aproximada na couve romanesca (fractal natural).
Figura 35 Auto-similaridade aproximada na estrutura das folhas.
A samambaia é uma antiga planta primitiva que é feita do mesmo padrão em diferentes
escalas ver figura abaixo [23].
Figura 36 Auto-semelhança aproximada na estrutura das folhas [23].

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Dispersões de plantas como a diásporas e de agentes patogénicos têm dispersão com
propriedades fractais. O padrão formado pelo espaço ocupado numa paisagem por espécies
de plantas como diásporas adaptadas para percorrer longas distâncias terá uma dimensão
fractal baixa. Estas plantas dispersam-se pela paisagem, avançando com grandes intervalos
entre os diversos pontos de fixação, estabelecendo continuadamente novas colónias e
epicentros que se apresentam em diferentes escalas. Contrariamente, as espécies menos
adaptadas a percorrer longas distâncias percorrem a paisagem estabelecendo-se nela de
forma contínua, apresentando novos epicentros apenas ocasionalmente, o que origina um
padrão de distribuição do espaço com dimensão fractal mais alta. Assim, fazendo a
transposição deste modelo para os agentes patogénicos, conclui-se que serão difíceis de
prever novas erupções de patogénicas cuja distribuição tenha dimensão fractal.
As bactérias são seres vivos interessantes do ponto de vista de fractais. Se se observar o
seu crescimento em placas petri no laboratório, formam-se padrões distintos, consoante as
condições impostas. Estas condições representam o que acontece na natureza e os padrões
são estratégias de defesa e comunicação das bactérias. Padrões análogos são observados
quando as bactérias resistem a alguns antibióticos. Seria extremamente útil compreender o
fenómeno por detrás dos mesmos, para conseguir combater de forma mais eficaz estas
bactérias.
Em animais como o Nautilus Shell Pompilius (Figura 37) é analisado em termos de sua
dimensão fractal e sua forma de espiral equiangular ou seja segue um padrão logaritmo
espiral. Descobertas afirmam que este ser é fractal desde o seu nascimento e que o seu
crescimento é ditado por um critério de auto-similaridade [53].
Figura 37 Imagem de um corte transversal de um Nautilus Shell Pompilius [23].

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A Tabela 9 mostra, uma relação de várias estruturas observadas na natureza com suas
correspondentes dimensões fractais, medidas com aproximações variáveis, dentro do
domínio de escalas em que a propriedade de semelhança está presente (em geral, apenas
em caráter estatístico).
Área
Sistema
Dimensão Fractal
Biologia
Olho humano
Pulmão
Cérebro dos mamíferos
Proteínas
~1,7
~2,2
~2,6
1.6 < < −2,4
Geociências
Linhas Costeiras
Leitos de Rios
Contornos topográficos de montanhas
Objetos fragmentados (granito, carvão,
basalto, quartzo, entre outros)
1.2 < < 1,4
1 < < 1,2
1.1 < < 1.3
2.1 < < 2,6
Cosmologia
Distribuição de galáxias no Universo
~1,2
Estrutura da
Matéria
Nuvens projecção do perímetro
Aglomerados de metal em cátodo
Dedos viscosos (produzidos pela injecção de
um líquido noutro também viscoso)
~1,35
~2,43
~1,7
Tabela 9 Tabela de dimensões fractais de alguns elementos existentes na natureza [13].
Pode-se concluir que na complexidade de habitats, a coexistência de espécies aumentam
com a dimensão fractal da paisagem e que a natureza fractal das paisagens é um índice
muito importante e determinante das taxas de utilização de recursos.

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3.1.2.
NO CAMPO DA GEOLOGIA
Muitos fenómenos geológicos possuem a simetria de escala, exemplos disso são as
distribuições de frequência dos tamanhos de fragmentos. Determina-se a dimensão fractal
de solos, a partir da distribuição dos tamanhos das partículas que os compõem e estuda-se,
a relação da sua dimensão com as suas propriedades de percolação e de retenção de água.
O mesmo método também é utilizado para estudar a fragmentação do solo. Este e outros
métodos utilizam-se para estimar a dimensão fractal da massa, dos poros da superfície de
solos arenosos e lodosos. A relação entre a geometria fractal, do solo e a diversidade da
microflora e microfauna está presente em fenómenos como: falhas geológicas, terremotos,
erupções vulcânicas e depósitos minerais e de petróleo.
Uma distribuição fractal, requer que o número de objetos maiores que um determinado
tamanho (magnitude), tenha uma dependência com esse tamanho que corresponde a uma
lei de potência. Um exemplo interessante, já percebido em 1954, é a relação de Gutenberg-
Richter entre a magnitude e a frequência dos terremotos, que leva a uma dimensão fractal
de 1,8 aproximadamente.
Os fractais têm-se mostrado úteis, no estudo dos meandros dos rios e dos contornos das
formações geológicas (Figura 38 e Figura 39). A dimensão fractal é uma medida da
rugosidade da paisagem, e a topografia do planeta Terra é resultado de muitas influências
em competição. Há evidências, por exemplo, de que o processo de erosão é invariante de
escala [56].
Os sistemas fluviais têm dimensão fractal, tendo uma relação entre o comprimento do
braço principal e a área drenada. O movimento das ondas do mar é vital para diversas
actividades, o ciclo de vida de alguma fauna e flora marinha dependem dos ciclos das
marés.

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Figura 38 Foto de um satélite: Manaus, na confluência dos rios Solimões e Negro [15].
Figura 39 Vista aérea rio Sabinoso do novo México [15].
Corpos de água podem ser fractais, em lugares molhados com superfícies planas, as
mesmas formas ocorrem numa ampla gama de escalas, a marca de um fractal Figura 40.

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Figura 40 Vista aérea de lagoas no Norte do Alasca [20].
Uma aplicação muito interessante é a utilização dos fractais na medição de linhas costeiras
pois os litorais têm uma estrutura fractal comum sobre a Terra. Mais detalhes surgem
quanto mais se aumenta o “Zoom” sobre a costa e o seu comprimento tende para infinito.
Pois os contornos intrincados da linha costeira que não desvanecem quando aumentamos a
escala, antes pelo contrário, cada vez que aumentamos a ampliação são desvendados mais
detalhes, até então despercebidos. Este fenómeno foi descrito por Richardson [55], em que
observou que quanto menor for a unidade de medição usada, maior é o comprimento
medido da linha costeira, já que uma unidade de medição mais pequena permite uma
melhor adaptação ao rendilhado da linha da costa. Richardson realizou observações
empíricas registando os comprimentos da linha costeira medidos em diferentes escalas ver
Figura 41 [10]. Representou as observações num gráfico de escala logarítmica,
nomeadamente, registou o logaritmo do comprimento da costa como funções do logaritmo
da unidade de medição. Reparou então que tais observações apareciam praticamente
alinhadas numa reta de declive negativo e valor absoluto aproximadamente 0.12.
Extrapolando, as observações de Richardson sugerem que se diminuirmos a unidade de
medição indefinidamente, o comprimento da linha costeira torna-se arbitrariamente grande
e deverá ser regido pela seguinte fórmula:
( ) =
(16)

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Onde é uma constante positiva, é a unidade de medição e é a dimensão da linha de
costa, que no caso de Portugal continental é aproximadamente = 1.12 (Figura 42).
Figura 41 Escalas de diferentes dimensões [19].
Figura 42 Dimensões de algumas linhas costeiras [19].

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O cálculo da dimensão pode ser feito pelo método de “contagem de caixas” ou “box-
counting” (Figura 43) ou pela curva de Koch. No entanto existe uma diferença notória
entre a curva de Koch e as linhas costeiras: a curva de Koch sendo um “produto de
laboratório” apresenta auto-similaridade exata enquanto as linhas costeiras exibem na
terminologia sugerida por Mandelbrot de auto-similaridade estatística ou aproximada, isto
é, após ampliados os segmentos das linhas costeiras são parecidos, mas não exatamente
iguais, com os segmentos da linha costeira em escalas diferentes. Constata-se que,
empiricamente, numa determinada gama de unidades de medição, as linhas costeiras
apresentam caraterísticas dos fractais (Figura 43) [43].
Figura 43 Método da contagem de caixas para o cálculo da dimensão de linhas costeiras.
3.1.3.
NO CAMPO DA MEDICINA
Nas estruturas de células, nos sistemas ramificados na fisiologia animal a dimensão fractal
é usada como medida da complexidade. Por exemplo, no contorno de células neuronais em
imagens bidimensionais, o valor da dimensão fractal é tido como uma medida morfológica
quantitativa da complexidade celular a ter em conta (Figura 44). As ramificações da
fisiologia animal [14] encontram-se em sistemas como: respiratório, circulatório [46] e
nervoso pois possuem uma estrutura altamente ramificada (Figura 45) [49].

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A partir da análise em termos geométricos e físicos dos sistemas de tubos conclui-se que
tal rede de distribuição é melhor caracterizada por um sistema ramificado fractal para
preenchimento do espaço.
Figura 44 Imagens pretas e brancas usadas para o cálculo da dimensão fractal [49].
Figura 45 Ramificação no sistema respiratório e circulatório no pulmão e ampliação (à direita)
[46].

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As estruturas ramificadas de neurónios (Figura 46) proporcionam, mais tolerância a
defeitos no crescimento e a danos. A ramificação fractal amplifica grandemente a área da
superfície de um tecido quer seja para absorção (pulmão, intestino), quer seja para
distribuição e colheita (vasos sanguíneos, intestino), ou para processamento de informação
(nervos) [17].
Figura 46 Imagem de ramificações em neurónios [17].
Na Figura 47 abaixo em 3D mostra um glóbulo fractal, um arranjo denso que permite que
o ADN se enrole num novelo sem interferir com a capacidade da célula em ler o próprio
genoma.
Figura 47 Capacidade de rugosidade numa célula de ADN.

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No corpo humano o batimento cardíaco saudável é caótico e não regular (Figura 48), a
representação gráfica de um batimento cardíaco revela auto-similaridade em diversas
escalas de tempo[51].
Figura 48 Batimento cardíaco caótico [51].
O coração está cheio de redes fractais: as artérias e veias coronárias, as fibras que ligam as
válvulas à parede do coração, os músculos cardíacos em si. A ramificação fractal faz com
que a área de superfície disponível para a absorção seja muito maior, para que a
transferência de tubos brônquios, vasos capilares, forro intestinal, e ductos biliares. Este
modelo fractal do sistema de vasos sanguíneos permite atingir um fornecimento de
oxigénio homogéneo em todo o corpo. Além disso, a redundância de estruturas fractais
torna-a robusta contra lesões. Nas imagens, a análise de texturas, pode ser efetuada por
vários métodos (como: através do cálculo de dimensão fractal, escala, auto-similaridade)
de análise que analisam texturas baseadas na geometria fractal. Por exemplo: em imagens
de ressonâncias magnéticas cardíacas e de raios-x aos ossos [13][49].
Na Figura 49 mostra-se imagens de padrões vasculares da retina humana, onde observam
comportamentos fractais. A análise destes padrões pode ser útil para a deteção da mudança
vascular precoce, em doenças da retina [4], e também para proporcionar conhecimento
sobre a progressão da retina nos processos de doença.

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Figura 49 Análise de padrões fractais na retina humana [4]
Por fim segue abaixo Tabela 10, onde indica quais as aplicações médicas que já utilizam
métodos de análise baseados em fractais [51][33].
Tabela 10 Os principais métodos fractais aplicados em análises de imagens médicas [13].

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3.1.4.
NO CAMPO DA FÍSICA
Na física dos materiais ocorrem muitas das principais aplicações dos fractais. O
crescimento de estruturas sejam elas cristais ou a penetração de um fluido noutro material,
assumem, com frequência, estruturas ramificadas com a propriedade de auto-similaridade.
O estudo dos meios porosos, que tem repercussões tecnológicas e económicas, mostra
também a presença de fractais. Um exemplo ocorre nos trabalhos de prospeção de petróleo,
pois, a rocha na qual o petróleo reside, apresenta estrutura porosa com propriedades
fractais.
Outra área particular de pesquisa é a difração de ondas por superfícies fractais que permite,
num processo inverso, que se adquiram informações sobre a estrutura da superfície. A
superfície dos materiais é, em geral, bastante irregular e conhecendo a sua dimensão fractal
pode vir a ser útil por exemplo, no estudo de fenómenos de corrosão.
O estado de qualquer sistema por mais perfeito que seja tem elementos aleatórios, por isso
muitos fenómenos ou objetos naturais terão de ser modelados através de fractais aleatórios.
Os percursos aleatórios ou movimentos brownianos têm grande importância na física, na
química e na biologia. O movimento errático de partículas microscópicas de pólen é físico
não é biológico como se pensou inicialmente. Tudo está sujeito a flutuações térmicas,
moléculas, macromoléculas, vírus, partículas e outros componentes do mundo natural estão
todos em constante movimento, colidindo ao acaso devido a energia térmica. O movimento
de uma partícula browniana visto pelo microscópio consiste aparentemente em passos
dados numa direção aleatória e com um comportamento que tem determinado valor
característico. O movimento de uma partícula num dado intervalo de tempo é independente
do seu movimento noutro intervalo de tempo. Aumentar a resolução do microscópio e a
resolução da escala de tempo apenas produz percursos aleatórios semelhantes.
Muitas imagens atrativas e interessantes podem ser geradas, usando teorias da química e da
física. O modelo de agregação por difusão limitada conduz a estruturas que exibem auto-
similaridade-aproximada, constituídas por aglomerados de partículas, arborescentes e
altamente ramificada. E é também compatível com a modelação de relâmpagos (Figura 50)
pois esta é essencial para o desenvolvimento e teste de uma aeronave em laboratório, a

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cristalização de lava, formação de cristais como os dos flocos de neve e crescimento de
espaços urbanos[12][36].
Figura 50 Fractais presentes em relâmpagos [23].
Alguns cristais como os flocos de neve podem apresentar uma estrutura fractal (Figura 51).
Existem vários tipos de flocos de neve e alguns deles têm uma forma idêntica ao conjunto
ilha de Koch [7].
Figura 51 Cristais de flocos de neve [23].

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3.2. FRACTAIS CRIADOS PELO HOMEM
Após verificada a aplicação dos fractais, nas mais diversas áreas relacionadas com a
natureza e com a evolução dos computadores, fatores que proporcionaram o maior
aceleramento na adaptação da natureza nos objetos criados pelo Homem através da
geometria euclidiana. Desta forma os fractais começaram a ser adaptados a inúmeras
experiências e projetos como na área da informática, no cinema, na indústria, na
tecnologia, na arquitetura em expressões de arte.
As imagens geradas por computador foram uma das primeiras aplicações fractais. Através
dos fractais pode conseguir-se realismo e beleza, ocupando pouco espaço em memória por
ser fácil comprimir os dados. A geometria fractal permite simular imagens naturais não só
paisagens, como também de nuvens e de plantas a até paisagens de planetas (cinema).
A seguir segue uma explanação de algumas das aplicações dos fractais criadas pelo
Homem para seu aproveito.
3.2.1.
FRACTAIS NA PINTURA
O uso de fractais na pintura pode ocorrer de várias formas. Pode-se ver, na Figura 52 uma
obra do pintor Dali onde este retrata a guerra civil espanhola dos anos 40. Os olhos e a
boca de cada cabeça representada contêm um rosto, cujos olhos e boca contêm cada um
rosto, e assim sucessivamente. Este é um exemplo óbvio do uso dos fractais na arte. Talvez
Dali decidisse retratar os horrores infinitos da guerra e apresentou-os numa tela limitada
através do conceito da auto-similaridade, embora certamente não tivesse sido alguma vez
exposto a este como um conceito matemático [15].

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Figura 52 Auto semelhança na arte [15].
Já outro pintor Jackson Pollock usou a técnica de gotejamento e esta foi um passo
importante no desenvolvimento da arte moderna, e tem sido objeto de muitas análises em
crítica de arte. Devido as suas características peculiares em termos de expressão, as suas
obras foram alvo de estudos matemáticos, onde se detetaram presença de padrões fractais.
Estes padrões permitiram em termos artísticos proceder a avaliação de autenticidade e
datação de uma obra de Pollock. A complexidade visual dos padrões fractais das suas
obras é quantifica-la através do conceito de dimensão fractal. Para o cálculo deste usa-se o
método de contagem de caixas dimensões, para procurar diferenças quantitativas entre
essas pinturas e assim calcular a dimensão fractal. Procede-se à digitalização da pintura a
ser estudada, e esta é coberta com uma grelha de quadrados de tamanho r, e conta-se o
número N (r) de quadrículas, que contém parte do padrão de gotejamento (Figura 53) [48].
Figura 53 Evolução da dimensão fractais nos quadros de Pollock [15].

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3.2.1.1. COMPRESSÃO DE IMAGENS
O método de sistemas de funções iteradas gerou grande entusiasmo na comunidade de
computação gráfica, e também na comunidade de compressão de imagem. O processo de
construção fractal de uma árvore como se pode ver na Figura 54, onde (a) é iniciador do
processo nível zero, (b) a primeira iteração do processo e (c) a estrutura com dois níveis de
iterações. Além disso, a natureza fractal da imagem torna escala independente pois a
imagem pode ser processada numa escala maior, sem informação adicional e sem
pixelização.
Figura 54 Regras para construção fractal de uma árvore (à esquerda) e um exemplo de imagem
de um fractal obtido no Netlog.
Uma aplicação, que desperta o interesse militar é o reconhecimento de imagens. Este
reconhecimento pode ser feito como premissa, que os objetos artificiais são construídos
geralmente a partir de formas regulares, enquanto os objetos e paisagens naturais têm
geralmente uma estrutura irregular mais próxima dos fractais. Desta forma, em fotografias
aéreas pouco claras, a identificação de domínios fractais pode discernir entre objetos
naturais e objetos artificiais camuflados [5][18][38].

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3.2.2.
FRACTAIS NA CONSTRUÇÃO
Os fractais foram utilizados na construção muito antes de se saber a existência do seu
conceito.
Temos um exemplo, de um monumento mundialmente conhecido, a torre que Gustave
Eiffel construiu em Paris, deliberadamente incorpora a ideia de uma curva fractal cheio de
pontos de ramificação. A estrutura da torre não e constituída por feixes sólidos, mas sim
por treliças colossais. A armação é um conjunto rígido de sub-membros interligados, aos
quais não se podem deformar sem deformar pelo menos um sub-membro. A chave para a
força reside nós vários pontos de ramificação. Quanto mais avançar-mos na aplicação deste
princípio mais nos aproxima-mos de um ideal de Sierpinski [15].
Abaixo segue um esboço da estrutura geral da torre, juntamente com o plano de um
pormenor que mostra as cintas transversais feitos de cintas cruzadas.
Figura 55 Auto similaridade nos pormenores das treliças [15].
No campo da arquitetura, JacSteven Holl projectou Simmons Hall, dormitório do MIT
(Figura 56), o projecto em si foi motivado por uma esponja natural, numa forma que possui
uma distribuição fractal dos furos [16].

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Figura 56 Auto similaridade na arquitetura [16].
3.2.3.
FRACTAIS NA INTERNET
O tráfego de dados não é de todo o tráfego de voz pois é muito mais variável, tanto em
duração, como em taxa de informação. Os dados são divididos em pacotes autónomos que
são transmitidos de forma independente uma da outra. O controlo é por comutação de
pacotes, onde os routers identificam a fonte e destino e encontram o melhor caminho para
cada pacote, utilizando toda a banda disponível.
Willinger e Paxson ao estudarem o tráfego da Internet, compararam os métodos de Poisson
e o Fractal, usando dados reais de uma hora de tráfego de rede de uma grande empresa
(Figura 57) [1].

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Figura 57 Comparação entre o método de Poisson e fractal [15].
A longo prazo, o modelo de Poisson achata, enquanto os dados e o modelo fractal não.
Pode-se concluir de imediato que é necessário fazer buffers maiores para absorver todas as
flutuações em todos os prazos e que o modelo fractal modela da melhor forma o trafego de
internet medido.
3.2.4.
FRACTAIS NA MÚSICA
Música e matemática têm um relacionamento longo e complicado desde os” platónicos de
Música das Esferas", através de simetrias geométricas de Bach e as composições
estocásticas de Cage. Fractais e música é outro aspeto dessa relação, embora, como alguns
argumentam, mais abrangente do que a maioria. Alguns compositores contemporâneos
explicitamente usam fractais para orientar suas composições, outros acham aspetos fractais
nas obras de grandes compositores barrocos e clássicos.
Na composição musical, as músicas fractais são compostas, atribuindo-se, por exemplo,
notas e ritmos às cores de figuras fractais emanadas de regras não lineares simples, como o
conjunto de Mandelbrot. A música usual possui uma estrutura de lei de potência que é,
portanto, similar àquela apresentada pelos fractais. Embora até agora nenhuma das

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composições fractais tenha superado o compositor mais medíocre, elas possuem uma
mistura de harmonia (ordem) e variedade (caos), que são qualidades presentes na música.
De um ponto de vista mais físico, o da acústica, modos de vibração de um tambor
particular, com bordas fractais, foram também estudados recentemente [67].
3.2.5.
FRACTAIS NA TECNOLOGIA - ANTENAS
O design de uma antena é um problema, existem projetos de construção de antenas fractais
que podem ser mais sensíveis a várias frequências em simultâneo, são mais eficazes num
quarto comprimento de onda e são construídas com um pequeno número de iterações do
processo fractal. Com o aumento do número de iterações, a menor frequência da antena
fica mais baixa, e outras frequências mais altas são adicionadas. Além disso, antenas
fractais podem operar eficientemente num quarto do tamanho do que os projetos mais
tradicionais. Quando devidamente aproveitados todos esses recursos este modelo de
antenas apresentam vantagens reais. Várias empresas já estão usam fractais para fabricar
modelos compactos de antenas multifrequências em telefones móveis e hardware de
comunicações militares.
Aplicações que já usam modelos compactos, multifrequências temos: antenas wireless e
antenas GPS. Abaixo imagens com modelos de antenas fractais [31][57][64][62][65][66].
Figura 58 Modelo Sierpinski (à esquerda) e curva de Koch (à direita) [66].

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Com o aumento do interesse, por esta geometria fractal existe e estão a aparecer vários
estudos e novas aplicações desta em engenharia. Neste momento apenas serão indicados
mais algumas aplicações além daquelas referidas acima e temos como exemplo: deteção de
falhas de alta impedância em sistemas de energia, criação de micro estruturas para
aplicações em condensadores aumentando a superfície e por sua vez a sua capacidade [12],
na medicina para construção, de aparelhos medicinais com tamanhos cada vez mais
reduzidos, mas com superfície de contato cada vez maiores para melhor tratamento. No
controlo de sistemas dinâmicos de fluidos, na indústria de açúcar no processo de controlo
que envolve fluído [31] e em muitas mais aplicações existem e outras aparecerão para
serem estudadas.
3.3. NOS MERCADOS FINANCEIROS
Os mercados capitais estão cada vez mais interligados e com informações partilhadas em
tempo real, gerando impactos de grande magnitude, em relação ao alcance e ao montante
negociado, independentemente da proximidade geográfica ou relação direta dos produtos.
Com o avanço da tecnologia, os analistas têm cada vez mais recursos para acompanhar as
tendências dos preços das ações e evolução dos índices, no entanto os modelos financeiros
clássicos usados para a previsão não têm sido eficientes para os casos de “bolhas”, como o
caso da crise do Subprime em 2008 nos Estados Unidos e repercutindo na economia
mundial.
Desde 1963, Mandelbrot chamou a atenção da busca pela expansão da análise dos
mercados de capitais aplicando a geometria fractal e a teoria do caos para a economia e
posteriormente para as finanças. Segundo Mandelbrot, a beleza da geometria fractal é que
torna possível um mercado geral, suficiente para reproduzir os padrões que caraterizam a
teoria dos mercados plácidos assim como as condições de negociações tumultuadas dos
recentes anos.
A geometria fractal permite a existência de um modelo, que consiga reproduzir tanto os
mercados mais equilibrados como também aqueles que possuem variações drásticas

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exemplo da Figura 59, que representa a curva conhecida como Black Monday, foi dia em
que o índice Dow Jones caiu 22% . Os preços não oscilam de forma contínua e sim em
todas as direções, em várias escalas de tempo e os fractais criam os mesmos padrões de
variação que governam os mercados atuais.
Um modelo fractal pode ser construído a partir de dados do mercado com alguma duração,
mas não levam especificamente a um preço de fechamento diário. As novas técnicas de
análise auxiliam a uma criação de cenários sem deixar de considerar a volatilidade do
mercado que varia ao longo do tempo e assim os analistas podem verificar os reais motivos
de baixas e altas de preços questionando sua veracidade comparando o valor verificado
com a expetativa a apartir do método fractal [33][34][50][54][61].
Figura 59 Exemplo de uma curva dos mercados de ações com variações bruscas [34].
Ao longo deste capítulo foram expostas, resumidamente algumas das aplicações da
geometria fractal, como se pode deparar esta geometria fomenta uma enorme
interdisciplinaridade de temas. Com a constante evolução desta geometria mais temas e
mais aplicações irão surgir. O próximo capítulo assenta numa apresentação, de um
software que pode simular modelos naturais ou modelos criados pelo Homem, baseados
em conceitos fractais.

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4. CONCLUSÕES
Um dos aspetos que contribui bastante para a utilização dos fractais na compreensão de
múltiplos fenómenos é certamente é certamente a espetacularidade das suas imagens que
no mínimo, se podem considerar intrigantes e bizarras. O estudo dos fractais abre espaço à
criatividade, através da atribuição de cores, dimensões e perspectivas e permite a
descoberta de novas imagens. Cada imagem pode ser sucessivamente ampliada,
desvendando pouco a pouco os seus 'padrões de rendilhados infinitos'. Outro aspecto
importante na aplicação dos fractais, foi o interesse e entusiasmo criado na comunidade
científica, que ao entender o funcionamento e aplicabilidade da geometria fractal em
campos tão diversos da ciência como: biologia, geologia, astrofísica, medicina,
engenharias, áreas financeiras, áreas sociais e outras mais áreas, conseguiu obter respostas
para alguns em aberto.
Em regra os fractais são criados por algoritmos tipicamente muito simples, que produzem
imagens arbitrariamente complexas. Apesar de os algoritmos serem muito simples, a
quantidade de operações que um computador tem de realizar é de tal modo elevada que
pode mesmo demorar várias horas a apresentar os resultados. Este aspecto torna os
computadores indispensáveis no estudo dos fractais.

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Neste trabalho mostram-se as diversas características dos fractais, tais como: noções de
forma, dimensão fractal, área, perímetro, volume, números complexos, semelhança de
figuras, sucessões e iterações de funções. Apresentam-se exemplos de aplicações da
geometria fractal em diversas áreas do saber: biologia, geologia, física, medicina,
engenharia, entre outros.
Conclui-se que os fractais são uma ferramenta importante para a compreensão de
fenómenos nas mais diversas áreas da ciência. A importância do estudo desta nova
geometria, é avassaladora graças à sua profunda relação com a natureza e ao avançado
desenvolvimento tecnológico dos computadores.

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