Mundo
16 julho 2019 às 22h14

Demitiu-se o ministro francês envolvido em polémica com lagosta e champanhe

O governante é acusado de usar dinheiro dos contribuintes para promover jantares luxuosos e uma remodelação na sua residência oficial.

DN

François de Rugy, ministro francês do Ambiente e Transição Energética, apresentou a demissão esta terça-feira, na sequência das revelações feitas pelo portal de investigação Mediapart na semana passada. Em causa está uma polémica com jantares de luxo que organizou quando era presidente da Assembleia Nacional.

Num comunicado publicado no Facebook, o ministro diz que está a ser vítima de "ataques e linchamento mediático", que o obrigam a "recuar". "O esforço necessário para me defender faz com que não possa assumir serena e eficazmente a missão que me foi confiada pelo Presidente da República e pelo Primeiro Ministro", afirmou, destacando que irá apresentar queixa contra o portal por alegada difamação.

Os factos remontam ao período entre outubro de 2017 e junho de 2018. Com fotografias, depoimentos e documentos de apoio, o portal francês de investigação Mediapart revelou que conseguiu identificar cerca de uma dezena de jantares que juntaram várias pessoas na residência de François de Rugy, então presidente da Assembleia Nacional.

De acordo com os dados revelados pelo portal, lagosta, champanhe e vinhos das adegas da Assembleia - alguns avaliados em mais de 500 euros a garrafa - foram servidos em mesas de dez a 30 convidados, a maioria pertencente ao círculo social de Séverine de Rugy, mulher do ministro e jornalista de uma revista de celebridades.

Além disso, são questionados os 63 mil euros investidos nas obras de renovação da sua residência oficial e que foram pagas pelos contribuintes franceses.

Após o escândalo, François de Rugy negou as acusações, dizendo que recusava demitir-se. "Não tenho absolutamente nenhuma razão para me demitir", afirmou na sexta-feira o ministro demissionário, que alegou que os "jantares informais" faziam parte de um "trabalho de representação" devido às suas funções, negando qualquer "noite de luxo".

Mas o antigo deputado do partido Os Verdes, de 45 anos, não resistiu à pressão e acabou por apresentar a demissão nesta terça-feira de manhã.