Produção

Finapop: MST ganha parceiros para revolucionar agricultura familiar no Brasil

Encabeçado por Eduardo Moreira, programa de investimentos promete dinheiro a cooperativas com melhores taxas do mercado

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cooperativa Agropecuária Santa Rita terá nova fábrica de beneficiamento de produtos alimentícios - Reprodução/ Coopan

Uma parceria entre investidores e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promete revolucionar a agricultura familiar no Brasil. A linha de crédito, baseada em um modelo de financiamento popular, investirá em projetos de produção realizados por cooperativas do país, com taxas de 5,5%, menores do que aquelas aplicadas por bancos públicos e privados. 

O Finapop (Financiamento Popular) iniciará suas atividades com o investimento de R$ 1 milhão na nova indústria de beneficiamento de produtos da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), espaço do MST, no Rio Grande do Sul. A cooperativa possui criação própria e abatedouro para venda de carcaça suína, faz produção de leite e seu carro chefe, o arroz orgânico, um dos mais vendidos do país.

Um dos investidores, o economista Eduardo Moreira explica que "essa é uma maneira de a gente financiar o mundo que a gente acredita", diz. A experiência, segundo ele, é baseada no banco Triodos. Com sede na Holanda, a instituição financeira fundada em 1980, destina valores apenas a projetos sustentáveis, que beneficiem exclusivamente às pessoas.

"No meio dessa crise, onde só tem notícia ruim, só notícias de gente sendo mandada embora, notícias de catástrofes, surge essa operação de algo que a gente acredita”, explica Moreira.


Coopan, no Rio Grande do Sul, terá nova fábrica de beneficiamentos de produtos / Reprodução/ Coopan

Um dos coordenadores da Coopan, Emerson Giacomelli, explica que os valores dos investimentos já chegaram na cooperativa. “Nós temos como meta concluir as obras em fevereiro do próximo ano e vamos inaugurar ela em maio”, diz. 

“Vamos processar mais de 50 produtos e mais de 60 empregos diretos na cooperativa. Hoje, no nosso abatedouro trabalham 37 pessoas, em sua maioria jovens e mulheres. Agora vamos poder trabalhar com inúmeros produtos, mas os principais vão ser a linguicinha, o salame, os defumados, vamos trabalhar com cortes de carne”, completa o agricultor.

João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, explica que “esse fundo vai ser uma revolução, para que milhares de pessoas possam se envolver nesse projeto. Daqui em diante, quando vocês forem comprar arroz orgânico, carnes de qualidade, entre outros produtos, você saberá que ajudou a produzir”. 

Stedile lembra que algumas pessoas já o questionaram sobre a ligação do Movimento com o ex-banqueiro e investidores financeiros. Segundo o dirigente, “nós nos juntamos a um ex-banqueiro sim. Nós queremos criar mecanismos de um mundo novo e derrotar o sistema financeiro, não alimentá-lo", completou. 
 

Edição: José Eduardo Bernardes