Eleições municipais no Brasil: Bruno Covas reeleito em São Paulo, Marcelo Crivella derrotado no Rio

Actual “prefeito” de São Paulo venceu Guilherme Boulos, candidato da esquerda, na maior cidade brasileira, enquanto Eduardo Paes venceu o ultraconservador Marcelo Crivella no Rio de Janeiro. Partido dos Trabalhadores e Jair Bolsonaro são os grandes derrotados das eleições municipais.

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Bruno Covas (ao centro) derrotou Guilherme Boulos e foi reeleito "prefeito" de São Paulo AMANDA PEROBELLI/Reuters

A segunda volta das eleições municipais no Brasil confirmou o cenário apontado pelas sondagens e os resultados da primeira volta, com os partidos do centro e centro-direita a saírem como principais vencedores, enquanto o Partido dos Trabalhadores (PT) e os candidatos “bolsonaristas" acabaram por ser os grandes derrotados.

Em São Paulo, o autarca Bruno Covas, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), foi reeleito com 59,3% dos votos, derrotando Guilherme Boulos, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que se ficou pelos 40,6%.

“As urnas falaram, e a democracia está viva. São Paulo mostrou que restam poucos dias para o negacionismo e para o obscurantismo. São Paulo disse ‘sim’ à democracia. São Paulo disse ‘sim’ à ciência, disse ‘sim’ à moderação, disse ‘sim’ ao equilíbrio”, afirmou Covas, no seu discurso de vitória.

A vitória do candidato do PSDB, que contou com o apoio de um grande leque de partidos do centro e centro-direita, já era esperada, apesar de, nos últimos dias de campanha, Boulos ter começado a aproximar-se nas sondagens. Contudo, o crescimento do candidato de esquerda na recta final não foi suficiente.

“Vou trabalhar a partir de agora para o que a gente conseguiu construir e unir aqui em São Paulo sirva de inspiração para o Brasil, para derrotar o atraso e o autoritarismo”, afirmou Boulos, apresentando-se como um potencial candidato às presidenciais em 2022.

No Rio de Janeiro, tal como esperado, o actual autarca, Marcelo Crivella, perdeu para Eduardo Paes, que conseguiu 64% dos votos.

“Quero anunciar que o Rio está livre do pior governo da sua história, do governo mais omisso, mais despreparado e mais preconceituoso”, afirmou Paes, candidato do DEM, de centro-direita, que assume o cargo de “prefeito” pela terceira vez, depois de ter cumprido dois mandatos consecutivos entre 2009 e 2017.

Derrotas para o PT e para Bolsonaro

Crivella, um bispo evangélico ultraconservador, do partido Republicanos, não foi além dos 35,7% dos votos, um resultado esperado e que é também uma derrota para o Presidente Jair Bolsonaro, que declarou o apoio ao sobrinho do chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo.

A nível nacional, os candidatos apoiados por Bolsonaro acumularam uma série de derrotas – pelas contas do G1, dos 13 candidatos apoiados abertamente pelo Presidente brasileiro, apenas dois (Gustavo Nunes, em Ipatinga, e Mão Santa, em Parnaíba) foram eleitos.

Nesta segunda volta das municipais, além do ultraconservador Marcelo Crivella, Bolsonaro declarou apoio a Capitão Wagner, do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), derrotado em Fortaleza, capital do Ceára, pelo candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), José Sarto, que conseguiu uma vitória por uma curta margem, obtendo 51,7% contra os 48,3%, de Capitão Wagner.

No balanço das municipais, também o PT sofreu várias derrotas, tendo perdido 11 das 15 disputas eleitorais em que participou nesta segunda volta. Além disso, pela primeira vez desde a redemocratização do país, o partido de Lula da Silva e Dilma Roussef não conseguiu eleger nenhum “prefeito” nas capitais brasileiras.

No domingo, o PT sofreu duas derrotas importantes – uma no Recife, capital de Pernambuco, onde a “petista” Marília Arraes foi derrotada por João Campos, do Partido Socialista Brasileiro; e em Vitória, capital de Espírito Santo, onde o candidato do PT João Coser perdeu para Lorenzo Pazolini, dos Republicanos.

De sublinhar ainda o resultado de Sebastião Melo, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que garantiu a vitória em Porto Alegre, capital do Rio Grande Sul, derrotando Manuela D’Ávila, do Partido Comunista do Brasil (PcdoB).

A antiga candidata a vice-presidente do Brasil contou com o apoio do PT e de outros partidos de esquerda, e chegou a estar empatada com Sebastião Melo nas intenções de voto, mas o candidato centrista conseguiu a vitória, obtendo 54,6% dos votos contra 45,4%.

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