São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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TV PAGA

Canal norte-americano, transmitido há dez anos para a América Latina, cria fundo especial para pesquisas

Discovery Channel procura ciência e entretenimento

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Discovery Channel, canal de televisão paga que é o maior produtor e comprador de documentários do mundo, está redefinindo o gênero, quase 20 anos depois de fundado nos EUA (e comemorando agora dez anos de transmissão à América Latina).
Um documentário hoje é um misto de informação com entretenimento, de imagens naturais com animação computadorizada, e até recriação de época em filmagens que nada deixam a dever a Hollywood. É a influência do cinema que redefiniu o gênero.
Basta ver um documentário recente, "Dino Planet". "Dez anos atrás o programa mostraria um paleontólogo pegando ossos. Agora, mostramos não só como os dinossauros se movem, mas suas reações", diz Guillermo Sierra, vice-presidente de programação da Discovery Networks para a América Latina e Ibéria.
Outro exemplo do novo modelo de documentário foi "Nefertiti Revelada", que teve recriações cinematográficas do Egito antigo. O documentário mostrava o trabalho de uma arqueóloga britânica, Joann Fletcher, tentando provar que havia encontrado a múmia da rainha egípcia.
"Nefertiti" foi um passo além do documentário tradicional, pois não se tratou apenas de mostrar uma pesquisa, mas de financiá-la. O canal criou um fundo para financiar trabalhos de cientistas, o Discovery Quest. Entre as pesquisas já financiadas está um programa de treinamento de tigres cativos para viverem na natureza e uma nova exploração do Titanic.
Segundo Sierra, o Discovery tem três níveis de envolvimento em relação a documentários. Pode-se fazer a compra pura e simples, e uma das principais fontes é a rede de TV britânica BBC.
Pode ser feita uma co-produção, mas com o canal mantendo controle sobre o conteúdo editorial. "Nós cruzamos as referências com os especialistas. Se uma teoria não é muito aceita, ouvimos os dois lados", afirma. E a terceira opção é fazer a produção 100% pelo canal. É o caso em geral das maiores produções, três ou quatro feitas anualmente. "Nefertiti" levou dois anos para ser feita e custou cerca de US$ 2,5 milhões.
Seja para financiar pesquisa ou para fazer ou comprar um documentário, o Discovery busca tópicos de interesse universal, mas com apelo local. Aprendeu a duras penas -por exemplo, com a pouca aceitação do português brasileiro em programas exibidos em Portugal- que uma opção importante é "customizar" o documentário para cada região.
Um requisito essencial para um documentário é um tema que possa ser mostrado em outras parte do mundo, segundo Enrique Martínez, vice-presidente executivo e diretor-geral da Discovery Communications Latin America/Iberia. "Entre 40% e 45% das produções são aquisições. Não temos estúdio; o mundo é o estúdio", diz.


O jornalista Ricardo Bonalume Neto viajou a Miami a convite de Discovery Networks Latin America/Iberia.



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