Bolsonaro diz a TV que Paulo Guedes permanece no governo

Mais tarde, em live, presidente afirma que mercado fica nervosinho com aumento de gastos

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Brasília

Em sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o mercado fica "nervosinho" com a criação de despesas que ameaçam o teto de gastos, como o auxílio para caminhoneiros anunciado pelo mandatário nesta quinta-feira (21).

"Vão ter novos reajustes dos combustíveis? Certamente teremos. Por que vou negar isso daí? Estamos buscando solução. O auxílio de R$ 400 para caminhoneiros, que vai estar abaixo de R$ 4 bilhões por ano, dentro do Orçamento. Daí fica o mercado nervosinho. Se vocês explodirem a economia do Brasil, pessoal do mercado, vocês vão ser prejudicados também", afirmou Bolsonaro.

Mais cedo, antes da transmissão, Bolsonaro disse à CNN Brasil que o ministro Paulo Guedes (Economia) permanece no governo, mesmo após a debandada de secretários da pasta.

O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Ueslei Marcelino - 20.out.2021/Reuters

"Paulo Guedes continua no governo e o governo segue com a política de reformas. Defendemos as reformas, que estão andando no Congresso Nacional, esse é o objetivo", declarou o presidente, segundo a emissora.

Nesta quinta, a exigência de Bolsonaro de turbinar gastos em ano eleitoral e a manobra para driblar a regra constitucional do teto de gastos derrubaram a Bolsa, fizeram disparar dólar e juros e causaram demissões na equipe de Guedes.

Quatro secretários da equipe econômica pediram demissão nesta quinta-feira (21) por discordarem das decisões. Pediram para deixar o governo dois dos principais nomes do núcleo da pasta, o que comanda as contas públicas.

O maior representante da área, abaixo de Guedes, é o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal. Ele e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt —subordinado a Funchal—, pediram exoneração dos cargos.

Durante a live, Bolsonaro não citou nominalmente os auxiliares demissionários, mas se referiu a eles ao citar que "tem secretário que quer fazer valer sua vontade".

"A inflação é horrível? É péssima, mas pior ainda é o desabastecimento. Como está na iminência de ter um novo reajuste dos combustíveis, o que buscamos fazer? Acertado com a equipe econômica... Alguns não querem na equipe econômica, não queriam, outros acharam que era possível. Em havendo um novo reajuste, dar um auxílio para os caminhoneiros. O que está decidido até o momento? R$ 400 para 750 mil caminhoneiros autônomos. É muito, é pouco? É o possível no momento", declarou.

"Isso dá um pouco mais de R$ 3 bilhões ao longo de um ano, dentro do Orçamento. Agora tem secretário, como acontece às vezes com um ministro, que quer fazer valer a sua vontade. Então o ministro deu uma decisão, vamos gastar dentro do teto, que as reformas continuam. A gente espera que as reformas administrativa e tributária continuem, como foi feita a da Previdência no passado", acrescentou.

Ele afirmou ainda que o governo não quer "desequilíbrio nas finanças" do país.

"Por que buscamos cumprir o teto de gastos? Porque não queremos desequilíbrio nas finanças no Brasil. Vem desequilíbrio, a inflação explode, todo mundo perde com isso. Agora tem gente botando lenha na fogueira".

A debandada na equipe econômica ocorreu após semanas de escalada da pressão do Palácio do Planalto sobre a equipe econômica por mais recursos, e horas após a formalização de uma proposta do governo para driblar o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas federais.

​A medida abre margem de ao menos R$ 83 bilhões no Orçamento em ano eleitoral, inclusive para turbinar emendas parlamentares, recursos direcionados pelos deputados e senadores para bases eleitorais.

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