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Prémio AGIR da REN distingue três projetos inovadores

Plataforma que auxilia migrantes e refugiados premiada. Oitava edição do Prémio AGIR da REN também reconhece uma iniciativa que promove o bem-estar e a saúde mental das crianças e famílias, e uma equipa de socorro diferente.

11 de Fevereiro de 2022 às 10:15

"SPEAK", da organização Share Your World, de Leiria, é o projeto vencedor da oitava edição do Prémio AGIR da REN – Redes Energéticas Nacionais, este ano dedicado à "Inovação Social na resposta à Covid-19". Lançado em 2014, o "SPEAK" é uma plataforma que ajuda a resolver o problema da exclusão social de migrantes e refugiados através da aprendizagem de uma língua e da criação de uma rede informal de apoio social.


Até março de 2020, os grupos de línguas eram presenciais, o que facilitava a criação de laços entre os buddies – as pessoas que ajudam outros a aprender uma língua – e os participantes. Com o início da pandemia, o projeto passou a ser digital. Numa primeira fase, o acesso às sessões e a eventos da comunidade era através de um site. Porém, em 2021 foi criada uma aplicação para telemóvel que permitiu democratizar o acesso ao "SPEAK", alcançando muito mais pessoas. Hoje, o projeto social está presente em 24 cidades, em 12 países, e já beneficiou mais de 48 mil pessoas. Algo que parece não surpreender totalmente os responsáveis deste projeto.


"O ‘SPEAK’ começou por ser um projeto local que ligava migrantes e locais na cidade de Leiria. No entanto, rapidamente percebemos o poder da metodologia que tínhamos desenvolvido", começa por explicar Hugo Menino Aguiar, CEO e cofundador do "SPEAK", prosseguindo: "É por isso que estamos investidos em desenvolver a nossa tecnologia e o nosso programa ‘Leva o SPEAK para a tua cidade’. A nossa prioridade continua a ser oferecer a qualquer pessoa a oportunidade de se juntar a uma comunidade ‘SPEAK’ e de se sentir em casa na sua cidade. Por isso, desde 10 de janeiro, tornámos o acesso aos grupos de línguas do ‘SPEAK’ gratuito! Assim, continuamos a crescer e a impactar mais pessoas."


Refira-se que este projeto é especialmente importante, pois combate o isolamento social de quem foi obrigado a sair do seu país. Um estudo recente do Centro de Investigação em Saúde Global e Medicina Tropical do Instituto de Higiene e Medicina Tropical mostra que cerca de 70% dos imigrantes referem que se sentiram mais ansiosos, contra 62% dos nativos. Por isso, torna-se essencial construir comunidades coesas que combatam o isolamento social e que contribuam para a criação de soluções em que ninguém é deixado de fora.


Com o Prémio AGIR, a Share Your World irá agora poder desenvolver uma segunda versão da aplicação com mais funcionalidades, mais eficaz e eficiente, mais intuitiva e de fácil utilização para os seus utilizadores. "Ao juntarmos locais, migrantes e refugiados na app ‘SPEAK’, garantimos que estão rodeados de suporte, amizade e relações sociais de apoio mútuo e evitamos as graves consequências sociais, económicas e políticas desta pandemia", explica Hugo Menino Aguiar, CEO do "SPEAK".



O "SPEAK" é uma plataforma que ajuda a resolver o problema da exclusão social de migrantes e refugiados através da aprendizagem de uma língua e da criação de uma rede informal de apoio social

Iniciativa "CoAction Against Covid-19" fica em segundo lugar

Em segundo lugar do Prémio AGIR da REN ficou a iniciativa "CoAction Against Covid-19", um projeto da associação ProChild, que promove, através de um rastreio online, o bem-estar e a saúde mental das crianças e famílias, avaliando, em simultâneo, o impacto da pandemia. Tendo como alvo a comunidade escolar, entre os 3 e os 10 anos, do concelho de Guimarães (perto de 6.000 crianças), o projeto começou a ser pensado e delineado em março de 2020, estava Portugal a passar pelo primeiro confinamento geral. A primeira edição começou a ser implementada em fevereiro de 2021 e decorreu até julho do mesmo ano. Neste momento, está a decorrer a segunda edição.


Para participar neste projeto, o encarregado de educação de cada aluno preenche um questionário anónimo que permite identificar crianças a necessitar de eventual acompanhamento. Esta intervenção, especializada, gratuita e individual, é feita por membros da Associação de Psicólogos da Universidade do Minho, tendo uma duração habitual de quatro meses, podendo ser prolongada em caso de necessidade.


Marlene Sousa, PhD | Eixo Saúde e Bem-Estar e responsável do "CoAction Against Covid-19", explica o que esteve na base deste projeto. O ProChild CoLAB, tendo como missão o combate à pobreza e exclusão social na infância, percebeu rapidamente que "as crianças seriam um grupo particularmente afetado, não só pela doença, mas sobretudo pelas medidas de saúde públicas adotadas para conter o vírus, nomeadamente o confinamento e o encerramento de escolas". Por isso, e sustentados por diferentes organizações internacionais, como por exemplo a UNICEF, esperava-se que o impacto se verificasse a três níveis – saúde mental, deterioração dos cuidados e exposição à violência. "Deste modo, foi nosso objetivo construir um projeto verdadeiramente comunitário que desse resposta ao grande desafio que tínhamos, e ainda hoje temos, em mãos – promover a saúde mental, o bem-estar e a resiliência de todas as crianças e famílias do município de Guimarães."


No balanço que faz deste projeto, Marlene Sousa aponta aspetos positivos e negativos. Durante a primeira edição conseguiu-se "ajudar um grande número de crianças e famílias", sendo que "79 crianças usufruíram de intervenção psicológica especializada, gratuita e individualizada".


Quanto às dificuldades, passam por disponibilizar "de forma atempada intervenção psicológica a todas as crianças e famílias". A candidatura ao Prémio AGIR 2021 da REN surge para tentar "colmatar esta lacuna e alocar mais recursos humanos ao projeto, o que felizmente veio a concretizar-se", recorda. Relativamente à segunda edição da iniciativa "CoAction Against Covid-19", que começou em outubro, a dificuldade tem sido "a menor adesão ao projeto", que se vai procurar mitigar com ações de proximidade para chegar a um maior número de crianças e famílias, sobretudo as que se encontrem em situações de maior vulnerabilidade social. "O Prémio AGIR 2021 da REN é, mais uma vez, fundamental para que se obtenha os recursos materiais e humanos necessários para tal."




Uma "Equipa de Socorro" especial

A "Equipa de Socorro" da Escola Profissional de Aveiro (EPA) é a terceira premiada da iniciativa. O projeto integra alunos, a maioria provenientes de um meio socioeconómico desfavorecido e que vive no limiar da pobreza e da exclusão social, numa equipa de socorro, capaz de prestar os primeiros socorros em caso de acidentes ou incêndios, realizar rastreios de saúde e apoiar os colegas com as suas dificuldades pessoais, num universo que ultrapassa as 800 pessoas. A ligação com as autoridades de socorro locais já evitou diversas deslocações desnecessárias à EPA, demonstrando a eficácia da atuação destes alunos.


Questionado sobre que feedback tem recebido, localmente, deste projeto, Paulo Quina, coordenador técnico e pedagógico da EPA, responde que "o mérito do desempenho da 'Equipa de Socorro' tem sido amplamente reconhecido por entidades externas de socorro, como bombeiros, PSP, GNR, Proteção Civil e não só". Nomeadamente, continua, "em cenário de simulacro nas suas instalações". "São unânimes ao afirmar que a equipa de socorro atua prontamente com rigor, profissionalismo e saber técnico, mostrando um desempenho exemplar: boa coordenação entre os elementos e adequada atuação diferenciada em função do estado das vítimas."


Segundo Paulo Quina, os operacionais das corporações de bombeiros que colaboram ativamente na formação dos jovens alunos que integram a "Equipa de Socorro" elogiam esta iniciativa: "É salutar a EPA ter criado e mantido ao longo dos anos esta equipa sempre motivada em fazer mais e melhor", refere Pedro Mota, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Sever do Vouga. "Os alunos são capazes de dar uma resposta pronta e eficaz em caso de acidente ou doença súbita ou incêndio nas instalações, mostram uma boa coordenação entre si e atuam de forma rigorosa, profissional e diferenciada em função do estado das vítimas", acrescenta.


Por sua vez Fernando Lourenço, oficial dos Bombeiros Voluntários de Sever do Vouga, destaca que se tem denotado "um aumento de eficácia da equipa na prestação de socorro, bem como no auxílio das equipas externas de socorro – às quais passam os dados de forma clara e objetiva".


Quanto a Pedro Resende, chefe dos Bombeiros Novos de Aveiro, refere "ser de inteira justiça expressar reconhecimento a todos os elementos da equipa de socorro da EPA, por tudo o que fazem ao longo do ano de trabalho, multifacetado de obstáculos".


No que toca a Jorge Aparício, supervisor do Policiamento de Proximidade da Divisão Policial da PSP de Aveiro, diz que "o rigor, a dedicação, o empenho e os conhecimentos técnicos que a equipa de socorro da EPA apresenta no planeamento e execução dos exercícios de prevenção, revelam um nível assinalável, transformando cada exercício num real teste à eficácia das entidades envolvidas e um ótimo contributo para a segurança da EPA e formação dos seus alunos".


Já Rogério Dias, antigo elemento da equipa de socorro da EPA, afirma ter aproveitado a oportunidade "para melhorar enquanto pessoa e compreender o verdadeiro sentido da palavra altruísmo". "Foi uma experiência incrível, porque me permitiu fazer algo que adorava enquanto estudava. Hoje, sinto-me orgulhoso pelos ensinamentos adquiridos. Agora sou bombeiro profissional e agradeço à equipa de socorro pelos valores que me transmitiu", diz Rogério Dias.


Na ótica da promoção da cidadania ativa, da igualdade de oportunidades e da defesa dos direitos humanos e visando o crescimento sustentável do projeto, a "Equipa de Socorro" pretende, no futuro, alargar o seu âmbito de atuação a outros utentes de instituições de cariz social da região de Aveiro, sobretudo aquelas que acolhem população fragilizada a nível económico e social. O coordenador técnico e pedagógico da EPA acrescenta que "já surgiu a oportunidade de realização de rastreios de saúde em comunidades de etnia cigana do concelho de Aveiro". "Os resultados alcançados falam por si – são 11 anos com provas dadas!", recorda, com orgulho.


Sobre o Prémio AGIR da REN, Paulo Quina diz que a "Equipa de Socorro" vai ficar "mais qualificada para intervir de forma diferenciada e poderá alargar o seu âmbito de atuação, por exemplo, para pessoas vítimas de pobreza e de exclusão social devidamente sinalizadas por instituições de cariz social parceiras da EPA".




A intervenção social está no ADN da REN


O Prémio AGIR enquadra-se na política de envolvimento com a Comunidade e Inovação Social da REN. Anualmente, o Prémio seleciona uma área de intervenção social diferente e distingue três projetos.


As últimas edições foram dedicadas aos temas "Promoção do emprego e integração profissional de pessoas em situação de vulnerabilidade", em 2020; "Promoção do Sucesso Escolar e Combate ao Abandono Escolar", em 2019; "Preservação do património natural", em 2018; "Inserção Laboral de Pessoas com Deficiência", 2017; "Combate à Pobreza e Exclusão Social", em 2016; "Envelhecimento Ativo", em 2015; e "Criação de Emprego", 2014. Este ano, na oitava edição, o tema foi a "Inovação Social na resposta à Covid-19".


A seleção dos três melhores projetos é da responsabilidade da REN, em parceria com a Stone Soup, que acompanha e monitoriza a utilização dos fundos doados a cada projeto, efetuando também a avaliação do impacto social real do apoio atribuído.



30

mil euros é o valor que arrecada o projeto vencedor do Prémio AGIR da REN. O segundo projeto ganha 15 mil euros e o terceiro 5 mil euros.

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