22 fevereiro 2023

“A Baleia” - A tristeza e a beleza sob a interpretação de Brendan Fraser

Filme dirigido por Darren Aronofsky concorre a três estatuetas do Oscar 2023, incluindo o de Melhor Ator (Fotos: Califórnia Filmes) 



Wallace Graciano


Culpa é um dos fardos mais torturantes que carregamos em nossa vida. Seja qual for o motivo que causa tamanho desconforto, ela está presente em nossa vida e muitos não sabem como lidar. E é justamente esse o ponto que norteia “A Baleia” ("The Whale", no título original), que estreia nesta quinta-feira (23) nos cinemas de todo o país. 

Com uma interpretação magnífica de Brendan Fraser, o filme de Darren Aronofsky ("Mãe" - 2017), que é adaptado de uma peça homônima, não cativa e destoa na parte estética, mas tem personagens intensos, que tiram seu ar.


Não à toa, garantiu três indicações ao Oscar (Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Cabelo e Maquiagem), chegando com grande potencial de conquista nas três. Abaixo, mostraremos o porquê, além de contar nossas impressões sobre o filme. 

Qual é a história de “A Baleia”?

“A Baleia” conta a história de Charlie (Brendan Fraser), um professor de redação que enfrenta uma obesidade mórbida. De uma inteligência afiada, ele tem percepção exata de como o mundo o encara, com preconceitos e escárnio. 

Não à toa, sequer tem coragem de ligar a câmera de seu notebook enquanto ministra aulas online. Porém, sua condição física esconde traumas do passado. Ele carrega a culpa de ter abandonado sua filha em troca de um amor homossexual, que não conseguiu ir adiante devido a uma tragédia. 


Com esse psicológico frágil, usa a comida como muleta emocional para esconder a dor e a frustração por seus erros, perdas e decepções. Somente a enfermeira Liz (Hong Chau, indicada ao Oscar) o visita, sendo sua amiga e eterna confidente. Ela o vê de forma nua e crua. Sabe do seu passado e presente. 

Após vê-lo ter um princípio de infarto, a profissional da saúde insiste para que ele se interne, o que é prontamente negado por Charlie, que teme contrair uma dívida, devido à ausência de sistema universal de saúde nos Estados Unidos. 


Sabendo que sua vida está nos últimos dias, inclusive sob avaliação da própria Liz, Charlie tenta se reaproximar da filha, Ellie (Sadie Sink, de “Stranger Things”) para tentar redimir os erros do passado. E é nesse contexto que a trama se desenvolve. 

O que achamos de "A Baleia"?

Por ser baseado em uma peça (escrita por Samuel D. Hunter, que também é o roteirista do longa), trata-se de uma obra que não tem muitos ambientes ao seu redor. Basicamente, toda a construção da trama se dá em um cenário: a casa de Charlie. 

Para alguns espectadores, pode ser sufocante, mas o filme, assim, consegue colocar uma lupa na culpa e dor do protagonista. Ele é lento, pois foca demais nas camadas de Charlie, além de desenvolver os personagens sem muita celeridade. 


Porém, o que o faz cativante ao público é justamente essa condução que nos tira do conforto, intercalando as condições físicas precárias do personagem com suas relações pessoais tão deturpadas quanto.

E Brendan Fraser faz isso com maestria. Se outrora foi um ator considerado galã, principalmente após sua atuação em “A Múmia” (1999), agora consegue nos envolver com cada ato, fazendo com que uma simples queda por mobilidade reduzida traga um contexto peculiar. 


Ainda que os diálogos com Liz, Ellie e o missionário Thomas (Ty Simokins) não tenham o ritmo acelerado que muitos gostam, eles nos prende por apresentar todas as nuances que cercam o protagonista e seus traumas. 

Ou seja, vá ao cinema focando nas atuações dos personagens e no que elas podem nos trazer. Essas interpretações fazem com que a estética, enredo e trilha virem meros detalhes na trama.

Quais são as indicações ao Oscar de “A Baleia”?

Melhor Ator: Brendan Fraser;
Melhor Atriz Coadjuvante: Hong Chau;
Melhor Cabelo e Maquiagem


Ficha técnica:
Direção: Darren Aronofsky
Roteirista e autor da obra: Samuel D. Hunter
Produção: A24 e Protozoa Pictures
Distribuição: Califórnia Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração:1h57
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gênero: drama
Nota: 4,5 (5)

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