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Yduqs / Estácio

Dona da Estácio inaugura programa de inovação aberta, o Yduqs Labs

Grupo busca edtechs com soluções inovadoras para trabalhar em conjunto; inscrições vão até 3 de junho

Rossano Marques, CFO da Yduqs: foco no digital para evoluir experiência de alunos. "Hoje, competimos com a Netflix pela atenção dos estudantes" (Yduqs/Divulgação)
Rossano Marques, CFO da Yduqs: foco no digital para evoluir experiência de alunos. "Hoje, competimos com a Netflix pela atenção dos estudantes" (Yduqs/Divulgação)
KS

Karina Souza

3 de maio de 2022 às 06:00

A Yduqs, segunda maior empresa de educação do Brasil, avaliada em R$ 4,7 bilhões na B3, abre nesta terça-feira, dia 3, um programa de inovação aberta para startups, chamado Yduqs Labs. A iniciativa, a primeira do tipo na companhia, significa mais um passo em direção à retomada dos investimentos em tecnologia e digitalização depois da tentativa de aquisição por parte da Kroton (hoje Cogna) em 2017. De lá para cá, o percentual do investimento anual dedicado à tecnologia saiu de menos de 10%  para 42% no ano passado. Colocando em cifras, subiu de R$ 10,3 milhões  para R$ 230 milhões.

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O plano segue em marcha em 2022 e, como parte dele, a Yduqs adaptou uma série de processos internos para incluir a colaboração de startups dentro da companhia, para acelerar o desenvolvimento de novas soluções. Se, antes, a Yduqs contaria somente com edtechs altamente estruturadas para essa parceria, a partir de hoje abre as portas para o maior número possível dessas empresas, independente do tamanho. O foco é o relacionamento para solucionar três questões: um sistema capaz de facilitar a transferência de alunos — processo burocrático para verificar quais matérias podem ser eliminadas e quais não —, um programa de benefícios para os estudantes que pagam em dia e têm boas notas, e um modelo de benefícios flexíveis para colaboradores.

As inscrições para a primeira edição do programa estarão abertas até o dia 3 de junho para startups de qualquer região do país com soluções validadas, CNPJ vigente, e que atendam aos critérios propostos.  As empresas selecionadas irão executar pilotos remunerados que serão avaliados no contexto da companhia e terão, futuramente, oportunidades de contratação, investimento e cocriação de produtos. A principal contrapartida — fora o dinheiro — é a possibilidade de testar soluções para uma base de 1,2 milhão de alunos, passando por um processo de mentoria com as áreas da empresa envolvidas em cada um dos projetos. 

“É uma iniciativa que visa transmitir a ideia de que somos um grande mercado para startups oferecerem produtos dedicados ao ensino superior. Não estou olhando, nesse momento, para valuation dessas empresas. Somos muito cautelosos com aquisições. Meu foco é entender quem tem soluções relevantes e que deem um ‘match’ para o que os professores e alunos precisam.  Se funcionar e se for um modelo as a service, por exemplo, as empresas terão contrato longo conosco”, diz Rossano Marques, CFO da Yduqs, ao EXAME IN. A empresa ainda não divulga informações de verba investida nesses novos contratos — uma vez que tudo vai depender de quantos e quais serão. 

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A jornada digital da Yduqs

O momento para se abrir à digitalização vem, também, como uma consequência natural dos novos hábitos adquiridos na pandemia. Antes de 2020, metade da base de alunos da Yduqs já estudava no formato EAD e, mesmo quem já estava no modelo presencial tinha acesso a um aplicativo para complementar as discussões de disciplinas ensinadas em sala de aula. Mas, o processo ainda precisava de melhorias.

“O ensino digital era muito parecido com o que é hoje, de ser mais multimídia e não simplesmente baixar um PDF para ler. Alunos já liam o texto, ouviam podcast e sentíamos que isso já havia sido bem compreendido por eles. Mas, antes da pandemia, não estávamos tão atentos a ter um conteúdo responsivo no celular, não checávamos a disponibilidade das aulas com tanta frequência. Todos os nossos contatos via call center, por exemplo, seguiam a mesma lógica das aulas presenciais, de atendimento das 7h às 22h30. Hoje, reformulamos tudo isso. Estamos competindo pela atenção dos alunos com players altamente qualificados, como a Netflix. A experiência digital de ensino tem de ser muito boa para atraí-los”, diz Rossano.

Como parte desse entendimento, a companhia expandiu no último ano a atuação de sua vertical EnsineMe (um hub de conteúdo didático totalmente digital) com a aquisição da QConcursos, empresa totalmente digital que fatura R$ 70 milhões por ano, e da Hardwork Medicina, que oferece cursos preparatórios para provas de residência médica. Esta última transação foi de R$ 52 milhões, por 51% da empresa. 

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Diante de condições macroeconômicas adversas — inflação, principalmente, e queda na renda — o executivo acredita que o ensino digital deve continuar sendo a vertical de maior crescimento ao longo dos próximos anos. E, para atingir o máximo potencial, é necessário, curiosamente, investir também em expansão física. 

“O aluno de EAD se pauta por três pontos principais. Um é preço. O outro é se ‘existe uma instituição com essa bandeira presencial na cidade. E o último fator é a distância entre o polo da casa dele, mesmo que ele precise ir apenas uma vez por semestre. Temos polos enxutos, conseguimos uma boa rentabilidade. E vamos continuar investindo neles”, diz Rossano. 

O futuro do ensino presencial

A chave para crescer no ensino à distância está na interiorização. Cidades realmente pequenas, como o município de Carmésia, em Minas Gerais, que tem apenas 2.600 habitantes, serão o foco de expansão do grupo ao longo dos próximos anos. 

Dentro dessa estratégia da expansão, a companhia também engloba a vertical de Medicina, uma das mais rentáveis para o setor pelo alto tíquete médio. Mesmo com um esforço menor na busca por rentabilidade desse curso (no formato presencial) em relação aos demais, a expansão para cidades menores ajuda a conquistar mercados que muitas vezes carecem desse tipo de mão-de-obra — e colabora para formar mais médicos de família para municípios pequenos, por exemplo. 

Em paralelo a isso, a Yduqs também deve continuar promovendo a expansão do ensino presencial. “Vai funcionar. Não vai crescer no mesmo ritmo do digital, mas estudamos cada vez mais alternativas de eficiência para essa dinâmica”, diz Rossano. 

Para chegar até lá, fusões e aquisições também são avaliadas com cautela — lembrando que a empresa fechou o ano com R$ 905 milhões em caixa. “Se for ao preço certo, não temos preconceito de tamanho. Todo mundo já bateu à porta, de todos os tamanhos, mas somos muito responsáveis, queremos fazer o deal no preço certo. Vimos a euforia nos últimos anos e estamos muito felizes de ter perdido alguns acordos. Hoje, estamos vendo os preços corrigidos”, diz o executivo. 

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