Brasil de Fato PR - E dição 273

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Família denuncia que jovem foi executado. Polícia fala em confronto Cidades | p. 5 PM mata adolescente no Parolin O que é o dia Independênciada Disputa é entre dependência ou vida da nação, da democracia, do povo Editorial | p. 2 A execução nas favelas Chega-se a comemorar a morte de crianças em comunidades Opinião | p. 2 Esportes | p. 8 Cultura | p. 7 O maissonhoperto femininasVozes Athletico faz no Equador decisão contra Flamengo Daniel Montelles, no show homenageia“Matriz”,mulheres Ano 5 Edição 273 9 a 14 de setembro de 2022 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.brPARANÁ Grito dos Excluídos acontece em ocupação Em Curitiba, 7 de Setembro destaca situação dos mais pobres Cidades | p. 4 Vândala Divulgação Divulgação

editorialSEMANA

Paraná, 9 a 14 de setembro de 2022 Brasil de Fato PRBrasil de Fato PR

Em todo o país pipocam casos de policiais que vão à júri em casos nítidos de execução e são absolvidos porque a população acredita que as coisas têm de ser feitas assim mesmo. Então vamos direto à questão: por que a Polícia Militar executa pessoas? A primeira é a tela de fundo feita de biologia malfeita e antropologia malfeita.Biologia malfeita porque se acredita que existem pessoas que são criminosas por natureza. Não há evidências para esse tipo de afirmação, mas é assim que a subcultura policial educa, e o policial começa a ver que mais pessoas morrem em favelas, assim como mais pessoas cometem crimes em favelas.

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 273 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

A polícia só executa na favela

Logo, ele deduz que esse pensamento está certo, chegando ao paroxismo de comemorar a morte de uma criança ou adolescente nessas comunidades porque assim um bandido a menos chegaria à fase adulta. Ele só não percebe que mais pessoas morrem em favelas porque a polícia só executa na favela. Também não percebe que há mais crimes na favela porque a polícia só patrulha na favela e criminaliza coisas que não são criminalizadas em outros lugares.

Ninguém será preso traficando dentro do seu apartamento no centro. Não há policial militar com “coragem” para entrar num apartamento por lá sem mandado. Mas na favela a coragem cresce e a prisão acontece. Aí ele diz que a favela é violenta por causa das drogas, mas ele nunca parou para pensar que no centro as drogas não causam a mesma violência e nem causam essa violência para os policiais que consomem drogas para aguentar o turno de 12h. Ele também não percebe as violências e injustiças sofridas e que levam as reações nas comunidades pobres.

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Martel del Colle, PM aposentado, expulso das fi leiras da corporação da Polícia Militar do Paraná por apresentar uma visão crítica e contrária às práticas repressivas da corporação Eu poderia começar o texto perguntando se a Polícia Militar executa pessoas ou não, mas acho que essa discussão seria desnecessária. Desnecessária porque não estamos discutindo isso nem nos estudos de segurança pública e nem na sociedade.Asociedade sabe que a polícia executa e, na verdade, em alguns casos tem achado essa atitude boa. A defesa repetida de ações truculentas de policiais feitas por meio de filmes e dos jornais de meio-dia gerou um clima de normalização dessa violência.

EXPEDIENTE EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABOROU NESTA EDIÇÃO Martel del Colle e Lucas Botelho ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016bulenta conjuntura latino-americana. A Argentina, por exemplo, vive o horror do atentado a sua maior líder popular, Cristina Kirchner. No Chile, há o revés do referendo popular a uma avançada proposta de carta constitucional. Enquanto isso, assistimos, pasmos, às ameaças golpistas, aos descabidos discursos e ao entreguismo de nossas riquezas, tudo promovido pelo atual presidente do Brasil. Em meio a um cenário de ameaças fascistas, financiado pelo golpismo empresarial, a data foi protagonizada por Bolsonaro, em um dos mais bizarros episódios da história da República. Não só a dignidade presidencial foi destruída, mas completamente desrespeitadas foram também as

opinião FALAPOVOAgora é sua vez! Entre em contato por e-mail ou pelas redes sociais, comente uma de nossas matérias e apareça aqui no BdF impresso

2 Opinião

Os 200 anos da Independência do Brasil são motivo de balanço sobre nosso projeto e construção nacionais. Território definido e cultura diversificada, resta, porém, sebrasileirosigualdadeinstituiçõesdemocraticamenteconsolidarnossasepromoveraentretodososeasbrasileiras.Oatual7deSetembroenquadraemumatur-

simbologias nacionais, em nosso bicentenário. A nação, assim, tem suas instituições aviltadas (como no cabo de guerra forjado com o STF) e o povo é ofendido com falas advindas de uma cultura machista. Em 2022, portanto, deve-se sentenciar: dependência (política, econômica, cultural) ou vida (da nação, da democracia, do povo)!

Dependência ou vida!

Recorde de crioulasSementesdívidas

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mulheresImbrochávelDesprezoàs

“Foi tudo ilegal e de

machistaboçalidadeflagrante,maneiraaquelafoiparadistrairaplateia”

Um ciclo virtuoso. Comida na mesa dos paranaenses, segurança alimentar, produtos de qualidade na merenda escolar e garantia de renda para agricultores e agricultoras familiares. É isso que garante o projeto de lei do deputado estadual Professor Lemos (PT/PR) que cria o Programa Estadual de Compras Governamentais da Agricultura Familiar e Economia Solidária (PECAFES). A medida surge em um momento em que pelo menos 33 milhões de brasileiros passam fome.

Com a campanha salarial nacional deste ano, os bancários devem injetar R$ 14,2 bilhões na economia brasileira, segundo dados preliminares calculados pelo Dieese. Nessa conta estão incluídos os reajustes nos salários e benefícios, além da Participação nos Lucros e Resultados, PLR, que sozinha injetará cerca de R$ 8,7 bilhões.

Projeto coloca comida na mesa Arquivo Giorgia Prates

As famílias mais pobres nunca estiveram tão endividadas quanto hoje no Paraná. Cerca de 96% delas, com renda mensal de até 10 salários mínimos, têm hoje algum tipo de dívida. É o maior índice já registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor divulgada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e pela Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio). “De geração em geração, Sementes Crioulas Sim! Transgênicos Não!”. Esse é o lema que anuncia a 18ª Feira Regional de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade. O encontro, de 16 a 17 de setembro, ocorre no centro de tradições Willy Laars, em Irati. A feira é articulada por entidades do campo e da cidade, entre elas o Coletivo Triunfo, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Irati (STRI), Rede Sementes da Agroecologia (ReSA) e AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia.

Disse a jornalista Renata Lo Prete, no “Jornal da Globo”, sobre as atividades do 7 de Setembro com o presidente Jair Bolsonaro.

Divulgação Divulgação

NOTAS BDF Por Frédi Vasconcelos

Após as falas do 7 de setembro, duas candidatas a presidente comentaram em suas redes sociais. Simone Tebet (MDB) escreveu em seu Twitter: “Vergonhoso e patético! No dia da Independência do Brasil, o Presidente mostra todo seu desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica e infantil. Como brasileira e mulher, me sinto envergonhada e desrespeitada.”

Se o 7 de Setembro foi mais marcado por metáforas sexuais que por novas ameaças golpistas, a revista britânica “The Economist” voltou, em matéria de capa, a dizer que Bolsonaro vem fazendo uso do mecanismo adotado pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump: “Ele parece estar lançando as bases retóricas para denunciar a fraude eleitoral e negar o veredicto dos eleitores... Uma razão para se preocupar é que Bolsonaro possa emprestar uma página da cartilha sem princípios de Trump, até porque ele já fez isso antes. Ele semeia a divisão: o outro lado não é apenas errado, mas mau.”

Desqualificaçãofora

FRASE DA SEMANA Geral 3

Não deve ser a melhor profissão do mundo a que tem a pessoa responsável pelo marketing eleitoral de Bolsonaro. Tendo seus piores índices nas pesquisas eleitorais entre mulheres e jovens, as últimas semanas foram marcadas por respostas mal-educadas a mulheres jornalistas e, no 7 de setembro, o candidato puxou coro de “imbrochável”, repetido por seus militantes, termo machista que deve ter efeito mais negativo ainda na ala feminina. Além de expor a sua própria esposa, Michele, que estava presente na hora do coro.

Soraya Thronicke (União) foi na mesma linha: “Divorciado do respeito à data, em pleno 7 de Setembro, o presidente insiste em propagar que é imbrochávelinformação que, sinceramente, não interessa ao povo brasileiro. O que o Brasil precisa, mesmo, é de um presidente incorruptível. Bolsonaro prima pela desqualificação.”

O PL determina a aquisição direta e indireta de produtos agropecuários e que 30% dos custos do valor total da composição do cardápio devem ser destinados à aquisição de gêneros alimentícios provenientes de produtos da agricultura familiar.

A proposta tem como referência os programas nacionais de compra de alimentos da agricultura familiar, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

partefazemBancáriossua

“O programa também insere as demandas da economia solidária com diferentes produções não apenas no meio rural, mas também nos espaços urbanos, especialmente nas periferias das grandes cidades”, destaca Lemos.

Além do tema principal, o ato teve outros sete eixos de debate: violência estrutural; dívida pública, dívidas sociais e direitos humanos; educação popular e trabalho de base; soberania alimentar: agricultura familiar no combate à fome e ao agronegócio; teto, terra e trabalho; democracia participativa e democracia representativa e defesa dos territórios.

“Certamente para todos nós, o Grito dos Excluídos é um grande aprendizado. Talvez para muitos jovens, estudantes e professores, hoje, seja a melhor aula para entender a realidade brasileira, para entender esse País, como o poder público, como o sistema trata as pessoas. Então, neste momento, este lugar expressa um pouco como funciona o Brasil, o que é Paraná, o que é Curitiba, o nível de empobrecimento e dificuldades do nosso povo. Por outro lado, a gente vê aqui com nossos olhos a força que nosso povo tem, O QUE DISSE ROBERTO BAGGIO, DO MST veja bem aqui a Comunidade Vila União, tem um ano e pouco e a sua grande maioria já tem a sua casinha pra fugir do aluguel. Organizaram com sua força física as estradas, puxaram luz, água, ergueram esse belo barracão comunitário aqui com uma bela ação solidária dos sindicatos, das pastorais e do MST na forma de mutirão. Estamos num lugar que revela duas coisas, a contradição estrutural do sistema, e por outro lado a capacidade humana de resolver, atuar e atenuar o sofrimento. Queria trazer aqui ideias do que seria um Brasil popular, e as ideias centrais são do grande profeta Papa Francisco, ele resumiu uma ideia de um grande programa que serve para o mundo todo, a primeira delas; teto e a moradia, todas as famílias do mundo têm que ter uma casa digna para morar; uma segunda grande ideia é que todas as pessoas têm que ter trabalho, que com o trabalho conseguem o restante do que precisam; e o terceiro é terra, repartindo as terras do mundo para produzir comida. Hoje, no nosso país 126 milhões de brasileiros não têm um prato de comida.”

OGrito dos Excluídos, no 7 de setembro, que teve como tema nacional “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?”, em Curitiba começou pela manhã na Vila União, dentro do bairro Tatuquara, onde ocorreu café da manhã com alimentos da Rede de Padarias Comunitárias Fermento na Massa. Depois aconteceu caminhada pela comunidade e o coletivo do MST Marmitas da Terra ofereceu almoço para centenas de moradores de ocupações urbanas, militantes de movimentos sociais, sindicais e partidos.

Paraná, 9 a 14 de setembro de 2022 Brasil de Fato PRBrasil de Fato PR Ideias de Papa Francisco para o mundo: teto, trabalho e terra para produzir comida 28º Grito dos Excluídos acontece na ocupação Vila União, em Curitiba 4 Cidades

Despejo zero e vida digna A escolha do local do 28º Grito se origina na atual luta contra os despejos nas ocupações por moradia na Região Metropolitana de Curitiba. Com pouco mais de um ano e meio de existência e resistência, a Vila União abriga dezenas de famílias em situação de vulnerabilidade em um terreno abandonado. Sem saneamento básico, sem ruas asfaltadas, lama em dias chuvosos, ainda sim, com muita energia, em ato ecumênico, a comunidade da Vila União agradeceu a Deus pelo teto e exigiu o cumprimento dos direitos garantidos na constituição de 1988.

Lucas Botelho

A escolha do local do 28º Grito se origina na atual luta contra os despejos nas ocupações por moradia em Curitiba e região

Lucas Botelho Reprodução

Lucas Botelho

justiçapedemeFamiliaresamigos

Cidades 5

ACOMPANHADEFENSORIA

Um morador que não quis se identificar disse que a vida da juventude e de famílias do Parolin são tratadas com indiferença pelo poder público e a polícia. “Aqui, eles chegam para procurar quem matar. Não querem saber se as pessoas têm famílias. Eles são indiferentes com quem tem fa-

Ameaças de policiais A tia relembra que o jovem vinha expressando preocupação com ameaças Inquérito policial foi instaurado pela Delegacia de Homicídios

A tia de Dalysson, Elaine Ferreira, contou ao Brasil de Fato Paraná Ana Carolina Caldas que, minutos antes da morte do sobrinho, eles estavam juntos.

“Dizia que tinha um policial ameaçando ele de morte”, diz tia de jovem morto no Parolin de policiais. “A gente não sabe de nada ainda porque atiraram contra ele. Ele teve um problema, uns 5 meses atrás, com venda de droga, mas já tinha parado com isso. Uns dias antes ele me falou que tinha um policial ameaçando ele de morte. Contou que dizia que quando pegasse ele sozinho ia matar. Até conversei com ele e disse pra ir embora daqui”, contou Eliane. Em depoimento ao Gaeco, a tia contou ter dito que não sabia o motivo por que o policial vinha ameaçando. “Não sei se ele sabia coisa demais, porque teve até um dia que o policial veio de noite falar com ele”, afirmou.

Após a morte de Dalysson, na sexta, revoltados, moradores do Parolin e a família realizaram manifestação na segunda, 5, fechando as ruas principais de entrada do bairro pedindoFaixasjustiça.como “não houve socorro” e “até quando o estado vai nos matar”, além das que homenageavam o adolescente foram levadas até as ruas principais do bairro, impedindo a entrada de carros.

mília, com o futuro dos jovens daqui. Vêm e matam e vão embora, disse. Presente ao ato, a advogada da família, Camila Pichait, disse que já existe inquérito policial instaurado pelo Gaeco. “Eles (família e testemunha) já foram ouvidos e não têm ainda alegação da polícia sobre o tiro, a não ser que foi que teve confronto. Mas destacamos que o Dalysson não portava armas e nem drogas no dia”, disse.

O CASO O QUE DIZ A POLÍCIA

“Ele estava na minha casa e de lá saiu para casa da mãe, que mora nos fundos. Encostou a porta e saiu. Deitei na cama e já escutei ele gritando, dizendo que: ‘tinha perdido, mas que não precisava atirar.’ Minha filha abriu a janela e viu eles dando tiro nele. Minha filha ainda gritou e eles mandaram ela entrar porque ‘se não iam dar um tiro na cabeça dela também, chamando ela de vagabunda’”, contou Elaine.

Já ao final da manifestação, forte aparato policial reprimiu os manifestantes, entre eles crianças e idosos com tiros de balas de borracha.

Em nota, o Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH) e Núcleo da Política Criminal e da Execução Penal (NUPEP) da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) informaram “que acompanham com preocupação a atuação da Polícia Militar do Paraná em uma incursão operacional dentro do bairro Parolin”. A equipe do NUCIDH esteve no bairro acompanhando os desdobramentos da ação policial. Em nota, a assessoria de comunicação da PM do Paraná disse que “uma equipe policial realizou tentativa de abordagem a uma pessoa no bairro Parolin, na tarde de sexta feira, 02, em que este se evadiu e acabou por se deparar com outra equipe durante a fuga. Neste momento, sacou uma arma de fogo e realizou disparos contra os policiais. A equipe revidou e acabou por atingir o suspeito. Foi imediatamente acionado socorro médico constatando sua morte. Junto ao corpo foi localizado uma arma de fogo, drogas embaladas prontas para venda, caderno com anotações referentes à venda de drogas e dinheiro em espécie em cédulas trocadas. Após isolar o local para realização das perícias pela Polícia Científica, a população local veio a investir contra os policiais no intuito de invadir o local temporariamente isolado, com arremesso de pedras e outros objetos que vieram a atingir policiais e viaturas envolvidas na ocorrência. Mesmo com a investida contra as equipes, foi possível realizar as perícias necessárias que irão compor o Inquérito Policial Militar pertinente ao caso, este após concluído será remetido ao MinistérioSobrePúblico.”asameaças que o jovem vinha recebendo, a assessoria respondeu que “todos os fatos narrados por familiares e testemunhas, inclusive, na Corregedoria da Polícia Militar, farão parte da instrução processual do Inquérito Policial Militar.”

Vândala

Uma operação policial no Bairro Parolin, em Curitiba, comandada pelo Batalhão de Eventos da Polícia Militar, terminou com a morte de um adolescente de 17 anos, na sexta (2/9). Apesar de a polícia ter dito que houve confronto, moradores e familiares relatam que o jovem não reagiu, não portava armas e, inclusive, levantou as mãos para o alto ao ser abordado. Seis policiais participaram da ação. Além da execução, que deixou moradores revoltados, relatos de testemunhas que estavam no local dizem que o corpo ficou por mais de meia hora sem assistência ou socorro. A pedido dos advogados da família de Dalysson Mariano e da Defensoria Pública, inquérito foi instaurado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Delegacia de Homicídios. Testemunhas e familiares já foram ouvidos.

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Foto: Arquivo Giorgia Prates

Chamado de Ato “Preto e Branco”, servidores públicos da saúde e da segurança do Paraná fizeram manifestação na segunda (5/9) em defesa do pagamento da data-base, atrasada desde 2016. O ato aconteceu em frente ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), que no mesmo horário julgava recursos em que o governo do Estado questionava a retroatividade do reajuste. Ao final, o TJ deu razão aos trabalhadores e manteve a decisão, o que obriga o governo a pagar o que deve. Em 6 de dezembro, o TJ julgou procedente Redação o pedido dos servidores públicos estaduais, fazendo a análise sobre a constitucionalidade do art. 33 da Lei Estadual nº 18.907/2016, que suspendeu as correções salariais previstas no art. 3° da Lei 18.493/2015. O dispositivo foi usado pelo então governador Beto Richa para adiar a reposição da data-base por tempo indeterminado. Para o Sindicato dos Policiais Penais do Paraná (Sindarspen), “parte do percentual já foi implantado na folha de pagamento no decorrer deste ano, restando um residual de 3,39%, além dos retroativos, que o governo não quer pagar.”

pagamento de atrasados Trabalhadores da saúde e segurança protestam pela data-base em frente a tribunal

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Ato acontece em julgamento de ação do governo contra decisão do TJ de

6 Cidades

MASTIGADASDICAS

Brasil ilustrado Figuras esquecidas Mostra Pasolini

Cultura 7

Personagens da história do Brasil são retratados em ilustrações e animações dos artistas André Caliman e Magnon Almeida, autores do projeto multimídia “As Vidas da Independência do Brasil”. A exposição tem entrada gratuita e acontece na Gibiteca de Curitiba. As animações podem ser acessadas também por um QRCode e ainda estão em exibição no Coreto Digital do Passeio Público. Além dos tradicionais personagens como D. Pedro, Dona Leopoldina e José Bonifácio, os autores retratam figuras esquecidas ou até mesmo desconhecidas e que estão sendo resgatadas pela historiografia atual, como a Índia Dionísia, Madre Joana Angélica, a negra Maria Felipa, e o indígena Sepé Tiaraju, entre outros.

No ano do centenário do diretor italiano Pier Paolo Pasolini, a mostra Mia Cara 2022 exibe sete obras de sua filmografia entre os dias 9 e 14 de setembro no Cine Passeio, em Curitiba. Entre os filmes estão o de sua estreia, Accattone – Desajuste Social, de 1961, ao último trabalho, Salò ou Os 120 Dias de Sodoma, de 1975, um dos mais controversos filmes da história. A entrada é franca e a capacidade para 30 pessoas. Os ingressos podem ser retirados na bilheteria 60 minutos antes da exibição. Divulgação

Ingredientes 1 xícara (chá) de arroz Terra Livre 3 xícaras (chá) de leite Terra Viva 2 xícaras (chá) de água 1/3 de xícara (chá) de açúcar 1/2 lata de leite condensado 1 canela em rama 3 cravos-da-índia 1 pitada de sal Canela em pó a gosto Modo de Preparo Numa panela média misture leite, água, açúcar e sal. Junte o arroz, a canela e os cravos. Leve ao fogo alto e mexa até começar a ferver. Abaixe o fogo e deixe cozinhar por mais 20 minutos, mexendo de vez em quando, até os grãos ficarem macios. Misture o leite condensado e deixe cozinhar por mais 5 minutos para ficar cremoso. Transfira para uma tigela e cubra. Deixe amornar antes de levar para a geladeira. Polvilhe com canela em pó na hora de servir. Após o lançamento de seu primeiro EP ,”Imensidão”, o músico maranhense radicado em Curitiba Daniel Montelles apresenta seu novo trabalho, o show solo “Matriz”. Daniel cresceu no seio matriarcal de sua família paterna. Aprendeu a ler e escrever com a avó Maria Dulcey e teve sua mãe, Lucia, cabeleireira e manicure, como fonte de inspiração. “Matriz”, que será apresentado em 16/9, em Curitiba, nasce do desejo do artista em trazer aos palcos as vozes das Marias de sua família, mulheres anônimas, mães, filhas, esposas, mães de santo, seus amores e os ventres de mulheres que lutaram e resistiram apesar da estrutura social e financeira. Daniel iniciou sua vida artística a partir das poesias e crônicas que escrevia ainda criança, relatando a rotina das mulheres de sua família. Professoras, donas de casa, costureiras, sempre acompanhou a luta feminina. Mudou-se para Curitiba por questões de trabalho e estudo, e em 2021 lançou “Imensidão”, seu primeiro EP autoral. O artista-intérprete também integrou espaços de pesquisas negras e suas trajetórias, conhecendo o candomblé, o tambor de mina, fortemente tocado em São Luiz, e a umbanda. Redação “Os saberes e filosofias africanas trouxeram a direção para eu seguir cantando meu povo e as referências negras desde a infância”, conta Montelles. Ele, que já está em estúdio gravando seu próximo single para lançamento em novembro, agora busca Daniel Montelles se inspira nas mulheres da família para criar repertório

Paraná, 9 a 14 de setembro de 2022 Brasil de Fato PRBrasil de Fato PR Para ficar por dentro O quê: show Matriz Quando: 16/9, 20h Onde: Casa Heitor Sesi, Av. Mal. Floriano Peixoto, 458

também homenagear as vozes femininas da família, gerando espaços de fala no qual o protagonismo das Marias ganha destaque. O repertório é composto de músicas autorais inéditas de Daniel. O artista é acompanhado por Matheus Braga no violão.

Divulgação Reprodução

Arroz Doce A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

femininas

Artista maranhense estreia show a partir de “vozes”

O Jogo A partida começou com o Palmeiras buscando reverter o resultado da semana passada, derrota na Arena da Baixada por 1 a 0, e um Athletico seguro na defesa, mas, com mais opções de contra-ataque, com uma linha de três atacantes. Gustavo Scarpa abriu o placar para o Palmeiras aos 2 minutos do primeiro tempo, após bela jogada de Zé Rafael. No segundo tempo, a pressão con-

A probabilidade de o Coritiba assumir a condição isolada de clube mais rebaixado da 1ª Divisão do Campeonato Brasileiro, caindo pela sétima vez na história, é estimada em 55,4% pelo Departamento de Matemática da UFMG. A ciência estatística aplicada ao futebol formula suas hipóteses a partir de resultados pretéritos, em cotejo com o nível da performance dos adversários a serem enfrentados até o m da competição. Ela não leva em conta o “Sobrenatural de Almeida”, célebre personagem de Nelson Rodrigues - mais in uente dramaturgo e maior cronista da história do futebol brasileiro. Passados 2/3 da competição, o aproveitamento do Coritiba fora de casa (5,56%), que o descredencia a permanecer na elite, é fruto de um Departamento de Futebol que namorou com a retranca, noivou com o medo e está casado com o erro.

Athletico se agiganta no Allianz Park, arranca empate no final e garante vaga na final da Libertadores o dia 29 de outubro) veio depois de implacáveis 6 a 1 no agregado sobre o Vélez Sarsfield com direito a show no jogo de ida em Buenos Aires e uma atuação não mais do que protocolar diante de 66 mil torcedores enlouquecidamente felizes no Maracanã. E isso tudo depois de um final de semana de críticas dirigidas ao técnico Dorival Júnior pelo excesso de zelo com relação ao jogo da última quarta-feira (6) e à escolha por uma equipe alternativa contra o Ceará no domingo (4). Não quero entrar no mérito da opção de Dorival Júnior e nem na bronca de parte da torcida. Só quero deixar claro que parece que cou proibido curtirmos e desfrutarmos desse Flamengo. O time ainda está invicto na Libertadores, tem uma das melhores campanhas da competição e ainda tem um Pedro em fase impressionante. Além das atuações destacadas, o camisa 21 balançou as redes 12 vezes na competição. Fora isso, temos que falar também dos “maestros” Everton Ribeiro e Arrascaeta, de um Gabigol que vem se adaptando facilmente à nova função, ao talento e juventude de João Gomes, à polivalência de Rodinei e à segurança de Santos no gol rubro-negro.

Por Douglas Gasparin Arruda Ainda é difícil acreditar, mas, passados 17 anos o Furacão está novamente na nal da maior competição do continente. Depois de 2005 o torcedor athleticano sofreu. Queda para série B, campanhas horrorosas e ainda viu o rival chegar em duas nais seguidas da Copa do Brasil. Naquele momento era difícil acreditar que algum dia a gente poderia voltar a viver uma fase boa. Chegar numa Libertadores se tornou sonho distante. Só quem viveu essa fase entende esse sentimento. E, por conta de todo esse histórico, o jogo de terça contra o Palmeiras foi uma explosão de sensações, de memórias. Um jogo inacreditável. Tiramos o time de Abel, até então imbatível na Libertadores. E agora vamos para a partida mais importante de nossa história contra a equipe mais consistente que o Flamengo já teve. Uma noite daquelas em que o torcedor athleticano se lembrará por décadas e que marca um ponto de virada na história quase centenária do clube rubro-negro do Água Verde. Diante de mais de 48 mil torcedores em um Allianz Park abarrotado de palmeirenses esperançosos de ver o atual campeão da América repetir o feito do ano anterior, o time de Luís Felipe Scolari se impôs e, com um empate por 2 a 2 arrancado nos minutos nais da partida, garantiu classi cação para a nal da Copa Libertadores, que ocorrerá na cidade de Guayaquil - EQU, em partida única no dia 29 de outubro. Desde 2005, o Athletico Paranaense não disputava uma decisão do principal torneio de clubes do continente. Atual campeão da Sul-americana, o Furacão enfrentará o Flamengo na decisão.

O outro lado da final da Libertadores

Uma inacreditávelsemana

A um passo da glória eterna

Omundo anda tão complicado e nós estamos tão exigentes (e azedos) conosco e com tudo ao nosso redor que esquecemos de desfrutar das coisas boas que a vida nos oferece. Às vezes eu tenho a impressão de que curtir equipes como o Flamengo nalista da Copa Libertadores da América pela terceira vez em quatro anos se transformou em crime hediondo. E justo o Fla que passou por poucas e boas no início do ano e segue vivo em todas as competições que disputa. A conquista da vaga na decisão de Guayaquil (marcada para Gabriel Carriconde Luiz Ferreira, do BDF-RJ

Paraná, 9 a 14 de setembro de 2022 Brasil de Fato PRBrasil de Fato PR8 Esportes Por Cesar Caldas Quando refletemnúmerosescolhas

tinuou, e Gustavo Gomes após lateral cobrado para área, antecipou a marcação e de cabeça aumentou a vantagem: 2x0. Placar que garantia a classificação da equipe paulista. Mas o futebol não é uma ciência exata, e o imponderável aparece. Mesmo com o favoritismo do adversário e o placar adverso, a estrela de Felipão, que não estava no banco de reservas por ter sido expulso no jogo da ida, brilhou. Orientando seu assistente Paulo Turra a distância, colocou Terans e Pablo no jogo, e tudo mudou. O Palmeiras ainda reclamaria da arbitragem por conta da expulsão de Murilo após agredir o atacante Vitor Roque, no final do primeiro tempo. Aos 18 minutos do segundo tempo, após boa tabela dentro da área, Pablo empurrou para as redes e diminuiu a vantagem e, aos 39 minutos, David Terans chutou forte do meio da rua e levou o Athletico a disputar mais uma nal da Libertadores. Daí para a frente foi apenas esperar o apito nal, segurando o ataque alviverde, e comemorar como nunca diante dos mais 2.500 athleticanos presentes em São Paulo. Athletico classi cado, e festa até mesmo depois do estádio ter apagado os re etores, com a torcida cantando junto dos jogadores e iluminando o campo com as lanternas dos celulares. Divulgação

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