Resistência ancestral

O encontro entre as lutas indígenas e a preservação do meio ambiente

#tmjUNICEF
19 maio 2023

A luta e a resistência dos povos indígenas são oriundas de séculos de exploração e marginalização. Tais comunidades enfrentam constantemente desafios como a falta de acesso a serviços básicos, exploração territorial, exclusão social e desvalorização de suas culturas, situações essas que tornam notável como esses povos têm sofrido permanente discriminação e, também, sido alvo de distintas formas de violência.

E é nesse cenário de apagamento e violência sistemática que as comunidades indígenas encontram na resistência o único caminho para existir em suas pluralidades culturais e organizacionais, sendo ainda constantemente atacadas pelas facetas do racismo anti-indígena e pelos processos forçados de assimilação cultural. Ainda, atualmente são esses povos que lideram a luta pela preservação do meio ambiente e da biodiversidade, assim como reivindicam a demarcação de suas terras ancestrais e clamam por respeito às suas tradições.

Você sabia que a imagem estereotipada atribuída ao “índio” contribui para a marginalização desses povos nativos? O estereótipo que lhes é conferido dificulta a compreensão das especificidades da sua luta contra discriminação, causando distorção e distanciamento da verdadeira realidade na qual estão inseridos. A população indígena possui diversidade cultural e linguística, sendo extremamente necessário que sejam reconhecidos e valorizados. Assim como menciona a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em seu discurso de posse: “Nós não somos o que, infelizmente, muitos livros de história ainda costumam retratar. Se, por um lado, é verdade que muitos de nós resguardam modos de vida que estão no imaginário da maioria da população brasileira, por outro, é importante saberem que nós existimos de muitas e diferentes formas”.

É possível notar que, por meio de esforços que estimulem processos de desmistificação dessa imagem, estereótipos enraizados podem ser desfeitos, permitindo que debates acerca das discriminações sofridas por esses povos possam ser trazidos à tona, objetivando, portanto, discutir e promover possíveis soluções para combater a marginalização dessas populações.

A luta dos povos indígenas não é apenas por sua existência, mas possui também natureza jurídica, uma vez que o acesso aos direitos fundamentais são assegurados pela Constituição Federal e, constantemente, negados a essas populações, fazendo parte das pautas dos movimentos de resistência. Para além da desmistificação do “índio”, compreender que os povos indígenas não são blocos homogêneos é um passo importante para não cair em pensamentos coloniais.

As culturas e etnias indígenas são extremamente plurais e diversas, com cada povo tendo suas próprias manifestações culturais e idiomas distintos. Atualmente, no território brasileiro, existem 266 povos indígenas que se espalham de norte a sul, e possuem mais de 150 línguas diferentes. É importante que essa diversidade cultural se mantenha dentro da sociedade para além da marginalização, por meio do reconhecimento do resultado das manifestações indígenas como arte e cultura brasileiras. É preciso compreender, ainda, que a diversidade cultural desses povos é um patrimônio valioso e a preservação das tradições e saberes indígenas é uma questão de direitos humanos. Valorizar as culturas indígenas significa reconhecer a importância dessa pluralidade e dessa diversidade cultural na construção da própria cultura brasileira como um todo.

Os indígenas sempre tiveram uma relação de respeito e preservação com o meio ambiente, são povos intimamente ligados à natureza e é dela que tiram seu sustento, não abusando de seus recursos como fazem outras sociedades. Visando conscientizar a população sobre tal assunto, no mês de junho existem algumas datas que auxiliam para a compreensão das atuais necessidades de preservação, bem como campanhas que propõem diversas ações a ser adotadas para com o meio ambiente, evidenciando a atual situação crítica do planeta e estimulando mudanças no posicionamento da sociedade. Seguem abaixo algumas campanhas e datas que abordam essa temática para podermos entender e saber um pouco mais como podemos ajudar.

Dia Mundial do Meio Ambiente

O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, foi criado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Conferência de Estocolmo, no ano de 1972. Essa data é considerada um marco nas questões ambientais por ter sido a primeira vez que os países se juntaram para discutir sobre a importância da preservação do meio ambiente. Essa data também faz referência – e comemora – o dia da abertura dessa conferência.

Celebrado anualmente desde 1973, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi pensado como um dia voltado para a valorização dos ecossistemas, flora, fauna e toda a complexidade que envolve o meio ambiente, além de promover discussões sobre as dimensões ambientais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Neste ano, a quinquagésima edição será sediada pela Costa do Marfim com o tema “soluções para a poluição plástica” – os temas centrais são alterados anualmente, sendo neste ano abordado um problema que agrava as mudanças climáticas e acelera a degradação dos ecossistemas.

Em 2022, em entrevista à National Geographic, Ileana López, coordenadora regional do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), organização responsável pela propagação dessa data comemorativa, explica que a celebração é voltada para a valorização do meio ambiente sendo extremamente importante para a Organização das Nações Unidas (ONU), pois “visa promover a conscientização e a ação global em prol da proteção ambiental”.

Essa campanha serve, também, para uma reflexão sobre os impactos causados por nossas ações e estimula a mudança de hábitos que podem ser prejudiciais ao planeta na tentativa de encaminhá-lo para um futuro melhor e mais sustentável. E como nós podemos colaborar? Comece com atos mais simples, como utilizar uma garrafa ou caneca no lugar de copos descartáveis, evitar o uso de canudos plásticos e embalagens plásticas, priorizar ações sustentáveis, economizar água e reciclar. Essas são opções que fazem a diferença. E aí, já pensou no que você poderia fazer para contribuir com a mudança na Terra?

Dia Mundial da Educação Ambiental

As décadas de 1960 e 1970 foram muito importantes para a descoberta dos efeitos avassaladores do estilo de desenvolvimento da época para com o Meio Ambiente. Com a necessidade de discutir esse tópico, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, em 1972, estabeleceram-se as diretrizes básicas para o desenvolvimento sustentável. Destacando o papel de cada indivíduo e das próprias instituições para preservar e cuidar da natureza!

Dessa forma, como resposta à Conferência de Estocolmo, no dia 26 de janeiro de 1975, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) realizou um Encontro Internacional em Belgrado, oficializando, portanto, essa data como marco da luta a favor do meio ambiente. A carta de Belgrado lançada nesse encontro traz recomendações e orientações que ainda são atuais, destacando a relação entre os âmbitos econômicos, sociais e políticos com o meio ambiente.

Ainda no mesmo ano, aconteceu a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental em Tbilisi, Geórgia, a partir da parceria entre a Unesco e o Pnuma. Esse encontro resultou na Declaração de Tbilisi que define os objetivos e características da educação ambiental, os quais embasaram documentos e estratégias em diversos países, incluindo o Brasil.

Você já conhecia essas datas e sua importância para o meio ambiente? Agora é sua hora de pensar e agir para contribuir com essa luta!


Referências

ALVES, ISABELA. A luta dos povos indígenas para preservar sua cultura. Disponível em: https://observatorio3setor.org.br/carrossel/luta-dos-povos-indigenas-para-preservar-sua-cultura/. Acesso em: 29 abr. 2023.

AZZARI, RACHEL. 26 de Janeiro – Dia Mundial da Educação Ambiental . Disponível em: www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/2023/01/26-de-janeiro-dia-mundial-da-educacao-ambiental/. Acesso em: 29 abr. 2023.

DAY, WORLD ENVIRONMENT. Neste 5 de junho faça parte do movimento global e #CombataAPoluição. Disponível em: https://www.worldenvironmentday.global/pt-br. Acesso em: 27 abr. 2023.

GOV. Dia Nacional do Meio Ambiente: O Brasil e os avanços de um país cada vez mais verde.Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/meio-ambiente-e-clima/2022/06/dia-nacional-do-meio-ambiente-o-brasil-e-os-avancos-de-um-pais-cada-vez-mais-verde. Acesso em: 27 abr. 2023.

GOV, IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2020) Indígenas. Disponível em: https://indigenas.ibge.gov.br/.  Acesso em: 29 abr. 2023.

NATIONAL GEOGRAPHIC, REDAÇÃO. Por que comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente?. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2022/06/por-que-comemoramos-o-dia-mundial-do-meio-ambiente. Acesso em: 27 abr. 2023.

PIMENTA, Paula. 19 de abril: povos indígenas lutam por mais visibilidade e valorização. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2023/04/19-de-abril-povos-indigenas-lutam-por-mais-visibilidade-e-valorizacao. Acesso em: 28 abr. 2023.

PONTOBIOLOGIA. Como surgiu o dia mundial do meio ambiente. Disponível em: https://pontobiologia.com.br/como-surgiu-o-dia-mundial-do-meio-ambiente/?doing_wp_cron=1683470856.0954298973083496093750.  Acesso em: 27 abr. 2023.

PLENAE. Desmistificando conceitos: as culturas indígenas modernas. Disponível em: https://plenae.com/para-inspirar/desmistificando-conceitos-as-culturas-indigenas-modernas/. Acesso em: 28 abr. 2023.

SP, CAPITAL. Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas. Disponível em: http://www.capital.sp.gov.br/cidadao/familia-e-assistencia-social/conheca-seus-direitos/declaracao-universal-dos-direitos-dos-povos-indigenas.  Acesso em: 29 abr. 2023.

Redação: Amanda L. Carvalho, Bianca Abreu, Manuela Pires e Ana Luiza M. Morais
Revisão: Laura Blum e Karina Cassimiro

Blog escrito pelas voluntárias e pelos voluntários do #tmjUNICEF, o programa de voluntariado digital do UNICEF. São adolescentes e jovens de todo o Brasil que participam de formações sobre direitos de crianças e adolescentes, mudanças climáticas, saúde mental e combate às fake news e à desinformação.

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