O NEOFASCISMO DA POLÍTICA DE SAÚDE DE BOLSONARO EM TEMPOS PERIGOSOS DA PANDEMIA DA COVID-19

Palavras-chave: Política de saúde. Brasil. Covid-19. Democracia.

Resumo

O artigo desenvolve uma análise crítica sobre as insuficientes ações do governo brasileiro no enfrentamento a pandemia da Covid-19. Identifica que tais questões têm ligação com o histórico desmonte enfrentado pelo Sistema Único de Saúde, vide as sucessivas exigências do Banco Mundial, mas que se acirram, brutalmente, no governo de Bolsonaro. Tal acirramento tem ligação com o projeto de ultradireita desse governo, que lança mão de estratégias que podem ser identificadas como neofascistas, a exemplo das ações em curso na política de saúde, com destaque para o (não) enfrentamento da Covid-19. Desde o início da pandemia o governo vem relativizando os riscos da Covid-19, desenvolvendo ações que vão na direção contrária das orientações dos órgãos da saúde pública. Apesar desse quadro desolador, o artigo também ressalta a importância de trabalhadores/as de saúde e grupos de defesa da saúde pública e estatal nas ações de resistência durante a pandemia.

Biografia do Autor

Maurílio Castro de Matos, UERJ

Assistente Social. Professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisador do Grupo de Pesquisa Gestão Democrática na Saúde e Serviço Social / Pela Saúde. Mestre (UFRJ) e Doutor (PUC-SP) em Serviço Social. Pós-doutor em Política Social (UnB). 

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Publicado
2021-06-23