Tesouro Direto: taxas de títulos públicos prefixados sobem até 45 pontos-base e batem recorde nesta 3ª, com Auxílio Brasil no radar

Retornos de alguns papéis de inflação, como o Tesouro IPCA+ 2055 também subiam e chegavam ao valor histórico de 5,40% ao ano

Bruna Furlani

(Rmcarvalho/Getty Images)

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SÃO PAULO – Após duas suspensões ao longo do dia por causa da forte volatilidade nos preços e taxas dos papéis, o mercado de títulos públicos negociados via Tesouro Direto segue operando com alta nas taxas na sessão da tarde desta terça-feira (19).

Alguns papéis prefixados, por exemplo, chegaram a avançar 57 pontos-base no meio da tarde com o anúncio de que hoje o governo iria anunciar a nova proposta de auxílio, com uma parte do benefício sendo pago acima do teto de gastos.

No entanto, após a informação de que a cerimônia teria sido cancelada, os prêmios pagos pelos papéis prefixados reduziram um pouco a alta.

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Mesmo assim, na atualização das 17h19, vários títulos ofereciam remunerações históricas. Entre os prefixados, o juro pago pelo título com vencimento em 2024 avançava de 10,51%, no começo da manhã, para 10,69%, durante a tarde. Um dia antes, a remuneração oferecida era de 10,25% ao ano. Esse é o maior percentual já oferecido por esse título, que começou a ser negociado em fevereiro de 2020.

No mesmo horário, a taxa paga pelo papel com vencimento em 2031 era de 11,41%, contra 11,08% na sessão anterior. O valor também era recorde para o papel, que passou a ser oferecido em fevereiro do ano passado.

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Os juros pagos pelos títulos atrelados à inflação também subiam, de forma mais intensa, na atualização das 17h19. O retorno real pago pelo Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 5,40%, um avanço de 25 pontos-base em relação à taxa vista ontem (18). O percentual também era o maior já pago por esse papel desde que passou a ser negociado em fevereiro de 2020.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidas na tarde desta terça-feira (19):

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Auxílio Brasil

O destaque na cena local está na notícia de que o valor do auxílio em 2022 será de R$ 400 e que uma parte do montante utilizado para custear o benefício ficará fora do teto, segundo apuração da agência Reuters e do jornal O Estado de S.Paulo.

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Após uma reação negativa do mercado, o Ministério da Cidadania cancelou o evento de lançamento do Auxílio Brasil, que estava marcado para às 17h, desta terça-feira (19). Ainda não há uma nova data para o anúncio oficial do programa, segundo a pasta.

Segundo apurações da Reuters, parte do valor do novo auxílio será composta pelo orçamento do Bolsa Família, parte por um auxílio temporário que, por não ser estruturado como despesa continuada, não precisará de definição de fonte de receita. Com isso, um percentual do benefício será pago fora do teto dos gastos.

Especialistas ouvidos pelo InfoMoney disseram que se o benefício realmente tiver uma parte extra-teto, isso deve reforçar a percepção de crescimento mais baixo e de juros mais altos. 

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“De certa forma, o mercado assimilou bem o auxílio nesse valor [de R$300], pois a PEC dos precatórios abriria espaço para uma despesa de adicional de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões. O que o investidor não está gostando, é que agora seriam outros R$ 30 bilhões ou mais”, afirma Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.

Outra preocupação está no fato de que integrantes da equipe econômica podem deixar o governo, já que a medida populista vai fortemente contra o que é defendido pela ala mais liberal.

Segundo apuração do jornal O Estado de S.Paulo, Bruno Funchal, secretário Especial de Tesouro e Orçamento, pode ser o primeiro a deixar o cargo. Isso porque ele já havia deixado claro que não assinaria nenhuma medida que envolvesse a edição de créditos extraordinários, que ficassem fora do teto de gastos.

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Ainda que o cenário inspire ainda mais cuidados, Fabio Kanczuk, diretor de política econômica do Banco Central, disse nesta terça-feira (19) que a questão fiscal é o assunto do dia, mas que o BC não se move na velocidade do mercado.

“O mercado se move instantaneamente, enquanto o BC tem o seu ritmo, vai avaliar todas as informações e aí avaliar os impactos do fiscal sobre a dinâmica de inflação. O fiscal é sempre um componente exógeno. Não devemos seguir tudo que o mercado e diz e precisamos ter a nossa própria opinião”, afirmou, em participação no JP Morgan Investor Seminar.

Já na frente política, a Comissão Especial da PEC dos precatórios adiou para amanhã, às 14h, a votação do parecer de Hugo Motta (Republicamos -PB), que é deputado e relator do projeto.

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Cena internacional

No cenário externo, as atenções estão voltadas para a temporada de balanços nos Estados Unidos. Das 41 empresas componentes do índice S&P que informaram seus resultados relativos ao terceiro trimestre, 80% superaram as expectativas, segundo dados do FactSet.

Nesta terça, os índices das bolsas americanas operavam em leve alta, repercutindo os resultados dos balanços. Por volta das 17h40 (horário de Brasília), o Dow Jones subia 0,56%, enquanto o S&P e Nasdaq avançavam 0,74% e 0,71%, respectivamente.

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