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Fiocruz diz que Brasil vive “maior colapso sanitário e hospitalar da história”: entenda os motivos

Foto: Rovena Rosa | Agência Brasil

Por Jaqueline Suarez/NPC


O mês de março tem sido o período mais letal da pandemia de Covid-19 no Brasil, com média de 1.861 mortes por dia. Entre os dias 1º e 19 desse mês, foram registrados 35.372 óbitos pela doença, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Além da letalidade, o aumento no número de novos casos diários e os altos índices de ocupação dos leitos hospitalares indicam que março superou os picos anteriores da doença, registrados em agosto e dezembro do ano passado. Na última semana (16), os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fizeram um alerta para a sobrecarga dos sistemas estaduais de saúde e afirmaram que o Brasil vive “o maior colapso sanitário e hospitalar da história”.


Mas, afinal de contas, o que caracteriza um colapso no sistema de saúde? Em um vídeo publicado no canal da Fiocruz nas redes sociais, Carlos Machado, coordenador do Observatório Covid-19, explica que “em termos gerais, esses números elevados já nos apontam para essa situação. Casos, óbitos e taxas de ocupação. Mas eles vêm seguidos da incapacidade do sistema de saúde de atender todos os pacientes que requerem cuidados complexos para Covid, principalmente com a aceleração da transmissão de casos, a impossibilidade do remanejamento logístico de pacientes para outros municípios, regiões ou estados por conta da sincronização da pandemia”.


Pela primeira vez, Brasil vive pico nacional de contágio pela Covid-19. Observatório Covid-19 | Fiocruz

A taxa de ocupação dos leitos de UTI é observada desde julho de 2020 e, desde então, não havia apresentado números tão elevados, ao mesmo tempo, em todo o país. A última atualização, publicada no dia 16, mostra quase todo o mapa do Brasil vermelho, com exceção dos Estados do Rio de janeiro e Roraima. Isso significa que em 25, das 27 unidades federativas, o cenário é crítico com ocupação igual ou superior a 80% dos leitos de UTI. A situação mais grave é vivenciada no Sul do país, onde os três estados têm taxas de ocupação superiores a 95%, chegando a 100% no Rio Grande do Sul.


Taxa de ocupação de leitos hospitalares está crítica em 24 estados e no Distrito Federal. | Fiocruz

Em outros momentos da pandemia, quando ocorria uma sobrecarga na rede estadual de saúde, os pacientes eram transferidos para outros estados, como aconteceu em janeiro durante a crise do oxigênio em Manaus, capital do Amazonas. No cenário atual, no entanto, essa distribuição dos pacientes, segundo Carlos Machado, seria impossível, porque quase todos os estados estão enfrentando, simultaneamente, um colapso nos seus sistemas de saúde. Pela primeira vez, o Brasil parece enfrentar um pico nacional de casos e óbitos por Covid-19. Apenas entre os dias 13 e 19 desse mês, foram registrados pouco mais de meio milhão de novos casos da doença, um média de 72.602 casos por dia.


Os pesquisadores da Fiocruz chamam a atenção também para os óbitos indiretos, isto é, mortes provocadas pela falta de assistência nas unidades de saúde, sobrecarregadas pelos atendimentos aos pacientes infectados pelo novo coronavírus. “Além dos óbitos diretamente relacionados à Covid-19, que ocorrem no momento da pandemia e que podem ser contabilizados de forma direta, outros problemas de saúde são decorrentes da desassistência neste contexto. Outras causas de internação como doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças do aparelho digestivo, entre outras que estão deixando de ser atendidas devido à elevada ocupação dos leitos hospitalares, resultando em um aumento do excesso de mortalidade”, indica um trecho do boletim extraordinário do Observatório Covid-19 da Fiocruz.


Bandeira vermelha: RJ tem risco alto de contaminação


Se uma nova atualização da análise da Fiocruz fosse realizada nesta sexta-feira (19), o Rio de Janeiro estaria incluído na lista de estados em situação crítica, com um índice de ocupação de leitos de UTI acima de 80%. Segundo dados do painel da Covid-19 da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do Rio, o território fluminense apresenta 85% das UTIs ocupadas.


Ainda segundo dados da secretaria, na comparação do período analisado (28/02 a 06/03 com 07/03 a 13/03), o Rio de Janeiro apresentou uma redução de 10% no número de óbitos. Houve, porém, um aumento de 20% nos casos de internação por síndrome respiratória aguda grave.


Nesse cenário, a classificação de risco do Estado, que considera os índices de transmissão da doença, saiu de moderada (bandeira laranja) para alta (bandeira vermelha). Ao menos 38 dos 92 municípios apresentam risco alto, incluindo a capital. Outras seis cidades, enfrentam um cenário ainda mais crítico, com a bandeira roxa, que representa um risco muito alto de contágio.


*Jaqueline Suarez faz parte da Rede de Comunicadores do NPC.

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