A Fonterra elevou o valor pago pelo leite aos produtores nesta temporada, atingindo o valor mais alto desde que foi fundada, há 20 anos, e espera contribuir com mais de NZ$ 13,2 bilhões (US$ 8,92 bilhões) para a economia neozelandesa.
A cooperativa, na última sexta-feira, aumentou e estreitou sua previsão para a temporada 2021/22 pela segunda vez, e agora espera pagar aos seus fornecedores entre NZ$ 8,40 (US$ 5,57) e NZ$ 9 (US$ 6,08) por quilo de sólidos do leite – equivalente a de NZ$ 0,69 a NZ$ 0,74 (US$ 0,47 a US$ 0,50) por quilo de leite. Isso está acima da previsão no final de outubro, que estava entre NZ$ 7,90 e NZ$ 8,90 (US$ 5,34 e US$ 6,01) por quilo de sólidos do leite.
O ponto médio da faixa de valores aumentou para NZ$ 8,70 (US$ 5,88) por quilo de sólidos do leite [NZ$ 0,72 (US$ 0,49) por quilo de leite] e seria o valor mais alto pago desde que a Fonterra foi criada, em 2001.
A cooperativa pagou aos produtores NZ$ 7,54 (US$ 5,09) por quilo de sólidos do leite [NZ$ 0,62 (US$ 0,42) por quilo de leite] na última temporada, e o valor recorde anterior era de NZ$ 8,40 (US$ 5,67), na temporada 2013/14.
Os preços globais dos lácteos foram sustentados nesta temporada pela menor produção de leite devido a eventos climáticos adversos e aos custos mais elevados da ração. O fornecimento de leite da Fonterra na Nova Zelândia caiu cerca de 3%, com relação ao mesmo período da temporada passada, mas uma melhoria das condições climáticas fez com que a cooperativa mantivesse sua expectativa de que a captação de leite encerre a temporada com queda de apenas 0,9%, chegando a 1,525 bilhão de quilos de sólidos do leite.
O pagamento pelo leite será um impulso importante para as comunidades da Nova Zelândia, disse o presidente-executivo da Fonterra, Miles Hurrell. “É o resultado de uma demanda consistente por lácteos em um momento de oferta global restrita”, disse ele. “Embora tenhamos visto a demanda diminuir um pouco na China, a demanda global continua forte, e acreditamos que isso permanecerá no curto a médio prazo".
A Fonterra está mantendo uma faixa de 60 centavos (40,53 centavos de dólar) na previsão de preço do leite, enquanto observa a incerteza em torno das novas variantes do coronavírus – que são potencialmente mais resistentes às vacinas – e se as economias vão se recuperar da pandemia e manter sua saúde financeira, segundo Hurrell.
Como o maior processador do país, o pagamento da Fonterra é uma referência para seus concorrentes. No entanto, economistas alertaram que os produtores também estão enfrentando custos mais elevados, o que está prejudicando a previsão de pagamento recorde.
Embora os preços mais altos do leite sejam benéficos para os produtores, eles podem apertar as margens de lucro das indústrias, a menos que estas também consigam vender seus produtos a preços mais altos.
A cooperativa disse que o preço mais alto pago pelo leite a levou a reduzir o limite superior de sua projeção de ganhos anuais para 25-35 centavos (17 a 23,6 centavos de dólar) por ação, o que anteriormente era cotado em 25-40 centavos (17 a 27 centavos de dólar) por ação.
“Uma previsão de preço mais alta nas fazendas deste nível pode pressionar nossas margens e, portanto, nossos ganhos, razão pela qual reduzimos o limite superior de nossa projeção de lucro”, disse Hurrell.
A Fonterra divulgou lucro antes de juros e impostos de NZ$ 190 milhões (US$ 128,35 milhões) no primeiro trimestre até o final de outubro, queda de 19% em relação ao mesmo período do ano passado. Em uma base normalizada, os ganhos caíram 24%.
A cooperativa atribuiu a queda às margens mais estreitas, uma vez que pagou mais aos produtores pelo leite, observando que os preços do leite em pó integral estavam 30% mais caros. A margem bruta enfraqueceu de 18,1% para 15,1%.
Os volumes de vendas caíram 4%, devido à menor produção de leite no início da temporada, mas a receita de vendas aumentou 5%, para NZ$ 4,4 bilhões (US$ 2,97 bilhões), uma vez que os preços aumentaram para refletir os maiores custos com insumos, disse a cooperativa.
“Estamos vendo volumes de vendas estáveis em nossos canais de serviços de alimentação, mas o preço mais alto pago pelo leite comprimiu as margens”, disse Hurrell. “Nossos negócios no Chile continuam melhorando, mas as margens mais restritas e a moeda local mais fraca impactaram nosso canal de consumo em geral. Em nosso canal de ingredientes, estamos vendo as margens dos contratos de preços de longo prazo retornarem a níveis mais normais.”
Sob a liderança de Hurrell, a Fonterra tem vendido ativos, depois que o período de expansão global não conseguiu entregar os lucros prometidos e a deixou sobrecarregada com muitas dívidas. Isso mostrou uma queda de 2% nas despesas operacionais e custos de juros mais baixos.
A cooperativa nomeou o banco de investimentos JP Morgan para assessorá-la no desinvestimento planejado dos negócios no Chile, e os bancos de investimento UBS e Jarden para assessorá-la na revisão da propriedade na Austrália, de acordo com o diretor financeiro Marc Rivers, em uma teleconferência .
A Fonterra anunciou a revisão de propriedade dos negócios em setembro, como parte da estratégia de se concentrar em extrair mais valor do leite da Nova Zelândia. A cooperativa consideraria uma listagem no mercado de ações para a empresa australiana, onde reteria uma participação significativa.
“Dependendo do resultado desses processos, pretendemos retornar cerca de NZ$ 1 bilhão (US$ 675,53 milhões) de capital aos nossos acionistas até o ano fiscal de 24”, disse Hurrell na sexta-feira.
As informações são do Stuff, traduzidas pela Equipe MilkPoint.