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    Setor de serviços tem terceira alta seguida, mas não elimina perdas da pandemia

    A alta de agosto não foi o suficiente para recuperar as perdas de 19,8%, registradas entre fevereiro e maio. Em relação a agosto de 2019, o setor recuou 10%

    Paula Bezerra,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O volume de serviços prestados no Brasil avançou 2,9% em agosto, quando comparado a julho, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (14). Esta é a terceira alta seguida do setor, puxada, principalmente, pelos serviços prestados às famílias – impulsionados por restaurantes e hotéis.

    A alta, porém, não foi o suficiente para recuperar as perdas de 19,8%, registradas entre fevereiro e maio. Em relação a agosto de 2019, o setor recuou 10%, na sexta taxa negativa nessa base de comparação. Já no acumulado do ano, o segmento apresenta queda de 9%. Em 12 meses, a retração é de 5,3%, no resultado negativo mais intenso da série histórica (iniciado em 2012).

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    “Apesar de três altas seguidas, o setor de serviços ainda está 9,8% abaixo do patamar de fevereiro (-1,1%)”, diz Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa. Lobo ainda acrescenta que a queda de feveiro não está relacionado à pandemia. “Esse recuo foi conjuntural e refletia, à época, uma acomodação do setor frente ao maior dinamismo apresentado no fim do ano passado. Portanto, os serviços acumularam na pandemia, entre março e maio, perda de 18,9%”, explica.

    O desempenho do setor, que representa 60% do PIB do Brasil, veio acima do projetado por analistas de mercado. No caso da Reuters, por exemplo, a expectativa era de alta de 2,3%. 

    Desempenho dos serviços

    Ainda segundo o IBGE, o avanço em agosto foi puxado, principalmente, por cinco atividades. O destaque ficou para os serviços prestados às famílias, que cresceram 33,3% impactados pela retomada dos hotéis e restaurantes. Embora esteja distante do patamar pré-pandemia, a alta da atividade foi a maior da série histórica. 

    “Mesmo com os recordes de 33,3% em agosto, 14,4% em junho e 13,8% em maio, o segmento está muito distante de recuperar as perdas de março e abril. Para que os serviços prestados às famílias voltem ao patamar de fevereiro, ainda precisam crescer 72,2%”, diz Lobo.

    Além dele, o setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e Correios apresentou ganho acumulado de 18,8% nos últimos quatro meses. Entre os principais motivos para a alta, estão áreas como transporte aéreo de passageiros, rodoviário de cargas, rodoviário de passageiros e armazenamento. 

    “A melhora no armazenamento e no transporte rodoviário de cargas deve-se, em parte, ao comércio, já que a compra de determinados bens passa por centros de armazenamento e distribuição e depende do transporte rodoviário para chegar ao consumidor final. Já o transporte de passageiros tem a ver com retorno gradual das famílias às viagens”, analisa.

    O único resultado negativo foi observado nos serviços de informação e comunicação, que caíram 1,4%. Já serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 1%. 

    Recuperação mais lenta 

    Na contramão de indicadores como os do comércio e da indústria, o setor de serviços tem uma recuperação mais lenta e gradual. Para Lobo, o receio das famílias em consumidor os serviços e, até mesmo, a voltar à rotina antes da pandemia, ainda impacta o setor. 

    Não à toa, serviços como restaurantes, hotéis, academias e salões de beleza foram os mais prejudicados durante o auge da pandemia e do isolamento social. Mesmo com a retomada, muitos desses segmentos ainda atendem com a capacidade limitada.

    Segundo a equipe econômica da Guide, até que a vacina seja produzida e eficientemente distribuída, a dinâmica no setor de serviços tende a se manter. 

    “Vale notar como a recuperação das próprias atividades contidas no setor de serviços também apresentam bastante divergências”, diz a equipe.

    “O desempenho das diferentes categorias contidas no setor de serviços é inversamente relacionado à quantidade de contato social e grau de mobilidade necessária para que ocorram. Ou seja, quanto maior o contato social ou grau de mobilidade necessário, menor o desempenho”, completa. 

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    (Com Reuters)