A montanha pariu um rato
Mais uma vez está provado que o verdadeiro “mercado aberto” age com racionalidade e não se opõe às regras do Estado, ao contrário dos especuladores, que usam a liberdade econômica como “slogan” para amedrontar os governos.
É emblemática a recente decisão do presidente Bolsonaro, ao mudar a direção da Petrobras. As ações da empresa sobem, inclusive no mercado de NY e a tendência é recuperar as perdas, decorrentes dos factoides usados para desvalorizá-las.
A realidade é que, em nome da liberdade de mercado, o país não poderia crescer com a Petrobras exportando petróleo cru (totaliza quase 50% da produção nacional), através de multinacionais e importando o mesmo produto refinado das mesmas empresas. Além disso, custo administrativos astronômico, com salários e vantagens milionárias.
Essa política, atrela sem alternativas, o preço dos derivados do petróleo ao mercado internacional e câmbio. No mundo, das 25 maiores empresas de petróleo e gás natural, 19 são estatais e controlam 90% das reservas e 75% da produção nacional.
Todas elas não se localizam em “economias fechadas”, mas sim em países capitalistas, portanto, de mercado aberto.
A propósito, impõe-se desmistificar, que “liberal” seja sinônimo de “liberou geral”, “privatização sem controles”. Em absoluto. Liberalismo não é ideologia, mas sim doutrina, baseada na liberdade, com princípios que se ajustam a cada país.
É perfeitamente possível manter no Brasil uma “agenda liberal”, sem ortodoxia de aprisionamento inarredável ao mercado. Certamente, o próprio ministro da Economia tenha se convencido, de que, sobretudo no pós pandemia, prevalecerá o liberalismo social.
Por isso, ele continua dando sua contribuição, por ser inegavelmente técnico competente. Apenas, no início do governo fez a pregação das teorias inflexíveis de Milton Friedman, da Escola de Chicago, na qual foi aluno. Hoje, tais teorias são rejeitadas até na própria Escola de Chicago.
O Fórum de Davos, que prepara nova reunião dos super milionários do mundo para maio próximo, já incluiu na sua pauta a prioridade de maior preocupação com a distribuição da renda.
Na visão de uma “agenda liberal social”, a tentativa de regular preços na Petrobras não significou catástrofe, negação da importância do mercado, ou de propósitos liberais.
Os fatos mostram, que o mercado quer “segurança jurídica” e se adapta às regras, desde que elas não conspirem contra as liberdades econômicas e se limitem ao poder regulatório, que não é a mesma coisa do intervencionismo nocivo.
Conclui-se, que a “tragédia anunciada”, nada mais foi, do que a “montanha parindo um rato”.