Investimentos

Sabe a diferença entre ativos e passivos?

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Diferença entre ativos e passivos

São conceitos que ouvimos e lemos muitas vezes nas notícias, relacionadas com os resultados financeiros das empresas e instituições, mas são também muito importantes nas finanças pessoais. Há o reforço ou a quebra dos ativos, o aumento ou a redução do passivo, o lucro que ajuda a abater o passivo ou os prejuízos que não preocupam muito se o passivo for baixo ou inferior aos ativos. Há até bens que tomamos como investimentos, como uma casa, que podem ser um passivo e não um ativo na nossa vida. À primeira pode parecer complicado, mas vamos esclarecer.

O que são ativos?

Tudo o que tenha valor, que dê rendimentos ou que possa ser convertido em dinheiro, com maior ou menor facilidade, é um ativo. Dito de forma ainda simples, um ativo é aquilo que nos traz dinheiro. Tanto para pessoas como empresas, os ativos são dinheiro, aplicações financeiras e bens que tenham um valor concreto. Mas dentro dos ativos ainda encontramos dois tipos, os circulantes e os fixos.

Ativos circulantesAtivos fixos
  • Depósitos e juros
  • Investimentos de curto prazo
  • Bens ou mercadorias de venda fácil
  • Bens imóveis e veículos
  • Aplicações financeiras de maior prazo
  • Edifícios, terrenos, investimentos em Valores como arte ou ouro
  • Veículos e máquinas

A grande diferença entre ativos circulantes e fixos é que os primeiros devem ser transformados em dinheiro num período inferior a um ano, enquanto que, nos segundos, a conversão é mais demorada e estão mais sujeitos “às leis do mercado”. 

O que são passivos?

Seguindo a mesma lógica, o passivo é tudo aquilo que nos retira valor, ou o valor que é retirado dos nossos rendimentos. E algum dinheiro nem chegou a entrar, como os impostos sobre o salário. Também aqui há passivos circulantes e não circulantes, ou fixos.

Passivos circulantesPassivos fixos
  • Contas a pagar em casa
  • Impostos da casa ou do carro
  • Mensalidades de créditos
  • Seguros
  • Compras e despesas do dia a dia
  • Montante que fica por pagar de créditos depois de terminado o ano
  • Outras dívidas ou compras feitas a prestações cujo prazo ultrapasse o ano atual

A minha casa é ou não um ativo?

Esta é a questão mais controversa mas fácil de explicar. Segundo Robert Kiyosaki – autor do livro de literacia financeira ‘Pai Rico, Pai Pobre’, de 1997 -, a casa que compramos para viver não é um ativo, mas sim um passivo. Isto porque, mesmo que seja paga a pronto ou herdada de um familiar, representa despesas regulares, impostos, manutenção, desgaste e por vezes perda de valor de mercado. Assim, apesar de poder ser considerada um ativo fixo – porque vale bastante dinheiro – até ser vendida representa um passivo, ainda maior quando além de todas as despesas há o crédito que se está a pagar.

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Numa lógica de investimento, a nossa casa não é um bom ativo, mas isso não significa que todo o imobiliário de habitação seja um passivo. Kiyosaki apresenta também a sua definição de um bom ativo imobiliário: uma casa para arrendamento. Segundo o autor e orador norte-americano, quando a receita das mensalidades é superior às despesas de uma casa, há dinheiro a entrar, portanto já se trata de um ativo. E ter esse rendimento a entrar reduz ou anula também o passivo que a nossa casa de habitação representa.

Para o autor Robert Kiyosaki, um ativo coloca dinheiro no nosso bolso. Já um passivo é algo que, mesmo que tenha bastante valor, tira dinheiro do nosso bolso, como uma casa.

Robert Kiyosaki centra grande parte dos seus conselhos financeiros na apresentação do que os ricos (pai rico) fazem, em contraste com os trabalhadores, funcionários de empresas, a classe média em geral (pai pobre). Defende que as pessoas devem ter um bom conhecimento do que são ativos e passivos para poderem investir melhor e aumentar os seus rendimentos. Os trabalhadores da classe média, segundo Kiyosaki, trabalham por um salário que, depois de passar pelo circuito das despesas e dos investimentos em ‘passivos’, faz o ativo desaparecer. Já os ricos colocam os seus rendimentos em ativos e investimentos que geram novos rendimentos.

Há mais vida para além do défice

Lembra-se da frase atribuída ao Presidente Jorge Sampaio, mas que na verdade se referia a ‘orçamento e não défice? O défice é o resultado negativo quando se divide o ativo circulante pelo passivo circulante. Na prática, como as contas e os orçamentos são feitos a um ano – nas empresas, no Estado ou na nossa vida, se pensarmos nos impostos anuais e nos salários e subsídios -, é esse tempo que mais interessa na altura de calcular os rendimentos e as despesas.

Devemos trabalhar e viver para evitar o défice, garantindo que no final do mês ou do ano conseguimos um extra, um superavit, que podemos gastar ou aplicar de forma mais livre. Por outro lado, ter um passivo grande não tem de ser uma nuvem negra sobre a nossa cabeça, desde que vá sendo reduzido gradualmente segundo os nossos planos financeiros. O controlo das contas a longo prazo acaba por ser suficiente para ir garantindo uma vida mais tranquila e menos austera, mesmo que haja outros ativos que podem ser convertidos em dinheiro para reduzir o passivo.

É um pouco como a questão das reservas de ouro de um Estado ou os fios e anéis herdados: usar um verdadeiro ativo fixo, com valor garantido e sem originar qualquer despesa, para pagar apenas parte de uma dívida, é apostar numa medida definitiva para um problema que não fica totalmente resolvido porque, como se costuma dizer, “só se vende uma vez”.