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Por Jornal Nacional


RJ tem bairros alagados quase 2 dias depois das chuvas

RJ tem bairros alagados quase 2 dias depois das chuvas

Quase 48 horas depois das chuvas que atingiram parte do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense, ainda há bairros debaixo d'água. O desastre causou 12 mortes e duas pessoas estão desaparecidas.

Mesmo com sol e calor, ruas continuavam alagadas em Duque de Caxias. O município da Baixada Fluminense foi um dos mais atingidos pelo temporal que caiu de sábado (13) para domingo (14). Alguns moradores não têm pra onde ir.

"Ventilador, os documentos... Estamos sem roupa; as crianças tudo sem roupa e eu também", conta a dona de casa Cláudia Barcelos.

Cerca de 130 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas em Duque de Caxias (RJ) — Foto: JN

Cerca de 130 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas na cidade, e mais de 2 mil foram cadastradas pela prefeitura.

No quintal de uma casa no bairro de Pilar, no começo do terreno, a água quase passava do cano da galocha da repórter. Mais à frente e dentro da casa, a água estava muito acima. A moradora disse que perdeu móveis e eletrodomésticos.

"Foi tudo embora. Eu não tenho como sair daqui, não tenho renda para pagar um lugar seguro", lamenta a dona de casa Angela Maria.

Repórter do JN entrevista moradora de Duque de Caxias que perdeu tudo — Foto: JN

Em cima de um barco, o cinegrafista registrou a situação: para todo lado, uma imensidão de água. "Mais parece um mar", relata a repórter.

"A gente está aqui com as crianças, nessa água suja. E só sobe! Vem lixo e estão dizendo que vai chover mais. A gente está desesperado e não tem resposta", reclama a babá Marcela Vanda.

A menos de 10 quilômetros dali, vizinhos passavam de charrete pelas casas, ajudando quem precisava.

Charrete passando por casas alagadas, ajudando quem precisava — Foto: JN

"Estamos tentando achar, com ajuda dos Bombeiros, né? Eles estão aí, já há um dia e pouco, com a gente aí, e tentando encontrar. E as pessoas que puderem ajudar, nas adjacências aqui, eu agradeceria", emociona-se Raul Gomes, irmão de Elaine.

Em Nova Iguaçu, centenas de pessoas buscavam ajuda da prefeitura, mas não havia senhas para todos. Imagem do desespero de quem perdeu muito.

Nove pessoas morreram em municípios da Baixada Fluminense. Uma das vítimas é Vanderlei Rodrigues Alves, de 53 anos. Um homem ainda tentou segurá-lo, mas a correnteza foi mais forte. Outras três pessoas morreram na capital.

Homem tenta impedir que outro seja levado pela correnteza — Foto: JN

"Esse investimento que tem sido feito, sobretudo desde 2021, já está hoje dando resultado. Eu não tenho dúvida de que seria muito pior se a gente não tivesse feito o investimento", afirma o governador do Rio.

"Tem, óbvio, áreas que você precisa fazer intervenções. A gente fez muita manutenção de rios e tal, mas tem aqui muitos problemas estruturais que ainda não foram resolvidos", diz.

O professor Paulo Artaxo, que integra o painel intergovernamental de mudanças climáticas da ONU, alerta que, com chuvas cada vez mais severas, é necessário que os municípios repensem seus planos de contingência.

"Isso se dá através do reforço significativo da Defesa Civil, deslocar populações de áreas que são facilmente alagáveis, por exemplo. Isso inclui análise de risco, previsões meteorológicas de curto prazo; isso inclui sistemas de alarme nas encostas, nas regiões suscetíveis a enchentes, e assim por diante", pontua Paulo.

"Eu moro aqui há 10 anos e todo ano é isso aí, todo ano é isso aí. Já perdi as contas de quantos guarda-roupas comprei, de quantos sofás eu já comprei, sabe? Fica muito difícil. A gente luta. Eu trabalhei Natal 24, 31, e a gente vê nossas coisas indo embora assim", chora a babá Alcidneia Lima.

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