Paradigmas Inovadores e os Impactos no Ensino de Disciplinas Quantitativas em
Cursos de Graduação na Área de Negócios
Wesley Marcos de Almeida
Resumo: O processo de tomada de decisão do gestor tem se tornado cada vez mais
complexo, seja pela quantidade de informações a disposição, pela concorrência cada vez
mais acirrada ou pelas constantes mudanças das exigências dos clientes e do mercado. O
profissional gestor alcança a maior eficiência e gera vantagem competitiva real quando
compreende o impacto de suas ações no ambiente interno, os impactos do ambiente
externo e a relação entre eles. Neste grande desafio, a formação do gestor é ainda mais
importante e deve contar com estratégias inovadores. Para testar a aplicação de
abordagens inovadoras, o professor/pesquisador acompanhou o desempenho dos alunos
em turmas de Estatística e Pesquisa Operacional com a utilização de metodologias que
priorizam abordagens holísticas, progressistas e do uso de pesquisa para aumentar a
eficiência na formação quantitativa de cursos da área de negócios. Os resultados
identificados demonstram a diferença percebida pelo professor e pelos alunos na
capacidade de mobilização de informações e tomada de decisão em ambientes complexos.
Palavras-chaves: paradigma inovador; quantitativo; negócio; tomada de decisão
1. Introdução
Atualmente, e cada vez mais, somos inundados por dados e informações, além de
sermos colocados em constantes situações em que precisamos mobilizar as informações
para melhor tomada de decisão. As relações sociais são constantemente medidas pelos
resultados esperados e as interações qualificadas de acordo com indicadores
quantificáveis.
Neste mundo focado em resultados, os cursos de graduação (em sua maioria)
foram moldados a luz da necessidade do mercado e das expectativas sociais emergentes.
Os cursos da área de negócios não são diferentes. As matrizes dos cursos de negócios são
focadas na formação do aluno para ter vantagem competitiva neste contexto, atuando de
forma sistêmica, mobilizando recursos e tomando decisões cada vez melhores.
Em especial as disciplinas do núcleo quantitativo, como matemática financeira,
estatística e pesquisa operacional, enfrentam muita dificuldade em cumprir seus
objetivos, em parte por ficarem deslocadas da realidade em que o professor e os alunos
estão. A importância da compreensão quantitativa do contexto para a atuação do gestor é
inegável, mas sua efetivação é, por vezes, sofrível.
A busca por excelência na gestão esbarra, sistematicamente, em um problema
comum: a capacidade que o aluno terá de atuar de forma sistêmica no mercado e na
sociedade. Muitas são as pesquisas em estratégias para aumentar a capacidade de ação do
gestor, como simulações em ambientes complexos, estudos de casos reais, projetos de
intervenção, entre outros.
O que vemos em comum nas iniciativas que tem tido sucesso são abordagens que
abandonaram a ideia tradicional de que o aluno é um ser não social, sem relações e inapto.
Elas consideram o aluno como um personagem do mercado e da sociedade, parcialmente
apto e responsável. Diante deste contexto, um problema surge: Como melhorar o
desempenho de disciplinas do núcleo quantitativo na formação dos alunos da área de
negócios?
Para compreender um pouco mais sobre essa problemática, o objetivo deste estudo
foi de explorar alternativas metodológicas que deem apoio ao processo de ensinoaprendizagem para desenvolver a capacidade de analisar fenômenos organizacionais e
socioeconômicos numa perspectiva sistemática e estruturada.
O percurso proposto na pesquisa para atender ao objetivo e responder à
problemática se concentra desta forma: referencial teórico que inclui descrição de
paradigmas conservadores newtoniano-cartesiano, exploração de alterativas inovadoras
(abordagens holística, progressista e do ensino com pesquisa) e exploração do ensino
quantitativo em cursos de graduação; metodologia da pesquisa que descreverá a
abordagem, os métodos e técnicas utilizadas para atender ao objetivo da pesquisa; análise
e discussão dos dados coletados, e; considerações finais sobre os achados da pesquisa.
2. Referencial Teórico
2.1 Paradigmas na Educação
Segundo Weil (1991) paradigma representa um exemplo, modelo ou padrão, e em
gramática um exemplo-tipo. Behrens (2013), explica que diversos autores para definir
paradigma se referem a Thomas Khun, que apresenta a preocupação de esclarecer termo.
Para Khun (1994, p. 225) um paradigma representa “a constelação de crenças, valores e
técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade científica”.
Contribuindo com a definição de Khun, Moraes (1997, p. 31) explica que,
paradigma “é uma realização científica de grande envergadura, com base teórica e
metodológica convincente e sedutora, e que passa a ser aceita pela maioria dos cientistas
integrantes de uma comunidade”.
Segundo Behrens (2013), a trajetória histórica permite, para fins didáticos,
categorizar os paradigmas, na educação, em: conservadores e inovadores.
2.1.1
Paradigmas Conservadores
Os paradigmas conservadores têm marcado a forma como organizamos todo o
conhecimento acumulado pela sociedade ao longo dos anos. A necessidade de
organização do pensamento foi primordial para conseguirmos sair da escuridão
intelectual da idade média. Os paradigmas newtoniano mecanicista e cartesiano surgiram
como a melhor alternativa para conseguirmos crescer como sociedade e, realmente,
entendermos as partes que nos compõe.
Com o passar do tempo, e começando pela arte (CAPRA, 1996), os paradigmas
tradicionais deixaram de satisfazer as necessidades sociais. Neste contexto, a ciência
começa a passar uma grave crise do método: a lógica cartesiana, que possibilitou avanço
científico e tecnológico indiscutível, levou o homem a separar ciência da ética, razão do
sentimento, ciência da fé e mente do corpo (BEHRENS, 2013).
Para Behrens (2013) e Moraes (2009), a sociedade passa por acentuado grau de
avanços tecnológicos que transformam a forma como o indivíduo se coloca em sociedade,
ou seja, o avanço é favorável para o indivíduo social, mas desfavorável para o indivíduo
pessoal, angustiando, estressando, isolando e fragmentando sua posição no meio. Este
novo indivíduo social e incluso tecnologicamente conquista espaço a custas de sua própria
saúde e da saúde do planeta. Assim, as ações que insistem na posição de extrair recursos
da natureza levam ao aprofundamento da desigualdade e do desrespeito ao ser humano.
O próprio modelo de trabalho inspirado nos ideais cartesianos foi constituído em
uma base rígida, hierarquizada, com objetivos e metas dadas e compartimentalizadas,
para tentar atender aos anseios e pressão social. De acordo com Moraes (2009), o mundo
do trabalho tem tentado se livrar deste modelo, investindo no desenvolvimento de
habilidades e revisão das regras de relacionamento.
As universidades se organizaram a partir da abordagem positivista, assumindo
posicionamento de conhecimento científico comprovável, racional e objetivo. Os
professores mantem a ação docente com abordagem positivista, em processos que
estimulam a reprodução, cópia e imitação. Se mantem a insistência em prevalecer o
método cartesiano e a divisão do conhecimento em campos especializados, com foco na
eficácia, ou seja, o indivíduo adquire uma visão fragmentada da verdade, de si mesmo,
dos seus valores e dos seus sentimentos.
Segundo Behrens (2013, p. 17) “a ruptura de um paradigma decorre da existência
de um conjunto de problemas, os quais os pressupostos vigentes na ciência não
conseguem soluções”.
Dessa maneira, “a evolução da ciência, a crescente tendência de superação do
pensamento newtoniano-cartesiano e os acenos de uma abordagem sistêmica nos meios
acadêmicos” “levam a um profundo repensar na sociedade e na educação” (BEHRENS,
2013, p. 23).
Neste cenário, e com uma visão otimista, é válido assumir que o paradigma
conservador não é um erro histórico. Teve sua necessidade no contexto do período pós
médio, tirando a pessoa da obscuridade e das incertezas desta era. A clareza surgiu com
a razão, a organização e a sistematização, dando poder de ação e superação à sociedade.
É importante ressaltar, segundo Behrens (2013, p. 15), que “a superação de um
paradigma científico não o invalida, não o torna errado ou nulo, mas evidencia que seus
pressupostos e determinantes não correspondem mais às novas exigências históricas”.
Ainda de acordo com a autora, a transmissão paradigmática gerada pela crise leva um
número expressivo de cientistas e intelectuais de diversas áreas do conhecimento a
pesquisarem referenciais que possibilitem romper com a visão racionalista-mecanicista
de um mundo que controlou a cultura ocidental nas últimas três centenas de anos.
O que vemos hoje é que a visão newtoniana-cartesiana do homem não basta para
explicar as relações sociais atuais, nem tão pouco basta para muni-lo das ferramentas
necessárias para agir socialmente. É preciso mais do que as abordagens tradicionais são
capazes de oferecer.
2.1.2
Paradigmas Inovadores
De acordo com Behrens (2013) o paradigma inovador ou da complexidade exige
a conexão de múltiplas abordagens, em especial, defende a interconexão de pressupostos
da abordagem holística ou complexa (MORIN, 2000) a abordagem progressista
(FREIRE, 1992) e do ensino com pesquisa (DEMO, 1996).
Visto isto, torna-se fundamental conectar as características de aluno, professor,
metodologia e avaliação. O aluno, é um ser complexo, com bagagem pessoal e social,
Comentado [MB1]: Vai precisar dar mais densidade ao
teórico
Comentado [WMdA2R1]: Agora acredito que ficou
melhor
com as diversas inteligências e sua própria individualidade (criatividade e talento). É
considerado um cidadão do mundo, que precisa ser compreendido e atendido pelo
processo de ensino-aprendizagem.
O professor precisa escolher os recursos adequados para a prática proposta no
processo ensino-aprendizagem. Possui o papel de amigo e parceiro no processo. Encara
o aluno como alguém com bagagem e considera suas opiniões em sala de aula. Encoraja
a participação no trabalho em equipe e busca ultrapassar a reprodução para a produção
do conhecimento.
Quanto a metodologia, a sala de aula precisa ser vista como espaço informal que
envolve os alunos em um ambiente que interconecte a teoria com a prática. Considera o
desenvolvimento do lado direito do cérebro, a intuição, emoção, paixão, amor e
sentimento, permitindo ver o contexto e avaliar o significado, além do lado esquerdo,
definido pela racionalidade científica e memorização. Além de buscar a inter e a
transdisciplinaridade e favorecer a autonomia. A metodologia tem foco na formação ética
aliada aos conhecimentos importantes, de forma qualitativa e quantitativa.
A avaliação visa o processo e é realizada de forma contínua. Prevê momentos para
autoavaliação e favorece a participação do aluno na discussão dos critérios de avaliação.
Segue quadro sintético das três abordagens para os componentes aluno, professor,
metodologia e avaliação:
Componentes
Aluno
Professor
Holística
Progressista
Ensino com pesquisa
(MORIN, 2000)
(FREIRE, 1992)
(DEMO, 1996)
Ser complexo, com
bagagem pessoal e
social, com as diversas
inteligências e sua
própria individualidade
(criatividade e talento)
Um cidadão do mundo,
que precisa ser
compreendido e atendido
pelo processo de ensinoaprendizagem
O aluno é um ser concreto,
fruto de suas relações
sociais. É um agente de
transformação social e ator
na história.
Como sujeito ativo e
criativo, se aproveita da
relação dialógica com o
professor e demais colegas
para assumir a
corresponsabilidade pela
sua aprendizagem
O aluno é um investigador,
questionador, que utiliza
raciocínio lógico para agir
de forma criativa e
produtiva
Tem papel ativo,
argumentativo, atuando em
trabalhos individuais ou
coletivos, buscando
sempre a problematização
e discussão de ideias
Escolha de recursos
adequados para a prática
proposta no processo
ensino-aprendizagem
Tem papel de amigo e
parceiro no processo.
Encara o aluno como
alguém com bagagem e
Sujeito no processo de
produção do
conhecimento, em uma
relação horizontal com os
alunos.
Se coloca em posição de
mediador, sem impor suas
ideias e concepções de
Professor deixa de ser
instrutor e se torna
mediador e articulador no
processo pedagógico,
instigando o aluno a
aprender a aprender
Entende o seu papel no
processo, se sente seguro e
Componentes
Metodologia
Holística
Progressista
(MORIN, 2000)
(FREIRE, 1992)
Ensino com pesquisa
(DEMO, 1996)
considera suas opiniões
na aula
Encoraja a participação
no trabalho em equipe
Busca ultrapassar a
reprodução para a
produção do
conhecimento
mundo, valorizando a
linguagem e cultura do
aluno.
Cria ambiente favorável
para que o aluno seja capaz
de analisar seu próprio
contexto e produzir cultura
(Mizukami, 1986)
Tem postura de luta pela
democratização da
sociedade e busca
instrumentalizar o aluno
para se tornarem agentes
sociais
A relação entre o professor
e o aluno deve ser
dialógica, pois no diálogo
horizontal se estabelece a
confiança e o crescimento
mútuo (Freire, 1992)
não ameaçado, como
parceiro, submetendo sua
proposta pedagógica para
apreciação dos alunos
Neste novo ambiente, o
professor instiga no aluno
o posicionamento, a
autonomia, a tomada de
decisões, a reflexão e a
construção do
conhecimento
Sala de aula como
espaço informal que
envolve os alunos em um
ambiente que
interconecte a teoria e a
prática
Considera o
desenvolvimento do lado
direito do cérebro
(intuição, emoção,
paixão, amor,
sentimento, permitindo
ver o contexto e avaliar
significado), além do
lado esquerdo
(racionalidade científica
e memorização)
Busca a inter e a
transdiciplinariedade e
favorece a autonomia
Foco na formação ética
aliada aos conhecimentos
importantes, de forma
qualitativa e quantitativa
De acordo com Saviani
(1985), a metodologia
progressista deveria iniciar
e terminar na prática social
(prática social →
problematização →
instrumentalização →
catarse → prática social)
A prática educativa se faz
no movimento do contexto
concreto ao concreto
teórico e voltando ao
concreto para experimentar
novas formas de práxis
Visa a produção do
conhecimento e provoca a
reflexão crítica na e para a
ação
O ensino com pesquisa
ultrapassa a reprodução,
unindo alunos e
professores em um
processo de produção de
conhecimento
A proposta do ensino por
pesquisa não pode ser
reduzida a reprodução de
“recortes” da teoria, mas a
discussão crítica e
reflexiva, que leva a
autonomia
O trabalho em grupo e
individual da pesquisa
instiga o aluno a
contribuir, tornando o
processo rico e desafiador
Demo propõe a construção
da capacidade de aprender
a aprender em níveis
alcançáveis: interpretação
e reprodução de
conhecimento;
interpretação própria de
texto; reconstrução de
conhecimento
estabelecido; construção
de novo conhecimento a
partir de algo que já existe;
criação de conhecimento
totalmente novo
Componentes
Avaliação
Holística
Progressista
Ensino com pesquisa
(MORIN, 2000)
(FREIRE, 1992)
(DEMO, 1996)
Avaliação que visa o
processo e é realizada de
forma contínua.
Permite autoavaliação e
favorece a participação
do aluno na discussão
dos critérios
Tem o caráter contínuo e
processual também, mas
vai além: tem caráter
transformador
Conta com momentos de
auto-avaliação e avaliação
dos pares, trazendo a
importância da
responsabilidade
Como a metodologia preza
por processo dialógico, o
conhecimento é medido ao
longo do processo de
relacionamento fraterno e
solidário entre professor e
aluno
A avaliação não expressa
verdade absoluta e
definitiva, pelo contrário, é
provisória. O aluno tem
ciência de que consegue
supera-la para alcançar a
transformação da
sociedade e sua própria
A avaliação é contínua e
processual, com critérios
discutidos e construídos
em conjunto com alunos
Outra característica de
avaliação em ensino com
pesquisa é a possibilidade
de revisão dos critérios ao
longo do processo
A avaliação deixa de ser
punitiva e foca no processo
de aprendizagem,
acompanhando o dia-a-dia
do aluno no
desenvolvimento da
pesquisa
A prova teórica passa a ser
um componente não
obrigatório e parcial no
processo avaliativo, sem
exigir a decoração, mas
enfatizando a reflexão e
crítica
Para Behrens (2013), o equilíbrio destas três abordagens marca a prevalência de
um novo paradigma inovador (da complexidade). O aluno e o professor são atores na
mesma peça de teatro: os papéis são diferentes, mas objetivos são comuns e claros. O
tema da peça é proposto pelo professor, mas está sempre aberto a discussão pelos demais
atores, que trazem suas contribuições com base em suas experiências do ambiente externo
e suas relações no próprio “teatro”. Os objetivos são acompanhados por meio de
indicadores que avaliam o desempenho dos atores ao longo de toda a peça e na capacidade
que causar impactos reais na comunidade em que os atores estão situados.
2.2 Ensino de Disciplinas Quantitativas
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o estudante deve ser
capaz de descrever e interpretar sua realidade, usando conhecimento matemático. Para
tanto, a coleta, a organização e a descrição de dados são procedimentos úteis na resolução
de problemas. Propõem, também, que se estimule os estudantes a fazerem perguntas,
estabelecerem relações, construírem justificativas e desenvolverem o espírito
investigador.
O que pode ser encarado como uma falha na definição dos PCN é a falta de
preocupação em enfatizar a importância de saber o significado de cada medida, para não
ficar preso somente no cálculo. O que se nota como rotina é o uso de matemática com fim
em resolução de exercícios. Não é comum encontrá-la como estratégia na solução de
problemas de pesquisa, como deveria ser trabalhado em todos os níveis de ensino.
Esta clara dificuldade em desenvolver um raciocínio quantitativo durante a
educação básica faz com que os estudantes cheguem ao ensino superior com sérias
dificuldades. De acordo com Ramsey (1999) e Tappin (2000), os alunos estão habituados
ao uso de fórmulas e de terem a certeza das respostas, por isto parece tão complicado
exercitar o pensamento abstrato.
Para Nicholson e Darnton (2003), os alunos têm dificuldade em transferir os
conhecimentos de um contexto para outro que não lhes é familiar. No entanto, a
articulação do raciocínio deveria ser exercitada, usando diferentes contextos. Segundo
Scheaffer (1990), o trabalho com problemas reais pode levar a experiências de
aprendizagem que ajudam na resolução de problemas, raciocínio, comunicação e união
de padrões. As estratégias que levam em conta os problemas da vivência dos estudantes
teriam mais chance de serem mais bem compreendidas.
Esta mudança de cenário, no entanto, requer do professor uma atitude que permita
abordar com êxito os objetivos propostos. Na procura de tornar o ensino e a aprendizagem
mais atraentes, interessantes e até mais prazerosos, existem alternativas que valorizam as
novas técnicas e seu uso para motivar o aluno nesse processo, mudando a “visão
matemática”. Tornar a experiência positiva é importante, assim como constituir a
disciplina de meios e fins que despertem a vontade de aprender e a curiosidade,
convidando o aluno a desafios. Freitas (2008) complementa este raciocínio:
O aluno deve estar sempre sendo estimulado a tentar superar, por seu próprio
esforço, certas passagens que conduzem o raciocínio na direção de sua
aprendizagem [...] Surge, então, para o aluno, a necessidade de uma superação
intelectual de algumas condicionantes e de informações que não lhe foram
passadas. Poderíamos dizer que esses procedimentos de raciocínio são cruciais
no desenrolar de uma aprendizagem mais autêntica (FREITAS, 2008).
O ensino de disciplinas quantitativas neste ambiente motivador e envolvente, a
partir de abordagens inovadoras, pode ser uma alternativa mais adequada que as
estratégias utilizadas até o momento.
2.3 Paradigmas inovadores aplicado em negócios
Diversas pesquisas têm se preocupado em investigar a atuação do gestor nas
diferentes áreas de negócios, buscando melhorar sua capacidade de tomada de decisão. A
utilização de paradigmas inovadores tem sido encarada como diferencial no aumento da
capacidade de tomada de decisão.
SCHERER (2009) pesquisou a eficácia da abordagem da complexidade para
trabalho da disciplina de Estatística em um curso de Pedagogia. A prática investigada
propôs abordagem híbrida, incluindo o que chamou de epistemologia genética, teoria
autopoiética, interdisciplinaridade e educação libertadora. A estratégia proposta
favoreceu a aprendizagem e a compreensão sobre o papel intermediário da estatística. A
pesquisa também mostrou como um ambiente libertador e motivador pode contribuir para
o sucesso do processo.
Rodrigues (2010) conduziu pesquisa para investigar os efeitos da utilização da
abordagem do ensino com pesquisa na eficiência do processo de ensino-aprendizagem
em cursos de biblioteconomia e ciência da informação. De acordo com a pesquisadora,
as experiências foram enriquecedoras por demonstrarem o esforço dos professores em se
dedicarem à melhoria contínua, além de ter facilitado a compreensão dos alunos em
conceitos ditos complexos.
CARDOSO et al (2015) pesquisaram a formação da habilidade de liderança nos
alunos de Ciências Contábeis, a partir de uma visão progressista da estrutura
organizacional. De acordo com a pesquisa, a abordagem utilizada, que considera atenção
à complexidade das relações e do comportamento organizacional, formou alunos mais
habilitados a atuarem em ambientes organizacionais complexos e tomarem decisões
melhores.
COSTA (2006) se propôs a investigação sobre a abordagem holística no
gerenciamento de processos de negócios. De acordo com os autores, para a gestão de
processos de forma eficiente, é fundamental ter uma visão holística, percebendo a
estrutura organizacional das empresas como um todo e as interações entre os sistemas que
as compõem. A eficiência da visão estratificada dos processos nas diversas áreas
organizacionais é superada quando somada ao relacionamento “harmonioso” entre eles.
A eficácia das abordagens inovadoras pode ser indicativo de adequação na
atuação do profissional de gestão e, por tanto, devem ser encaradas como alternativa na
formação destes mesmos gestores.
3. Metodologia de Pesquisa
A presente pesquisa tem caráter qualitativo, que, segundo Borgdan e Biken
(2003), pode assumir a forma de estudo de caso envolvendo a descrição de dados
adquiridos com o projeto estudado e a procura por significado desses dados.
A estratégia adotada pelo pesquisador para atingir o objetivo da pesquisa envolve
a ação de intervenção do pesquisador em um ambiente real e análise dos dados obtidos.
Por este motivo, o método pode ser descrito como pesquisa-ação. De acordo com
Thiollent (2005), a pesquisa-ação se refere a pesquisa com base empírica concebida e
realizada em estreita relação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo,
em que os pesquisadores e os participantes representativos do problema estão envolvidos
de modo cooperativo ou participativo.
O projeto de pesquisa proposto está intimamente relacionado com o processo de
investigação no stricto sensu de formação continuada vinculado ao projeto de pesquisa
intitulado
Paradigma
da
complexidade
e
transdisciplinaridade
como
pilares
epistemológicos para geração de construtos, saberes e práticas na formação pedagógica
dos professores.
A população que atende ao universo de investigação da pesquisa incluiria alunos
dos cursos de graduação da área de negócios, que possuem disciplinas no núcleo
quantitativo em suas matrizes. Para conduzir esta investigação, o pesquisador realizou
corte em uma amostra composta por alunos dos cursos de Administração, Ciências
Contábeis e Marketing, vinculados à Escola de Negócios de uma instituição confessional
de grande porte, matriculados nas disciplinas de Estatística ou Pesquisa Operacional, no
semestre letivo de 2020/1.
A seleção dos alunos que compõem a amostra foi realizada por conveniência do
pesquisador, por fazerem parte de turmas do núcleo quantitativo trabalhadas pelo
pesquisador, no 1º semestre de 2020. Foram acompanhados 71 (setenta e um) alunos em
duas turmas de Estatística e 109 (cento e nove) alunos em duas turmas de Pesquisa
Operacional, totalizando 180 (cento e oitenta) alunos acompanhados.
Nas duas turmas de Estatística, o pesquisador utilizou metodologia baseada em
projeto (PjBL1) ao longo do semestre. Já nas duas turmas de Pesquisa Operacional, o
pesquisador utilizou problemas reais e tomada de decisão em ambiente simulado
colaborativo. As estratégias adotadas para as quatro turmas foram elaboradas a partir de
paradigmas inovadores.
A eficiência das propostas foi acompanhada de duas formas: primeiro pela própria
reflexão do professor/pesquisador, comparando os resultados dos alunos em comparação
a turmas de semestres anterior; segundo pela reflexão dos alunos, em momento de
autoavaliação e avaliação dos pares. Para as quatro turmas utilizadas na pesquisa, o
momento de autoavaliação e avaliação dos pares, além de avaliar sua própria participação
e de seus pares, utilizando critérios claros, o aluno foi convidado a responder duas
perguntas adicionais: Coisas que eu apreciei ao longo da disciplina? O que eu faria de
diferente se fosse professor desta disciplina?
4. Análise dos resultados
O próximo passo envolve a descrição dos achados no decorrer das turmas de
Estatística e Pesquisa Operacional.
4.1 Disciplina de Estatística
No caso das turmas de Estatística, o uso de PjBL tem o propósito de colocar os
alunos em atividade de pesquisa em que o projeto é conduzido ao longo de todo o
semestre, de forma colaborativa, em uma espécie de “pano de fundo” para a aplicação e,
por consequência, absorção dos temas trabalhados pela disciplina. A condução do projeto
tem o propósito de dar foco ao processo de pesquisa e aplicação dos conceitos
trabalhados, justificando a divisão em etapas claras, com avaliação formativa e somativa.
O projeto de pesquisa quantitativo proposto segue etapas claras e pré-definidas,
avaliadas em conjunto com os alunos no início do semestre e reavaliadas ao decorrer do
processo. São elas:
1
PjBL - Project Based Learning: Aprendizagem baseada em projeto é uma metodologia ativa que envolve
os alunos em atividade de pesquisa com critérios e tarefas bem definidas pelo professor
1) Definição do tema e problema: avaliação formativa;
2) Levantamento do referencial teórico: avaliação formativa;
3) Definição da metodologia e coleta dos dados: avaliação formativa e somativa;
4) Representação dos dados da amostra: avaliação formativa e somativa;
5) Estatística Descritiva e Distribuição de Probabilidade: avaliação formativa e
somativa;
6) Análise inferencial: avaliação formativa e somativa;
7) Relatório da pesquisa: avaliação formativa e somativa.
Além das entregas correspondentes às etapas do projeto, o processo de trabalho
em equipe, bem como a comprovação da apropriação individual dos membros da equipe
são medidas com o apoio dos demais componentes do processo de avaliação:
•
Autoavaliação e avaliação dos pares: avaliação formativa e somativa;
•
Prova individual I e II: avaliação somativa.
O quadro abaixo apresenta o resumo das atividades avaliativas da disciplina
Estatística:
Quadro 1 – Atividades avaliativas
Fonte: Dados de Pesquisa (2020).
Dos 71 (setenta e um) alunos matriculados, 52 (cinquenta e dois) participaram do
processo de autoavaliação e avaliação dos pares. Diversos comentários foram
direcionados à utilização de ferramentas, ao trabalho em grupo, à utilização de problemas
reais, à didática do professor, à proposição de exercícios, à sugestão de instruções, à aula
expositiva e à utilização de PjBL.
Duas ferramentas foram utilizadas para facilitar o trabalho dos alunos: o
Qualtrics2 foi utilizado para facilitar o processo de coleta de dados e o Excel para facilitar
a análise dos dados coletados. Em relação aos benefícios da abordagem para o
aprimoramento do uso de ferramentas e técnicas, nove alunos registraram suas opiniões,
como destacado a seguir:
“Apreciei a utilização das ferramentas como o qualtrics por exemplo, nunca
unha utilizado e achei muito pratico e diferente das outras plataformas de
questionários.”
“Desenvolvi habilidades no Excel, o que eu tinha muita dificuldade. E tudo
parecia muito difícil até por em prática, com as super explicações desse
professor muito querido!”
“Eu gostei muito do professor ter abordado questionários, de ter nos ensinado
a usar o Qualtrics.”
Os alunos também refletiram sobre a importância e as contribuições do trabalho
em grupo para o sucesso no processo de aprendizagem. Quatro dos respondentes citaram
o trabalho em grupo, com destaque para:
“Aprendi que a atenção é essencial para a realização da disciplina e que o
trabalho e colaboração da equipe é essencial para o trabalho final.”
“Professor incentiva a participação e interação dos alunos, com aulas diferentes
que fogem do “padrão” e da comodidade da rotina e torna assim uma matéria
legal de se aprender”
Alunos também reconheceram o esforço do professor/pesquisador como
mediador e motivador constante no processo. Oito dos respondentes deixaram clara sua
posição favorável à didática proposta, com destaque para:
“A disciplina além de nos proporcionar aprimorar nossos conhecimentos em
excel, nos faz desenvolver um senso crítico maior, pensando sempre por um
lado estatístico, ainda mais no cenário em que estamos agora, onde tudo ao
nosso redor se diz respeito a dados e estatísticas devido ao vírus. Quanto ao
professor, não tenho nada a reclamar, dinâmica excelente, organização perfeita
e comunicação eximia.”
“O quanto o método de ensino do professor impacta a vida acadêmica dos
alunos, o método utilizado e a alegria do prof. Wesley torna o conteúdo leve e
faz com que tenhamos foco no que estamos aprendendo, não se torna
exaustivo.”
“Professor incentiva a participação e interação dos alunos, com aulas diferentes
que fogem do “padrão” e da comodidade da rotina e torna assim uma matéria
legal de se aprender”
2
Ferramenta destinada a criação de instrumentos, distribuição e acompanhamento de pesquisa, coleta e
análise inicial de dados.
Ao avaliar a proposta de utilização do PjBL, nove dos respondentes registraram
suas percepções sobre as contribuições para o uso do método como estratégia de ensino,
bem como sua efetividade, como destaque:
“Gosto da ideia de projetos integrados dentro das disciplinas, dão uma
dinâmica bem diferente dos métodos mais tradicionais, também trazem um
incentivo a mais ao estudante, por ser algo que ele desenvolve (aplicando o
conhecimento na prática) desde o início até o resultado final.”
“Gosto das aulas, são interativas, acho que o projeto mostra muito bem a
estastistica na prática, sendo isso extremamente interessante, mas gostaria que
existisse mais exercicios com questões para fazer da matéria, pois na hora da
prova tive uma certa dificuldade.”
“O professor é bastante organizado, é mais fácil de compreender o que é
esperado e de alcançar os objetivos pois a disciplina está dividida por etapas,
facilitando o entendimento do aluno. Um dos únicos professores que é
transparente e não causa confusões entre os alunos.”
Entre as sugestões de melhoria para o método proposto, os alunos mencionaram
a necessidade de mais exercícios propostos para prática individual (seis), falta de mais
detalhes nas instruções para as etapas do projeto (um), necessidade de mais exercícios
práticos (dois) e possibilidade de mais tempo dedicado a aulas expositivas (um).
4.2 Disciplina de Pesquisa Operacional
Para as turmas de Pesquisa Operacional, o uso de problemas reais e atuação em
ambiente simulado ajuda a cumprir o papel de tornar o aluno capaz de modelar e propor
solução para problemas relacionados aos processos de decisão nas principais áreas
funcionais da organização. O mapa mental proposto para a disciplina deixa evidente a
necessidade de visão sistêmica e contextualizada do aluno:
Figura 1 – Mapa mental
Ambiente Organizacional
Influências
internas e
externas
Decisores
Interpretação da
realidade
Modelos
científicos
Modelos
matemáticos
Modelagem
matemática
Softwares e
ferramentas
Tomada de
decisão
Programação Matemática
Análise dos
resultados
Fonte: Dados de Pesquisa (2020).
A disciplina foi dividida em duas partes para conseguir atingir os objetivos
propostos pelo plano de ensino. Na primeira parte (RA1), os alunos trabalharam em
equipes de três a cinco componentes, em problemas operacionais típicos em áreas de
logística, produção, finanças e pessoas, com o objetivo de: desenvolver modelos
matemáticos para a otimização dos resultados na tomada de decisão em ambientes
organizacionais.
Na segunda parte (RA2), os alunos foram reagrupados em equipes de quatro ou
cinco componentes, em um ambiente empresarial simulado, para aplicação de modelos
matemáticos em contextos reais simulados, com o objetivo de: Estruturar decisões em
ambientes organizacionais reais nas áreas de marketing, operações, recursos humanos e
finanças, com a utilização de modelos matemáticos de otimização. O quadro abaixo
demonstra a organização das atividades avaliativas para a disciplina:
Quadro 2 – Atividades avaliativas
Fonte: Dados de Pesquisa (2020).
Dos 109 (cento e nove) alunos matriculados, 75 (setenta e cinco) participaram do
processo de autoavaliação e avaliação dos pares. Diversos comentários foram
direcionados à utilização de ferramentas, ao trabalho em grupo, à utilização de problemas
que permitem a prática, à didática do professor, à proposição de exercícios, à sugestão de
instruções e à aula expositiva.
Duas ferramentas foram utilizadas no decorrer da disciplina: o Excel (e o
suplemento Solver3) foi utilizado para facilitar os cálculos dos modelos matemáticos e o
Simulador de Empresa CESIM4 foi utilizado para permitir a visualização dos impactos
de decisões operacionais em ambiente simulado. Trinta dos respondentes citaram os
benefícios do uso das ferramentas, com destaque para:
“A simulação de um ambiente competitivo, Cesim, foi muito proveitosa, teve
ainda grande aplicação da ferramenta Solver para tomada de algumas decisões.
Ainda, a preparação para a utilização da ferramenta com mais autonomia
durante o jogo foi essencial.”
“Apreciei o aprendizado na ferramenta do excel em conjunto com o
aprendizado da matéria, consegui entender a matéria dos semestres passados
com a atual, consegui ver boa relação com o entendimento de uso de variáveis
minimização e maximização de custos, tive uma boa base para conseguir
relacionar as coisas e fazer com que fizesse sentido a aplicação em especifica
dessa matéria, outra parte que achei muito interessante foi o uso da ferramenta
cesim, que criou uma dinamica muito legal na metéria, o modo "competitivo"
entre as equipes me motivou muito para entender a ferramenta e usar
conhecimentos da matéria na aplicação.”
“Adquirir conhecimento em novas ferramentas do excel e poder colocá-las em
prática em diversos exercícios ao longo do semestre.”
A atuação em grupo foi fundamental para que houvesse a troca de ideias
conflitantes, discussões e tomadas de decisão combinada para definição das estratégias.
sete dos respondentes reconheceram a contribuição do trabalho em equipe, com destaque
para:
“Além do método de cada aluno entregar a atividade em grupo mas realizar a
sua individual e somente ajudar o grupo.”
“Embora tenha tido dificuldades com essa matéria EAD, meus colegas de
equipe me ajudaram bastante a aprender os conceitos de equipe”
“Aprendi muitas coisas Todo nosso grupo se envolveu no trabalho, acabamos
tomando algumas decisões erradas no nosso jogo não tivemos uma
comunicação não tão favorável e clara. Tivemos muitas opiniões divergentes
um dos outros e no final acabamos entrando em um consenso. tivemos muita
dificuldade com a solver pois nem todos do grupo sabiam de certo como fazer.
De qualquer forma conversando com todos, esse trabalho nos ajudou a
desenvolver alguns sensos críticos que antes não tínhamos. E de certa forma
conseguiu agregar muito em nossos conhecimentos”
3
Suplemento oferecido no pacote Office que facilita a formulação de problemas lineares e não lineares no
Excel
4
Simulador de negócio que oferece ambiente seguro para o estudante praticar tomadas de decisão em
ambientes organizacionais diversos
O uso de ambiente simulado e de exercícios práticos retirados de contextos reais
é fundamental para a fixação dos conceitos. Vinte e oito dos respondentes declararam sua
concordância com esta ideia, com destaque para:
“Achei a disciplina muita interessante, a forma de ajustar e resolver os
problemas na base do solver, e o jogo foi algo ainda mais interessante, não
esperava ser tão legal, os debates, as decisões e olhar os resultados do que
decidimos.”
“Apreciei o fato de entender como pequenas mudanças podem gerar grandes
diferenças para determinada empresa e produto. Como cada aspecto deve ser
estudado e observado de perto, para que seja sempre possível buscar o
resultado desejado.”
“Aprendi a usar este modelo matemático de forma ampla, trazendo clareza e
entendendo a importância de uma ferramenta que traga exatidão de
informações para a tomada de decisão dentro de uma empresa.”
“Gostei do jogo, pois ali conseguimos aplicar nosso conhecimento e entender
mais do impacto de nossas ações como gestores.”
“Gosto muito da aplicabilidade que a disciplina tem para as empresas, ver algo
funcionando com dados reais é muito melhor.”
“Na disciplina o que eu mais apreciei foi como é possível utilizar o Excel e o
solver, no cotidiano de uma organização, conseguindo assim fazer previsões
do mercado como também organizar a logística de transportes e vendas.”
Entre as sugestões de melhoria no processo, foi possível colher observações dos
alunos que indicam a necessidade de mais exercícios para fixação dos conceitos (oito), a
existência de mais instruções para as tarefas (um), ao aumento do tempo de prática em
ambiente simulado (dez) e ao aumento do tempo dedicado a aulas expositivas (dois).
5. Considerações finais
A relação teoria-prática não deveria ser encarada como dicotômica, visto que a
teoria sem a prática social é um mero palavreado, encarado por Freire (1999) como
“verbalismo”. Já a prática sem a teoria não passa de mera técnica, com prazo de validade,
geralmente, muito curto. Como não é possível ensinar todas as técnicas, o professor deve
ser capaz de desenvolver a autonomia no aluno, para que ele tenha a capacidade de
avaliar, julgar, apreender e modificar algo de acordo com a realidade. A teoria é feita de
conceitos, que são abstrações da realidade observada.
O uso de abordagens ditas inovadoras se mostrou ser uma alternativa exitosa para
trazer a prática para a sala de aula e, desta forma, criar um ambiente que favoreça a troca
de ideias, o trabalho colaborativo, a compreensão do contexto social, a desfragmentação
dos temas e, principalmente, a aprendizagem efetiva e duradoura.
Já nas sugestões de melhorias propostas pelos alunos das duas disciplinas nas
quatro turmas leva a reflexões importantes para o estudo. Tanto para Estatística quanto
para Pesquisa Operacional, alunos acreditam que na necessidade de aumento do número
de exercícios. Pode indicar a necessidade de ter um foco maior nas atividades individuais
para as duas disciplinas.
Por outro lado, nas duas disciplinas foram citadas a necessidade de aumento de
tempo destinado para atividade prática. Em Estatística indica a preferência pelos
momentos de análise dos dados da pesquisa. Já em Pesquisa Operacional, os comentários
são claros ao indicar a preferência pela segunda parte da disciplina, em que os alunos
simulam decisões no Cesim a partir da aplicação da modelagem matemática.
No caso do propósito prático deste estudo, as reflexões são importantes para
ajustes nos planos de ensino e aplicação no próximo semestre letivo.
Por se tratar de mudança de paradigma, o processo é longo e depende de ações
independentes de professores engajados, em ambientes escolares dispostos. Esta vai ser
a fórmula para a efetividade da mudança no ensino, em especial, no ensino de cursos de
negócios.
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