Por Ariane Marques e Larissa Vilarinho, g1 — Petrópolis


Pedro, Heitor e Lucas ainda estão desaparecidos depois da tragédia de 15 de fevereiro em Petrópolis — Foto: Arquivo pessoal

A maior tragédia da história de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, que deixou 234 mortos e três desaparecidos, completa dois meses nesta sexta-feira (15). A dor é intensa entre aqueles que ainda procuram parentes contando com a força de voluntários, entre eles Leandro Rocha, pai do jovem Gabriel Vila Real da Rocha, de 17 anos, que estava no ônibus que foi arrastado pela enxurrada.

Mesmo conseguindo encontrar o corpo do filho, Leandro segue incansável percorrendo os rios da cidade para encontrar outras duas vítimas dos ônibus arrastados para dentro do Rio Quitandinha, na rua Whashington Luiz, no Centro da cidade: Pedro Henrique Braga, de 8 anos, e Heitor Carlos dos Santos, de 61 anos.

"O Gabriel ajudou outras pessoas. Não conseguiria voltar pro dia trabalhando, sabendo que tem gente precisando ser encontrada. Não é fácil, é bem difícil porque a minha vida mudou muito, transformou de uma forma. O meu relacionamento com meu filho, éramos amigos", desabafa Leandro.

Pedro Henrique, de mochila, aparece à direita na imagem; à esquerda, Gabriel — Foto: Reprodução/TV Globo

Sonia Regina Braga, avó de Pedro, a criança que aparece de mochila em cima do ônibus nas imagens do desastre, reclama da falta de autoridades nos rios dando prosseguimento às buscas. Ela aguarda o resultado de exame de DNA de um corpo localizado dentro do rio Piabanha, no distrito da Posse. Além da coleta de materiais dela e da mãe de Pedro, Sonia entregou à polícia dois dentinhos e uma escova de dente do neto. A polícia deu de 45 a 60 dias para o resultado do exame.

Ao g1, ela disse que não tem como expressar a gratidão que sente pelo trabalho que continua sendo feito pelo pai de Gabriel para tentar localizar Pedro e Heitor, o outro passageiro desaparecido.

"Quem tá ajudando é a esposa dele e voluntários. É uma gratidão que não tem nem como explicar. A força e a coragem dele - uma pessoa em luto, porque perdeu o filho dele também, que morreu tentando ajudar os outros no ônibus, um exemplo que ganhou do pai - veio de Deus mesmo", se emociona Sonia.

Sonia Regina Braga, avó de Pedro, que desapareceu após ônibus ser arrastado em Petrópolis — Foto: Adison Ramos/g1

Buscas Lucas Rufino

As buscas também ocorrem no Morro da Oficina, no Alto da Serra, por Lucas Rufino, de 21 anos, mesmo a família sendo categórica ao informar às autoridades que o jovem já foi retirado do local, submetendo a exame de DNA, inclusive, uma bermuda suja de sangue usada por um tio que afirma ter retirado o corpo de Lucas da lama e entregue às autoridades.

A região foi a mais afetada com queda de barreira e foi onde ocorreu também o maior registro de óbitos, no caso, por soterramento.

Ocorrências

Ao todo, a Defesa Civil tem mais de 9,7 mil ocorrências registradas em todo o período, em função das chuvas de fevereiro e março, que deixou outros sete mortos. Desse total, a maior parte, mais de 7,5 mil, foi por deslizamentos. Desses, mais de 2,8 mil atingiram diretamente imóveis em cerca de 60 localidades afetadas. De todas as ocorrências cadastradas, mais de 3,6 mil estão em andamento para vistorias e laudos.

Ainda de acordo com a Prefeitura, mais de seis mil laudos de vistorias foram concluídos pela Secretaria de Defesa Civil.

Nesta semana, equipes técnicas, percorreram 19 localidades como Chácara Flora, Quitandinha, Valparaíso, Castelânea, Caxambu, Vila Felipe, Coronel Veiga, Siméria, Quissamã, Centro, Carangola, Corrêas, Floresta, Dr. Thouzet, Independência, Bingen, Duarte da Silveira, São Sebastião e Lopes Trovão.

Petrópolis ainda tem 166 pessoas em abrigos, sendo 62 em instituições e 104 em espaços voluntários.

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