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Estadão em parceria com Rolex
Na Indonésia, projeto inovador emancipa artesãs rurais Cadeia de produção têxtil focada na sustentabilidade transforma a vida de centenas de mulheres
Denica Riadini-Flesch com as artesãs em uma das escolas da marca SukkhaCitta, onde elas aprendem, entre outras atividades, habilidades empresariais

Na zona rural da Indonésia, centenas de mulheres estão ganhando maior reconhecimento e independência financeira por causa da marca SukkhaCitta, criada pela economista e empreendedora Denica Riadini-Flesch. E, ao mesmo tempo que gera a valorização do trabalho feminino nas aldeias, a iniciativa tem tornado mais sustentável a forma como roupas são fabricadas por lá.

Enquanto ainda trabalhava no Banco Mundial, a empresária costumava percorrer os vilarejos do interior de seu próprio país. Ao conhecer uma realidade diferente, percebeu que a emancipação das artesãs locais viria principalmente por meio do trabalho justo, uma vez que 98% delas não tinham uma renda compatível com o que produziam.

A fundadora e CEO da SukkhaCitta conversa com agricultoras em uma plantação de algodão perto de Java Central, Indonésia

Riadini-Flesch criou a agora premiada marca – a palavra SukkhaCitta também significa “felicidade” em uma das línguas locais. “Essas mulheres ficaram invisíveis por tempo demais, mas agora o trabalho delas está sendo visto no mundo inteiro e a sabedoria delas vai ser passada adiante”, afirma a empreendedora, uma das cinco laureadas do Prêmio Rolex de Empreendedorismo 2023. A premiação faz parte da Iniciativa Perpetual Planet da Rolex e reconhece o trabalho de pessoas que idealizam e colocam em prática projetos inovadores com o objetivo de construir um mundo melhor.

Na primeira foto, Denica Riadini-Flesch, que foi uma das laureadas do Prêmio Rolex de Empreendedorismo 2023. Na segunda foto, ela analisa o cultivo de algodão em uma fazenda na parte leste de Java

Ao estabelecer uma cadeia regenerativa de fornecimento, Riadini-Flesch criou centenas de empregos e uma manufatura sustentável de trajes artesanais sofisticados que chegam a 32 países. Hoje, são necessárias 15 coordenadoras para gerenciar as mais de 450 artesãs. E a idade média das mulheres envolvidas com a empresa têxtil caiu de 60 para 28 anos, um indicativo de que as gerações mais novas começaram a enxergar o valor do conhecimento tradicional.

Mais de 1.400 pessoas estão sendo beneficiadas pelo projeto, principalmente agricultores, tecelãs, costureiras e suas famílias. Riadini-Flesch tem planos de alcançar dez mil pessoas até 2030, além de atingir a marca de mil hectares de terra de cultivo de algodão regenerados.

O projeto da SukkhaCitta capacita as mulheres na Indonésia rural, dando-lhes acesso à formação e às competências que precisam para ganhar um salário digno

Todas as etapas da cadeia de produção têxtil são contempladas pelo projeto, que tem sempre como ponto central a sustentabilidade. O primeiro passo é o cuidado com o algodão. Os fazendeiros que fornecem sua matéria-prima para a marca usam técnicas regenerativas de cultivo, o que implica o uso de culturas complementares que ajudam na ciclagem dos nutrientes do solo.

E as cores usadas para tingir os fios nos processos de fiação e tecelagem? Só é permitida a utilização de tintas naturais. Dessa forma, três milhões de litros de tinta com substâncias tóxicas ao meio ambiente deixam de chegar aos rios do interior da Indonésia.

Na primeira foto, o preparo das sementes de algodão, que vai servir para confecção de roupas sustentáveis. Na segunda foto, corante natural, cujo uso já evitou que mais de 3 milhões de litros de substâncias tóxicas sejam despejadas em rios indonésios

Para amplificar o poder da iniciativa, a SukkhaCitta também investe na formação das artesãs. Além do plantio e da produção de roupas sustentáveis, as mulheres aprendem como monetizar de forma justa o trabalho delas. Está sendo desenvolvido, inclusive, um aplicativo para levar o treinamento a outras regiões ainda mais remotas da Indonésia. A marca também oferece o trabalho que está sendo feito nas zonas rurais para potenciais clientes internacionais por meio de uma plataforma própria. “Isso tudo me mostrou o que podemos fazer quando tomamos decisões pensando nas mulheres e na natureza”, diz Riadini-Flesch.

A autonomia criada pela independência financeira que o projeto oferece também é uma realidade. As artesãs da SukkhaCitta atestam um aumento médio de 60% em suas rendas. O círculo virtuoso é evidente. Maior poderio econômico para as artesãs reflete melhores níveis de educação e de nutrição das famílias locais. A qualidade de vida de todos, portanto, melhora de forma significativa. Dos fazendeiros ao cliente final – compradores de roupas sofisticadas de qualidade –, todos ganham.

Na primeira foto, artesã desenha padrões com cera nos tecidos. Na segunda foto, artesã mais experiente supervisiona o desenho de duas mulheres mais jovens em uma das escolas de artesanato da SukkhaCitta

Confira os vídeos do projeto:

Prêmio Rolex de Empreendedorismo 2023: Denica Riadini-Flesch – A Linhagem de Artesanato

Prêmio Rolex de Empreendedorismo 2023: Denica Riadini-Flesch – O Ritmo da Terra

Prêmio Rolex de Empreendedorismo 2023: Denica Riadini-Flesch – O Efeito Cascata