Leituras que Iluminam: Encontre Inspiração para o Seu Ano Sabático
O ano que a leitura sobre autoconhecimento assumiu prioridade. Todos os livros e newsletter técnicos ficaram de escanteio.
Bem-vindo ao Ofurô Space, o canto onde eu, Kadu Nakashima, compartilho as transformações de minha experiência sabática e a audaz aventura de me lançar ao nomadismo digital. Inspirado pelo conceito do "Ofurô" japonês, um ritual que simboliza a renovação e reflexão, esse espaço é para quem busca inspiração e novas formas de viver e trabalhar. Junte-se a esta viagem para explorar uma abordagem mais criativa, sustentável e enriquecedora da vida.
Som para a Leitura
No texto anterior, joguei no universo o jeito como a terapia me apoia durante o processo sabático. Meu corpo já pedia cuidados, mas foi graças às análises que realmente percebi a necessidade de me cuidar. Entrei no ofurô do autocuidado com uma profissional da saúde me oferecendo conscientização e reflexão.
Para recapitular, nos posts desta série, sempre compartilharei as ferramentas que usei no meu processo.
Livros fora dos temas marketing, branding e produtividade para dar um respiro ao esforço mental
Ócio criativo para contemplar os processos que trazem significados à vida
Rotina saudável para revitalizar minha saúde
Evitar o sentimento de pressão e lembrar que sabático não é sobre performance
Talvez tenham outras que não me recordo agora. As que tenho certeza e que tenho clareza são essas cinco. Como o processo é vivido, adiciono novas caso elas possam agregar no compartilhamento.
De algum jeito, a leitura sempre teve um papel consultivo na minha vida. No começo da minha carreira, buscava ler referências profissionais normalmente que eram desbravadoras de novos territórios. Coincidentemente, o começo da minha carreira coincidiu com o início da web 2.0. Foi uma época que a evolução da internet me empolgou demais com o aumento da interatividade, dos serviços online que eram gratuitos, do P2P, Napster ou melhor ainda Soulseek.
Não tinha iPhone, mas vivenciava o boom do Blogspot, também conhecido como Blogger, do Fotolog, que era tão hypado a ponto de precisar de uma waitlist. E o mais incrível disso era conhecer pessoas novas. Ter acesso ao seu jeito de pensar. Admirar como pensadores e inovadores dissertavam sobre novas possibilidades com o aumento da descentralização das interações. Era muito foda! Foi a abertura de um universo cheio de possibilidades para mim que sempre me fazia me coçar para criar conteúdo desde aquela época. Mais do que isso, por causa de ter vivido essa época, descobri que sou curioso para entender como as pessoas desbravam algo novo, do zero, sabe?
Para quem é da mesma época vai lembrar de alguns deles, como:
Luli Radfahrer que tinha um blog sobre tecnologia, marketing e publicidade
Michel Lent que tinha um podcast e um blog naquela época - circa 2005
Wagner Brenner do Update or Die
Blue bus do Julio Hungria
Seth Godin já blogava desde aquela época antes de seu livro Tribes vir ao mundo
Quando trata-se de livros, estou longe de ser um bibliófilo. Na verdade, foi por conta da pandemia que peguei mais firme na leitura. Geralmente, opto por dois tipos de leitura: biografias de pessoas fascinantes e livros técnicos de branding, inovação e marketing. Eu gosto de entender "o corre" das pessoas que admiro. Além disso, as histórias das pessoas primeiras me inspiram a ter empatia pelas diferenças, apreciar diversas visões de mundo e ganhar coragem com suas revira-voltas. Já os aprendizados técnicos trazem novas formas de aprimorar o que, profissionalmente, acredito fazer bem. Engajo em aprender outras formas de fazer o quê já sei. Só que no sabático, rompi esse padrão em busca de novos saberes, sabores e estilos de vida.
Se naquela época da web 2.0 minha curiosidade ia ao encontro de profissionais que exploravam novos saberes no universo do marketing e branding, hoje minha curiosidade está expandida para entender um pouco mais sobre a grandeza da vida e do autoconhecimento. Continuo lendo newsletter e livros de pessoas incríveis só que as que me fazem olhar pra dentro, entender meus medos e desejos e ter um estilo de vida mais congruente com quem eu sou hoje.
Permitir que diferentes leituras me conduzem tem sido uma experiência enriquecedora de troca. Notei que, quando compartilho sobre o meu momento, sobre o sabático e os desafios enfrentados, as pessoas me recomendam leituras que já as ajudaram a atravessar por jornadas parecidas. Recomendações que vieram de pessoas que conheci esse ano, inclusive. Parece até que o sabático me ajudou a atrair pessoas verdadeiramente bem intencionadas. Se não compartilharam algum livro, dividiram comigo suas experiências quando passaram por crises. Descobri muitos autores, autoras e pessoas que mudaram completamente a forma de olhar pra mim.
Outra coisa que me ajuda a desbravar e descobrir é que novas leituras me conectam com outras novas leituras.Pode parecer óbvio, mas, com a mente exaurida, percebi que lentamente me fechei para as novas experiências e novidades que sempre adorei.
Me conectar genuinamente com a história do outro como via de inspiração, escuta ativa e aprendizado.
Permitir que a curiosidade guiasse meus momentos de ócio criativo.
Exercitar a criatividade de diversas formas, desde sair para caminhar até desenvolver um novo hobby.
As novas leituras me ajudaram enxergar a importância de nutrir o quê me empolga. No entusiasmo, o prazer se faz presente e a curiosidade direciona meus passos. Ao entender que o sabático não é sobre performance ou produtividade, parece que naturalmente passei a focar ainda mais no que era novo, intrigante e divertido.
Ler se tornou uma atividade diária para descobrir novas formas de enxergar a vida através da perspectiva do outro nos momentos de solitude. Na minha cidade, me sentia isolado às vezes para conversar sobre temas que claramente não tinha interesse mútuo. Aos poucos, descobri que estar sozinho com minha leitura era mais prazeroso e interessante do que estar acompanhado em alguns casos. Foi a leitura que deu gatilhos para ir atrás de novos interesses, sabe?
Não estou dizendo que as relações sociais foram negativas. Me considero extrovertido, comunicativo e sociável. Quero destacar que meu momento pedia solitude para entender como poderia me cuidar melhor. Era também que evitava trazer um assunto relacionado ao sabático para quem estava em outra fase da vida.
Inclusive, aprendi sobre solitude com a minha parceira no podcast que iniciamos juntos, a Adri Quintas. Com o objetivo de evitar que as pessoas fritem, no Modo Avião podcast, nós dois mais o Igor Matsuchita, entrevistamos pessoas que passaram por sabático, burnout ou encontraram uma forma de trabalhar equilibrando bem a vida.
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De forma surpreendente, a leitura diária é o meu momento preferencialmente na calmaria da manhã. É como se fosse um date comigo mesmo para me reenergizar e inspirar, com pouco ruído e bastante poder de foco, me conectando com meus sentimentos e pensamentos.
Houve páginas que me trouxeram tristezas. Outras me lembraram de memórias felizes. Ler é o espaço no meu dia para colocar meus sentimentos sobre a mesa, me ajudando a entender quem eu sou intimamente. É bem o efeito que o Ofurô proporciona, sabe? Te desconecta do trabalho, traz bem-estar através de um momento de solitude e calma.
Alguns dos livros que auxiliaram nessa etapa do sabático:
"Essencialismo: A disciplinada busca por menos" de George McKeown. Transformador. Minimalismo já era, de certa forma, minha filosofia de vida. Contudo, "Menos é Melhor", proposta central do livro como estilo de vida, foi uma descoberta. Diferente de ser uma técnica de produtividade, o livro fala sobre identificar o que é essencial e eliminar o resto, enxergando o tempo como o valor mais precioso da vida e mantendo o foco em nossos objetivos ao praticar essa filosofia nos momentos de trabalho, socialização e relação familiar.
"Como curar sua vida" de Nicole LePera: a psicóloga Nicole Le Pera compartilha sua metodologia para superar traumas de infância e experiências desafiadoras através de histórias pessoais e oferece ferramentas que ajudaram a entender e reverter comportamentos indesejados em exercícios diários saudáveis, promovendo atividades que trazem felicidade e senso de suficiência.
"O Amor como Revolução" de Henrique Vieira: mesmo não sendo religioso, a visão sobre amor do Pastor Henrique Vieira é brilhante e admirável. Por ser um sentimento e uma busca tão essencial em nossas vidas, entender amor como gestos pequenos e cotidianos abriu canais de autoaceitação que se encaixaram no meu sabático. Não permita que o título de pastor o afaste; Henrique Vieira proporciona uma visão de amor como revolução extremamente poderosa e praticável.
"O caminho do artista: Desperte o seu potencial criativo e rompa seus bloqueios" de Julia Cameron: me tirou da inércia da escrita e inspirou-me a observar cada oportunidade criativa que a vida oferece com curiosidade. Se hoje escrevo diariamente, é graças a esse livro. Se minha vida é mais criativa, é graças a Julia Cameron. A versão impressa, presente de minha esposa, eu recomendo para realizar os exercícios presentes em todos os capítulos.
Recomendo esses livros de coração, especialmente se você está em um momento de autocuidado. Sou eternamente grato às pessoas que me indicaram: Arthur Calefe, Adri Quintas, Igor Matsuchita e Carol Marques. O mínimo que faço é passá-los adiante. Espero que te ajudem no seu momento.
No próximo texto, vou falar mais sobre a terceira ferramenta: ócio criativo. Ele me ajudou a contemplar os processos da vida e a compreender o verdadeiro significado do sabático para mim.
Que seja lindo. Tamojunto!
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