OJB EDIÇÃO 07 - ANO 2024

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ANO CXXIII EDIÇÃO 07 DOMINGO, 18.02.2024

R$ 3.60 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

FUNDADO EM 1901

Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

Capacitação de líderes em Pernambuco

“SOS Caxias” ajuda Cruzando o Brasil vítimas do último temporal Caravana da Convenção

Uma década de incentivo a missões

Igreja Batista Emanuel em Caruaru, no Agreste, realiza I Simpósio de Liderança

Campanha da Associação Batista Caxiense - RJ arrecadou doações para famílias afetadas

Projeto do Seminário Teológico Batista do Norte leva alunos para viagens missionárias na região

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Batista Piauiense atravessa dias de estrada para a 103ª Assembleia da CBB

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Notícias do Brasil Batista

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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 18/02/24

EDITORIAL

100 vezes UFMBB na Assembleia da Convenção Batista Brasileira A diversidade do Brasil Batista se encontrou na 100ª Assembleia da União Feminina Missionária Batista do Brasil (UFMBB). Mulheres de todos os cantos do nosso país continental se reuniram, no dia 24 de janeiro, numa celebração de unidade e congraçamen-

to. Mais de mil irmãs foram até Foz do Iguaçu - PR partilhar deste tempo! Cada participação na Assembleia trouxe momentos de alegria e reflexão. Belas mensagens inspiraram as mulheres Batistas a seguirem vivendo o verdadeiro amor onde estivermos.

Nesta edição de O Jornal Batista, seguimos com destaques do que aconteceu na 103ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira (CBB) e a chamada Semana Batista. Desta vez, como iniciamos este Editorial, o destaque vai para a nossa UFMBB, que

realizou o seu 100° encontro em nossas assembleias. Por isso, a capa desta edição enfatiza esse momento histórico, não só para as mulheres Batistas, mas toda a denominação. Nas páginas 08 e 09, você confere a matéria completa. n

( ) Impresso - 160,00 ( ) Digital - 80,00

O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO Estevão Júlio Cesario Roza (Reg. Profissional - MTB 0040247/RJ) CONSELHO EDITORIAL Francisco Bonato Pereira; Guilherme Gimenez; Othon Ávila; Sandra Natividade

INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB

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FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Hilquias da Anunciação Paim DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza

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Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA


REFLEXÃO

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DICAS DA IGREJA LEGAL

Fundamentos da legalização e estatuto eclesiástico (5) Jonatas Nascimento O leitor já deve ter percebido aqui uma mudança de linguagem. Como estava previsto, um dia eu haveria de “elevar o sarrafo”, produzir um conteúdo mais técnico, mais consistente e, principalmente, com abordagens ainda não conhecidas de muitos. Trata-se de um trabalho produzido a quatro mãos, fruto de uma parceria com o operador de Direito Fernando Gammino, detentor de vasta experiência em temas ligados a imunidades tributárias dos templos de qualquer culto. Juntos, produzimos a obra Nova Cartilha da Igreja Legal, com 445 páginas, que temos publicado em forma de fragmentos nesta coluna. A finalidade da Igreja é a PESCA Pode não parecer, mas estamos cobrindo os principais pontos que devem constar no estatuto de uma Igreja. Já falamos da denominação – o nome da Igreja, dos cuidados que são necessários na escolha da sede e das filiais, com ou sem CNPJ. O próximo requisito essencial a toda Igreja é a definição do seu objeto organizacional, das suas finalidades. Nós costumamos dizer que o objeto principal de toda Igreja evangélica pode ser resumido no acrônimo PESCA: Proclamação da Palavra; Ensino; Serviço; Comunhão e Adoração. Portanto, o objeto organizacional principal da maioria das Igrejas cristãs prevê a PESCA ou disposições parecidas. Na comunidade da Cartilha da Igreja Legal, você vai encontrar modelos de cláusulas estatutárias ainda mais variadas do que as contidas nos modelos presentes neste livro para poder se inspirar. As Atividades Secundárias da Organização Religiosa Como vimos, a PESCA, ou algo bem parecido, costuma ser o objeto principal das organizações religiosas cristãs. Só que as Igrejas não dedicam 100% do seu tempo em

atividades espirituais. Há atividades seculares que são comumente desenvolvidas pelas Igrejas e que devem ser tratadas no estatuto como objetos secundários. Para fins didáticos, vamos separá-los em dois grupos de atividades secundárias. De um lado, temos objetos secundários semelhantes aos das Organizações da Sociedade Civil (OSC). Do outro lado, temos objetos secundários compatíveis com práticas empresariais. A maioria dos líderes com quem conversamos recebem essa novidade com um estranhamento inicial. Pedimos a gentileza de não nos julgar rapidamente. Vamos tornar o assunto bem palatável. Objetos Secundários Típicos das OSC’s: a PESCA no Mar (SEA) As Igrejas sempre tiveram o seu braço estendido para as camadas menos favorecidas, sempre possuíram um papel relevante na educação e na saúde da população, e sempre se engajaram em causas socialmente relevantes. Historicamente, essas questões são tão intrínsecas às Igrejas quanto às atividades de cunho espiritual representadas no acrônimo PESCA: Proclamação da Palavra, Ensino, Serviço, Comunhão e Adoração. Foi a partir da Constituição alemã de 1919, conhecida como Constituição de Weimar, que o Estado começou a querer se intrometer em todos os setores sociais. Muitos intelectuais vibram afirmando que a Constituição de Weimar marca o declínio do Estado Liberal do século XVIII e o início do Estado Social do século XX. Desde então, o Estado começou a competir com as ordens religiosas pela primazia na prestação de serviços educacionais, de saúde e na boa e velha caridade, rebatizada como assistência social. A coisa chegou a tal ponto, que, hoje, os valores foram totalmente invertidos. Do primeiro quarto do século XX para cá, o Estado cresceu tanto quanto o Leviatã. Virou um monstro glutão, de-

sengonçado e que gasta muita energia à toa. É ciumento e acha que deve tudo controlar, da curvatura dos pepinos que podem ser vendidos aos valores dos seus filhos. Atividades que eram tão identificadas com as Igrejas quanto salvar almas começaram a ser vistas como um direito de todos e uma obrigação do Estado. Essa mentalidade vem justificando sucessivos aumentos de impostos. Coloca-se mais dinheiro na mão de políticos e de uma casta de servidores públicos, que promovem o agigantamento da máquina estatal, com o slogan de que tudo se justifica pelo social. Isso criou incentivos para que o Estado passasse a competir com as Igrejas em diversos setores sociais. Se a contrapartida do Estadia laico era a garantia da liberdade religiosa, hoje já vemos juízes relativizarem a liberdade religiosa e mandarem Igrejas fecharem as portas sob os mais diversos pretextos. O interessante é que o Estado não compete com as Igrejas apenas de forma direta. Ele também compete de forma indireta. O terceiro setor não religioso, em grande medida, é alimentado por verbas públicas. As maiores OSC’s do mundo, se fossem um país, seriam o 5º país mais rico. Em muitos casos, a maior parte do dinheiro delas é gasto na manutenção da sua folha de salários e verbas publicitárias. É a menor parte que chega até os assistidos. Notem que não estamos falando que não existem OSC’s sérias e que fazem um grande trabalho. Estamos apenas retirando aquela aura de que é um ambiente repleto de pessoas santas, desinteressadas e voluntárias, que defendem grandes causas para fazer do mundo um lugar melhor. Apesar de todo o discurso dos ursinhos carinhosos, é um setor tão conflagrado e conturbado quanto todos os outros formados por homens falíveis e pecadores. Sem os valores cristãos, o terceiro setor não religioso tende a apoiar agendas que buscam reescrever e empurrar a história, criando ou aprofundando

ressentimentos, deteriorando valores da família tradicional, promovendo a legalização de entorpecentes, e tudo o mais que se vê em programas como o da Fátima Bernardes. Só que o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil abriu um flanco para que as Igrejas retomem o seu importante papel nas áreas de saúde, educação e caridade, inclusive disputando recursos públicos com as outras OSC’s que frequentam o programa da Fátima. A operacionalização dessa questão será tratada mais adiante, de modo que não vamos entrar aqui em detalhes. Há muitos líderes que acham que as Igrejas devem se manter o mais afastado possível do Estado e do dinheiro que vem dos pagadores de impostos. Essa é uma posição perfeitamente respeitável e não cabe a nós julgarmos. O importante, nesse momento em que tratamos dos objetivos descritos para a sua Igreja no estatuto, é você saber que pode inserir objetivos secundários além da PESCA. Eles seriam compatíveis com o terceiro setor não religioso, sem risco de perda da imunidade tributária. Para ficar mais fácil de gravar os objetos organizacionais compatíveis com o terceiro setor não religioso, vamos recorrer a um novo acrônimo: SEA - Saúde, Educação e Assistência Social. Esses três pontos podem constar do estatuto das organizações religiosas sem nenhum risco de fazê-las perder as imunidades tributárias. A Igreja nem precisa exercê-los e pode decidir depois se vai ou não disputar verbas públicas que provavelmente parariam nas mãos de setores antirreligiosos. Por ora, o importante é considerar a inclusão de cláusulas que prevejam esses objetos secundários típicos das OSC’s. n Jonatas Nascimento, diácono. Coautor da obra Nova Cartilha da Igreja Legal. WhatsApp: (21) 99247-1227. E-mail: jonatasdesouzanascimento@ gmail.com


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REFLEXÃO

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Olavo Feijó

A voz envelhece? Kátia Figueiredo

professora no curso de Música do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil

Sim. E apesar de algumas vozes terem características de envelhecimento precoce, existem exercícios e práticas na técnica vocal que amenizam o processo do desgaste natural do mecanismo vocal. Assim como todo o corpo, a voz também passa por transições e modificações conforme os anos de vida, e tudo depende de como ela é usada e tratada (saúde vocal). Essas alterações são diferentes entre homens e mulheres, variam de acordo com a idade e implicam se há hábitos de prática de exercícios vocais corretos. Quando não há cuidados com a voz, ela apresenta uma antecipação

pastor & professor de Psicologia

Administradores do Senhor

de desgaste, caracterizado por: can“Porém, respondendo Pedro e saço, rouquidão permanente, falha ou os apóstolos, disseram: Mais imquebra frequente na voz, som demaporta obedecer a Deus do que aos siadamente soproso, diminuição da homens” (At. 5.29). extensão vocal, Nosso mecanismo de voz é formaA Bíblia nos revela que somos do por músculos e cartilagens. Com criados “à imagem e semelhança o passar dos anos, o tônus muscular de Deus” (Gênesis 1.26). Esta afirdiminui e as cartilagens enrijecem. Asmação, obviamente, não deve sigsim, o movimento na produção do som nificar que Jeová deva ser reduzido vai se tornando menos amplo e alongaàs nossas dimensões humanas. A do. Isto acontece com mais percepção mensagem do texto das Escrituras a partir dos 60 anos. Nos homens, o declara: “Agora, vamos fazer os seresultado sonoro é uma pequena perda res humanos, que serão como Nós, nos graves, e nas mulheres, a perda que se parecerão Conosco [...]. Eles é nos agudos. Outras características terão poder sobre os peixes, sobre as desse processo são: diminuição do controle respiratório, postura, aparecimento de trêmulo vocal ou excesso e ampliação da frequência no vibrato ral, não há com o que se preocupar se houver prática de exercícios vocais vocal, entre outras. Mesmo sendo um decurso natu- adequados e atividades que cuidam

aves, sobre os animais domésticos e selvagens e sobre os animais que se arrastam sobre o chão. Assim, Deus criou os seres humanos: Ele os criou parecidos com Deus” (Gn 1.27). A função dos humanos, na sua relação com o planeta, deve ser vista como a de um administrador: nossa postura de gerentes significa submissão aos propósitos do Dono do universo. Não faltam, na narrativa bíblica, instruções que nos norteiem detalhadamente: quanto mais o roteiro das Escrituras é seguido, mais nossa vida terrena é abençoada e produtiva.

da saúde em geral. Ocorrerá uma diminuição na extensão vocal, porém, a voz permanecerá com qualidade. n

O batismo e a Ceia do Senhor Marinaldo Lima

pastor, colaborador de OJB

As duas ordenanças deixadas por Jesus Cristo Foram o batismo dos salvos e a Ceia do Senhor. Até a Sua volta a Igreja vai cumpri-las Com toda obediência e o mais santo temor. Quando o ser humano se arrepende do mal, Deixa o pecado e experimenta a redenção, Recebe o Espírito Santo em sua vida E passa a buscar a plena santificação. Pois todo aquele que se rende ao Senhor Começa a transformar-se e nova criatura é. As coisas velhas ficam todas para trás E tudo se faz novo; passa a viver por fé.

Esta transformação é demonstrada no batismo, Feito na água e sob a forma de imersão. Testemunho público de que o crente sincero Interiormente já passou pela conversão.

Ao tomarmos o vinho, estamos recordando Que o sangue de Jesus foi derramado na cruz. Sangue precioso que veio nos purificar, Trazendo-nos das trevas para a bendita luz.

O crente batizado torna-se membro da Igreja, Com direitos e deveres e em plena comunhão. Pode participar da Ceia do Senhor Jesus; Alegremente compartilha do vinho e do pão.

O batismo e a Ceia tornam-se oportunidades De pregarmos o Evangelho ao pobre pecador, Lembrando que Jesus morreu para salvá-lo; Deu esta prova do mais excelso amor.

A Ceia do Senhor não tem sentido mágico; Não dá poder ao crente ou uma graça especial. Deve ser praticada como Jesus nos ensinou: Até a sua volta e como um memorial.

Ele tem poder sobre a vida e a morte E ao terceiro dia houve a ressurreição. Jesus voltou ao céu e deixou a sua Igreja Com a responsabilidade da Grande Comissão.

Na Ceia do Senhor nós trazemos à lembrança Que o seu corpo foi crucificado por nós. Ao comermos o pão nós estamos proclamando Que, para nos salvar, teve morte tão atroz.

Para participarmos da Ceia do Senhor, Devemos examinar a nossa consciência. Estando em comunhão com Deus e os irmãos, Participemos com alegria, ordem e decência. n


REFLEXÃO

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A força de Deus e a fraqueza dos homens Carlos Elias de Souza Santos

pastor da Primeira Igreja Batista em Campo Grande - RJ (extraído do site www.adiberj.com.br)

“[...] A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. [...] quando sou fraco, então, é que sou forte.” (II Co 12.9,10) Quem nunca atravessou tempos difíceis, quando se sentiu fraco ou incapaz de fazer alguma coisa? Existem várias situações que podem nos fazer sentir assim: pode ser um problema na família, no trabalho, com a esposa, com o marido…. Ninguém se sente forte sempre. Às vezes, é aquele dia em que você precisa trabalhar e está tão cansado que não sabe de onde tirar forças para fazer o que precisa ser feito. Bem lá no fundo, o que temos dentro de nós é um sentimento de incapacidade, porque não conseguimos fazer o que precisa ser feito. Já parou para pensar na realidade de que, quando você se sente assim, Deus pode estar tornando você ainda

mais forte? O apóstolo Paulo disse: Quando sou fraco é que sou forte. Sabemos que Deus não Se agrada em ver os Seus filhos sofrerem. A Bíblia diz que o Senhor Se alegra em dar boas coisas aos Seus filhos (Mateus 7.11). Todavia, algumas vezes, Ele mesmo permite situações difíceis para que o nosso coração seja guardado da soberba (II Coríntios 12.7). Todas as vezes em que Paulo era tentado a se exaltar, ele olhava para o espinho na carne e se lembrava de que era só um homem cheio de limitações, que dependia 100% de Deus. Não sabemos ao certo o que era esse espinho, mas sabemos o propósito pelo qual o Senhor o permitiu: proteger o coração de Paulo da altivez. Os tempos difíceis na vida do apóstolo sempre o fizeram lembrar do que Deus lhe havia ensinado: “o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. O que Paulo estava aprendendo aqui é que, na nossa fraqueza, Deus manifesta a Sua força. É quando falamos: “Senhor, eu não posso, eu não consigo mais”, que Ele vem, assume o controle e diz:

“Deixa comigo”. Isso te faz forte. Porque já não é mais a sua força, é a força de Deus na sua vida. E Paulo entendeu esse princípio. Se você vive a fazer as coisas na força do seu braço, uma hora o seu limite vai chegar, você não vai conseguir mais, vai jogar a toalha. Agora, quando andamos na força de Deus, não há limites para aquilo que podemos experimentar. Deus quer assumir o controle da sua casa, família, casamento, trabalho; quer liderar seu Pequeno Grupo Multiplicador, aperfeiçoar sua fé, revelar o Seu poder em meio à fraqueza. A força de qualquer homem está no fato dele reconhecer e aceitar a suficiência deste ensino: a minha graça te basta. No versículo 8, a Bíblia continua a dizer que Paulo orou três vezes a Deus pedindo para remover esse espinho. No começo do verso 9, o Senhor dá uma resposta para ele: “Então, Ele me disse: A minha graça te basta”. Você consegue imaginar esta situação? Paulo certamente sofria o com o

espinho na carne. Então, ele ora uma vez e nada, ora duas vezes e nada, ora três vezes. Na terceira vez, o Senhor responde. O que você acha que Paulo queria? Queria que Deus removesse o espinho. E o que foi que o Senhor respondeu? “A minha graça te basta”. Em outras palavras, Deus não respondeu do jeito que Paulo esperava. E isso é algo que precisamos compreender. Nem sempre Deus vai responder do jeito que esperamos. Alguns obstáculos precisam ser removidos da nossa vida, outros obstáculos precisam ser vencidos. Muita coisa na nossa vida o Senhor vai remover do nosso caminho e outras tantas Ele vai nos fortalecer para enfrentar. É isso o que Ele está dizendo para Paulo aqui: a minha graça te basta. Ou seja: o meu favor é contigo. Tempos difíceis acabam por revelar a fraqueza humana, mas acabam por revelar também a graça de Deus, que nos fortalece a cada dia. Através da graça de Deus, conhecemos pessoas fortes e capacitadas por Ele para enfrentar todo tipo de adversidade. Que Deus nos abençoe! n

A noite escura da alma (Salmos 42) José Manuel Monteiro Jr. pastor, colaborador de OJB

Antes de alguém pensar que o título de nossa reflexão é uma expressão racista, quero dizer que “a noite escura da alma” é um poema do frade carmelita João da Cruz, um dos maiores poetas espanhóis do século XVI. O que é a noite escura retratada no poema? É o deserto árido que atormenta as pessoas que se dedicam com afinco e seriedade às práticas religiosas. Quando lemos o salmo 42, escrito pelos filhos de Corá (músicos do templo), vemos retratado o anelo profundo da alma de um adorador privado do santuário e do culto congregacional. O comentarista Warren Wiersbie diz: “Fica claro que o autor era um levita exilado no meio dos gentios que o oprimiam e questionavam sua fé” (v.3). Para o salmista, essa foi a sua noite escura da alma. Ele sentia Deus ausente e, por isso, abre o salmo com a declaração de que sua alma suspirava por Deus. Spurgeon diz que “este salmo é a voz de um crente espiritual, sob tristeza, desejando ardentemente a renovação da presença divina, lutando com dúvidas e medos”.

O que acontece quando nos deixamos levar pelo pensamento que Deus está ausente? Começamos a viver um ciclo de lágrimas (v.3). Vemos essa realidade na vida do salmista. Ele passou a viver do choro e a se alimentar dele. É o processo de retroalimentação da agonia e tristeza. Ele era oprimido e chorava, se deprimia; porque se deprimia, chorava; poque chorava, se deprimia. A grande questão é que, se tirarmos Deus da equação da vida, ela se tornará um fardo muito grande. O que fazer quando enfrentamos a noite escura da alma? O salmista nos dá algumas respostas. Em primeiro lugar, anseie pelo Senhor (v.1). Aqui, o salmista revela seu profundo anseio pela presença de Deus. Ele sabe que a única forma de ter saciedade é estar diante do Senhor. É interessante observar que o autor não buscava bem-estar, não desejava honra, só o prazer da comunhão com Deus. Ele tem sede, não de prosperidade e riqueza, saúde e sucesso, mas de Deus, a quem ele denomina Deus vivo, dono de sua vida, e ele não poderia viver sem o Senhor. Em segundo lugar, afirme a sua alma que o auxílio de Deus é certo

(v.11). É justamente quando nossa alma está abatida, mergulhada em grande tristeza e dor, é que colocamos em xeque a bondade do Pai e, consequentemente, não conseguimos adorá-Lo. O que o salmista faz é dizer a sua alma que ele esperaria no Senhor, pois Ele seria o seu auxílio. Com isso, reafirma que a ajuda do Pai é certa e no momento oportuno. Deus não se esqueceu de você, de mim, de nós. A nossa causa está bem viva no coração dEle. Confronte a sua alma e espere pelo socorro e livramento celestial. O escritor do salmo diz que ainda louvaria o Criador. O escritor Caio Fábio diz: “Enquanto houver um ainda na vida, está tudo bem; enquanto você puder colocar um ainda no meio das frases, das conjugações, da sua linguagem, da sua existência – está tudo muito bem. Ainda virá o socorro; ainda vira o livramento; ainda nascerá a salvação”. Em terceiro lugar, questione as razões do abatimento de sua alma (v.5). Aqui, o salmista se entrega a um solilóquio, uma conversa diante do espelho, questionando a si mesmo acerca das razões do abatimento de sua alma. A primeira coisa a se fazer quando parece que Deus está indisponível aos nossos

olhos é perguntar à alma a razão dela estar azeda e cheia de amargura, cheia de autopiedade. A cura para a alma passa pelo diagnóstico correto. Não existe a possibilidade de cura sem que antes se descubra as causas da doença. Em último lugar, não alimente em seu coração palavras destrutivas (v.10). A crise do salmista está aprofundada pela atitude e pelas palavras de seus oponentes, que escarneciam dele continuamente e colocavam em xeque o amor e a bondade de Deus, ao dizerem: “o teu Deus, onde está?”. Para os seus inimigos, Deus havia se afastado dele. Eles sugerem que Deus é incapaz de socorrê-lo. As palavras têm poder. Tanto os melhores quanto os piores momentos que tivemos na vida estiveram, de uma forma ou de outra, relacionados com palavras que foram ditas. O salmista estava sofrendo por conta das palavras destrutivas de seus adversários. Por isso, é importante agasalharmos em nosso coração a premissa de que não devemos alimentar nossa alma com palavras destrutivas. Hernandes Dias Lopes diz: “A língua corta mais fundo do que uma faca afiada e chega até os ossos”. n


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 18/02/24 VIDA EM FAMÍLIA

Cães e crianças Foi publicada na Veja, em 10 de junho de 2015: “Pesquisa do IBGE revela que, no Brasil, o número de famílias que criam cachorros já é maior do que o de famílias que têm crianças”. Enquanto a população de crianças deve continuar a encolher no Brasil, a de cães seguirá se multiplicando. Em 2013, pesquisas mostraram que existiam em lares brasileiros 52 milhões. Já no mesmo ano, o número de crianças era de 45 milhões. Para 2020, as projeções mostram queda no número de crianças (41 milhões). Já a de cães, baterão na casa dos 71 milhões! O Brasil está em segundo lugar no ranking de países com mais cachorros em casa. Quando o quesito é gatos, também está em segundo lugar. O mesmo acontece na área do mercado dos pets. É triste, mas é verdade.

Em muitos casos, é gritante o exagero. Uma pessoa que participou da reportagem da Veja tem seis cães. Gasta, por ano, R$ 3 mil com vacina, R$ 2 mil nos equipamentos para dar banho e fazer a tosa, além de R$ 380 mensais mensais com comida e petiscos. A região Sul, em termos percentuais, é a que mais concentra caninos e felinos nos lares. Está provado que os animais podem ajudar humanos a terem uma vida mais feliz. Idosos que convivem com animais são mais otimistas, por exemplo. Mas essa reportagem traz preocupação em vários aspectos. Cães, por exemplo, não vão suprir a necessidade de reposição da população humana, tão necessária para se manter o equilíbrio demográfico. Toda sociedade precisa desta bendita reposição, seja para manter a produtividade, como para dar à economia o

equilíbrio. Com o envelhecimento da população, é preocupante, por exemplo, a questão da manutenção da aposentadoria daqueles que já não podem mais produzir. Do ponto de vista psicológico, estes dados apontam para algo alarmante. Como ter cães dá menos trabalho, precisa de menos tempo para serem cuidados e são condicionados em seus comportamentos, é mais fácil tê-los. Crianças, por sua vez, requerem trabalho, despesas, tempo e envolvimento emocional por parte dos pais para crescerem de forma saudável e ajustadas. Como os adultos estão mais voltados para suas carreiras e desejos egoístas, preferem os caninos e bichanos para preencherem seus tanques emocionais. Cães, com certeza, correspondem ao afeto dado pelos seus donos. Por isso, tê-los é uma forma de substitui-

ção e preenchimento desta necessidade humana. O exemplo é exagerado, mas o que poderia ser feito com R$ 10 mil por ano? Tomando o exemplo da pessoa entrevistada pela Veja que gasta tudo aquilo com vacinas, tosas e alimentação. Do ponto de vista teológico, não preciso escrever muita coisa. A ordem de Deus para os casais é terem filhos, não cães e gatos. Muitos cristãos têm cães e gatos em suas casas. Se os tem, devem cuidar adequadamente, mas precisam repensar as prioridades, o mandato bíblico e as implicações no futuro das decisões tomadas hoje. n

a leitura! Quantas Igrejas têm deixado de lado as escolas bíblicas? Ademais, nossos cultos têm parecido mais com shows do que com ambientes educativos. Isso sem falar que atividades como cultos domésticos estão praticamente extintas em muitas localidades. A leitura de devocionais também deve ser incentivada nas famílias e nos templos. Mais do que nunca, devemos desenvolver “uma visão maior do que a gente mesmo”. Embora contrastando com o cenário de muitos lares e Igrejas, as palavras do novo presidente da CBB servem como uma luva para

o momento hodierno. Precisamos sucumbir nosso ego para que Cristo seja formado em nós. Lembremo-nos do chamado do Mestre: “Jesus dizia a todos: ‘Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me’” (Lc 9.23). A negação ao “si-mesmo” depende do ato de carregar a cruz. Lançar-se ao amor do Crucificado é doar-se pelo Reino de Deus. Batistas brasileiros, vamos semear a boa semente da Palavra - embora com lágrimas -, pois certamente segaremos com alegria. A próxima geração precisa de nós. n

Gilson Bifano, escritor e palestrante na área de casamento e família, coach de casais e famílias gilsonbifano@ministeriooikos.org.br

“A gente aprende a ter uma visão maior do que a gente mesmo” Jénerson Alves

professor, poeta e membro da Igreja Batista Emanuel em Caruaru - PE

As palavras que intitulam este artigo foram proferidas pelo pastor Paschoal Piragine Jr., na 103ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira (CBB). A frase fez parte de seu primeiro discurso como presidente da instituição e, certamente, gerou um impacto no meio da denominação. Afirmo isso porque tais palavras provocaram muita reflexão em mim e na Igreja local onde, pela graça de Deus, faço parte.

Em meio a uma sociedade cada vez mais hedonista, materialista e líquida, aprender a ter “uma visão maior do que a gente mesmo” é nadar contra a maré. A família precisa ser o principal fomentador desta ótica. Famílias fortalecidas nos valores do Reino são capazes de transformar cenários. Entretanto, vemos uma geração que está dando as costas para os princípios cristãos. Para se ter uma ideia, uma pesquisa realizada pela American Bible Society mostrou que a leitura da Bíblia caiu 39% nos Estados Unidos em 2022. Imagine a realidade brasileira, um país que, culturalmente, tende a dispensar


MISSÕES NACIONAIS

O JORNAL BATISTA Domingo, 18/02/24

Missões Nacionais celebra frutos da obra missionária na 103ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira Mellina Tonon

Redação de Missões Nacionais

Durante a 103ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, entre os dias 24 e 27 de janeiro, em Foz do Iguaçu - PR, a equipe de Missões Nacionais vivenciou momentos muito especiais, celebrando algumas das incontáveis bênçãos de Deus. Na noite do dia 26, tivemos o comissionamento da 2ª Carreta Missionária, um sonho que se tornou realidade. Foi um privilégio receber tantos apoiadores desse trabalho dentro da nossa mais nova ferramenta missionária! Agora, já temos a 2ª Carreta percorrendo as estradas para promover novos sorrisos e levar o Evangelho que transforma até o Sertão do Brasil. Também nos emocionamos com os batismos dos acolhidos da Cristolândia. Pela graça de Deus, eles experimentaram a transformação do Evangelho, disseram “sim” para uma nova vida com Cristo e desceram às águas em uma linda noite missionária. Dois desses acolhidos foram os gêmeos Lucas e Matheus, resgatados das ruas na Mega Ação Jesus Transforma Cracolândia São Paulo, realizada em novembro do último ano. Louvado seja Deus! Não podemos deixar de lembrar dos momentos de homenagens a tantos irmãos e irmãs que têm empenhado suas vidas para que a

A 2ª Carreta Missionária foi oficialmente comissionada durante a Semana Batista Palavra de Deus seja conhecida em nossa nação. O casal norte-americano Wendy Michelle e Donald Stanley, por exemplo, está retornando para a sua Pátria, após 20 anos de dedicação à obra missionária aqui no Brasil. Somos gratos ao Senhor por tantos missionários que trabalham incessantemente no cumprimento da missão! Deus tem feito maravilhas em nosso país e agradecemos o privilégio de participar de tantas bênçãos. Juntos, em nome de Jesus, continuaremos servindo com alegria e gratidão, anunciando pelos quatro cantos do Brasil que só Jesus transforma! n

Noite Missionária de Missões Nacionais também oficializou a conversão de irmãos da Cristolândia

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Igreja Batista Emanuel em Caruaru-PE realiza I Simpósio de Liderança Outras atividades similares acontecerão ao longo do tempo. Jénerson Alves

professor, poeta e membro da Igreja Batista Emanuel em Caruaru - PE

Com o tema “A importância do pensamento coletivo para edificação da Igreja local”, a Igreja Batista Emanuel em Caruaru - PE (Ibec) realizou o I Simpósio de Liderança, das 8h às 12h do dia 27 de janeiro. Na ocasião, o pastor Silvio Lima, da Primeira Igreja Batista em Taquaritinga do Norte - PE, ministrou uma palestra baseada no Evangelho de Lucas, capítulo 5, dos versículos 1 a 11. Lima, que também é presidente da Associação das Igrejas Batista do Agreste (Assobagre), destacou o que é um líder e quais os principais fatores que devem ser levados em consideração para o exercício de uma liderança baseada

nos valores do Reino de Deus. Líder da Ibec, o pastor Marcos Santos ressaltou que este é o primeiro evento de uma série a ser implementada ao longo do tempo. “Entendemos que a Igreja é, também, um ambiente de capacitação das pessoas para o avanço da obra de proclamação e prática do Evangelho”, declarou. Além de contar com um número significativo de líderes da comunidade religiosa, o evento gratuito foi prestigiado por pastores de municípios circunvizinhos, a exemplo dos pastores Gilmar Farias, da Primeira Igreja Batista em Cachoeirinha - PE, e Marcelo Lieuthier, que faz parte da Igreja Batista Pinheirópolis, também em Caruaru. O presidente dos diáconos da Assobagre, Pedro Araújo, também participou da capacitação. n

Líderes Batistas pernambucanos tiveram momento de aperfeiçoamento

Associação Batista Caxiense - RJ promove campanha de arrecadação de donativos Campanha já beneficiou mais de 500 famílias em Caxias e Belford Roxo. Carlos Alberto dos Santos

pastor da Segunda Igreja Batista em Pilar, em Duque de Caxias - RJ; secretário-executivo da Associação Batista Caxiense

A população desabrigada pelas fortes chuvas que atingiram no mês passado as cidades de Duque de Caxias e Belford Roxo, na Baixada Fluminense, recebeu kits de alimentos, água mineral, kit higiênico, kit limpeza e roupas. Os alimentos foram arrecadados através do “SOS Caxias”, campanha criada pela Associação Batista Caxiense (ABC), com objetivo de arrecadar donativos para os caxienses e belforroxenses. Conforme a equipe de apoio da ABC, a campanha já beneficiou mais de 500 famílias. A distribuição de donativos priorizou as famílias mais atingidas pelas chuvas. Conforme dados da ABC, cerca de 4.708 litros de água mineral, 156 kits de materiais de limpeza, 493 kits de higiene pessoal, 419 kits de alimento e 28 unidades de fraldas descartáveis já foram distribuídos. “O armário de minha cozinha está vazio. Tenho que fazer esse sacrifício para alimentar meus filhos”, relatou a dona de casa Jeovana dos Santos, moradora do Pilar, em Duque de

Iniciativa da Associação Batista Caxiense - RJ alcançou centenas de famílias e milhares de pessoas com solidariedade Caxias - RJ, que perdeu tudo dentro de casa. Na comunidade do Lixão, a dona de casa Maria Irma, de 24 anos, relata que a família enfrenta dificuldades. “Só Jesus sabe da ‘precisão’ que minha família está passando em casa. Não posso ter vergonha de buscar a comida dos meus filhos. Hoje, o almoço será feito com esses alimentos”, desabafa.

Transparência Os parceiros envolvidos na campanha receberão a prestação de contas detalhada do trabalho de arrecadação e entrega de donativos. Gostaríamos de aproveitar a oportunidade para transmitir nossos sinceros agradecimentos pela sua doação à campanha SOS Caxias. A sua con-

tribuição nos ajudou a nos aproximarmos da nossa meta. Mais uma vez, obrigado pela generosidade, envolvimento e pelo apoio das Igrejas, pastores, empresários, anônimos (pessoas que não quiseram se identificar) etc. Somos um! É a operosa ABC servindo com excelência o nosso povo Batista caxiense e a nossa cidade! n


MISSÕES MUNDIAIS

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Unidades do PEPE fazem a diferença onde estão

Rosimeri Francisco

missionária de Missões Mundiais

Este mês, o Programa de Educação Pré-Escolar (PEPE) da Junta de Missões Mundiais comemorou o Dia do Voluntário e todas as unidades ficam sensíveis ao dia, pois é uma oportunidade para fazer atividades com a comunidade e a Igreja. Para isso, podem receber voluntários profissionais da área da saúde, da educação, da construção ou pessoas com o desejo de ajudar nas atividades diárias das crianças, explorando a criatividade com uma aula diferente. O PEPE de Burkina Fasso fez um lindo trabalho. A unidade Jonh Wesley do PEPE sensibilizou a comunidade, os alunos e as famílias das crianças com uma mobilização sobre a dengue. Eles fizeram uma palestra e falaram sobre o modo de transmissão, os sintomas e o tratamento, também como

prevenir a doença, que possui muitos sintomas semelhantes aos da malária. Aquela unidade se preocupa com a sua comunidade e está somando forças com o ministério da saúde e da higiene pública, porque o país luta contra esta doença. O PEPE no Togo realizou uma atividade mais interna com as crianças. A coordenadora nacional trabalhou em um dos projetos complementares do PEPE, a Nutrição, em parceria com a coordenadora da região do Norte do Togo. Ela fez um acompanhamento do peso e da altura das crianças para observar se estão de acordo com o crescimento e o peso adequados. O Norte do Togo é uma região completamente rural, onde a população depende da terra para sobreviver. Muitas vezes, o que as famílias plantam não tem a quantidade de nutrientes necessária para uma boa alimentação. Outra dificuldade também é a falta do

acesso à água potável. São fatores que fazem com que 24% das crianças com menos de cinco anos, na região Norte, sofram de desnutrição crônica, assim como 43% das crianças na região de Savanas. Diante destas porcentagens alarmantes, a coordenadora de região acompanha as crianças do Programa de Educação para observar se estão em desenvolvimento adequado. As unidades do PEPE têm feito a diferença na vida de milhares de crianças e famílias ao redor do mundo. Louvamos ao Senhor por sua parceria nessa missão! Ore pelas crianças das unidades do PEPE; pela diminuição dos casos de dengue em Burkina Faso; pelos missionários educadores; pelos coordenadores nacionais dos 32 países onde o PEPE atua; pela abertura de novos PEPEs; pela situação política do Senegal; pela vida da minha família; e pela minha vida.

Estamos em campanha! Missões Mundiais conta com a sua mobilização na campanha 2024: No poder do Espírito Santo, vamos completar a Missão. Contamos com o envolvimento de todas as Igrejas Batistas brasileiras para sinalizar o Reino de Deus ao redor do mundo. Por isso ore, oferte, vá e mobilize. Ore pelos missionários e líderes nos povos estrangeiros. Oferte para que a provisão possa chegar às crianças e adultos que vivem em vulnerabilidade ao redor do mundo. Vá conheça o Voluntários Sem Fronteiras e programe sua viagem: voluntarios@jmm.org.br Mobilize todo povo batista a fazer mais e melhor por missões. Vamos, juntos, Completar a Missão. Acesse: https://missoesmundiais. com/campanha2024/ n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

Joe Ellis Tarry: missionário pioneiro e visionário Pastor foi um dos primeiros missionários norte-americanos a pisar em solo mineiro. Kátia Brito

jornalista da Convenção Batista Mineira

Nesta semana, os Batistas mineiros se despedem do pastor Joe Ellis Tarry, que faleceu no dia 28 de janeiro. O pastor foi um dos primeiros missionários norte-americanos a pisar em solo mineiro e iniciar o trabalho pioneiro de evangelização e plantação de Igrejas Batistas no estado. No ano do centenário da Convenção Batista Mineira (CBM), o diretor-executivo, pastor Marcio Santos, acompanhado do diretor Geral da Rede Batista de Educação, professor Valseni Braga, foi até a casa do pastor Joe fazer a entrega da Medalha do Centenário. “Honramos a história do pastor Joe e a história que ele construiu junto aos Batistas mineiros. Foi um privilégio estar com ele pessoalmente e poder agradecer, em nome de todos os Batistas do estado, o seu amor, dedicação e pioneirismo em plantar Igrejas e também em contribuir com nossa educação teológica. Nos despedimos saudosos desse grande homem de Deus e agradecidos por ter sido tão abençoados pela sua vida. Que o Espírito Santo console o coração da família”, disse o pastor Marcio Santos. A história do pastor Joe com os Batistas mineiros começa em 1964, ainda nos Estados Unidos. Ele e a esposa, D. Leona, foram apresentados como missionários da Foreign (International) Mission Board - Junta de Richmond. O casal chegou ao Brasil em abril de

Os pastores Valseni Braga (à esquerda) e Marcio Santos (à direita) entregaram homenagem ao pastor Joe (ao centro) antes do norte-americano partir 1965. Depois de um ano estudando a língua portuguesa em Campinas - SP, o pastor foi convidado pela Convenção Batista Mineira para servir em Governador Valadares. O americano se mudou com Leona e seus filhos Carl, Jonathan e Charlotte para Governador Valadares, em 1966. Lá, pastoreou a 5ª Igreja Batista e, depois, assumiu a Congregação Batista da Ilha dos Araújos, que se reuniu por um tempo na sua casa. A Congregação conseguiu comprar um terreno no meio da ilha, onde foi organizada a 8ª Igreja Batista da Ilha dos Araújos. O pastor Joe foi um missionário pioneiro e visionário no Vale do Rio Doce e sempre procurou lugares onde não havia trabalho Batista, com o propósito de evangelizar e plantar uma Igreja. Assim foi plantada a Igreja Batista do Altinópolis, em Governador Valadares, a Igreja Batista de Virginópolis,

Gonzaga, entre outras. Ele usou vários métodos para alcançar os corações das pessoas, como: fazer amizades, pregar o Evangelho nas ruas, realizar estudos bíblicos nas penitenciárias e casas, transmitir filmes evangelísticos, entre outros meios. Em ocasiões especiais, também pregava usando giz colorido para ilustrar seu sermão e tocava o trompete. Joe Ellis era muito dedicado aos pastores e à necessidade de treinamento e estudo, especialmente para aqueles que não tinham a oportunidade para irem ao seminário. Era professor no Instituto Teológico Batista de Minas, junto com outros pastores e missionários: Bill Richardson e Jesse Kidd. Em 1977, Joe aceitou o convite do pastor Bittencourt para assumir a liderança na área de Mordomia na CBM e

levou a família Tarry para Belo Horizonte. Nesse tempo, também assumiu a Congregação Batista do Planalto, hoje Primeira Igreja Batista do Planalto. Sob a condução de Joe, a então Congregação plantou mais duas: 2ª Planalto e Santa Cruz. Depois de ser organizada, também plantou a Congregação em Serra Verde, entre outras. Viajou pelo estado de Minas Gerais promovendo a importância da mordomia financeira e também espiritual da Igreja e de cada membro. Ele usou o boneco “Joãozinho” para ser seu assistente e escreveu a letra e música “Eu Quero Ser Um Mordomo de Cristo” e vários livros sobre mordomia e crescimento espiritual. O trabalho com os homens também era querido pelo pastor. Ele ajudou a organizar o trabalho Batista dos Homens no estado de Minas, com a ajuda do senhor Gediel, entre outros homens. Pastor Joe e D. Leona se aposentaram no fim do ano de 1999 após servirem como missionários por 36 anos no estado de Minas Gerais. A Convenção Batista Mineira, na pessoa do seu presidente, pastor Sandro Ferreira, e do seu diretor-executivo, pastor Marcio Santos, louva a Deus por ter tido em seu hall de pastores e missionários um homem íntegro, servo e amável como o pastor Joe Ellis Tarry. Ele deixa sua marca única na história dos Batistas mineiros e deixará saudades no coração de todos. Que o Senhor abençoe toda a família e o Espírito Santo console os corações. n

Batistas do Piauí marcaram presença na 103ª Assembleia da CBB Caravana atravessou o Brasil para chegar ao encontro nacional. Rossi Sousa Matos

assessora de Comunicação da Convenção Batista Piauiense

A 103ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira (CBB) reuniu líderes e membros de Igrejas de todo o país em Foz do Iguaçu - PR, durante o período de 22 a 27 de janeiro de 2024. Com o tema “Vivamos o verdadeiro amor” e baseado na divisa “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13.35), o evento prometeu momentos de reflexão, adoração e comunhão.

Convenção Batista Piauiense Presente A Convenção Batista Piauiense marcou presença de forma notável na 103ª Assembleia. Irmãos de diversas Igrejas se juntaram em uma caravana que levou dois dias e meio do Piauí até o Paraná. O mesmo para o trajeto de volta. Todo esse empenho demonstra o compromisso e a unidade da denominação no estado A união entre irmãos abençoou os dias de viagem dentro do ônibus nordestino. Entre as Igrejas representadas estavam: Igreja Batista Alvorada, Igreja Ba- PIB Timon, Igreja Batista Monte Caste- ses fortaleceu os laços fraternais e tista Canaã, Igreja Batista Memorial lo, PIB Teresina. promoveu a troca de experiências e – Parnaíba, Igreja Batista Parque Pote, O encontro dessas Igrejas piauien- aprendizado entre os participantes. n


NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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Jorge Souza, ex-presidente da ADBB, é consagrado pastor em Recife – PE Mais de 50 pastores e 200 diáconos participaram da celebração.

Pastor Ronaldo Robson falou sobre as Boas Novas transformadoras, em culto de consagração de Jorge Souza Ronaldo Robson Luiz

pastor, doutor, coordenador Acadêmico do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil

A Igreja Batista em Campo Grande (IBCG), em Recife - PE, testemunhou um momento de profunda gratidão ao Senhor, no dia 03 de fevereiro. Foi a consagração ao ministério Pastoral do diácono Jorge Souza, ex-presidente da Associação dos Diáconos Batistas do Brasil (ADBB). Após 12 anos, 11 meses e 22 dias de fiel serviço a Deus através do ministério do serviço, agora

Pastor Neudes Gomes faz a entrega da Bíblia para o pastor Jorge Souza

se consagra ao pastoreado. Com a participação calorosa de mais de 50 pastores e 200 diáconos, com representantes da denominação Batista de Pernambuco, o evento foi uma celebração vibrante. Mesmo em tempos desafiadores, mais de 200 pessoas se uniram através do canal do YouTube, testemunhando o apoio e o alcance abrangente dessa importante ocasião. Destaca-se entre as lideranças presentes o ex-presidente da Convenção Batista Brasileira (CBB), pastor Hilquias Paim. A mensagem bíblica, ministrada

Jorge Souza fala as primeiras palavras como pastor oficializado

pelo pastor Ronaldo Robson, titular da IBCG e coordenador do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB), teve como tema “Transformados para Transformar”. Baseadas em Gálatas 2.17-20, suas palavras foram um guia edificante, direcionando o compromisso do pastor com o ministério e inspirando todos os presentes a buscar uma vida transformada em Cristo. No momento de consagração com imposição de mãos, conduzida pelo pastor Domingos Welby, professor do STBNB, a oração foi elevada em comunhão, consagrando o novo pastor para

o seu chamado. A entrega da Bíblia, símbolo da autoridade e da orientação divina, foi realizada pelo pastor Neudes Gomes, coordenador de missões da IBCG, representando o compromisso da Igreja em enviar e apoiar seus ministros. Foi um tempo gracioso, emocionante e inesquecível, em que cada momento glorificou a Deus. Que a jornada do agora pastor Jorge Souza seja marcada pela graça divina e pelo poder transformador do Evangelho, capacitando-o a continuar impactando vidas para o Reino de Deus. n

Projeto “Por amor a Missões”, do Seminário do Norte, completa 10 anos No período, 2.500 vocacionados foram contemplados.

Projeto idealizado pelo diácono Lyncoln Araújo leva os seminaristas ao trabalho missionário em cidades nordestinas Ronaldo Robson Luiz

pastor, doutor, coordenador Acadêmico do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil

O Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB) celebrou os 10 anos do projeto “Por Amor a Missões”, no último dia 05 de fevereiro.

Essa iniciativa missionária já promoveu 17 viagens missionárias, envolvendo 2.500 vocacionados e 20 cidades alcançadas no Nordeste brasileiro. Na oportunidade, o diácono Lyncoln Araújo foi homenageado como idealizador desse projeto. Na ocasião, também iniciamos o semestre letivo, recepcionando os

novos vocacionados, professores e funcionários. O orador da noite foi o missionário Sandro Rocha, coordenador da Junta de Missões Mundiais para o Norte e Nordeste, que trouxe o tema “Vamos completar a missão no poder do Espírito”. Em noite de celebração, agradecemos a Deus pela vida dos 50 irmãos

que foram instrumentalizados pelos cursos de férias realizados durante o último mês de janeiro. Só temos motivos para agradecer a Deus pela existência do nosso Seminário, que há 121 anos tem investido na vida de homens e mulheres vocacionados por Deus para o santo ministério. n


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PONTO DE VISTA

Um ano de oração

Jeferson Cristianini

pastor, colaborador de OJB

Um novo ano começou, e, assim, um novo ciclo se reinicia em nossa vida. Se Deus nos der vida, ao término de 2024, teremos vivido mais, acumulado mais experiencia e mais alguns dias de vida à nossa existência. Na virada de ano e no início do novo período, as pessoas costumam fazer planos e estabelecer metas, assim como rever nosso foco e agenda; estabelecem e renovam as prioridades e outros seguem a viver sem rumo e sem direção. Pensar como viveremos os dias que Deus nos dará mostra sabedoria e dependência. Sabemos que “o amanhã” e o futuro está nas mãos de Deus, mas colocamos diante do Senhor nossos planos e sonhos (cf. Provérbios 16.1/ Mateus 6.34). Deus nos dá ricas oportunidades, a partir de cada amanhecer, de amadurecermos, mudarmos nossos hábitos, adquirimos novas habilidades, de crescermos como cristãos rumo à maturidade, e tudo isso passa por

uma espiritualidade saudável. Jesus nos ensina a sermos filhos de Deus, adoradores exclusivos do Senhor, que amam o Pai e o próximo. Desta forma, caminhar com Cristo e ser guiado por Ele é um desafio diário. Como sabemos, Jesus tinha uma agenda cheia de atividades, mas em seu tempo a oração ocupava um espaço incrível. Ler os Evangelhos é encontrar Jesus em oração o tempo todo, e sempre em gratidão ao Pai. A relação de Cristo com o Senhor deveria ser nossa meta. Ele nos mostrou ao viver entre nós, encarnado, como deveria ser nossa relação de intimidade com Deus, o Criador. Adão, o primeiro homem, não conseguiu manter a comunhão por conta da desobediência e rebeldia. Já Jesus, o segundo homem, nos mostrou como é maravilhoso viver em obediência e submissão a Deus. Todas essas virtudes, vemos na vida de Jesus, na face da oração. É lindo ver o Mestre orar o tempo todo de Seu ministério, ao passo que Seus discípulos pediram: “Ensina-nos a orar”. Depois de caminhar por vários anos

e visualizar tantos sinais e prodígios, os apóstolos não pedem poder, não pedem um curso de oratória, não pedem noções de exorcismo ou curas milagrosas, mas querem ser ensinados a orar. Jesus nos inspira a orar e combater a murmuração. As páginas do Pentateuco, que narram a saída do povo de Deus do Egito, e sua consolidação como representante do Deus Eterno, nos mostra como eles falharam, tanto na saída do Egito, como no trajeto rumo à terra prometida. Por diversas vezes, lemos que o povo murmurava. Infelizmente, essa relação de reclamação e povo de Deus é comum na mente das pessoas e nós, como seres humanos, já sabemos que somos semelhantes ao povo de Deus do passado, pois o pecado habita em nós. A murmuração faz parte do pacote do pecado que herdamos de Adão e, por isso, nesses primeiros dias do ano, precisamos tomar uma postura de combater a murmuração, uma vez que queremos e buscamos agradar a Deus. Temos que mudar os hábitos que nos levam à murmuração. Temos que

tomar uma resolução que nossa mente será treinada na gratidão e não na murmuração. Precisamos lembrar-nos do conselho apostólico de renovarmos nossa mente (Romanos 12.2) e de treinarmos nossa mente de acordo com o Evangelho de Jesus Cristo. O pastor C. H. Spurgeon disse: “Dez minutos orando são melhores do que um ano murmurando”. Jesus disse que precisamos priorizar o Reino de Deus e Sua justiça, e as nossas necessidades serão acrescentadas pelo Senhor. Em outras palavras, priorizemos nosso momento de oração e depositemos tudo diante de nosso Deus e Pai, sabendo que Ele cuidará de cada uma de nossas necessidades (cf. Mateus 6.33/ Mateus 6.8). Em 2024, ore mais e certamente serás um cristão relevante e uma pessoa feliz e grata. Que, neste ano, todos vejam buscarmos a Deus em oração e que nossa espiritualidade seja revelada numa postura de gratidão diante dos eventos cotidianos. Em 2024, invista na oração todo dia, pois seu Deus e Pai espera você. n

Odeiem o mau e amem o bom (Romanos 12.9b) Maycon Alves Casado

diácono na Igreja Batista Lago dos Peixes, em Austin, Nova Iguaçu-RJ

Após afirmar que devemos viver um amor sincero, o apóstolo Paulo continua sua linha de raciocínio em dizer que não devemos ter falsidade alguma quanto ao que é mau e o que é bom. Ele faz a seguinte afirmação aos irmãos: “odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom” (Rm 12.9b). Ele resolve lançar mão de uma antítese, quer dizer, o uso de duas palavras opostas para ilustrar seu argumento. Aquele que está em Cristo não tem parte com as coisas das trevas. O Deus de Israel é um Deus santo e Ele deseja

que o Seu povo também seja santo (Levítico 11.44 e I Pedro 1.15-16). E a santificação é justamente ser separado daquilo que desagrada a Deus. O salmista lembra-nos que o próprio Senhor destrói os mentirosos, detesta os assassinos e que a felicidade será encontrada em não imitar as condutas destes pecadores ou mesmo se assentar junto a zombadores (Salmos 5.6; 1.1). Ou seja, nossa vida deve seguir o caminho de odiar o que é mau. Odiar a mentira, os atentados contra a dignidade humana, a corrupção, a linguagem maldosa, a blasfêmia contra Deus, a cobiça, a falta de respeito com os pais, a imoralidade sexual e tantos outros frutos da carne.

Em contrapartida, encontramos também da pena de Paulo a orientação de encharcar nosso pensamento e nossa vida com tudo o que é verdadeiro, digno, justo, puro, amável, de boa fama ou que haja alguma virtude. E, se seguirmos esse conselho, a consequência é que o Deus da paz estará conosco (Filipenses 4.8-9). É a isso que devemos nos apegar, a tudo o que é bom. Pois tudo o que é bom provém do Pai das luzes (Tiago 1.17). Ser honesto, dizer sempre a verdade, amar o próximo, glorificar a Deus, honrar nossos pais, cuidar dos necessitados, manter nosso corpo puro e não desejar o que não é nosso são alguns exemplos de atos bons.

Portanto, como diz o teólogo John Stott, “a salvação, que jamais é por obras, é sempre para obras”. Não somos salvos porque praticamos obras de amor e de justiça. Porém, se somos, de fato, salvos pela cruz de Cristo, o nosso propósito passa a ser efetivamente o de produzir bons frutos e nos vestirmos de tudo o que é bom. Vivamos, então, este verdadeiro amor de Cristo. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA STOTT, John. A cruz de Cristo. Tradução: João Batista. São Paulo: Editora Vida, 2006. p. 192 n


PONTO DE VISTA

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SAÚDE DE CORPO E ALMA

Pathos Logikós

Pr. Ailton Desidério Quando fiz a minha pós-graduação em Clínica Psicanalítica na Universidade Federal Fluminense (UFF), participei de um seminário sobre psicossomática. O palestrante fez um trocadilho muito interessante com duas palavras gregas, como forma de ilustrar a nossa condição como seres emocionais. Ele disse: “Nós somos como os patos. Andamos meio desequilibrados como os patos. Somos pathos-logikós”. Pathos é uma palavra grega que remete à emoção, à paixão, ao espanto. Na antiga Grécia, particularmente na filosofia de Aristóteles, pathos era

uma parte importante da oratória. Para que o discurso fosse precisava tocar não somente na mente, mas no coração das pessoas. No livro Inteligência emocional, Daniel Goleman diz que “o primeiro tipo de compreensão é fruto da mente emocional, o outro, da mente racional”. As emoções fazem parte da vida. O grande problema é que culturalmente aprendemos que emoções – como a tristeza, por exemplo – devem ser negadas. Se a sua infância se deu nas décadas de 50, 60 e 70, é bem provável que, frente ao choro por conta de um tombo, ou até mesmo por uma correção mais contundente, uma surra mesmo, você tenha ouvido as seguin-

tes palavras dos seus pais: “Pare de chorar! Engula o choro!”. Quem passou por isso, experimentou dois sofrimentos em um: a dor que estava sentindo e a dor de não poder expressar o que estava sentindo. No contexto das Igrejas, ainda hoje não é incomum, frente a um sofrimento, a um lamento, ouvir de um crente, as seguintes palavras: “Não chore; confie em Deus!”. O irmão ou a irmã agem até de maneira bem-intencionada – mas, como diz o ditado popular, “de boa intenção o inferno está cheio”. Pelo amor de Deus, quem disse que chorar é sinônimo de falta de fé? Um dos menores versículos da Bíblia diz assim: “Jesus chorou” (Jo 11.35). Se

o Mestre por excelência revelou seu sentimento de pesar com suas lágrimas, por que deveríamos esconder os nossos? Todos nós, mesmo com a fé que temos em Deus, somos pathos-logikós. Somos seres da razão e da emoção e capengamos um pouco por conta disso. A questão é que, “cegos à nossa finitude, nos acostumamos a nos perceber como ‘indivíduos soberanos’” (Damien Clerget-Gurnaud). Mas, lá no fundo, todos nós sabemos que somos frágeis. Somos de barro. n Ailton Desidério

Pastor, mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

O enigma de Jó

Marcelo Aguiar

pastor da Igreja Batista Mata da Praia ES (extraído do site www.adiberj.com.br)

No Antigo Testamento, encontramos, entre os livros poéticos, o livro de Jó. Ele se propõe a responder a uma questão muito importante: “Por que o justo sofre?”. Isso fez da obra, desde o início, um livro polêmico. Naquela época, as pessoas não criam que os justos pudessem sofrer. Pelo menos, não por muito tempo. Elas acreditavam que, pelo fato de Deus ser perfeito, o mundo tinha de ser perfeito também. Segundo esse pensamento, todas as ações, boas ou más, deveriam ser recompensadas ainda nesta vida. Tal forma de pensar era conhecida como

“doutrina tradicional da retribuição”, resumida em uma única frase: “Aqui se faz, aqui se paga”. Ainda hoje, há religiosos que acreditam que o crente não pode sofrer. A doutrina tradicional da retribuição foi substituída pela Teologia da Prosperidade que ensina que Deus concede riqueza e saúde a todos os que andam em Seus caminhos. Entretanto, essa crença não corresponde à realidade, como o autor do livro de Jó bem sabia. Deus não acerta todas as Suas contas do lado de cá do túmulo. Boa parte de Suas recompensas estão reservadas para o Céu. Aqui na Terra, os justos terão aflições, como ensinou Jesus. E se não entendermos isso, nos frustraremos ou julgaremos injustamente

aqueles que estiverem passando por tribulações. Alguns optam por confiar-se à vontade do Senhor porque acreditam que isso lhes trará vantagens. Pensam que Deus os guiará por caminhos sem sobressaltos. Quando não é isso o que acontece, tais pessoas se sentem confusas. “Deus, eu fiz a minha parte, e mesmo assim estou sofrendo! O que o Senhor quer de mim, afinal?”, perguntam elas. É possível que Jó, nos dias da sua prova, tenha perguntado a mesma coisa. Mas, no fim, ele se deu conta de que sua maior recompensa era sua amizade com o Criador. Descobriu também que isso lhe bastava. Deus era o seu grande tesouro, a sua fonte de felicidade.

Todos os que passam por adversidades se veem às voltas com o enigma de Jó. Para todos eles, a recordação das experiências daquele patriarca do Antigo Testamento pode ser de grande auxílio. Ajuda-nos, também, recordar o exemplo e a promessa do nosso amado Salvador. Jesus Cristo padeceu grandes sofrimentos, embora fosse o Filho amado de Deus. E ele assegurou que estaria conosco todos os dias, inclusive nos momentos de aflição. Tendo essas verdades em mente, conservemos a nossa fé. Assim enfrentaremos as lutas até alcançar a vitória. Receberemos a coroa da vida e a depositaremos, agradecidos, aos pés do nosso Redentor. n



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